sexta-feira, 9 de março de 2018


Resultado de imagem para crianças brincandoImagem relacionada


Resultado de imagem para crianças brincandoResultado de imagem para crianças brincando




A epidemia de jovens reclusos em seus quartos.
O fenômeno dos “hikikomori”, jovens em autorreclusão, torna-se uma epidemia no Japão, atinge um milhão de pessoas, e avança no Ocidente. Quais suas bases?
Por Matteo Zorzoli | Tradução: Luisa Rabolini (IHU Online)
Eles estão entre os 14 e 25 anos e não estudam nem trabalham. Não têm amigos e passam a maior parte do dia em seus quartos. Dificilmente falam com os pais e parentes. Eles dormem durante o dia e vivem à noite para evitar qualquer confronto com o mundo exterior. Eles se refugiam nos meandros da Web e das redes sociais com perfis falsos, único contato com a sociedade que abandonaram. São chamados de hikikomori, palavra japonesa para “ficar de lado”. Na Terra do Sol Nascente já atingiram a cifra alarmante de um milhão de casos, mas é equivocado considerá-lo um fenômeno limitado apenas às fronteiras japonesas.
“É um mal que assola todas as economias desenvolvidas – explica Marco Crepaldi, fundador do Hikikomori Itália, a primeira associação nacional de informação e apoio sobre o tema. – As expectativas de interação social são uma espada de Dâmocles para todas as novas gerações do século XXI: há aqueles que conseguem suportar a pressão da competição na escola e no trabalho e aqueles que, em vez disso, largam tudo e decidem se autoexcluir”.
As últimas estimativas falam de milhares de casos italianos de hikikomori, um exército de presos que pede ajuda. Um número que tende a aumentar se não conseguirmos dar ao fenômeno uma clara posição clínica e social.

Um fenômeno de contornos ainda pouco claros

Associações como a Hikikomori Itália já há anos estão fazendo todo o possível para sensibilizar a opinião pública sobre um desconforto que é muitas vezes confundido com incapacidade e falta de iniciativa das novas gerações. Um equívoco que encontrou terreno fértil no debate político, legislatura após legislatura, criando estereótipos como “bamboccioni” (adulto com comportamento infantil e mimado, ndt) , um termo cunhado em 2007 pelo então ministro da Economia, Tommaso Padoa-Schioppa, ou “jovens italianos choosy” (exigentes) da ex-ministra do trabalho, Elsa Fornero, até chegar ao limite da sigla Neet, (em português, são os chamados “nem-nem”, ndt) os jovens que não têm “nem trabalho nem estudo”, que de acordo com uma pesquisa da Universidade Católica de 2017 seriam cerca de 2 milhões em todo o país.
Também do ponto de vista médico, o hikikomori sofre de uma classificação nebulosa. No Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), a “Bíblia” da psiquiatria, ainda está registrada como síndrome cultural japonesa: uma imprecisão que tende a subestimar a ameaça do distúrbio no resto do mundo e cria consequências perigosas.
“Muitas vezes é confundido com síndromes depressivas e, nos piores casos o jovem é carimbado com o rótulo de dependência em internet – explica Crepaldi – Um diagnóstico desse tipo geralmente leva ao afastamento forçado de qualquer dispositivo eletrônico, eliminando, dessa forma, a única fonte de comunicação com o mundo exterior para o doente: uma verdadeira condenação para um garoto hikikomori”.

Como alguém se torna um hikikomori?

Resultado de imagem para Charge Vá para rua brincar

O ambiente escolar é um lugar vivenciado com sofrimento especial pelos hikikomoris, não surpreendentemente a maioria deles se inclina ao isolamento forçado durante seus anos finais do ciclo fundamental e durante o ensino médio. É neste período que geralmente ocorre o ‘fator precipitante’, que é o evento-chave que inicia o movimento gradual de afastamento dos amigos e familiares. Pode ser um episódio de bullying ou uma nota ruim na escola, por exemplo.
“Um evento inofensivo aos olhos de outras pessoas, mas contextualizado dentro de um quadro psicológico frágil e vulnerável, assume uma importância muito significativa – explica Crepaldi – É a primeira fase do hikikomori: o garoto começa a faltar dias de aula usando qualquer desculpa, abandona todos as atividades esportivas, inverte o ciclo vigília-sono e se dedica a compromissos monótonos solitários como o consumismo desenfreado das séries de TV e videogames”.
É importante intervir exatamente nesse primeiro estágio do distúrbio quando se manifestam os primeiros sinais de alarme. Nessa fase, os pais e os professores desempenham um papel crucial na prevenção: investigar a fundo as motivações íntimas do desconforto e, se necessário, buscar rapidamente o apoio de um profissional externo para evitar a transição para uma fase mais crítica, quando seria necessária uma intervenção que poderia durar até anos.

