quarta-feira, 14 de junho de 2017

MICHEL TEMER NÃO CAIRÁ!
Não é praga nem desejo. É constatação dos fatos

Podemos ir para ruas, fazer manifestações, campanhas, oba-oba, mobilizações, enfrentamentos. Temer não cairá!

Antes de nossos desejos e sonhos, devemos enxergar a política como uma Ciência, não como vontade pessoal.

Não foi para sair com um ano de governo que as forças golpistas tiraram Dilma do poder. Não foi para dar à sociedade o direito de escolha, que o golpe foi dado. Não foi para o bem do povo e felicidade geral da nação, que o golpe foi dado. O golpe foi dado para a tomada de PODER!

Não se toma o PODER, para se devolver. O PODER é tomado para ser usado e perpetuado o quanto for possível. 

Para Dilma, fica o consolo: "NADA PESSOAL, APENAS NEGÓCIOS" Dom Corleone(O Poderoso Chefão).

Vejamos. Nesse momento, a queda de Michel Temer, implicaria uma eleição indireta de presidente pelo Congresso Nacional, para terminar o mandato. Assim está na Constituição, LEI MAIOR DO PAÍS!!!! Respeito é bom e todos nós gostamos!

Mas ai vem a pergunta: QUEM É A NOSSA RESERVA MORAL NACIONAL PARA ASSUMIR ESSE "ABACAXI"? 

Quem de fato tem moral e a preserva, QUER DISTÂNCIA DESSA INCUMBÊNCIA. Quem não a tem, estará lutando para ser o escolhido, afinal, um "sabidinho" a mais na presidência não será problema.

Também não podemos deixar de levar em consideração que, é o DEM, que comanda a Câmara e que será elevado a condição de presidente até a eleição do novo mandatário. E QUEM CONFIA QUE O DEM SAIRÁ DO PODER? Depois que entrou, sentou, articulou? SAIR NÃO É A OPÇÃO. Poderemos ter um golpe, dentro do golpe. A ironia das ironias. Não nos esqueçamos que o DEM, é filho do PFL, neto do PDS, bisneto da ARENA e trineto da UDN. Enfim, um antidemocrático e golpista nato!

As eleições diretas. O sonho do PT! Desespero do PSDB, PMDB, PPS, REDE, PSC, PDT e demais que não ganham....

Nesse momento, que já ficou provado e comprovado, com documentos e gravações, que a queda de Dilma foi golpe, com interesses maiores e mais escusos do que se imagina, uma eleição direta seria ENTERRAR COM  CONCRETO ARMADO O GOLPE!

Ou alguém duvida que Lula, leva essa de lambuja?

Não foi para isso que se destruiu a economia, que se destruiu as principais empreiteiras do país, que quase se quebra a nossa maior petrolífera. 

Não estou dizendo com isso que os fatos não ocorreram, mas, foi muito mais mídia que resultados práticos. Provado ficou em gravações que, mesmo preso, um "sabidinho", a sua mesada recebia na conta para manter o silêncio.

Temer FICA! Doa em quem doer!

Por essa constatação, Temer ficar, para mim é o menor dos nossos problemas. Ele sair, é o vácuo que não sei como será preenchido.

Confiar no STF, para dirimir a questão, já não é unanimidade na nação. Perdeu nesse processo golpista, credibilidade e a confiança nacional. Qualquer decisão dessa corte, estará em suspeição.

A que ponto chegamos!!!

Nem na corte maior de justiça do nosso país, podemos confiar plenamente, é CAOS TOTAL!

Aguardemos o desenrolar dos fatos. Pelo TSE, já foi! 

Os pedidos de impeachment, que estão na gaveta de Rodrigo Maia é que resta de esperança para quem quer Temer fora!

Mas, você acredita mesmo que Rodrigo Maia, teria apoio para abrir o processo de impeachment, levar a votação, sairia vitorioso e que no Senado Federal ele seria de fato cassado? 

Quanto tempo isso tudo levaria? Já estaríamos em 2018.

Seria: MUITO BARULHO POR NADA!

Lula, 2018: SEM MEDO DE SER FELIZ! 

É a esperança mais certa. Porém, o desejo mais incerto. Moro, não largar o pé do "CARA"!

terça-feira, 13 de junho de 2017

LAVA JATO

TRF-4 suspende julgamento de Vaccari com voto por absolvição e pedido de vista.

