segunda-feira, 28 de outubro de 2019

EQUADOR - CRISE E PETRÓLEO. ENTENDER AS CRISES É O MELHOR REMÉDIO PARA SE PREVENIR DELAS!



Um país rico em petróleo, mas muito endividado, o Equador acaba de lançar reformas que provocaram uma alta dos preços do combustível e deflagraram os maiores protestos do país em décadas.
Veja abaixo algumas das características deste país de 17,3 milhões de habitantes, de maioria católica:
- Instabilidade -
Outrora parte do império inca, o Equador foi governado pela Espanha até 1822, quando integrou a Grande Colômbia liderada pelo herói da independência sul-americana, Simón Bolívar.
Após se tornar uma república independente em 1830, o país ficou nas mãos de uma ditadura militar entre 1972 e 1979, quando voltou à democracia.
O Estado sofreu um período de instabilidade entre 1997 e 2005, durante o qual três presidentes foram destituídos após enormes protestos.
- Esquerda no poder -
A eleição em 2006 do economista de esquerda Rafael Correa trouxe uma década de calma. O mandatário foi reeleito uma primeira vez em 2009, após a aprovação de uma Constituição que reforçou o controle estatal sobre a economia, e novamente em 2013.
Em 2012, concedeu asilo ao australiano Julian Assange, responsável pelo WikiLeaks, acolhendo-o na embaixada do país em Londres.
O sucessor de Correa em 2017 foi seu ex-vice Lenín Moreno (2007-2013).
Correa e ele se confrontaram pouco depois de sua posse e, em 2018, Moreno convocou um referendo que impôs um limite de mandatos presidenciais, impedindo assim o retorno de seu antecessor à Presidência.
Investigado em vários processos em seu país, um deles por sequestro, Correa vive na Bélgica desde 2017.
Em abril de 2019, Moreno retirou o asilo de Assange.
- Queda dos lucros com petróleo -
O Equador é o maior exportador mundial de bananas e um dos principais produtores de café e cacau.
Também tem reservas de 4 bilhões de barris de petróleo. Em agosto de 2019, sua produção foi de mais de 500 mil barris por dia.
Em 1º de outubro, anunciou sua saída da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) no começo de 2020, devido a problemas financeiros.
O país já tinha deixado a Opep em 1992. À época, alegou que o cartel prejudicava sua economia, ao se negar a ampliar sua cota de produção. Voltou a integrar a organização em 2007.
A exploração do petróleo estimulou o crescimento equatoriano, reduzindo a pobreza e a desigualdade.
A queda dos preços do petróleo, a alta do dólar - a economia do país é dolarizada desde 2000 - e a desvalorização das moedas de países vizinhos reduziram, porém, a receita do Equador.
Em março, o país recorreu ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para obter um empréstimo de 4,2 bilhões de dólares em troca de reformas econômicas em um período de três anos.
Como parte do acordo, o governo anunciou o fim de um subsídio para combustíveis, o que levou a uma alta dos preços de 123% e foi o detonador de protestos que levaram Moreno a declarar estado de emergência em 3 de outubro.
- Vulcões, florestas -
Situado à margem do oceano Pacífico, o Equador inclui as ilhas Galápagos, declaradas patrimônio da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
O país se encontra em uma zona de alta atividade sísmica, com cerca de 100 vulcões distribuídos ao longo da Cordilheira dos Andes. Em 2016, um terremoto de 7,8 graus de magnitude matou 673 pessoas.
A floresta amazônica cobre parte do Equador e é lar de povos indígenas - entre eles, os waorani - ameaçados pela exploração dos recursos petroleiros na região.
Fonte:

YAHOO NOTÍCIAS

PADRES CASADOS É A OPÇÃO PARA SUPRIR NECESSIDADES DE PÁROCOS NA AMAZÔNIA.

A FALTA DE PADRES ESTÁ FAZENDO A IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA COM SEDE EM ROMA E DO RITO LATINO (Romano), PENSAR SERIAMENTE NA ORDENAÇÃO DE PADRES, HOMENS CASADOS!
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O REAL SE IMPONDO AO IDEAL

Sínodo aprova padres casados para suprir a escassez na Amazônia.

ORDENAR PADRES HOMENS CASADOS. NÃO É O MESMO QUE PADRES SE CASAREM!