Itália e Japão: duas faces da mesma moeda

É inegável que a cultura japonesa historicamente tem se caracterizado por uma série de fatores que aumentam a dimensão do fenômeno, a ponto se ser já possível se falar de duas gerações de hikikomori, a primeira desenvolvida na década de 1980. O sistema social e escolar extremamente competitivo e o papel da figura paterna muitas vezes ausente por causa de horários de trabalho extenuantes estão na base das expectativas opressivas e muitas vezes não concretizadas. Mesmo considerando as devidas proporções, mesmo na Itália as pressões sociais são muito fortes. Determinantes desde os primeiros casos de hikikomoris diagnosticados em 2007, são a diminuição dos nascimentos com o consequente aumento de filhos únicos, geralmente submetidos a pressões maiores, a crise econômica que torna muito distante o ingresso (real) no mercado de trabalho e a explosão de cultura da imagem, exacerbada pela disseminação capilar das redes sociais.
Na Itália a síndrome não afeta só os homens, como no Japão, mas inclui também um discreto número de hikikomori-mulheres, com uma proporção de 70 para 30. “Por uma questão cultural as famílias consideram, no entanto, a reclusão da filha como um problema menor – diz Crepaldi – provavelmente porque a veem como uma futura dona de casa ou esperam que um dia se case e saia de casa”.
No contexto italiano, aliás, existem diferenças entre uma região e outra: os hikikomoris do norte da Itália têm, de fato, características diferentes daqueles do sul. Justamente por isso, o site Hikikomori Itália disponibiliza salas de chat regionais, onde os jovens podem discutir problemas com os seus conterrâneos que sofrem da mesma síndrome.
Existe apenas uma regra dentro do chat: quem entra não é obrigado a interagir, mas é apreciada uma breve apresentação. Aqueles que não a respeitam são “bloqueados”. Para aqueles que querem contar a sua história também tem um Fórum, aberto tantos aos jovens como aos pais: um mundo paralelo, silencioso, impalpável.
Uma tela de pedidos de ajuda e de sofrimento, mas também histórias de sucesso. Como a de Luca, 25 anos:
“O dia e noite eram idênticos, eu dormia quando sentia vontade, comia quando queria. Eu perdi todos os meus amigos e a tela era um “Stargate” para outro universo. O tempo se dilatava quando eu clicava no teclado e eu nunca queria parar. Quando precisava tomar banho ficava ansioso debaixo do chuveiro para voltar logo a jogar.
Eu passei mais de dois anos jogando Wow [World of Warcraft, um jogo de estratégia, nde] em total isolamento. Eu não conseguia mais nem andar. Tudo isso aconteceu sem que minha mãe percebesse: trabalhava das 8 às 17 e eu fingia que ia à escola. Eu já não queria mais ir. Muita pressão.
O isolamento é uma batalha que no final torna-se uma cura. Crescia dentro de mim como uma onda, lentamente, até o momento em que tudo começou a me incomodar, eu detestava tudo o que eu fazia, eu não suportava mais quem eu era.
Hoje eu estou fora, eu moro no exterior e tenho uma linda namorada. Sou ou fui um hikikomori? Eu não sei, mas o que eu sei é que a força para combater esse demônio está e existe apenas dentro de você, ninguém pode ajudá-lo, na taberna de alguma montanha virtual onde você se perdeu, com a sensação de paz que envolve a sua mente. O único conselho que acho que posso deixar é: fujam do computador”.

FONTE: https://outraspalavras.net/outrasmidias/capa-outras-midias/a-epidemia-de-jovens-reclusos-em-seus-quartos/

quinta-feira, 8 de março de 2018

ARTIGO FUNDAMENTAL: O QUE FAZER SE LULA FOR IMPEDIDO?

De Valter Pomar.

“Plano e projeto: Lula e as eleições 2018

No dia 22 de fevereiro de 2018, o Partido dos Trabalhadores realizou -- na Casa de Portugal, centro de São Paulo – uma grande plenária para comemorar seu 38º aniversário.
Muitos dos que discursaram, repetiram o bordão: “o PT não tem plano B”.

Então, ao convocar o último orador, o mestre de cerimônias disse que falaria “aquele que não é um plano, mas é um projeto, é o nosso projeto, Luiz Inácio Lula da Silva”.