Pela primeira vez um desembargador reconhece que houve condenação com base exclusiva em delação, o que não está na lei, diz advogado Luiz Flávio D'Urso, sobre voto no tribunal sediado em Porto Alegre.
São Paulo – Após suspensão do julgamento do recurso de João Vaccari Neto, no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), por pedido de vista do desembargador federal Victor Laus, nesta terça-feira (6), a defesa do ex-tesoureiro do PT está confiante na sua absolvição e vê elementos significativos na atual fase do caso, na corte sediada em Porto Alegre. “O importante e até simbólico nesse momento é que, pela primeira vez, um tribunal superior, ou pelo menos um desembargador, reconhece que houve condenação sem nenhuma prova, com base exclusiva em palavra de delator, o que não é possível pela lei brasileira”, diz o advogado de Vaccari, Luiz Flávio D'Urso. Vaccari encontra-se em prisão temporária em Curitiba desde 15 de abril de 2015.
O voto do revisor do processo no TRF-4, Leandro Paulsen, foi pela absolvição de Vaccari por falta de provas. "Nenhuma sentença condenatória será proferida apenas com base nas declarações de agente colaborador. O fato é que a vinculação de Vaccari não encontra elementos de corroboração. É muito provável que ele tinha conhecimento, mas tenho que decidir com o que está nos autos e não vi elementos suficientes para condenação", disse o magistrado.
O voto pela absolvição foi divergente do proferido pelo desembargador João Pedro Gebran Neto, que acolheu pedido do Ministério Público, aumentando a pena de Vaccari de 15 para 18 anos. Diante da divergência, o desembargador Victor Laus pediu vista. O processo deve voltar a julgamento até o final de junho, segundo o tribunal.
Para D’Urso, as delações terem se tornado válidas como prova e condenação não é uma interpretação generalizada, mas restrita à 13ª Vara Federal de Curitiba. “Penso que ainda é cedo para dizer isso (que a tese virou regra), uma vez que tem acontecido na vara do juiz Sergio Moro. Ele tem proferido condenações com base em delação. Agora é que os tribunais de recursos começam a examinar essa matéria. Um desembargador do TRF-4 a decidir assim, com isenção e técnica, é um alento para que isso que aconteceu não se torne uma realidade permanente.”
O advogado afirma que sua expectativa é de que, ao ser retomado, o julgamento seja jurídico e técnico. “Se assim for, acredito na absolvição do Vaccari. O que considero importante é que efetivamente no caso do Vaccari não há prova nenhuma que confirme as palavras do delator”, diz D’Urso. “Embora Moro tenha condenado severamente, o tribunal que está revendo teve um olhar isento e técnico, como deve ser. Isso é muito positivo no sentido de trazer o processo penal para os eixos da legislação brasileira, independentemente de preferência, emoção ou partidarismo.”
O julgamento do recurso de Vaccari no TRF-4 é o mesmo do qual consta o ex-diretor de serviços da Petrobras Renato de Souza Duque, os empresários Adir Assad e Sônia Mariza Branco, e o economista Dario Teixeira Alves Júnior, todos condenados por Moro. 
Em novembro, Vaccari já havia sido absolvido pela juíza Cristina Ribeiro Balbone Costa, da 5ª Vara Criminal de São Paulo, em ação penal relativa à sua gestão como presidente da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop). 
FONTE: 
http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2017/06/advogado-destaca-reconhecimento-em-tribunal-de-que-vaccari-foi-condenado-sem-prova

segunda-feira, 12 de junho de 2017

Justiça eleitoral condena ex-sindicalista deputado federal.

O deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical (SD-SP), teve os direitos políticos suspensos pela Justiça, por improbidade na utilização dos recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
De acordo com denúncia do Ministério Público Federal (MPF), quando era presidente da Força Sindical, Paulinho contratou a Fundação João Donini sem licitação para dar cursos profissionalizantes a desempregados e pessoas de baixa renda utilizando recursos do FAT.
“Além da suspensão dos direitos políticos pelo prazo mínimo de cinco anos, Paulinho da Força Sindical e outros réus, incluindo o responsável pela fundação, João Francisco Donini, foram condenados ao pagamento de multa, calculada com base no valor contratado com dispensa de licitação, proibição de contratar com o poder público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, pelo prazo de cinco anos”, diz a Procuradoria Regional da República na 3ª Região (TRF3).
Segundo o MPF, a Justiça apontou a inidoneidade da Fundação João Donini e registrou inconsistências repetidas nos cadastros de alunos, com duplicidade de CPFs. Segundo o MPF, as provas revelam o prejuízo causado à efetiva e eficaz prestação de serviço público com dinheiro público por instituição “absolutamente desqualificada” para tanto.
De acordo com a denúncia do MPF, entre 1999 e 2000, a Força Sindical firmou três convênios com o Ministério do Trabalho para qualificação e requalificação profissional de trabalhadores desempregados ou sob risco de desemprego e também para micro e pequenos empreendedores e autônomos. Em uma das parcerias, a Força Sindical teria contratado a Fundação Domini por R$ 215 milhões para ministrar esses cursos.
“Os réus tinham pleno conhecimento da incapacidade técnica e da precariedade das instalações para a realização dos cursos profissionalizantes pela fundação contratada e agiram, no mínimo, com culpa grave, porquanto não atuaram com a diligência esperada na contratação do convênio em questão”, disse o colegiado do TRF3.
FONTE: 
http://tudonews.com.br/justica-eleitoral-condena-ex-sindicalista-deputado-federal/
Se fosse nas maõs de Moro, nem condenado seria, falava M O L U S C O. Tá solto e inocente!