A assembleia do Sínodo para a Amazônia recomendou neste sábado (26) a ordenação de homens casados para tentar solucionar a escassez de padres na região amazônica. Caso o documento aprovado pelos bispos receba o aval do papa Francisco, o Brasil será o primeiro país do mundo a ter padres casados em séculos de tradição católica.
A maioria dos sacerdotes presentes votou a favor de que a Igreja permita que homens casados se tornem padres: foram 128 votos a 41. Estatisticamente, há na Amazônia um padre por 17 mil católicos batizados.
Segundo as regras do sínodo, cada um dos pontos do documento final, incluídos após os debates das últimas três semanas, precisava ser aprovado por dois terços dos bispos presentes. A regra de ordenar padres casados foi a que mais recebeu votos contrários.
O papa prometeu analisar os pontos e decidir se as medidas serão implementadas pela Igreja até o final do ano.
“Considerando que a legítima diversidade não prejudica a comunhão e a diversidade da Igreja, […] propomos […] ordenar sacerdotes homens idôneos e reconhecidos pela comunidade, que tenham um diaconato permanente fecundo e recebam uma formação adequada para o presbiterato, podendo ter família legitimamente constituída e estável”, diz um trecho do relatório final.
O celibato tem sido obrigatório para padres católicos há quase mil anos. A recomendação feita neste sábado prevê que homens casados possam ser ordenados na Amazônia a fim de aumentar a presença em comunidades distantes, mas não que sacerdotes possam se casar.
Mulheres
Francisco afirmou também que reativará a comissão de estudo sobre a possível ordenação de mulheres, criada em 2016. Após dois anos de estudo, o grupo não chegou a uma conclusão sobre qual foi o papel ou se existiram as chamadas diaconisas nos primeiros anos do cristianismo.
“Ainda não nos demos conta do que foi a mulher na Igreja. Temos sempre focado na parte funcional, que elas devem estar nos conselhos, mas isso vai além”, disse o papa em seu discurso de encerramento.
O pontífice disse ainda que ouviu a mensagem lançada pelas 35 mulheres que participaram do sínodo neste ano. Elas pediram, em carta enviada a Francisco, que pudessem votar o documento final, igualando-se assim ao status já concedido a alguns representantes de congregações de homens no ano passado, por autorização do papa. Antigamente, só os bispos votavam.
Colaboração, Revista Fórum. 
Fonte:

domingo, 27 de outubro de 2019

UM DOS GANHADORES DO NOBEL DE FÍSICA É VELHO CONHECIDO DO BRASIL


Como o Nobel tornou uma universidade do Nordeste referência em astronomia - 11/10/2019 - UOL Notícias

Como o Nobel tornou uma universidade do Nordeste referência em astronomia.
Como o Nobel tornou uma universidade do Nordeste referência em astronomia - 11/10/2019 - UOL Notícias
Michel Mayor (à esquerda) ao lado do professor José Renan e do ex-reitor Ivonildo Rego durante recebimento do título honoris causa na UFRN, em 2006
Imagem: Arquivo/UFRN

Prêmio Nobel de Física 2019, o cientista suíço Michel Mayor tem uma estreita relação que ajudou uma universidade do Nordeste a ser referência em pesquisas de astronomia. Ainda em 2006, a UFRN (Universidade Federal do Rio Grande Norte) concedeu a Mayor o título de doutor honoris causa por conta dos serviços prestados à instituição. 

Tudo começou ainda em 1985, quando o físico José Renan de Medeiros —hoje professor e pesquisador do Departamento de Física Teórica e Experimental da UFRN— foi fazer doutorado em Genebra, na Suíça. Lá, os dois astrônomos se conheceram, pesquisaram juntos e estreitaram laços que viriam a dar frutos científicos à instituição nordestina.

"A participação de Mayor foi decisiva porque, quando fui para Genebra, em outubro de 1985, a astronomia era inexistente aqui na UFRN. Quando voltei do doutorado, em 1990, as condições eram as mesmas: havia muita dificuldade financeira. Nos dois primeiros anos após minha volta, ele abriu as portas para financiamentos, missões internacionais, material de computação, ou seja, os recursos mínimos para que a atividade de astronomia existisse", conta. 

Segundo Medeiros, a partir dali foram feitas colaborações e pesquisas conjuntas, que renderam 17 artigos científicos assinados pelos dois. Com isso, a área foi ganhando corpo científico e estrutural.

"Ele deu a mão como se fosse um dos participantes do nosso time, abriu um leque de publicações conjuntas. Das 17 publicações com ele, três eram também com estudantes meus em dissertações de mestrado", conta. 

Michel Mayor, James Peebles, e Didier Queloz foram os vencedores do Prêmio Nobel 2019 de Física, em anúncio feito no último dia 8 pela Academia Sueca. Eles foram premiados por suas contribuições para "uma nova compreensão da estrutura e da história do Universo". As pesquisas envolvem descobertas teóricas em cosmologia física.

