Química é a ciência que estuda a matéria e suas transformações. Ou seja, quase tudo que acontece no universo é objeto de estudo dessa nobre disciplina pertencente às “ciências naturais”. Porém, ainda é comum usar a palavra química como algo maléfico ou em oposição a natural. Se algo não possui química, não existe.
Nos alimentos, a Química estuda sua
composição, degradação, preservação e a forma como é absorvida por seres vivos,
misturando-se à Biologia, resultando em um campo mais específico do saber: a
Bioquímica. Recentemente foram feitos alertas em relação à forma exagerada como
alimentos têm sido processados em larga escala, os chamados ultraprocessados.
Eles contêm quantidades muito grandes de sais minerais (especialmente na forma
de sais de sódio), gorduras, açúcares e outros aditivos de preservação. Sem contar
que muitos perdem seus valores nutricionais e consistência ao longo das etapas
de processamento.
Assim, um necessário alerta que deve
ser feito, especialmente a articulistas sabichões de jornais da capital
paulista, é que ultraprocessado não é sinônimo de tudo o que tem “adição de
produtos químicos”. Sal e açúcar para alterar ou intensificar o sabor são
produtos químicos, da mesma forma que é produto químico a água que é colocada
para cozinhar arroz e feijão. A distinção deve ser feita de outra maneira, pela
adição de substâncias que não sejam as já constantes em alimentos de forma
geral e, principalmente, pela intensidade e quantidade com que são adicionados.
Alerta e denúncias devem ser feitos, mas a Química deve ser preservada, pois,
afinal de contas, é a ciência que pode resolver a questão da qualidade
alimentar.
Adilson Roberto Gonçalves, pesquisador da Unesp, membro da Academia Campineira de Letras e Artes, da Academia de Letras de Lorena, do Instituto de Estudos Valeparaibanos e do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Campinas.
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