TEREMOS PROFESSORES NO FUTURO?




Quando eu era criança, tínhamos aquela ideia de que os anos 2000 viriam acompanhados de carros voadores, teletransporte e todas aquelas parafernálias domésticas que víamos no desenho dos Jetsons. Essa ideia de um futuro repleto de robôs fez – e ainda faz! – parte do imaginário de muita gente. Quem nunca ouviu dizer que as máquinas substituiriam os professores em sala de aula e que logo, logo, não precisaríamos de seres humanos ensinando?

Enfim, estamos em 2017, e, mesmo com o rápido avanço da educação à distância, essas imagens tecnológicas de uma escola quase artificial não se tornaram realidade. Por duas razões: primeiro porque não há tecnologia que substitua um bom professor e porque nosso problema não é o fato de as máquinas substituírem gente, mas sim a falta de seres humanos na docência. A primeira razão vai merecer outro texto aqui neste espaço. Quero falar aqui da segunda.

A crônica falta de atratividade da carreira de professor está fazendo com que cada vez menos jovens invistam nela como futuro profissional, comprometendo, consequentemente, o futuro da educação brasileira e do próprio país.

A questão é complexa. Uma pesquisa do professor José Marcelino de Rezende Pinto, da Universidade de São Paulo (USP), divulgada há três anos, mostra que o número de pessoas que ingressam nos cursos de formação docente do Ensino Superior no país seria suficiente para suprir a demanda de professores na Educação Básica – porém, o que falta é interesse em lecionar (saiba mais aqui). Temos profissionais suficientes para ocupar vagas em todas as disciplinas (com exceção de física) nas escolas de todo o Brasil, porém as condições da profissão repelem grande parte dos potenciais docentes. Ou seja: mesmo com o diploma em mãos, o professor escolhe outro caminho profissional em detrimento de estar em sala de aula.

Vale destacar que o problema, no entanto, não é só nosso. Na semana passada, na Inglaterra, pude conversar com vários especialistas justamente sobre esse tema. As pesquisas internacionais mostram que os ingleses estão diante de uma crise de recrutamento de professores que se agravou nos últimos quatro anos, de acordo com um relatório do Câmara dos Comuns do Parlamento (equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil) – veja.

Outro relatório do governo indica que 29% das 1.055 vagas para formação em física não foram preenchidas entre 2015 e 2016.

Uma das consequências é a superlotação das classes inglesas, realidade que conhecemos muito bem aqui no Brasil, especialmente nas grandes cidades. Um estudo divulgado em março pela Association of School and College Leaders sobre a crise de financiamento na área mostra que a média de alunos por turma vem subindo com a queda de número de docentes – veja.

Os efeitos disso nós estamos quase cansados de saber: alunos sem professor em algumas disciplinas ou assistindo às aulas de um docente não formado na matéria que leciona.

Hoje, no Brasil, 46,3% dos professores do ensino médio lecionam conteúdos de uma área na qual não se formaram. É praticamente metade dos 494 mil docentes que atuam na etapa em escolas públicas e privadas. Os dados do Censo Escolar 2015 tabulados pelo movimento Todos Pela Educação (disponíveis no Observatório do PNE) também mostram que um terço (32,3%) só dá aulas justamente de matérias nas quais não é diplomado. O pior é que o quadro não muda há anos. Desde 2012, estamos estagnados.
Na Inglaterra é diferente? Nada disso. Os dados mostram que a taxa de professores temporários em escolas públicas duplicou entre 2011 e 2014 (de 0,5% para 1,2%), tamanha a dificuldade para encontrar professores. Dados da Association of School and College Leaders mostram ainda que três em cada quatro diretores estão pedindo para que os professores passem a dar aulas de disciplinas em que não são especialistas. No caso específico das aulas de física, o número de aulas ministradas por professores sem formação na área aumentou de 21% para 28% entre 2010 e 2014 no país. Outros dados dão conta de que muitos docentes têm deixado a Inglaterra para lecionar em outros países – saiba mais.