Após o contato, o departamento da UFRN iniciou em 2014 a participação em projeto de ponta tecnológica: o desenvolvimento de um novo "caçador de planetas", que será instalado em abril de 2020 no ESO (Observatório Europeu do Sul), no Chile. Além da UFRN e do ESO, participam da confecção do equipamento o Instituto de Astrofísica de Canárias, em Tenerife (Espanha), e o Instituto Max Planck, em Munique (Alemanha). 

"Esse equipamento vai buscar planetas no espaço, só que de forma muito mais sofisticada do que os que existem hoje. Esse espectrômetro —chamado de Nirps— vai dar condições de descobrirmos planetas como a Terra", conta. 

O convite para participar da pesquisa veio pelo sucesso em uma área da astronomia que hoje coloca a UFRN como referência: o estudo da rotação de estrelas e detecção de multiplicidade entre as estrelas. "Foi a partir desse reconhecimento internacional, impulsionado por Michel Mayor, que começamos a ser chamados para compor grandes consórcios internacionais para construção de instrumentos de ponta", diz Medeiros. 

"Esse instrumento coloca a UFRN no estreito círculo de instituições que trabalham no desenvolvimento de instrumentação científica para a astronomia. Ele vai representar um divisor de águas na nossa busca por planetas iguais à Terra devido às precisões de detecções que ele vai oferecer", completa o cientista da UFRN. A montagem do equipamento começa em novembro.

Como o Nobel tornou uma universidade do Nordeste referência em astronomia - 11/10/2019 - UOL Notícias
Também em 2006 pesquisador José Dias ao lado do professor Michel Mayor Imagem: Arquivo/UFRN.


Imagem Fonte: 
C. Pontoni/ESO

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MUITO SE TEM FALADO DO CHILE. PARA BEM OU PARA OU MAL. A GOSTO DO EMISSOR. MAS, E A VERDADE?

                                                                                   Foto: Susana Hidalgo
*Você sabe quem e o que representa a bandeira que está mais alta no monumento? 

O PROBLEMA DO CHILE NÃO ESTÁ NA MACROECONOMIA. 
O PROBLEMA ESTÁ LOCALIZADO  NA MICROECONOMIA.


"Mais de um milhão de pessoas saíram às ruas de Santiago pedir por melhorias sociais nesta sexta-feira (25). Pessoas de várias regiões do país de 18 milhões de habitantes se juntaram à concentração na Plaza Itália, no centro da capital do Chile. As marchas fazem parte dos protestos contra o governo que já duram mais de uma semana e deixaram pelo menos 19 mortes."



"O estopim da crise foi o aumento do preço da passagem de metrô na capital. Estudantes começaram a protestar na segunda-feira, 14, pulando a catraca nas estações, e as manifestações foram escalando ao longo da semana. Na sexta-feira passada, os atos se tornaram violentos, com manifestantes ateando fogo e danificando estações de metrô. Um dia depois, o presidente de centro-direita Sebastián Piñera decidiu revogar o aumento da passagem do metrô, mas os protestos não pararam, e se intensificaram. Os manifestantes passaram a demandar melhorias nos salários, aposentadorias e nos setores de pensões e ensino público, entre outras reivindicações."




Milhares de pessoas protestam em Santiago, capital do Chile, 25 de outubro de 2019
"Milhares de pessoas protestam em Santiago, capital do Chile, 25 de outubro de 2019| Foto: PEDRO UGARTE / AFP"

O Chile vendeu para o mundo uma estabilidade econômica e social maravilhosa. Porém...

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Bandeira de Mapuche do território de Nagche.

Os índios mapuches, do Chile e Argentina, foram o único povo nativo da América a vencer militarmente os conquistadores espanhóis, no século 16. Com táticas inéditas de guerrilha, sua resistência durou nada menos que 300 anos. Foram os criadores dos primeiros sindicatos de trabalhadores chilenos e hoje — apesar de espremidos no sul daquele país e numa pequena área da Argentina — ainda lutam bravamente. Nos últimos anos, parte dos presos políticos chilenos, acusados de terrorismo, pertencem à esta tribo.

NASCEM DUAS ESTRELAS. ASTRONOMIA.

Astrônomos registram imagem impressionante de nascimento de duas estrelas.

O fenômeno ocorreu a 600 mil anos-luz de distância na Nebulosa do Cachimbo, uma grande nuvem de matéria que funciona como "berço" para estrelas.

