Este Blog se destina a Divulgação Científica, Popularização da Ciência, Geopolítica e esclarecimento político nesse momento que as fake news dominam os noticiários.
domingo, 10 de setembro de 2017
NOVE ESTADOS, 58 CIDADES E 20 DIAS DEPOIS, COMO FOI A CARAVANA DE LULA?
Reportagem especial do jornalista Paulo Donizetti de Souza, da RBA, retrata os melhores momentos da carana do ex-presidente Lula pelo Nordeste do País; "Milhares estiveram no caminho para ver passar a caravana. Levavam gratidão por oportunidades que jamais haviam tido na vida, temor de que tudo se perca e compromisso de solidariedade e resistência aos retrocessos. Mídia nacional não quis ver", diz o jornalista.
Por Paulo Donizetti de Souza, da Revista do Brasil - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quis retomar a experiência de suas caravanas pelo Nordeste. A região foi a que mais desfrutou as transformações sociais nos 12 anos seguintes à sua posse do governo, em 2003. De um lado, os programas sociais puseram comida na mesa de miseráveis. De outro, essas famílias passaram a ter as crianças na escola e com a vacina em dia. Essa pequena renda pingadinha em cada família, somada ao salário mínimo recebido pelo aposentado do trabalho rural, garantia a sustentação econômica dos municípios mais longínquos e também das periferias nas grandes cidades.
Em outra ponta, os filhos dessas famílias que deixavam a linha de pobreza para trás, com muito trabalho, passaram a encontrar perto de casa o colégio técnico e a universidade pública. Por não precisar mais migrar para a capital ou o “sul maravilha”, o conhecimento permaneceu em sua terra. As empresas passaram a encontrar essa mão de obra. E surgiram investimentos em infraestrutura – água, energia, estradas, plantas de fábricas, técnicas agrícolas, inovação. Além das cooperativas e empreendimentos solidários em torno da agricultura e pequenos negócios familiares apoiados por políticas de crédito – entre outros fatores que até hoje, em plena crise a abater o país, sustentam no Nordeste crescimento do PIB acima da média nacional.
As populações nordestinas não precisavam dos grandes jornais e TVs para saber o que estava acontecendo. Sentiam isso na própria pele. Não foi à toa que Lula se tornou o presidente mais bem avaliado da história, com mais de 80% de aprovação – e no Nordeste estão apenas 25% dos eleitores brasileiros. Isso explica também porque, por onde passou a caravana Lula pelo Brasil, o ex-presidente era acolhido com múltiplos sentimentos, como gratidão, admiração e apreensão com os retrocessos promovidos por Michel Temer. Além de solidariedade: à causa de Lula de unir as forças progressistas em torno de um novo projeto nacional; e à resistência do ex-presidente à perseguição midiática e judicial com objetivo de tirá-lo dessa causa, seja como possível candidato em 2018, seja como líder político capaz de encontrar o nome que leve adiante esse projeto.
Percurso de 4.900 quilômetros
Na Bahia, as agendas previam eventos em Salvador, Feira de Santana, Cruz das Almas e São Francisco do Conde, e teve mais uma em Jandaíra. Em Sergipe, houve cinco compromissos previstos na agenda (Aracaju, Itabaiana, Nossa Senhora da Glória, Estância e Lagarto) e outros improvisados em Campo de Brito, Japoatã e São Domingos. Em Alagoas, foram Penedo, Arapiraca e Maceió. Seguindo para Pernambuco – com eventos em Recife e Ipojuca –, comunidades de Araripina, Goiana e Xexéu também pararam o ex-presidente. Assim como os paraibanos de Nova Palmeira se somaram aos de João Pessoa, Campina Grande e Picuí.
