EXPORTAÇÃO DE CARNE BOVINA RECORDE SUSTENTA PREÇOS INTERNOS

Imagem: Pixabay

O volume de carne bovina in natura exportado pelo Brasil no primeiro semestre de 2022 e a receita arrecadada pelo setor foram recordes para o período.

O volume de carne bovina in natura exportado pelo Brasil no primeiro semestre de 2022 e a receita arrecadada pelo setor foram recordes para o período. Segundo pesquisadores do Cepea, com as vendas de carne no mercado brasileiro ainda registrando fraco desempenho e com o dólar valorizado frente ao Real, frigoríficos brasileiros que têm acesso ao mercado externo seguem focados neste canal de escoamento.

Conforme boletim informativo do Cepea, vale lembrar que esse cenário sustenta os valores internos do boi gordo, que seguiram em patamares elevados de janeiro a junho. Segundo dados da Secex, de janeiro a junho, os embarques de carne bovina in natura totalizaram 932,34 mil toneladas, 26,71% acima do volume escoado no mesmo período do ano passado e 19,93% superior ao até então recorde para um primeiro semestre, registrado em 2020. Quanto à receita, em moeda nacional, somou R$ 28,4 bilhões na primeira metade deste ano, forte aumento de 50,5% frente ao mesmo período do ano anterior e também um recorde. 

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A GEOGRAFIA DA GLOBALIZAÇÃO. O JOGO ECONÔMICO GLOBAL NÃO É PARA INOCENTES E DESINFORMADOS.

 

Foto: United Soybean Board/ Wikimedia Communs

SOJA EM ALERTA MÁXIMO NA ARGENTINA: REFLEXO NO BRASIL. 

O que vem pela frente é o mais crítico que o país enfrentará nos próximos anos.

A produção de óleo de soja, que é um dos maiores geradores de divisa da Argentina, está em alerta máximo, correndo risco de perder seu principal comprador. Isso porque os Estados Unidos já anunciaram que vão aumentar progressivamente o processamento doméstico da oleaginosa para atender à crescente demanda para produção de biodiesel. 

“A maior parte das divisas geradas pela Argentina vem do setor agroindustrial em geral e do complexo soja em particular. Mas essa atividade está em risco e, por extensão, toda a Argentina também” uma vez que o país vizinho se encontra “consumido por questões políticas internas”, afirma o portal especializado Valor Soja.

Nesta semana a AcSoja, entidade que agrupa a cadeia da soja argentina, realizou um evento em formato virtual para tentar alertar sobre a gravidade do assunto. “A Argentina vai descobrir que os EUA vão entrar em massa no mercado de farelo de soja para competir agressivamente”, alertou Ivo Sarjanovic, ex-presidente da Alvean (joint venture entre Cargill e Copersucar) e atual professor do Mestrado em Finanças da Universidade Tortuato Di Tella.

O especialista alertou que, diante de uma menor oferta exportável de soja nos EUA, a demanda chinesa começaria a pressionar mais para originar grãos na América do Sul: “A ameaça é dupla, porque o mercado de farelo de soja será perdido e mais grãos de menor valor agregado serão exportados”, projeta Sarjanovic.

No último ano, o Brasil também aumentou notavelmente seu processamento doméstico para aproveitar os altos preços internacionais do óleo de soja. “Nos últimos doze anos perdemos parte do trem com a estagnação da produção de soja na Argentina, mas o que vem pela frente é o mais crítico que o país enfrentará nos próximos anos. Se não fizermos nada, em algum momento podemos nos tornar meros exportadores de matéria-prima com tudo o que isso implica na dinâmica comercial”, alertou Fernando Correa Urquiza, diretor regional de a área de oleaginosas da Louis Dreyfus Company (LDC).

De acordo com o Valor Soja, o problema, “apesar de grave, está tão ausente da agenda de trabalho do governo nacional que nem faz parte das negociações bilaterais com os EUA para reabilitar a possibilidade de exportação de biodiesel para aquele mercado, o que não é viável desde 2017 devido à barreiras comerciais implementadas durante o governo de Donald Trump”.