Imagem do radiotelescópio ALMA (Foto: ESO/NAOJ/NRAO), Alves et al)
Imagem do radiotelescópio ALMA (Foto: ESO/NAOJ/NRAO), Alves et al)

Astrônomos conseguiram presenciar o estágio inicial de um sistema de duas estrelas. O nascimento dos astros foi um belo acontecimento que ocorreu a 600 mil anos-luz de distância na Nebulosa do Cachimbo, que serve como um “berçário” estelar, localizado na Constelação de Ophiuchus.
As duas estrelas recém-nascidas fazem parte de um sistema binário chamado BHB2007. No Sistema Solar os planetas orbitam em torno de uma única estrela, mas em um sistema desse tipo, há duas ou mais estrelas que têm uma ligação gravitacional entre si.
Animação mostra como as duas estrelas de formam (Foto: ESO/L. Calçada)
Animação mostra como as duas estrelas de formam (Foto: ESO/L. Calçada)
Para registrar a imagem os astrônomos usaram o Atacama Large Millimeter Array (ALMA), um radiotelescópio instalado no Chile e capaz de detectar a radiação residual das origens do universo, liberadas no Big Bang.

Os astrônomos já haviam avistado as bordas que cercavam o sistema BHB2007, mas a descoberta do nascimento das estrelas os permite entender melhor o complexo de gás e poeira que as cerca. Nas imagens recém- captadas, os cientistas flagraram o momento no qual as estrelas são envolvidas por discos de poeira conhecidos como discos circunstelares. Essas acumulações de matéria, quando se espalham nas estrelas, fazem com que os astros cresçam.

“ O tamanho de cada um desses discos é similar ao tamanho do cinturão de asteroides do nosso Sistema Solar”, contou em comunicado o pesquisador Felipe Alves, do Max Planck Institute. “A separação entre eles é de 28 vezes a distância entre o Sol e a Terra”.

Os astrônomos encontraram um terceiro disco ainda maior, com tamanho de 80 vezes a massa de Júpiter, o maior planeta do nosso Sistema Solar. Acredita-se que as estrelas ganhem massa proveniente desse grande disco.

Revista Galileu

GEOPOLÍTICA INTERNACIONAL - EUA RECUAM NO ORIENTE MÉDIO. RÚSSIA E CHINA AVANÇAM!


Enquanto EUA debatem estratégia no Oriente Médio, chineses e russos ocupam espaços.


Jaime Spitzcovsky


Para Trump, muro na fronteira com México é mais importante que conflito na Síria.

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Foto: GeoEscola

Em reflexo incontornável das características do século 21, o Oriente Médio abandona o cenário da hegemonia unipolar, desenhado pelo monopólio geopolítico dos EUA na região, e embarca na multipolaridade, com crescente influência de China e Rússia.
Pergunta que surge é se a desidratação do poderio norte-americano ocorrerá em um processo gradual, como sinalizou Barack Obama, ou no modo acelerado, como sugeriu o apetite isolacionista do presidente Donald Trump.
Ao anunciar a retirada de soldados da Síria, no começo do mês, Trump mencionou o desejo de “terminar o envolvimento norte-americano em guerras intermináveis”. Cantou melodia cara aos ouvidos de seu eleitorado mais fiel, fã do “America First”, mantra entoado desde a campanha à Casa Branca.
Para o “trumpismo raiz”, os EUA devem priorizar temas domésticos e recuar de questões globais, numa percepção isolacionista responsável por desdenhar da importância de o país cultivar a condição de potência hegemônica global.
Trump ilustra essa visão ao sustentar que a construção de um muro na fronteira com o México é mais importante do que manter a parceria, na Síria, com os curdos, aliados fundamentais na guerra contra o Estado Islâmico.
Ao aumentar o volume do isolacionismo diplomático, Trump gerou forte reação interna, da oposição democrata a republicanos refratários à ideia de encurtar as asas da hegemonia global.
Mas, de qualquer forma, a prevalência de Washington no Oriente Médio se desbota, à medida em que avançam as incursões de Pequim e de Moscou.
O apogeu do intervencionismo norte-americano na região, nas primeiras décadas pós-Guerra Fria, se verificou na era do republicano George W. Bush. A invasão do Iraque, em 2003, simbolizou essa estratégia.
Com Barack Obama, surgiram mudanças. O radar diplomático, afetado pela crise financeira de 2008-2009, pela ascensão chinesa e pela perda global de importância do petróleo, apontou a necessidade de uma reorientação: diminuir presença no Oriente Médio para aumentar esforços na região China-Índia.
O giro foi batizado de “pivô para a Ásia”.
A redução da presença norte-americana em paragens médio-orientais, portanto, se verifica desde o governo Obama, mas sob ideário distinto da gestão atual.
Enquanto os democratas defendem a globalização e pregam reordenar a presença dos EUA no cenário internacional, Trump, inspirado por sonhos isolacionistas e antiglobalizantes, flerta com uma era desenhada por barreiras e protecionismo econômico.
Enquanto os norte-americanos debatem sua estratégia no Oriente Médio, a multipolaridade se encastela na região. Chineses e russos ocupam espaços crescentes.
A China, desde 2010, intensifica investimentos e comércio com o mundo árabe. Transformou-se num dos maiores compradores de petróleo do golfo Pérsico e constrói ainda sólida parceria com Israel, baseada em tecnologia e infraestrutura.
A Rússia, após a intervenção militar na Síria em 2015, passou a ser o personagem principal no cenário político do país árabe.
Nesta semana, Vladimir Putin recebeu tapete vermelho na visita a tradicionais aliados dos EUA, como Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, de cujo líder, o príncipe Mohammed bin Zayed, ouviu a frase: “Estamos conectados por uma profunda relação estratégica”.
O peso dos EUA no Oriente Médio se altera de forma inexorável. A mudança, no entanto, não se dará na velocidade desejada por Trump.
A intensa rejeição à decisão de retirada das tropas da Síria, capaz de unir setores dos partidos democrata e republicano, demonstrou os obstáculos ao sonho isolacionista.
Jaime Spitzcovsky
Jornalista, foi correspondente da Folha em Moscou e Pequim.