No Rio Grande do Norte, além de Mossoró e Currais Novos, parou em Acari, Campo Grande, Florânia e Jucurutu. Ceará tinha roteiros em Quixadá, Juazeiro e Crato. E contou paradas em Banabuiú, Cedro,Ibicuitinga, Icó, Iguatu, Quixelô, Quixeré, Solonópole e na Usina de Produção de Biodiesel de Quixadá. No Piauí, as paradas em Alegrete, Campo Grande do Piauí, Ipiranga, Inhuma, Passagem Franca do Piauí, Barro Duro, Miguel Leão, Monsenhor Gil, Demerval Lobão e Vila Irmã Dulce se somaram às agendas de Marcolândia, Picos, Altos e Teresina. E no Maranhão, estado em que encerrou a viagem, Lula teve compromissos em São Luiz e em Timon.
Silêncio nada inocente
Tão obcecada em noticiar fatos negativos em torno na imagem de Lula, a imprensa comercial do país ignorou os impactos da caravana por onde passou. Graças às reportagens como as de Cláudia Motta, em colaboração com as equipes locais da TVT e da RBA, e como as da produção colaborativa das equipes do Brasil de Fato, Mídia Ninja e Jornalistas Livres – que cobriram a empreitada do início ao fim e fizeram com que o assunto ganhasse presença campeã nas redes sociais, conforme assinalou o colunista do Estadão, José Roberto de Toledo –, os impactos dessa peregrinação não ficaram no anonimato nem no esquecimento. A imprensa internacional também considerou que essa movimentação toda era, sim, notícia.
O jornal francês Le Monde deu quase uma página inteira da passagem da caravana por Salvador. O texto é crítico ao evento – põe em dúvida sobre se a viagem é “um retorno do líder ou uma despedida, como um grande adeus”. Mas ouve de seguidores, que contam como Lula mudou suas vidas, a opositores que pediam uma intervenção militar para acabar com o evento na Arena Fonte Nova.
A agência norte-americana Reuters, como o francês de linha liberal conservadora, assinalou que “o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva acusou o governo brasileiro de desmontar os avanços sociais conquistados durante seus anos de governo”, afirma nota da Reuters. E registrou: “Milhões de brasileiros saíram da pobreza durante seus mandatos (2003-2010). Ele permanece como o político mais popular do Brasil (…) E acusa a elite brasileira de negar aos mais pobres acesso à educação, e promete resgatar investimentos em universidades”.
O inglês The Guardian saiu com: “Lula está na estrada mobilizando aqueles que ele tirou da pobreza”. O jornal, um dos maiores do país, fez grande reportagem intitulada “Herói da esquerda brasileira desfruta de adulação enquanto roga reviver sua boa sorte política”. E descreve: “Usando suas melhores camisetas vermelhas, carregando bandeiras e cartazes, exalando excitação, milhares de pessoas, nas suas pobres e empoeiradas cidades rurais, se amontoaram nas praças centrais para ver Lula. (...) 'Você conhece algum fenômeno mais importante do que Luiz Inácio Lula da Silva', disse Flávio Balreira, de 65 anos, usando o nome completo do presidente, algo incomum no Brasil”.
O periódico argentino Pagina 12 destacou os olhos fechados da mídia brasileira para a caravana. “Os veículos brasileiros agem como se nada importante estivesse acontecendo no Nordeste do Brasil. Haveria apenas uma viagem de Lula, que as vezes é comunicada pela mídia como algum palanque político. Não reproduzem nenhuma foto de Lula rodeado por um mar de povo. É como se o povo não existisse.” A emissora TeleSur, comandada pelos governos da Venezuela, Cuba, Bolívia, Nicarágua e Uruguai, fez ampla cobertura, com repórteres seguindo cada passo de Lula, até com entrevistas exclusivas com o personagem principal. “Caravana da Esperança”, nomearam a jornada do ex-presidente.
Durante a viagem, Luiz Inácio Lula da Silva concedeu entrevista aos jornalistas da imprensa independente e não demonstrou surpresa com a cobertura da mídia comercial. “Cada vez mais a gente tem de apostar nesse tipo de comunicação. Talvez a gente ainda seja primário, mas o dado concreto que vai ficando mais nítido é que nós não precisamos nos submeter aos caprichos das grandes emissoras de televisão. A gente sobrevive sem eles.”
