Como compreender a independência da Bahia em 02 de julho de 1823, se quase um ano antes, em 07 de setembro de 1822, D. Pedro, príncipe regente, já havia declarado a independência de todo o Brasil em relação a Portugal?
Essa é a ingratidão da história. D. Pedro gritou!!
Nós baianos morremos para garantir o grito!
Nós baianos, consolidamos um grito, mal dado e mal conduzido. Ele gritou: INDEPENDÊNCIA OU MORTE! Ele ficou com a independência, tornou-se D. Pedro I, primeiro imperador do Brasil, brigou com o pai e ficou independente. E nós baianos com a morte!!!
Precisamos enquanto baianos, re-significar essa luta, a independência do Brasil não foi um grito. Ali foi apenas o ato simbólico do fato.
Foram nas várias lutas pelo território brasileiro que a independência se consolidou.
Nossa história exalta o grito e esquece os gemidos!
Até o grito da independência de 07 de setembro, muito sangue foi derramado. O grito, "ESCUTOU", os gritos de liberdade que não eram ouvidos.
E nós baianos? Nós? Nós garantimos a liberdade!
Fala-se muito e demais, na Inconfidência Mineira. Sabe-se de 01(um) enforcado e esquartejado.
Na Conjuração baiana, tivemos 04 enforcados e esquartejados. Você sabia disso? Oh, história ingrata!!!
Na Bahia, a guerra para garantir a independência do Brasil, já havia começado em 15 de fevereiro de 1822. Quando o comandante Madeira de Melo, recebeu no comando das tropas da Bahia. Português que era, tinha que garantir para Portugal a colônia brasileira.
Como os soldados brasileiros não aceitaram o comando de Madeira de Melo. As tropas portuguesas tomaram os quartéis à bala!!
Salvador fica ocupada pelas tropas portuguesas!!!
Em 19 de fevereiro de 1822, a Sóror Joana Angélica é assassinada no Convento da Lapa, por soldados portugueses!!!
O "beré", começou a inchar e os "portugas", não perceberam!
Matar freira, não é um bom preságio, já diziam os antigos!!!
D. Pedro pode ter dado o grito de independência em 07 de setembro de 1822, mas foi antes, em 25 de junho de 1822 que a Bahia, via o Recôncavo baiano, ali na cidade de Cachoeira, que a GUERRA DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL COMEÇOU!
Foi nessa data que D. Pedro de Alcântara, foi declarado pelo Senado da Câmara de Cachoeira: Regente e Defensor Perpétuo e Protetor do Reino do Brasil! Antes do grito, ele já era o "Imperador do Brasil", para os baianos. É NÓIS NA FITA!!!
Enquanto D. Pedro articulava com outros brasileiros a independência EM CONVERSAS, a Bahia já estava abrindo caminho À BALA!
D. Pedro, sabendo que a Bahia já havia lhe reconhecido o poder, pela Câmara do Senado de Cachoeira, nos ajuda contratando e enviando, o General Francês Pierre Labatut, aportuguesado para Pedro!
O General era duro. Severo. Chegou à Bahia e começou o treinamento e organização das tropas brasileiras/baianas. Treinamento duro!! Disciplinado e organizado. O General, em 08 de novembro de 1822, na Batalha de Pirajá, mostrou o quão importante foi a re-organização do exército "tupiniquim".
Proclamada a Independência do Brasil, a capital Rio de Janeiro, encontrava-se em festa. Na Bahia o sangue continuava jorrando!
Na batalha de Pirajá, tenta-se desonrar as tropas brasileiras. Os portugueses sob o comando de Madeira de Melo, partiram para o ataque.
O comandante das tropas brasileiras, era o pernambucano, José de Barros Falcão de Lacerda sentindo-se em desvantagem, ordenou que se desse o toque de corneta para retirada. Mas, não sabia ele, que: "que está na chuva é para se molhar"!
Não sabia que baiano é outro nível!!
O cabo Luiz Lopes, corneteiro. DESOBEDECEU!! Tocou "Cavalaria avançar"!!!!!!!! Seguido logo depois de "cavalaria degolar".
Os portugueses não ficaram para conferir se era erro ou acerto, do corneteiro. BATERAM EM RETIRADA!!!
Várias batalhas ocorrem, mas os portugueses isolados e sitiados em Salvador, não tinham mais como resistir. o Comandante Madeira de Melo, resolve abandonar a cidade. Não se entrega. Prefere fugir. Mas não aceita a humilhação de uma rendição.
Em 1º de julho de 1823, as tropas portuguesas se retiram de Salvador.
Em 02 de julho de 1823, as tropas brasileiras, antes chamadas de Exército Pacificador e depois de Exército Libertador, entra em Salvador em formação de colunas. Hasteia a Bandeira do Império do Brasil, no forte do Barbalho.
Libertada Salvador. O Brasil estava independente, pois, as demais tropas portuguesas espalhadas pelo Brasil, sabiam que, era aqui na Bahia que os portuguesas tinham maior contingente e condições de batalha, perdendo a Bahia, os portugueses perderam o Brasil!!
Salve 02 de Julho!!!
E NÃO SE ESQUEÇAM!!!
A história gosta de esconder, eu gosto de revelar:
Na composição do Exército Libertador que entrou em Salvador encontrava-se além dos brasileiros descendentes de portugueses e outra etnias brancas. As tropas do Batalhão dos Henriques, compostos de negros que remontavam a lembrança de Henrique Dias, negro que lutou contra os holandeses em Pernambuco.
Também havia o Batalhão dos Libertos, como o próprio nome já diz. LIBERTOS. Negros livres que formaram um batalhão e lutaram pela independência.
Enfim, a independência da Bahia, não foi obra da elite branca, muito muito sangue negro, mulato e indígena foi derramado!!!!
Se o Brasil hoje está independente, a essas tropas, desvalorizadas e segregadas, devemos muitos!!