Por: AGROLINK -Leonardo Gottems

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AGROLINK

OPERAÇÃO AGRO-FANTASMA: QUANDO O EX-JUIZ SÉRGIO MORO PRENDEU VÁRIAS PESSOAS, ESTRUIU VIDAS E HOJE PROVADOS INOCENTES QUE INDENIZA ESSAS VÍTIMAS?

Em 2013, uma operação da Polícia Federal batizada "Agro-Fantasma" decretou a prisão de 11 pessoas, a maioria agricultores familiares, em Irati e outros 14 municípios do interior do Paraná. Os pequenos produtores rurais seriam mais tarde acusados de desviar verbas do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), do governo federal. Eles ficaram presos preventivamente – antes mesmo de haver processo criminal contra eles – por períodos de até 90 dias. A operação foi ordenada por Sergio Moro e, sete anos depois, encerrada após a absolvição, pela juíza substituta dele, Gabriela Hardt, de todos os acusados. Por falta de provas. Mas os efeitos da injustiça para os lavradores, suas associações e suas famílias não terminaram em 2020. 

Além dos agricultores familiares, funcionários da Companhia Nacional de Abastecimento, a Conab, foram presos de forma preventiva e em seguida acusados de estelionato, associação criminosa, falsificação de documento público, falsidade ideológica, peculato e prevaricação, entre outros crimes. Com as prisões e a exposição midiática, o PAA de Irati foi desmontado. O programa comprava alimentos de pequenos produtores rurais pelo governo federal com duas finalidades básicas: promover o acesso à alimentação saudável em creches, escolas e abrigos para idosos e incentivar a agricultura familiar. 

Mas os danos causados pela Operação Agro-Fantasma vão além do desmonte dessa política pública. Ela impactou a reputação e a saúde mental dos envolvidos e de seus familiares, gerando danos psicológicos, morais e materiais irreparáveis. A semelhança com outras prisões arbitrárias da Polícia Federal não é coincidência: esse já era o método de Moro, então um juiz federal como qualquer outro.

Na semana passada, o Intercept publicou um vídeo contando essa história. Fomos até Irati e ouvimos alguns dos agricultores familiares que ficaram presos por várias semanas e até meses. Emocionados, eles nos contaram que, depois das prisões, muitos produtores e seus familiares tiveram problemas de saúde e depressão — alguns até deixaram o campo para tentar lidar com os traumas. 

As prisões da Agro-Fantasma foram amplamente divulgadas pela mídia grande na época, mas o veredicto de absolvição dos acusados se restringiu a veículos independentes e ligados à agroecologia. Ou seja: o reparo das manchas na reputação dos acusados não foi proporcional aos danos. Ao Intercept, um deles chegou a dizer "(...) Quando acontece um fato desses, as pessoas que conviveram com você e te conhecem a vida toda também [passam a] te desconfiar, né, desconfiar de você. Então isso é muito pesado, é muito forte".

O Intercept foi o primeiro veículo a revelar, na série Vaza Jato, a relação próxima e ilícita entre o juiz Moro, a PF e procuradores do Ministério Público Federal durante a Lava Jato. Este ano, mesmo bajulado pela imprensa como uma opção da "terceira via", Moro desistiu de concorrer à presidência, mas já admitiu em entrevistas a possibilidade de disputar cargos como o de governador do Paraná, de senador ou de deputado federal.

O caso Agro-Fantasma e as absolvições dos agricultores não são novidades – são de conhecimento público há anos. O que a nossa equipe foi buscar em Irati é um aspecto pouco abordado dessa história: o pesado custo humano da arbitrariedade de Moro. 

A pouco mais de um mês da data-limite para a candidatura, o ex-juiz sumiu das manchetes, mas estamos aqui para te lembrar dos desmandos e dos abusos de poder do sujeito que hoje ambiciona ter um mandato político.

Recomendo que você assista ao vídeo "Os fantasmas que assombram Sergio Moro". Está em nosso site e no nosso canal do YouTube.

Fonte:

The Intercept Brasil

Vídeo:

Os Fantasmas de Sérgio Moro