Na entrevista – a completa você pode ler aqui – Lula já fala em planos para as próximas viagens com os mesmos objetivos. "Não posso parar porque o Brasil não é só o Nordeste. Tava querendo fazer Minas Gerais por uma razão simples: é um estado muito distinto, você tem a Minas carioca, a Minas paulista, Minas nordestina, Minas Brasília e a Minas mineira mesmo. Gostaria ir ao Vale do Mucuri, Vale do Jequitinhonha, Vale do Rio Doce, depois andar pelas outras regiões.
FONTE:
https://www.brasil247.com/pt/247/brasil/316130/Nove-estados-58-cidades-e-20-dias-depois-como-foi-a-caravana-de-Lula.htm
sábado, 9 de setembro de 2017
MEC e Inep divulgam dados do Censo da Educação Superior 2016.
Em 2016, 34.366 cursos de graduação foram ofertados em 2.407 instituições de educação superior (IES) no Brasil para um total de 8.052.254 estudantes matriculados. Os dados são do Censo da Educação Superior e foram divulgados nesta quinta feira (31) em coletiva de imprensa com a presença do ministro da Educação, Mendonça Filho, da secretária executiva do Ministério da Educação (Mec), Maria Helena Guimarães de Castro, e da presidente do Instituto Nacional de Estudos e Estatísticas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Maria Inês Fini.
Segundo as estatísticas apresentadas, as 197 universidades existentes no país equivalem a 8,2% do total de IES, mas concentram 53,7% das matrículas em cursos de graduação.
No ano passado, o número de matrículas na educação superior (graduação e sequencial) continuou crescendo, mas essa tendência desacelerou quando se comparado aos últimos anos. Entre 2006 e 2016, houve aumento de 62,8%, com uma média anual de 5% de crescimento. Porém, em relação a 2015, a variação positiva foi de apenas 0,2%.
Cursos
Os cursos de bacharelado mantêm sua predominância na educação superior brasileira com uma participação de 69% das matrículas. Os cursos de licenciatura tiveram o maior crescimento (3,3%) entre os graus acadêmicos em 2016, quando comparado a 2015.
Vagas
Em 2016, foram oferecidas mais de 10,6 milhões de vagas em cursos de graduação, sendo 73,8% vagas novas e 26,0%, vagas remanescentes. Das novas vagas oferecidas no ano passado, 33,5% foram preenchidas, enquanto apenas 12,0% das vagas remanescentes foram ocupadas no mesmo período.
Ingressantes
Em 2016, quase 3 milhões de alunos ingressaram em cursos de educação superior de graduação. Desse total, 82,3% em instituições privadas.
Após uma queda observada em 2015, o número de ingressantes teve um crescimento de 2,2% em 2016. Isso ocorreu porque a modalidade a distância aumentou mais de 20% entre os dois anos, enquanto nos cursos presenciais houve um decréscimo no número de ingressantes de 3,7%.
Concluintes
No ano passado, mais de um 1,1 milhão de estudantes concluíram a educação superior. O número de concluintes em cursos de graduação presencial teve aumento de 2,4% em relação a 2015. A modalidade a distância diminuiu -1,3% no mesmo período.
Entre 2015 e 2016, o número de concluintes na rede pública aumentou 2,9%. Já na rede privada a variação positiva foi de 1,4%.
No período de 2006 a 2016, a variação percentual do número de concluintes em cursos de graduação foi maior na rede privada, com 62,6%, enquanto na pública esse crescimento foi de 26,5% no mesmo período.
Censo da Educação Superior
O Censo da Educação Superior, realizado anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), constitui-se importante instrumento de obtenção de dados para a geração de informações que subsidiam a formulação, o monitoramento e a avaliação das políticas públicas, além de ser elemento importante para elaboração de estudos e pesquisas sobre o setor. O Censo coleta informações sobre as Instituições de Educação Superior (IES), os cursos de graduação e sequenciais de formação específica e sobre os discentes e docentes vinculados a esses cursos.