Brasil, Inglaterra. Tão diferentes e enfrentando o mesmo problema, cujas raízes são as mesmas. Por que não há professores tanto em terras britânicas como brasileiras? A primeira coisa que vem em mente quando perguntamos isso é: `Ah, mas o salário do professor é muito baixo... É claro que ninguém quer seguir essa profissão!`. É a mais pura verdade: nossos docentes recebem em média o equivalente à metade (52,5%) do salário dos outros profissionais de nível superior. Em reais, para ficar bem claro: enquanto os docentes da rede pública têm média salarial de R$ 3.846,40, um advogado, engenheiro ou qualquer outro diplomado recebe em média R$ 7.325,10.

O problema, porém, é muito mais complexo do que apenas a questão salarial. Os jovens respondem: embora 37,6% dos estudantes de ensino médio já tenham pensado em seguir carreira no magistério, 23,5% já desistiram da ideia. E por quê? Porque reconhecem que os alunos não respeitam os professores (20,9%) e também porque acreditam que a sociedade não valorize a profissão (14,2%). O salário, é claro, também afasta: 17,7% dos jovens acham a remuneração inicial muito baixa. Os dados são da pesquisa Repensar o Ensino Médio – veja.

O diagnóstico foi feito, e está na boca daqueles que seriam os futuros professores: a juventude. É preciso o entendimento da sociedade brasileira de que o professor é o profissional-chave para o desenvolvimento do país. Tal expectativa precisa ser criada para que tenhamos políticas públicas que atendam a essa demanda fundamental, observando a estrutura da formação inicial, a qualidade da formação continuada e as condições de trabalho que, sabemos, são precárias.

Se essas providências não forem tomadas com urgência, no andar dessa grande carruagem chamada Brasil, a resposta para a pergunta que dá título a essa coluna pode não ser positiva. Precisamos de mais professores – e, para isso, precisamos que mais jovens queiram abraçar essa profissão essencial, dando-lhe o valor transversal que ela tem para o desenvolvimento da nossa sociedade.

Priscila Cruz

FONTE:
http://sbpcpe.org/index.php/noticias/403-jornal-eletronico-da-sbpc-pe-10-ano-2#5




PLANTAS BRASILEIRAS RECÉM-DESCOBERTAS JÁ CORREM RISCO DE EXTINÇÃO!

Apesar de a biodiversidade brasileira ser conhecida no mundo todo como a mais rica e diversificada do planeta, ainda existem enormes dificuldades e desafios quando se trata de conhecer a flora de regiões como o Sul da Bahia, o Espírito Santo e a Amazônia, diz o engenheiro agrônomo e biólogo Renato Goldenberg à IHU On-Line, na entrevista a seguir, concedida por telefone.


Pesquisador do projeto “Diversidade da flora vascular e status de conservação das espécies endêmicas em três unidades de conservação da Floresta Atlântica Montana no estado do Espírito Santo”, Goldenberg tem pesquisado e classificado novas espécies de plantas no Espírito Santo e afirma que mesmo espécies recém-descobertas já correm risco de extinção. Segundo ele, isso ocorre, de um lado, porque há dificuldades em estudar as plantas dessas regiões, visto que o “histórico de coletas é muito pobre” se comparado a grandes centros como São Paulo e Rio de Janeiro e, de outro, porque as espécies descobertas “ocorrem em uma área intensamente habitada na periferia da região metropolitana de Vitória, e é muito difícil conservar qualquer espécie da biodiversidade em regiões como essa por conta da superpopulação”.



Na entrevista a seguir, Goldenberg também comenta a necessidade de se pesquisar a biodiversidade da Amazônia e do Cerrado. “É mais urgente estudarmos a flora da Amazônia, justamente porque não a conhecemos completamente. De outro lado, em razão da taxa de destruição, é urgente estudarmos o Cerrado, porque em meio século ele deixará de existir”, aconselha. Apesar dessa demanda, frisa, “agora existe o risco de não conseguirmos tocar os projetos” por conta da crise brasileira.




Renato Goldenberg | Foto: UFPR



Renato Goldenberg é graduado em Engenharia Agronômica pela Universidade de São Paulo – USP, mestre e doutor em Biologia Vegetal pela Unicamp. Atualmente é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ.



Confira a entrevista.



IHU On-Line – Como está sendo feita a sua pesquisa de identificação e classificação de novas plantas em três unidades de conservação no Espírito Santo? Essa pesquisa se restringe a áreas do Espírito Santo ou envolve outras regiões do país?
Renato Goldenberg – O projeto do qual essa pesquisa faz parte foi financiado pela Fundação Grupo Boticário da Natureza em 2008. O projeto financiou a coleta, por parte da nossa equipe, de plantas em três Unidades de Conservação – UCs no Espírito Santo. Depois que essas plantas são coletadas, há um longo processo de maturação e identificação de todas elas, justamente porque a identificação das espécies é muito demorada. Uma planta coletada em 2009, por exemplo, há sete anos, fica num herbário pelo qual passam especialistas do mundo todo. No Brasil, em geral, essas plantas ficam no herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.



