Artigo de Hildegard Angel sobre Dona Marisa derruba o seu blog!!
A
jornalista Hildegard Angel publicou um artigo, em janeiro de 2011, sobre a Dona
Marisa Letícia. Em função da repercussão da internação de Dona Marisa em decorrência de um AVC,
ela resolveu republicar este mesmo artigo. A procura foi tão grande, cerca de
11 mil acessos simultâneos, que acabou provocando um “engarrafamento virtual”,
tirando o blog do ar, fato que foi justificado pela própria jornalista.
Leia
em nosso BLOG a reprodução do artigo.
Foram oito anos de bombardeio
intenso, tiroteio de deboches, ofensas de todo jeito, ridicularia, referências
mordazes, críticas cruéis, calúnias até. E sem o conforto das contrapartidas.
Jamais foi chamada de “a Cara” por ninguém, nem teve a imprensa internacional a
lhe tecer elogios, muito menos admiradores políticos e partidários fizeram sua
defesa. À “companheira” número 1 da República, muito osso, afagos poucos. Ah,
dirão os de sempre, e as mordomias? As facilidades? O vidão? E eu rebaterei: E
o fim da privacidade? A imprensa sempre de olho, botando lente de aumento pra
encontrar defeito? E as hostilidades públicas? E as desfeitas? E a maneira
desrespeitosa com que foi constantemente tratada, sem a menor cerimônia, por
grande parte da mídia? Arremedando-a, desfeiteando-a, diminuindo-a? E as
frequentes provas de desconfiança, daqui e dali? E – pior de tudo – os boatos
infundados e maldosos, com o fim exclusivo e único de desagregar o casal, a
família? Ah, meus queridos,Marisa Letícia Lula da Silva precisou ter
coragem e estômago para suportar esses oito anos de maledicências e ataques. E
ela teve.
Começaram criticando-a por estar sempre ao lado do marido nas
solenidades. Como se acompanhar o parceiro não fosse o papel tradicional da
mulher mãe de família em nossa sociedade. Depois, implicaram com o silêncio
dela, a “mudez”, a maneira quieta de ser. Na verdade, uma prova mais do que
evidente de sua sabedoria. Falar o quê, quando, todos sabem, primeira-dama não
é cargo, não é emprego, não é profissão? Ah, mas tudo que “eles” queriam era
ver dona Marisa Letícia se atrapalhar com as palavras para, mais uma vez, com
aquela crueldade venenosa que lhes é peculiar, compará-la à
antecessora, Ruth Cardoso, com seu colar poderoso de doutorados e
mestrados. Agora, me digam, quantas mulheres neste grande e pujante país podem
se vangloriar de ter um doutorado? Assim como, por outro lado, não são tantas
as mulheres no Brasil que conseguem manter em harmonia uma família discreta e
reservada, como tem Marisa Letícia. E não são também em grande número aquelas
que contam, durante e depois de tantos anos de casamento, com o respeito
implícito e explícito do marido, as boas ausências sempre feitas por Luís
Inácio Lula da Silva a ela, o carinho frequentemente manifestado por ele.
E isso não é um mérito? Não é um exemplo bom?
Passemos agora às desfeitas ao que, no entanto, eu considero o
mérito mais relevante de nossa ex-primeira-dama: a brasilidade. Foi um
apedrejamento sem trégua, quando Marisa Letícia, ao lado do marido presidente,
decidiu abrir a Granja do Torto para as festas juninas. A mais singela de
nossas festas populares, aquela com Brasil nas veias, celebrando os santos de
nossas preferências, nossa culinária, os jogos e as brincadeiras. Prestigiando
o povo brasileiro no que tem de melhor: a simplicidade sábia dos Jecas Tatus, a
convivência fraterna, o riso solto, a ingenuidade bonita da vida rural. Fizeram
chacota por Lula colar bandeirinhas com dona Marisa, como se a cumplicidade do
casal lhes causasse desconforto. Imprensa colonizada e tola, metida a chique.