Os resultados coletados subsidiam o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), seja no cálculo dos indicadores de Conceito Preliminar de Curso (CPC) e do Índice Geral de Cursos (IGC), seja no fornecimento de informações, como número de matrículas, de ingressos, de concluintes, entre outras. As estatísticas possibilitam ainda, através da justaposição de informações de diferentes edições da pesquisa, a análise da trajetória dos estudantes a partir de seu ingresso em determinado curso de graduação, e, consequentemente, a geração de indicadores de acompanhamento e de fluxo na educação superior.
FONTE:
http://portal.inep.gov.br/artigo/-/asset_publisher/B4AQV9zFY7Bv/content/id/854595
ITAJUÍPE EM FESTA!!!!
UM SETE DE SETEMBRO ONDE TUDO CONSPIROU PARA DAR CERTO
E DEU!
Abertura oficial!
A independência se conquista com o povo, pelo povo e para o povo.
Após o povo, nossos guerreiros!
Escola Municipal Prof. Diógenes Vinhaes!! Abriu a ala das escolas com Galhardia e Exuberância!!
Colégio Polivalente de Itajuípe. Escola a qual estive diretor por 05 anos. Muito orgulho desse período!
Escolas dos Distritos: PRESENTE!!!
Parabéns!!!!
Após 12 anos de ausência. A tradicional fanfarra FANTRADI, volta aos desfiles de 07 de setembro. Um resgate histórico!! Governos se passaram e ela não aparecia. Voltou com força total
Itajuípe está de parabéns!!!
quarta-feira, 6 de setembro de 2017
Pesquisa de fármacos mira doenças tropicais negligenciadas e combate à virulência bacteriana.
Um grupo de pesquisa da Faculdade de Farmácia da UFBA envolveu-se em uma árdua tarefa: o desenvolvimento de novos fármacos para doenças tropicais negligenciadas, como leishmaniose, doença de chagas e esquistossomose. Elas são assim denominadas porque ocorrem com mais frequência em países subdesenvolvidos na região dos trópicos e não há investimento por parte da indústria farmacêutica em pesquisa e desenvolvimento de medicamentos contra essas doenças.
“Parte dos fármacos disponíveis foram desenvolvidos nas décadas de 1940 e 1950. Entre eles, alguns foram desenvolvidos na Segunda Guerra Mundial pelos nazistas. Hitler tinha planos de invadir a Europa pela África, continente em que essas doenças eram muito frequentes. Se os soldados fossem contaminados, eles não conseguiriam chegar no front de batalha com condições de combater. De lá para cá, muito pouco foi feito e a maioria das pesquisas pré-clínicas relacionadas a essa temática é desenvolvida nas universidades”, explica o coordenador do grupo de Avaliação e Planejamento de Moléculas Bioativas e professor da Faculdade de Fármacia, Marcelo Santos Castilho.
Esse grupo desenvolve seus trabalhos no Laboratório de Cristalização de Macromoléculas (LaCriMa) e no Laboratório de Bioinformática e Modelagem Molecular (LaBiMM), e neles a principal linha de pesquisa está voltada às fases iniciais de planejamento de fármacos contra doenças tropicais negligenciadas, ou seja, à identificação de moléculas bioativas que podem ser úteis, no futuro, para o desenvolvimento de novos medicamentos.
A estratégia utilizada pelo grupo é simples: ele procura identificar as enzimas responsáveis pelos processos bioquímicos essenciais ao parasita e bloqueá-las com produtos de origem sintética ou natural. É necessário escolher uma molécula que atue no parasita, mas não no hospedeiro e, para isso, os pesquisadores exploram diferenças evolutivas entre esses organismos. Atualmente, o grupo trabalha principalmente com inibidores da enzima pteridina reductase 1 (PTR1), que é importante para a síntese de DNA em Leishmania.