Para saber se uma determinada espécie de planta é nova ou não, primeiro temos que ter acesso a toda a bibliografia já publicada sobre esse gênero, e isso inclui analisar os materiais fundadores, ou seja, trabalhos sobre tipos nomenclaturais publicados em francês, em 1850, em inglês, em 1871, e em latim, em 1828, os quais nos permitem identificar as famílias das plantas. A maior parte desses trabalhos não está no Brasil e essa é uma grande dificuldade que temos ao trabalhar com diversidade, justamente porque as primeiras espécies descobertas no Brasil foram descritas no final do século passado, e os primeiros coletores e botânicos não eram brasileiros, mas alemães, franceses, ingleses ou norte-americanos. Logo, os tipos nomenclaturais estão listados no exterior e a pesquisa sobre a identificação de novas espécies se torna mais difícil.



Para saber se a espécie de uma planta é nova, tenho que compará-la com toda a bibliografia existente, ou seja, não pode ser com 99% da bibliografia, mas com 100%. Além disso, é preciso comparar todos os tipos nomenclaturais, e com base nessas comparações chegamos à conclusão de se a espécie é nova ou não. Apesar de todo esse processo, nossa finalidade não é descrever uma espécie nova, e sim compreender quais são as espécies que existem.



Biodiversidade desconhecida



Feita essa explicação inicial sobre como funciona o processo de descobrir e descrever novas espécies, posso dizer que a Mata Atlântica é um ambiente biodiverso e algumas regiões da Mata Atlântica são mais bem amostradas do que outras regiões do país, justamente porque toda a região do Rio de Janeiro, principalmente a que está localizada atrás dos morros cariocas, foi o primeiro lugar em que se começou a coletar espécies no Brasil. O Rio de Janeiro tem dois dos cinco maiores herbários do país. Do mesmo modo, São Paulo e os estados do Sul têm várias universidades que possuem herbários importantes. O problema começa justamente quando queremos conhecer a biodiversidade de estados como o Espírito Santo ou de regiões como a do sul da Bahia, que são lugares extremamente diversos desses estados que mencionei anteriormente e onde o histórico de coletas é muito pobre.



A verdade é que nós botânicos – e com isso vou fazer uma autocrítica -, costumamos sempre coletar as espécies nos mesmos lugares, o que dificulta a descoberta de novas espécies



Sabemos que existem diversas espécies restritas que ocorrem só nesses lugares e que nunca foram coletadas. Logo, tentando responder a sua pergunta, a pesquisa foi realizada no Espírito Santo justamente para tentar identificar a biodiversidade da região. Entretanto, o ritmo de descrição das espécies novas é proporcional ao conhecimento da flora. Assim, a quantidade de espécies novas descritas para São PauloRio de Janeiro, ParanáSanta Catarina e Rio Grande do Sul é superbaixa, enquanto a quantidade de novas espécies existentes no Espírito Santo e na Bahia é enorme. Nos últimos 15 anos pesquisando a biodiversidade do Espírito Santo, só eu, trabalhando individualmente com uma família, já descrevi entre 20 e 30 espécies. Na Bahia, por exemplo, também foram encontradas entre 20 e 30 novas espécies.



IHU On-Line – Que outras regiões do Brasil ainda são potenciais para o descobrimento de novas espécies, além da Bahia e do Espírito Santo?



Renato Goldenberg – A verdade é que nós botânicos – e com isso vou fazer uma autocrítica -, costumamos sempre coletar as espécies nos mesmos lugares, o que dificulta a descoberta de novas espécies. Ainda existem vários locais ao longo da Mata Atlântica que são pouco coletados por dificuldade de acesso. Mesmo nos estados em que são feitas muitas coletas, como no Rio de Janeiro e em São Paulo, muito material novo e desconhecido ainda pode ser coletado. Além do Espírito Santo e da Bahia, existem algumas regiões mais ao Norte, no Nordeste, de altitude mais elevada, onde existem florestas mais úmidas, que também são lugares ricos em biodiversidade, mas onde são realizadas poucas coletas. Especialmente nas montanhas do Espírito Santo e da Bahia e ao Leste e ao Sul de Minas Gerais, ainda existem bastantes espécies para serem conhecidas.



IHU On-Line – Em quais biomas brasileiros as plantas são mais desconhecidas?



Renato Goldenberg – No Brasil como um todo, certamente na Amazônia e, nesse sentido, é mais urgente estudarmos a flora da Amazônia, justamente porque não a conhecemos completamente. De outro lado, em razão da taxa de destruição, é urgente estudarmos o Cerrado, porque em meio século ele deixará de existir.