Folha de São Paulo

QUANDO UM DIPLOMA UNIVERSITÁRIO CONFIRMA QUE O BRASIL É UM PAÍS AINDA MUITO DESIGUAL.

No Brasil, ter faculdade faz dobrar o salário. 

Por que isso é um mal sinal?

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Foto: Vetor de ckybe

Com 70% dos jovens fora da faculdade, diploma segue sendo mais importante para o aumento da renda no Brasil do que em países desenvolvidos.

Entrar na faculdade ainda é passaporte para uma boa renda no Brasil, muito mais do que em outros lugares. Em países como Canadá, Estados Unidos, Suécia ou Reino Unido, quem tem graduação ganha quase o mesmo do que os trabalhadores que se formaram apenas no Ensino Médio. A média entre os países da OCDE, grupo que reúne as nações ricas, é de um salário 40% maior para quem tem diploma de graduação. Já um residente brasileiro formado no Ensino Superior ganha, em média, mais que o dobro (140%) de quem só cursou o Ensino Médio; com pós-graduação, pode-se ganhar um salário mais de quatro vezes maior (350%) na comparação com quem só se formou no Ensino Médio, segundo o relatório Education at a Glance, da OCDE.

É uma evolução de renda tentadora no Brasil e que, vista pelo lado positivo, pode ajudar jovens de baixa renda a ascender socialmente por meio da educação, mesmo se vindos de famílias pobres. Mas a possibilidade é restrita a poucos.

O Censo da Educação Superior divulgado há algumas semanas pelo Inep, instituto de pesquisas educacionais do Ministério da Educação, mostra que o acesso à faculdade vem evoluindo. O número de estudantes cursando o Ensino Superior no Brasil aumentou 44,6% nos últimos dez anos, entre 2008 e 2018. Em 2018, cerca de 8,45 milhões de pessoas estavam cursando a educação superior (a maioria, 75%, em instituições privadas).

Ainda assim, mais de 70% dos jovens entre 18 e 24 anos não se formou no Ensino Superior nem está cursando faculdade atualmente. Mesmo o Ensino Médio é um pequeno privilégio. Um a cada quatro jovens entre 18 e 24 anos (ou 25% deles) não concluiu esta etapa escolar e abandonaram a escola, segundo dados de 2018 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Outros 39% nesta faixa etária até concluíram o Ensino Médio, mas hoje não estão no Ensino Superior.

O Censo do Ensino Superior deste ano mostra ainda que, dos que conseguiram uma graduação, boa parte dos novos alunos estão indo para educação a distância (EaD): no ano passado, 40% dos novos ingressantes foi para EaD. O número de novas matrículas na última década subiu 51% na EaD, ante alta de 11% na educação presencial. A oferta de matrículas na educação presencial inclusive vem caindo desde 2013, acumulando queda de 13% nos últimos cinco anos.

O censo aponta que o total de vagas oferecidas na EaD passou as ofertas em educação presencial pela primeira vez na história em 2018. Por outro lado, nesta modalidade, é maior a possibilidade de que o aluno abandone o curso no meio: só 28% dos mais de 1 milhão de alunos que se formaram na rede privada no ano passado vieram da EaD, ante 72% da educação presencial.