Fazem lembrar “emergentes” metidos a sebo que jamais poderiam entender a beleza
de um pau de sebo “arrodeado” de fitinhas coloridas. Jornalistas mais
criteriosos saberiam que a devoção de Marisa pelo Santo Antônio, levado pelo
presidente em estandarte nas procissões, não é aprendida, nem inventada. É
legitimidade pura. Filha de um Antônio (Antônio João Casa), de família de
agricultores italianos imigrantes, lombardos lá de Bérgamo, Marisa até os cinco
de idade viveu num sítio com os dez irmãos, onde o avô paterno, Giovanni Casa,
devotíssimo, construiu uma capela de Santo Antônio. Até hoje ela existe, está
lá pra quem quiser conferir, no bairro que leva o nome da família de Marisa,
Bairro dos Casa, onde antes foi o sítio de suas raízes, na periferia de São
Bernardo do Campo. Os Casa, de Marisa Letícia, meus amores, foram tão
imigrantes quanto os Matarazzo e outros tantos, que ajudaram a construir o
Brasil.
Outro traço
brasileiro dela, que acho lindo, é o prestígio às cores nacionais, sempre
reverenciadas em suas roupas no Dia da Pátria. Obras de costureiros nossos,
nomes brasileiros, sem os abstracionismos fashion de quem gosta de copiar a
moda estrangeira. Eram os coletes de crochê, os bordados artesanais, as rendas
nossas de cada dia. Isso sim é ser chique, o resto é conversa fiada. No poder,
ao lado do marido, ela claramente se empenhou em fazer bonito nas viagens, nas
visitas oficiais, nas cerimônias protocolares. Qualquer olhar atento percebe
que, a partir do momento em que se vestir bem passou a ser uma preocupação,
Marisa Letícia evoluiu a cada dia, refinou-se, depurou o gosto, dando um olé
geral em sua última aparição como primeira-dama do Brasil, na cerimônia de
sábado passado, no Palácio do Planalto, quando, desculpem-me as demais, era
seguramente a presença feminina mais elegante. Evoluiu no corte do cabelo, no
penteado, na maquiagem e, até, nos tão criticados reparos estéticos, que a
fizeram mais jovem e bonita. Atire a primeira pedra a mulher que, em posição de
grande visibilidade, não fez uma plástica, não deu uma puxadinha leve, não
aplicou uma injeçãozinha básica de botox, mesmo que light, ou não recorreu aos
cremes noturnos. Ora essa, façam-me o favor!
Cobraram de Marisa Letícia um
“trabalho social nacional”, um projeto amplo nos moldes do Comunidade Solidária
de Ruth Cardoso. Pura malícia de quem queria vê-la cair na armadilha e se
enrascar numa das mais difíceis, delicadas e técnicas esferas de atuação: a
área social. Inteligente, Marisa Letícia dedicou-se ao que ela sempre melhor
soube fazer: ser esteio do marido, ser seu regaço, seu sossego. Escutá-lo e, se
necessário, opinar. Transmitir-lhe confiança e firmeza. E isso, segundo
declarações dadas por ele, ela sempre fez. Foi quem saiu às ruas em passeata,
mobilizando centenas de mulheres, quando os maridos delas, sindicalistas,
estavam na prisão. Foi quem costurou a primeira bandeira do PT. E, corajosa,
arriscou a pele, franqueando sua casa às reuniões dos metalúrgicos, quando a
ditadura proibiu os sindicatos. Foi companheira, foi amiga e leal ao marido o
tempo todo. Foi amável e cordial com todos que dela se aproximaram. Não há um
único relato de episódio de arrogância ou desfeita feita por ela a alguém, como
primeira-dama do país. A dona de casa que cuida do jardim, planta horta, se
preocupa com a dieta do maridão e protege a família formou e forma, com Lula,
um verdadeiro casal. Daqueles que, infelizmente, cada vez mais escasseiam.
Este é o meu reconhecimento ao papel muito bem desempenhado
por Marisa Letícia Lula da Silva nesses oito anos. Tivesse dito tudo
isso antes, eu seria chamada de bajuladora. Esperei-a deixar o poder para lhe
fazer a Justiça que merece.
Hoje essa guerreira, Marisa Letícia Lula da Silva, mesmo estando
internada, com a saúde comprometida, com a vida em risco. Ainda encontramos
pessoas para tripudiar num momento desse. E são essas pessoas que alardeiam que
fazem tudo por amor ao Brasil.
Se elas, essas pessoas, não conseguem se calar, num momento de maior
fragilidade de uma pessoa, marido, família. O que devemos esperar delas quando
em posição de comando ou poder? Fica
aqui minha preocupação com esses arautos do “tudo de bom” são eles e tudo de
ruim “são os outros”.
FONTE:
http://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/os-ataques-implacaveis-a-marisa-leticia?page=3