IHU On-Line – Um dos fatos que chamam a atenção na sua pesquisa é que algumas das plantas recém-descobertas correm risco de extinção. Já é possível identificar os fatores que põem essas plantas em risco e que medidas poderiam ser tomadas para que a espécie possa se desenvolver?



Renato Goldenberg – Primeiro vou explicar como analisamos e como entendemos o risco de extinção e depois vou comentar o tópico da conservação. Existem critérios técnicos que determinam se uma espécie corre ou não risco de extinção: o primeiro deles leva em conta a distribuição geográfica da espécie, e o segundo critério considera o local onde essas plantas ocorrem, justamente para verificar se a quantidade de plantas no local é pequena ou não, se o local é ameaçado por algum tipo de empreendimento, por mudanças climáticas ou pelo que quer que seja.



O que acontece com essas espécies descobertas no Espírito Santo é que elas ocorrem em uma área intensamente habitada na periferia da região metropolitana de Vitória, e é muito difícil conservar qualquer espécie da biodiversidade em regiões como essa por conta da superpopulação. Nós coletamos essas espécies no campo e encontramos, para duas dessas espécies, populações superpequenas. As duas espécies que estão ameaçadas têm pelo menos uma população de cada uma delas dentro de uma Unidade de Conservação, que é a Reserva Biológica de Duas Bocas, no município de Cariacica. Ainda assim elas estão sob risco porque a quantidade de plantas existentes é muito pequena. É possível que daqui a alguns anos alguém colete plantas iguais em outros lugares e, por conta disso, podemos mudar a estatística em relação ao risco de extinção delas, embora seja pequena a probabilidade de plantas como essas serem encontradas em outros lugares.



Então, devido à distribuição geográfica restrita, à ocorrência de pouquíssimas espécies e à pressão que ocorre sobre essas áreas naturais onde essas plantas se desenvolvem, elas têm um risco de extinção bastante alto. Elas só não estão criticamente em perigo porque existem populações dentro das Unidades de Conservação. Apesar disso, há uma preocupação com o desenvolvimento dessas espécies, justamente porque está em curso uma revisão de áreas de proteção ambiental no país para atender a interesses econômicos.
É necessário minimamente mantermos as Unidades de Conservação tais como elas estão
Sobre a segunda parte da sua pergunta, acerca de como preservar essas espécies que estão em extinção, eu diria que em primeiro lugar é preciso conter o que o governo está querendo fazer, ou seja, é fundamental não intensificar a atuação humana sobre as Unidades de Conservação. É necessário minimamente mantermos as Unidades de Conservação tais como elas estão. Em segundo lugar, diria que existem ações individuais que podemos efetuar sobre essas plantas. Essas ações envolvem a conscientização das pessoas que vivem ao redor dessa biodiversidade, e a conscientização da administração das UCs de que existem plantas que só ocorrem em determinadas Unidades.



IHU On-Line – Há um discurso recorrente sobre a importância de se conhecer e preservar a biodiversidade brasileira. Nesse sentido, quais são os incentivos dados para a realização desse tipo de pesquisa no país?



Renato Goldenberg – Você me faz essa pergunta em uma época muito difícil para nós. Sempre foi difícil fazer pesquisa no Brasil, porque nunca recebemos muitos incentivos, principalmente em termos financeiros, mas pelo menos existiam instituições com um peso e com recursos humanos suficientes para manter esse tipo de pesquisa andando. Hoje em dia não sabemos se teremos universidade pública e financiamento do CNPq para os próximos anos; aliás, não sei se terei meu emprego como professor da universidade pública daqui a cinco anos, porque a pressão atualmente é muito grande. Os cortes recentes no CNPq não são restritos à nossa área; os cortes de verbas e de financiamento do CNPq são para o país inteiro, para todos os pesquisadores. Portanto, não é só esse tipo de pesquisa que desenvolvo que está correndo perigo, na verdade é todo o sistema de ensino e pesquisa no Brasil que está em risco.



O incentivo e o investimento sempre foram insuficientes no país, mas era um insuficiente com o qual conseguíamos dar andamento aos trabalhos. Agora, no entanto, existe o risco de não conseguirmos tocar os projetos. Desculpe meu pessimismo, talvez seja exagerado, mas hoje temos, basicamente, financiamentos do governo e de algumas poucas fundações particulares. Inclusive, no Brasil há muito poucas fundações particulares que apoiam a pesquisa. Existem alguns programas da Fundação Boticário e da Natura, principalmente da Fundação Boticário que, tradicionalmente, financia pesquisa, especificamente, de conservação e em alguns casos de conhecimento das espécies nativas para a conservação. Fora isso, a maior parte dos programas de financiamento é feita pelo CNPq.