De qualquer forma, mesmo com as novas possibilidades de educação a distância e cursos mais baratos surgindo no Brasil, nossa taxa de graduados ainda é baixa, mesmo na comparação com países de renda parecida. Segundo o Education at a Glance (que usou dados de 2017), só 14% dos brasileiros entre 55 e 64 anos se formou no Ensino Superior. Entre os jovens de 25 a 34 anos, a taxa aumenta para quase 20%, mas ainda abaixo de outros países em desenvolvimento. Na Colômbia, 29% dos jovens entre 25 e 34 anos se formou na faculdade; no México, 23%; no Chile, 34%; na Argentina, 40%; na Rússia, 63% dos jovens se formou. A média da OCDE é de 44% de diplomados no Ensino Superior entre 25 e 34 anos.

Essa desigualdade no acesso explica a enorme diferença de renda que se pode obter com um diploma de graduação no Brasil na comparação com os países desenvolvidos. Quanto menor o número de pessoas com Ensino Superior, mais o diploma pode se tornar um diferencial (nos países ricos, onde diploma de graduação é quase regra, o oposto também gera algumas crises, com pessoas graduadas podendo enfrentar desemprego ou baixos salários em tempos de recessão econômica, como após a crise de 2008).

Um conceito da economia é usado por pesquisadores de educação para explicar o cenário. É o chamado signalling model, ou modelo de sinalização, desenvolvido pelo Nobel de economia canadense Michael Spence na década de 1970. Ao ter um diploma de Ensino Superior — algo que mais de 70% da população brasileira não possui — um jovem sinaliza a seus potenciais empregadores que tem certas habilidades, mesmo antes de uma entrevista de emprego ou dinâmica em que possa detalhar melhor sua qualificação.

O potencial de ganhos é intensificado se a instituição é vista como prestigiada pelo mercado de trabalho, caso das universidades de ponta — que, no geral, têm ou vestibulares super concorridos no caso das públicas, ou vestibulares concorridos e mensalidades altas, no caso das privadas.

Outro desafio é que, apesar do avanço no número de matrículas no Ensino Superior na última década, o acesso à faculdade ainda é maior entre a população de maior renda. A população de renda 25% menor tem, em média, 9,7 anos de estudo formal (somente completar o Ensino Médio exigiria 11 anos de estudo).

Um estudo também da OCDE, de 2018, mostra que uma criança da menor classe social no Brasil levaria nove gerações para chegar à classe mais alta, o que levou a organização a descrever a desigualdade social no país como um “elevador quebrado”, em que torna-se quase impossível ascender socialmente.

Vale lembrar, ainda, que um diploma de graduação que possibilite ganhar o dobro da média da população brasileira não representa sequer uma renda grandiosa. Quem ganha 3.000 reais no Brasil, por exemplo, já ganha mais do que 89% da população, segundo a Pnad, do IBGE. A renda média não chega a 1.400 reais.

Assim, a renda maior proporcionada pela escolaridade no Brasil é uma prova de como a sociedade brasileira ainda é desestruturada e desigual.

Fonte:

Revista Exame

domingo, 20 de outubro de 2019

QUAL O INTERESSE DO GOVERNO BRASILEIRO EM NÃO QUERER SABER A ORIGEM DO ÓLEO QUE ESTÁ CHEGANDO ÀS PRAIAS BRASILEIRAS?

Perita em danos ambientais por vazamento de óleo alerta: Estamos sendo feitos de tolos. Como veem manchas chegarem às praias e não acionam imagens dos satélites?

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Foto: Carlos Ezequiel Vannoni/Agência Pixel Press/Estadão Conteúdo


“Estamos sendo feitos de tolos”, alerta a mais experiente perita brasileira em danos ambientais por vazamento de óleo 
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Foto: Agência envolverde