A rotina laboratorial envolve o uso de ferramentas e métodos da biologia molecular para produzir as enzimas do parasita em uma célula de bactéria, por meio de métodos de DNA recombinante. “Após a bactéria mutante produzir a enzima de interesse, é clivar a célula da bactéria para liberar a enzima que será purificada”, diz Marcelo Castilho. Com a enzima pura, os pesquisadores realizam a triagem de potenciais compostos bioativos. “O emprego de testes in vitro nessa etapa é estratégico, pois ele permite testar centenas de compostos com um custo muito baixo e com uma grande velocidade. Dessa forma, pode-se selecionar compostos promissores para testes subsequentes em modelos mais complexos”.
O grupo estabeleceu colaborações com outros pesquisadores da UFBA, de outras universidades brasileiras, como a USP de Ribeirão Preto e a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), e colegas de outros países, na tentativa de encontrar inibidores de PTR1. “Firmamos parcerias com grupos de pesquisa de outras universidades que trabalham no isolamento de produros naturais ou na síntese de diferentes classes químicas como estratégia para ter acesso ao compostos que testamos aqui na UFBA. Os compostos mais promissores são então modificados pelos grupos colaboradores, visando a aumentar sua potência e seletividade. Quando esse ciclo de avaliação-modificação é concluído, enviamos os compostos para ensaios em modelos animais”, Castilho detalha.
Um dos resultados mais promissores do grupo provém da colaboração com o grupo da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que identificou um inibidor com esqueleto químico diferente dos inibidores já conhecidos e cuja síntese é mais simples. Essa característica é importante por facilitar modificações químicas que levem a compostos mais eficazes.
Paralelamente a essa abordagem experimental, os pesquisadores da UFBA utilizam ferramentas computacionais para selecionar virtualmente os compostos mais promissores, por meio da simulação do encaixe dos compostos no sítio de interação da enzima. “Após a seleção das moléculas mais promissoras, é possível adquirir muitas dessas moléculas para verificar in vitro se elas são de fato ativas. Essa abordagem também levou à descoberta de uma nova classe de inibidores de PTR1. Os detalhes experimentais que levaram à descoberta dessas duas classes de inibidores foram publicados recentemente no periódico European Journal of Chemistry, diz Castilho.
Outro campo muito importante também pesquisado pelo grupo é o da virulência bacteriana. Existe uma previsão de que em 25 anos os antibióticos não serão mais eficazes e voltaremos a uma época pré-antibiótica, em que até um corte em um dedo pode levar à morte. O grupo propõe-se a tratar desse problema por uma abordagem inovadora que não envolve a morte da bactéria ou o bloqueio da sua proliferação. Estudos recentes demonstram que o controle da virulência bacteriana não causa pressão evolutiva que poderia levar à seleção de cepas resistentes. Diminuindo a virulência, o próprio sistema imune seria capaz de debelar a infecção. “Essa classe terapêutica tem recebido pouca atenção da indústria farmacêutica, já que não é interessante investir milhões de dólares num antibiótico que poderia deixar de ser eficiente em poucos meses”, observa Castilho.
“Existe um meio de fazer um teste muito simples para saber se estamos inibindo o fator de virulência sem matar a bactéria. Diversos fatores de virulência são responsáveis pela coloração típica das bactérias. Nós cultivamos essas bactérias na presença dos compostos que queremos testar e observamos se há mudança na cor, mas não na taxa de proliferação. Assim, conseguimos selecionar compostos que têm a atividade desejada, mas não causam pressão evolutiva sobre a bactéria”, observa Marcelo. “Começamos trabalhando com Staphylococcus aureus, mas hoje o projeto que tem resultados mais promissores com moduladores da virulência de Pseudomonas aeruginosa. As enzimas responsáveis pelo biossíntese de piocianina, fator de virulência de P. aeruginosa, foram bastante estudadas do ponto de vista bioquímico e estrutural, mas nenhum grupo de pesquisa as havia estudado com vistas ao desenvolvimento de fármacos. Então, percebemos uma ótima oportunidade para desenvolver pesquisas nessa área”, diz Marcelo.