IHU On-Line – De outro lado, existem financiamentos de fundações estrangeiras que têm interesse em estudar a biodiversidade brasileira?



Renato Goldenberg – Não. O que existem são iniciativas individuais de alguns poucos pesquisadores. São projetos de pesquisadores estrangeiros, que envolvem pesquisadores brasileiros, e eu mesmo faço parte de um desses projetos. Cada país financia a sua pesquisa com restrições ao financiamento de pesquisadores estrangeiros, e isso é completamente compreensível. Eu participo, por exemplo, de um projeto com um grupo de pesquisadores do Jardim Botânico de Nova York. Não recebo nenhum incentivo financeiro para isso. Eles me dão apenas um “apoio moral”, e a nossa produção científica é boa por causa deles, porque eu posso enviar alunos para trabalhar nos laboratórios de lá, o que é bastante importante, e eles financiam pesquisas de campo quando vêm fazer alguma pesquisa no Brasil.



No país existe um grande preconceito e medo em relação aos pesquisadores estrangeiros que vêm para cá, porque em geral se acha que eles vão roubar nossas pesquisas ou a biodiversidade, mas não é o caso, eles não têm a intenção de levar o nosso patrimônio para fora.

FONTE: 
http://sbpcpe.org/index.php/noticias/402-jornal-eletronico-da-sbpc-pe-9-ano-2#6


VÍRUS ZIKA PODE SER USADO NO TRATAMENTO DE TUMOR CEREBRAL, AFIRMAM PESQUISADORES.

Pesquisadores têm avançado em estudos sobre o vírus da zika


O vírus Zika poderia ser usado no tratamento de tumor cerebral. É o que acreditam cientistas da Universidade de Cambrigde, no Reino Unido.



Em um estudo pioneiro, eles vão testar o efeito do vírus sobre o glioblastoma, forma mais comum e agressiva de tumor no cérebro.



Segundo os pesquisadores, cerca de 2,3 mil pessoas são diagnosticadas por ano com esse tipo de câncer na Inglaterra - e menos de 5% dos pacientes sobrevivem mais de cinco anos à doença.



Em seu trabalho, os cientistas vão tentar confirmar se o Zika pode destruir as células cancerosas no cérebro.



 De acordo com eles, os tratamentos existentes contra o glioblastoma são limitados por causa da incapacidade de atravessar a barreira hematoencefálica - estrutura que atua principalmente para proteger o sistema nervoso central - e do fato de que as doses devem ser mantidas baixas para evitar danos ao tecido saudável. 



O vírus Zika, por sua vez, consegue atravessar a barreira hematoencefálica e poderia atingir as células cancerosas, poupando o tecido cerebral adulto normal e abrindo assim uma nova possibilidade de atacar a doença.



"Esperamos mostrar que o vírus Zika pode retardar o crescimento do tumor cerebral em testes de laboratório. Se pudermos aprender lições a partir da sua capacidade de atravessar a barreira hematoencefálica e atingir as células-tronco seletivamente, poderíamos ter na mão a chave para futuros tratamentos", explica o pesquisador Harry Bulstrode, da Universidade de Cambridge.



Esperança



Testes em laboratório já indicaram anteriormente que a infecção pelo Zika durante a gravidez ataca as células-tronco do cérebro em desenvolvimento dos bebês, reforçando a crença de que o vírus causa más-formações fetais, como a microcefalia.



Mas em adultos, uma vez que o cérebro já está totalmente desenvolvido, o vírus geralmente não causa nada além do que os sintomas de uma gripe.



Os pesquisadores afirmam que, no caso do glioblastoma, as células cancerosas se assemelham às do cérebro em desenvolvimento, o que sugere que a infecção por zika poderia atacá-las também.



Segundo a ONG Cancer Research UK, que está financiando a pesquisa, essa fase inicial de testes vai investigar como o vírus mira as células-tronco e fornecer um ponto de partida para desenvolver novos tratamentos que buscam atacar o tumor cerebral e preservar o tecido saudável ao seu redor.



Os cientistas vão testar células tumorais em ratos em laboratório.



"A infecção pelo Zika em bebês e crianças é uma grande preocupação para a saúde global, e o foco tem sido descobrir mais sobre o vírus para encontrar novos tratamentos possíveis. Estamos adotando uma abordagem diferente e queremos usar esses novos insights para ver se o vírus pode ser usado para combater um dos mais complexos tipos de câncer", diz Bulstrode.



Iain Foulkes, diretor de pesquisa e inovação do Cancer Research UK, reforça a urgência de se encontrar novas formas de tratamento para o glioblastoma.



"Precisamos urgentemente de novos insights e tratamentos para combater o glioblastoma, uma das formas mais comuns de tumores cerebrais e difíceis de tratar", diz Foulkes.