A frase resume a revolta de Yara Schaeffer Novelli, doutora e professora sênior da Universidade de São Paulo (USP), em relação ao vazamento de óleo que já é considerado o maior desastre ambiental do Nordeste.
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Marcos Rodrigues/ secom
Ela foi a primeira perita judicial da primeira ação civil pública movida no Brasil por dano ambiental, em 1983, num rompimento de oleoduto da Petrobras na Baixada Santista.
Naquela época, o Brasil tinha recém-publicado e regulamentado a Lei 6938, de 1981, da Política Nacional do Meio Ambiente.
Desde então, leis, normas, protocolos, planos nacionais e experiências foram sendo acumulados.
Marcos legais não faltam, mas eles não estão sendo cumpridos.
O descaso e o silêncio do governo federal são ensurdecedores. A Marco Zero Conteúdo conversou por quase 1h ao telefone com a cientista, considerada umas das maiores conhecedoras do assunto no País e sócia-fundadora da ONG Instituto Bioma Brasil.
“Nós (o Brasil) começamos com o pé errado. Mas, com todo esse tempo – as primeiras manchas de óleo apareceram em 30 de agosto –, para mim foi intencional não se envolver pessoas e grupos que poderiam definitivamente ter colaborado. Teríamos tudo para ter agido de forma organizada, legal e dentro das normas desde o primeiro momento em que se avistou óleo chegando às praias. Não precisa de muito, está tudo aí no Google”, avalia Yara, autora de mais de 100 artigos científicos e escritora ou organizadora de mais de 40 livros.
A Lei 9.966, de 2000, estabelece o que deve ser feito em termos de prevenção, controle e fiscalização de poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional.
São os princípios básicos a serem seguidos por todos os tipos de embarcações, portos, plataformas e instalações, nacionais ou estrangeiros, que estejam em águas brasileiras.
“Está tudo lá, mastigado”, reforça.
A lei mostra desde o que deve ser feito quando se registram as primeiras aparições de óleo, como classificar, controlar, prevenir e transportar as substâncias, incluindo marcos legais de infrações e punições, além de elencar quem são os responsáveis pelo cumprimento.
A legislação, porém, não está sendo cumprida.
Foi necessário que o problema se espalhasse assustadoramente para que, só no último sábado (7) – quase 40 dias depois dos primeiros registros –, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) determinasse que a Polícia Federal e a Marinha investigassem as causas e as responsabilidades do que, com atraso, passou a ser considerado um crime ambiental de grandes proporções.
As ações de mitigação e prevenção estão sendo realizadas num trabalho de formiguinha, que muitas vezes envolve mais o ativismo do que o cumprimento governamental.
Nada deveria ter sigilo, explica Yara: “o próprio Plano Nacional de Contingência diz que imprensa tem que ser comunicada e que é para haver reuniões diárias e divulgações de tudo que está acontecendo. Eu fico pasma, esse é o adjetivo que configura o que estou sentindo no momento”, lamenta.
A professora explica que a Lei 9.966 também atribuiu ao Ministério do Meio Ambiente a responsabilidade na identificação, localização e definição dos limites das áreas ecologicamente sensíveis à poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas.
Em 2008, uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) estabeleceu que esse mapeamento deveria ser representado pelas chamadas Cartas SAO (Cartas de Sensibilidade Ambiental a Derramamentos de Óleo).
A maior parte das bacias nordestinas são mapeadas: Ceará e Potiguar (Rio Grande do Norte), em 2004; Sul da Bahia, em 2013; Sergipe-Alagoas/Pernambuco-Paraíba, em 2013; e Pará-Maranhão/Barreirinhas, em 2017.
Essas cartas se juntam à Lei 9.966. Mas isso também não aconteceu, e agora o vazamento já atingiu mais de 2 mil quilômetros de costa.
“As Cartas SAO identificam a sensibilidade ambiental que deve ser protegida, os recursos biológicos sensíveis ao óleo. Está tudo lá, cheio de figurinhas, mapa, bichos, atividades socioeconômicas que podem vir a ser prejudicadas”, frisa Yara.
Isso significa, portanto, que o governo federal deveria estar protegendo o que já está mapeado e usando imagens de satélite para prevenção, para saber onde colocar as barreiras de contenção e absorção.
“O Porto de Suape, por exemplo, é obrigado a ter essas barreiras. O mesmo vale para a Petrobras no Recôncavo Baiano. E onde elas estão?”, questiona a professora.
“Até palha de coqueiro poderia ter sido colocada na praia”, diz ela para provar mais uma vez o quão absurda é a situação.
A Administração Estadual do Meio Ambiente (Adema) do Governo de Sergipe, que declarou situação de emergência e onde o óleo já atingiu a foz do Rio São Francisco, informou que a Petrobras não tem mais disponíveis as boias absorventes que seriam enviadas para conter as manchas de óleo no Rio Vaza Barris, em Aracaju.
O estado precisará investir R$ 100 mil na compra dos equipamentos.
Como se não bastassem a Lei 9966 e as Cartas SAO, ainda existe um Plano Nacional de Contingência, de 2012, que prevê as medidas a serem tomadas pelo governo diante de grandes vazamentos de petróleo no mar e que deveria ter sido ativado desde o início para evitar que problemas maiores acontecessem.