A equipe da Faculdade de Farmácia têm outros projetos independentes, como o desenvolvimento de compostos anti-térmicos que tenham mecanismo de ação diferente dquele dos fármacos comercializados e que poderiam ser utilizados por pessoas com doenças hemorrágicas, como a dengue.
É também pauta do grupo o desenvolvimento de fármacos contra a anemia falciforme, uma doença que afeta aproximadamente 4.200 pacientes na capital e nas cidades do interior da Bahia, segundo dados cadastrados na Fundação de Mematologia e Hemoterapia da Bahia (Hemoba). Nessa área os pesquisadores utilizaram modelos computacionais para selecionar as moléculas que poderiam reverter a falcização da hemácias. “Todos os sintomas da doença se dão pela modificação no formato da hemácia. A hemácia parece um disco bicôncavo, mas nos pacientes com anemia falciforme ela fica em formato de foice. Essa mudança atrapalha a circulação, causando dor e outros eventos tromboembólicos observados nos pacientes”.
A descoberta de que os receptores de adenosina do subtipo 2B, até então explorados como alvos para o desenvolvimento de medicamentos anti-asma, têm papel crucial na falcização levou o grupo coordenado por Marcelo Castilho a buscar moléculas inéditas que agem nesse receptor, por meio de ferramentas computacionais. “Encontramos moléculas com elevada potência, o que justificaria estudos mais aprofundados, especialmente porque esses compostos tem características ideais para serem encaminhados para ensaios em modelos animais”, explica.
O grupo de Avaliação e Planejamento de Moléculas Bioativas foi pioneiro, no estado, no uso de ferramentas computacionais para priorização de moléculas potencialmente ativas contra uma determinada enzima e um dos primeiros grupos do mundo a trabalhar com o desenvolvimento de inibidores de enzimas relacionadas a produção de piocianina. Marcelo Castilho observa que, no entanto, “os projetos de pesquisa desenvolvidos pelo grupo estão praticamente paralisados devido ao corte de verbas que a ciência sofreu”. O time de pesquisadores está usando a verba de um projeto anterior para comprar reagentes, na tentativa de manter o laboratório funcionando até meados do próximo ano.
Fonte: EdgarDigital
https://www.ufba.br/noticias/pesquisa-de-f%C3%A1rmacos-mira-doen%C3%A7as-tropicais-negligenciadas-e-combate-%C3%A0-virul%C3%AAncia-bacterian
segunda-feira, 4 de setembro de 2017
Projeto FACE - Festival Anual da Canção Estudantil - 2017
FESTIVAL ANUAL DA CANÇÃO - FACE
COLÉGIO POLIVALENTE DE ITAJUÍPE REALIZA O FACE E O SHOW TOMA CONTA E CONTAGIA!
MOSTRA UMA ESCOLA PÚBLICA QUE ENSINA, EDUCA E FUNCIONA.
Os Projetos Estruturantes da Secretaria da Educação do Estado da Bahia. Elevam nossas unidades escolares a espaços da verdadeira educação. Saindo do engessamento dos currículos, para dar vida a eles nas mais diferentes manifestações culturais e científicas.
É possível aplicar a sala de aula invertida nas escolas públicas?
Especialistas dizem que sim, mas comentam os desafios que a metodologia traz para as redes de educação
ANA LUIZA BASILIO
“Ao invés de olharem para a lousa, quietos e
enfileirados, os estudantes conversam, se articulam entre si e com o professor
e se organizam de maneira a facilitar o trabalho com os pares”. É dessa maneira
que o educador norte-americano Jonathan Bergmann define a sala de aula
invertida (flipped classroom), metodologia que vem, cada vez mais, se
firmando como resposta às demandas de flexibilidade e personalização do ensino.
