CACAU NA ECONOMIA DO BRASIL
Uma oportunidade a ser conquistada
O Brasil já foi um dos maiores produtores de cacau da economia planetária. Atualmente somos o 5º produtor planetário. Tendo inclusive de importar o fruto para garantir a demanda nacional de produção de chocolate.
Na década 80, éramos o segundo maior produtor. Na safra 1984/1985, produziu-se 406 mil toneladas de amêdoas.
Na safra de 1990/1991, produziu-se 356.327 toneladas. A vassoura-de-bruxa, doença causada pelo fungo Moniliophthora perniciosa, já mostrava seu potencial de estrago.
Na safra 1999/2000, o estrago estava CONCRETIZADO. Produção de 96.039, toneladas. Dados do IBGE.
Já na safra de 2016, segundo o IBGE, produzimos no Brasil 214.741 toneladas, das quais, 116.122 toneladas, provenientes da Bahia. A Bahia respondeu por mais de 50% da produção nacional.
Essa produção não atendeu a demanda nacional, tendo que ser importada 57 mil toneladas.
Segundo dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil(CNA). 66 mil propriedades se dedicam a produção de cacau, sendo 33 mil propriedades NO SUL DA BAHIA.
Após anos de muita "conversa", muito dinheiro jogado "fora" e muitas trocas de "acusações", que não contribuíram em nada para a solução de UM SIMPLES FUNGO, a ciência, começou a entrar nesse circuito e mostrar que, SÓ A PESQUISA, é capaz de garantir a verdadeira libertação tecnológica e autonomia de conhecimento.
Pesquisas desenvolvidas em parcerias com instituições FORA do EIXO de produção de cacau, estão contribuindo para conhecer melhor o comportamento da planta fora do seu nicho de origem.
Uma pesquisa INOVADORA, está se mostrando promissora. É a pesquisa sobre a estrutura genética e a diversidade molecular do "cacau Bahia".
Essa pesquisa buscava uma explicação científica para a baixa resistência do cacau produzido na Bahia, á vassoura-de-bruxa.
O que se descobriu? O ÓBVIO ULULANTE! A base genética do "cacau Bahia", é muito estreita. Ou seja, quase que todos os cacaueiros baianos têm a sua origem em sementes da variedade Amelonado. Sementes introduzidas em 1746 na Bahia, através do agricultor baiano, Antonio Dias Ribeiro, que recebeu do francês Louis Frederic Warneaux, as sementes oriundas do Pará. Outras variedades do Amelonado, foram introduzidas, mas sempre MAJORITARIAMENTE AMELONADO!
270 anos de ISOLAMENTO genético. 270 anos de monocultura geográfica. Não poderiam resultar em outra coisa, exceto um enfraquecimento da planta em relação a algumas doenças. No nosso caso a vassoura-de-bruxa.
A contra partida desse isolamento genético, foi a obtenção de frutos de alta qualidade, mas, geneticamente fracos, como se provou. Um MÍSERO fungo, derrubou a economia de uma região, um Estado, um país. Acreditem se quiser!
Para PIORAR a situação, nos anos 50/60, foram desenvolvidos os cacauais híbridos. Essa hibridização não buscou aumentar a variedade genética, mas sim, a qualidade da amêndoa. As pesquisas revelaram que, se conseguiu a melhoria qualitativa, mas, a variedade genética DIMINUIU mais ainda.
Mas, não há só más notícias!!!
Com essa pesquisa, que foi aprofundada, se analisou folhas de 279, cacaueiros de 07 fazendas, 02 institutos de pesquisas, localizados em 06 municípios da região.
Esse estudo encontrou árvores resistentes à doença e com maior variação genética que a encontrada nos híbridos.
Agora, o foco das pesquisas não é mais a busca de maior qualidade das amêndoas. Já se conseguiu! Precisamos de maior resistência genética à vassoura-de-bruxa. Como a outras doenças também.
Principalmente à seca. Fenômeno que já mostrou suas fortes garras recentemente nos anos 2015/2016.
A seca inclusive, será objeto de uma futura pesquisa a ser executada por uma escola estadual no município de Itajuípe.
Por conta dessa recente seca, praticamente perdemos o lago Antonio Salustiano Santos, vizinho geográfico do lago Humberto de Oliveira Badaró.
FONTE:
Revista Ciência & Cultura. Editada pela Sociedade Brasileira Para o Progresso da Ciência. 2º semestre de 2017.
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