Até o ano de 2030, 50% dos empregos que você conhece hoje deixarão de existir. O dado é de um levantamento Futuro do Trabalho 2018 do Fórum Econômico Mundial. E para que a humanidade possa preencher com eficiência os novos postos de trabalho, é preciso investir em ciência e tecnologia, conforme indicaram pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos.
Durante a conferência The Future of Work, realizado em São Paulo na última quinta-feira (29 de agosto) e organizado pelo MIT Sloan para a América Latina, os especialistas indicaram que a Inteligência Artificial (IA) e o Aprendizado de Máquinas serão algumas das tecnologias que vão demandar novos profissionais nas próximas décadas.
“Invenção não é o suficiente para a inovação, que basicamente trata-se de uma ideia nova. A ciência é a base para a inovação", disse Ezequiel Zylberberg, pesquisador do MIT e coautor do estudo Innovation in Brazil: Advancing Development in the 21st Century (Inovação no Brasil: Avançando o Desenvolvimento no Século 21, em tradução livre). A pesquisa, que foi publicada em inglês, será disponibilizada em português até o final deste ano.
Na visão dele, o Brasil passa por um momento crítico devido ao corte de bolsas científicas anunciado pelo governo federal. Zylberberg acredita que instituições como a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) são importantes para formar e treinar pesquisadores, que podem gerar a base para a cadeia de inovações no Brasil.
“O que está acontecendo com a comunidade científica, de sofrer corte de verbas dos estudantes, pode gerar um cenário catastrófico para o país”, ele declarou. “A ciência e a tecnologia são ferramentas para gerar novas indústrias, o que gera empregos e cria trabalho para o futuro.”
Trabalho com robôs
Para o holandês Gijs van Delft, diretor do Page Group Brasil, empresa de recrutamento, os robôs serão essenciais para o futuro do trabalho. Entretanto, ele acredita que nunca irão substituir 100% a necessidade de trabalhadores, pois as máquinas não possuem potencial de discernimento como os humanos. “Não podemos tratar com medo as profissões que não existem ainda”, ele comentou. “O fator humano é chave para promover a diversidade nas empresas e serão necessários postos de lideranças para gerenciar a atuação de pessoas e das máquinas.”
Roberto Rigobon, professor de economia aplicada do MIT Sloan, acredita que as áreas de STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática) contribuirão significativamente com melhorias e novas criações para o mercado de trabalho. Ele considera que, no futuro, não haverá competição entre tecnologia e pessoas, mas sim a colaboração do conhecimento humano e o processamento das máquinas.
Rigobon ainda sugeriu que cada vez mais as empresas vão precisar considerar o que ele chama de E.P.O.C.H.: sigla para os termos em inglês que significam "Ética; Presença e Contato Humano; Abertura e Empatia; Criatividade e Imaginação; e Esperança". “Vamos precisar de STEM para programar as máquinas, mas os dados podem cometer erros. O E.P.O.C.H. será complementar a Inteligência Artificial para tornar o trabalho mais rico”, afirmou.
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