O que está em jogo é o modo de organização da sala
de aula, como explica a doutora em educação pela Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), Andrea Ramal. “No método tradicional de
ensino, o professor acaba dedicando a maior parte do tempo em sala de aula à
explanação do conteúdo, para depois direcionar atividades aos estudantes. Na
sala de aula invertida temos a inversão desses tempos, ou seja, os alunos
entram em contato com o conteúdo antes da aula e utilizam o momento com o
professor para tirar dúvidas, realizar dinâmicas ou estudos de caso”, explica.
Mas, o que efetivamente é inovador no método? Para
a especialista, um dos pontos de inovação é a presença da tecnologia como
ferramenta pedagógica aos professores. “A ideia não é que os docentes usem os
ambientes tecnológicos apenas para entregar os conteúdos, mas que possam a
partir deles, fazer um mapeamento do conhecimento da turma”, coloca.
Ao propor atividades, por exemplo, os professores
devem criar ferramentas que os ajudem a medir o grau de interação dos
estudantes e a reconhecer os pontos a serem aprofundados presencialmente. “É um
diagnóstico em tempo real”, atesta Andrea.
Outro ponto inovador é a mudança que a metodologia
propõe no relacionamento com os docentes. “Tradicionalmente, eles sempre
ocuparam o lugar do detentor do conhecimento. O método parte do pressuposto que
eles são orientadores, capazes de fazer a curadoria dos materiais e de mediarem
a construção do conhecimento junto com os estudantes”, explicita.
Cenário e desafios
Bergmann e Ramal estiveram presentes na quinta 31
na primeira edição do FlipCon Brasil, congresso trazido ao Brasil pelo GEN
Educação e Universia Brasil. Na ocasião, os especialistas comentaram sobre a
capilaridade da metodologia e seus desafios de implementação.
O educador resgatou a sua primeira experiência com
o método, em 2007, época em que lecionava Ciências em uma escola de Ensino
Médio norte-americana. “Percebi que muitos alunos perdiam aulas por conta de
atividades extras que se envolviam. Na tentativa de apoiá-los com o conteúdo,
comecei a gravar as aulas e disponibilizá-las. Então vi que fazia mais sentido eles
terem aquele contato com o material previamente para que, em sala de aula, eu
pudesse apoiá-los com os conceitos não compreendidos”, conta.
Hoje,
os EUA lideram a aplicação da metodologia, com os grandes cases de sucesso
concentrados nas universidades de Colúmbia e Harvard. No entanto, o
especialista garante que se trata de um movimento mundial que congrega boas
experiências em países como Islândia, Irlanda, Turquia, Emirados Árabes,
Espanha, Austrália, China, Argentina, Noruega, Itália, Espanha, México,
Colômbia, Peru e Chile.
No Brasil, o conceito chega com mais força a
instituições de ensino superior, caso do Instituto Militar de Engenharia (IME)
e a Universidade Mackenzie. Mas os especialistas alegam que o fator econômico
não é um delimitador da prática. Bergmann afirma já ter visto salas de aula
invertidas em escolas economicamente desfavorecidas em todo o mundo e que,
inclusive, vê possibilidades de inserção nas redes públicas de educação.
Contudo, para que o método se efetive é
preciso enfrentar alguns desafios. O primeiro deles relacionado à presença da
tecnologia nas escolas, visto que muitas ainda não são devidamente equipadas. O
investimento na formação de professores também é estrutural. “O trabalho
docente acaba ficando mais complexo, porque os educadores terão de lançar mão
da criatividade para construírem o percurso de aprendizagem dos estudantes”,
reflete Andrea.
As escolas, por sua vez, precisam rever seus
processos, como o da avaliação, que deve acompanhar a proposta da
personalização do ensino. “Não faz sentido cada aluno ter seu ritmo, trilhar um
percurso de aprendizagem e, ao final, ser avaliado em uma prova única, para
todos”, assegura a especialista.
Por fim, um desafio de ordem cultural para a
sociedade. “O de superar a ideia de que uma boa aula é aquele em que o
professor está à frente da sala de aula; precisamos avançar com essa
mentalidade”, finaliza.
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