"A pesquisa de Bulstrode é uma forma incrivelmente inovadora de expandir a compreensão de como podemos vencer essa doença, que ainda é um grande desafio", acrescenta.

FONTE:
http://sbpcpe.org/index.php/noticias/402-jornal-eletronico-da-sbpc-pe-9-ano-2#6

ONDE ESTÃO OS NOSSOS CIENTISTAS? OU MELHOR: FORMAMOS CIENTISTAS?

POR QUE O BRASIL TEM TÃO POUCOS CIENTISTAS?


O Brasil possui, segundo a Unesco, cerca de 700 pesquisadores por milhão de habitantes, enquanto a China possui 1.100, a Rússia 3.100, a União Europeia 3.200, os Estados Unidos 3.900, Coréia e Singapura 6.400, Israel 8.300. Na América Latina, o Brasil está em segundo lugar, abaixo da Argentina, que tem 1.200 pesquisadores por milhão de habitantes. Mas está muito distante ainda dos países desenvolvidos, embora esteja formando 18 mil doutores por ano. 

Por que o Brasil tem tão poucos pesquisadores? Como fazer para aumentar esse número? Como estimular jovens a seguirem carreiras científicas? Essas questões são extremamente relevantes para o futuro do país, e não devem ser pensadas apenas como desafios para as universidades, e sim para as escolas e a educação como um todo. 

Há, no Brasil, várias iniciativas interessantes que visam despertar os jovens para a ciência que têm ajudado milhares de crianças a ter contato com a ciência experimental, despertando a curiosidade, a paixão pelo conhecimento e o raciocínio lógico. Mas o Brasil precisa promover a aproximação do mundo da ciência não para mil, mas para milhões de crianças. 

É claro que essa meta exige que o ensino básico promova o contato dos alunos com a ciência, por meio de atividades tipo "mão na massa", envolvendo experimentos e estimulando a reflexão crítica. E, para que isso ocorra, é necessário que os professores tenham formação adequada. É importante também que sejam atraídos bons candidatos para os cursos de formação de professores. 

Na Coréia do Sul, futuros professores do ensino fundamental, considerado o ciclo mais importante para a formação do aluno, devem estar entre os 5% superiores do National College Entrance Examination, o vestibular sul-coreano, devem necessariamente ser educados em uma Universidade Nacional e têm emprego praticamente garantido, com bons salários iniciais, comparáveis aos de outros graduados. Já os professores do ensino médio não precisam ser educados em Universidades Nacionais: em 2005, 59.000 candidatos disputavam 5.000 posições. 

A carreira do professor também é valorizada em outros países. Na Finlândia os professores do ensino fundamental são os mais prestigiados, recebendo os salários mais altos. Em Singapura, todos os professores têm asseguradas 100 horas pagas de desenvolvimento profissional por ano. Nos Estados Unidos, diferentes cidades desenvolvem sistemas alternativos de formação de professores para a educação básica: Boston, Chicago e Nova Iorque têm um programa de residência, com seleção rigorosa de candidatos, provenientes de vários cursos de graduação, e que têm emprego garantido em escolas públicas, uma vez admitidos no programa. 

Enquanto isso, no Brasil, as melhores universidades públicas formam professores para a educação básica em cursos noturnos, separados dos cursos de bacharelado dessas instituições, pois os alunos precisam trabalhar durante o dia. Recentemente, a formação dos professores tem sido aprimorada por cursos de aperfeiçoamento, os mestrados profissionais apoiados pela Capes, em áreas como matemática, física, letras, artes e história. Um esforço meritório, que deve ser complementado, no entanto, por mudanças radicais nos cursos de licenciatura, de modo que seja alcançado o fator de escala necessário para um país como o Brasil. 

Assim, o aumento do número de pesquisadores no Brasil passa por uma reformulação profunda dos cursos de formação de professores para a educação básica. É preciso atrair os melhores alunos, através da valorização da profissão, e promover cursos diurnos de licenciatura, oferecendo, mediante editais que selecionem instituições pela qualidade do quadro docente e das instalações laboratoriais, bolsas de estudo que permitam aos alunos a plena dedicação aos estudos. Disciplinas comuns com outros cursos de graduação devem ser oferecidas. Os programas devem incluir as técnicas "mão na massa" de ensino de ciências. E ter como docentes os melhores professores da instituição. 

A precariedade da educação básica é um grande obstáculo ao desenvolvimento social e econômico do Brasil. Soluções existem. Mas é necessário implementá-las.












* Luiz Davidovich, Presidente da Academia Brasileira de Ciências.

FONTE: 
http://sbpcpe.org/index.php/noticias/402-jornal-eletronico-da-sbpc-pe-9-ano-2#3