Na época em que foi anunciado, período ainda de início da exploração do pré-sal, o plano tinha um orçamento de R$ 1 bilhão, uma espécie de seguro que funciona apenas em caso de grandes acidentes, nos quais os responsáveis não são identificados imediatamente.
“Será possível que não fizeram nada disso? Eu uma idosa de 76 anos fico sabendo disso e o seu ministro do meio ambiente não sabe? Porque ele não perguntou aos técnicos do ministério, Ibama, ICMBio, que são competentes? E isso eu afirmo e assino embaixo”, ironiza Yara.
“Começo a desconfiar que existe uma ordem superior para que não se manifestem. Essa mudez total, esse silêncio, só podem ser orquestrados. O Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) se calou, mas eles têm oceanógrafos físicos e pessoal especializado em estudo de imagens de satélite de primeira qualidade”.
No início de agosto, o diretor Ricardo Galvão foi exonerado do Inpe depois que Bolsonaro contestou os dados sobre o monitoramento do desmatamento da Amazônia.
“Como alguém vê as manchas chegarem às praias e não aciona as imagens dos satélites? Elas dizem onde as manchas estavam ontem, onde estavam antes de ontem… Elas estão aí para isso. Acho impossível não terem feito. Se alguém foi impedido de divulgar, isso é muito sério”, levanta a professora.
“Estou realmente abismada e aborrecida. Estamos passando para os brasileiros que ouvem essas notícias há mais de um mês que a gente pagas aos pesquisadores que não sabem dizer nada. Não posso ver uma coisa dessas e não reagir. Temos obrigação legal e cidadã de tentar contribuir e colaborar. Fomos financiados a vida inteira pra fazer uma devolutiva para sociedade”, comenta a cientista da USP.
Durante a conversa, Yara também comentou que a ação da Marinha de notificar 30 navios de 10 países após a triagem das manchas de óleo é “uma tremenda confusão”.
O navio pode ser de um país e ter bandeira registrada em outro.
Existem os chamados “países de conveniência”, como por exemplo, a Libéria, pouco exigentes em relação às condições das embarcações.
Tanto que algumas delas não têm permissão para entrar em portos europeus, mas entram em portos da América Latina.
Isto significa que a embarcação não necessariamente tem a bandeira do país do armador.
Na avaliação de Yara, sem nenhuma imagem para dizer como esse óleo está se deslocando, fica complicado chegar a alguma conclusão.
“Não vimos a análise do óleo para dizer de onde ele é. Todo óleo tem uma assinatura. Ninguém mostrou nada”.
“É tragicômico” um presidente do Brasil, que tem nomes internacionais de cientistas, “falar em quase certezas”.
“Você já viu alguém estar quase grávido?”, ironiza Yara.
“Já vi áreas costeiras em São Paulo impactadas por óleo, é bem diferente dessa quantidade que está chegando ao Nordeste. E imaginar que esse óleo sofreu intemperismo e já mudou muito… Essa mancha quando foi exposta pela primeira vez na superfície do mar, era enorme. Ela vai secando, se dissolvendo na coluna d’água, perdendo componentes, grudando mais e diminuindo o tamanho da mancha”, ensina.
Se esse óleo realmente tiver sido despejado em alto-mar, a recomendação era que se tivesse usado tensoativos, como se fossem detergentes que dissolvem o material.
Mas agora que o material está na costa, essa ação não é recomendada, porque podem fazer mal aos seres humanos, à fauna e à flora.
A curto prazo, os danos já estão sendo conhecidos: tartarugas mortas, filhotes que não estão podendo ser chegar ao mar nos locais de desova, redes de pesca e corais sujos de óleo.
Os tratores que estão sendo usados para a limpeza das praias estão levando uma camada considerável de areia da superfície onde há muita vida, isso sem contar com a compressão da areia.
“Isso é uma perda muito grande. Há animais, crustáceos pequenos, larvas e outros organismos vivos importantes para o início da cadeia alimentar”, mostra Yara.
Eles são inclusive alimentos para as aves que se deslocam do hemisfério norte para cá para se alimentar na época de inverno.
As algas sujas de óleo tendem a ir para o fundo do mar e lá se decomporem.
“Muita coisa é irreversível, um efeito crônico de longo prazo”.
Universidades diferentes, hipóteses diferentes
Se o professor de Oceanografia da UFPE Marcus Silva informou ter descoberto que o óleo teria sido derramado por um navio a 50 quilômetros da costa, entre os litorais de Pernambuco e Paraíba, cientistas do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP) sugerem que o óleo que atinge nove estados do Nordeste pode ter sido lançado ao mar em águas internacionais, a até mil quilômetros do litoral brasileiro.
Em Salvador, a equipe da Universidade Federal da Bahia (UFBA) confirmou que o petróleo encontrado nas praias nordestinas teria origem venezuelana.
O óleo analisado usado no estudo foi coletado nas costas sergipana e baiana em parceria com a Universidade Federal de Sergipe (UFS) e a Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs).

Fonte:

VIOMUNDO