Não sei se a frase foi planejada ou saiu na emoção, mas achei perfeita.

Afinal, desde 1989, uma parte importante da esquerda brasileira vem apresentando, votando e defendendo Lula como uma espécie de encarnação & instrumento das transformações que queremos fazer no Brasil.

Eleger Lula e Lula governar passaram a ser, para esta parcela da esquerda, uma espécie de “meta-síntese”.

Como se pode deduzir do que disse o próprio Lula, no memorável depoimento que deu ao inquisidor-mor(o), ele se converteu numa espécie de “Posto Ipiranga” da esquerda brasileira.

Revogação das medidas golpistas?  Tem que eleger Lula.

Assembleia Constituinte? Tem que eleger Lula.

Soberania, democracia e bem-estar? Tem que eleger Lula.

Vale dizer que na história da esquerda, tanto no Brasil quanto em outros países, não é a primeira vez que acontece este tipo de “fusão” entre um projeto e uma pessoa.

Esta recorrência demonstra que não se trata de um acaso, nem de uma “distorção”, mas sim de um traço inerente a luta política, em determinadas circunstâncias históricas.

Por outro lado, vários problemas decorrem desta identificação entre um projeto e uma pessoa. Por exemplo: ninguém dura para sempre e ninguém é infalível.

Por estes e outros motivos, é comum que a fusão entre um projeto e uma pessoa converta-se, muito facilmente, em confusão e dependência coletiva frente ao que esta pessoa defende (ou deveria defender) em cada momento e, também, em disputa acerca de quem são os verdadeiros defensores e/ou herdeiros do projeto.

No caso do Brasil de 2018, entretanto, há um problema mais imediato a ser considerado nesta relação entre pessoa e projeto: quem defende a necessidade de eleger Lula e de Lula voltar a governar, sabe que para isso se faz necessário impor várias derrotas aos golpistas.

Como não está nada fácil impor estas derrotas, alguns setores da esquerda já estão buscando vias alternativas, entre as quais apoiar outra candidatura (por exemplo: Boulos, Manuela, Ciro) ou lançar outro nome do próprio PT (operação que é abertamente estimulada por certos meios de comunicação).

Os que defendem estas vias alternativas, muitas vezes tomam o cuidado de exaltar o projeto Lula, ao mesmo tempo em que começam a construir seu respectivo plano “B”.

Para os que somos petistas mas não somos lulistas, para os que não confundimos projeto com plano, objetivo com instrumento, a situação que estamos vivendo em 2018 pode e deve ser explicada e solucionada de outra maneira.

A saber: os golpistas estão enfrentando dificuldades.

A situação internacional e a economia nacional não prometem um cenário de estabilidade.

Mesmo os que falam de sinais de recuperação econômica, tanto no país quanto fora, reconhecem que isto pode ser um fenômeno passageiro, com baixo impacto, sujeito a interferências de uma nova crise internacional e/ou da instabilidade política interna.

Portanto, estes sinais de recuperação muito dificilmente vão impactar na expectativa das pessoas, pelo menos ao ponto de neutralizar as críticas dos que fazem oposição ao golpismo.

Às dificuldades econômicas, devemos somar as dificuldades no parlamento. Depois da blitzkrieg inicial, a base do governo foi incapaz de aprovar a reforma da previdência.

E existem as dificuldades eleitorais. Apesar do impeachment, da campanha de mentiras da mídia, apesar dos processos e da condenação, Lula segue liderando as pesquisas de opinião.

Por outro lado, os golpistas estão divididos em diferentes candidaturas. Nenhuma delas conseguiu, até agora, um bom desempenho nas pesquisas. Portanto, todas as candidaturas golpistas têm interesse em impedir Lula de concorrer, uma vez que isto ampliaria as chances de um dos golpistas vencer as eleições presidenciais. Contribui para isto, também, desgastar Lula e disseminar a dúvida, na população, sobre se ele conseguirá efetivamente sair candidato.

As dificuldades eleitorais são uma parte importante dos motivos que levaram Temer a decidir pela intervenção no Rio. Mas trata-se de uma operação de altíssimo risco, não apenas para Temer, mas também para as Forças Armadas, sob qualquer ângulo que se observe.

É verdade que hoje a pauta da segurança, assim como ontem a da corrupção, tem forte apelo popular. Mas é muito mais fácil começar do que concluir com êxito uma intervenção militar. As dificuldades são tantas que há quem especule sobre um acordo entre o governo e o PCC.

Além disso, quem se beneficiará eleitoralmente da intervenção? Temer? Bolsonaro? Outra candidatura linha dura? Os que defendem algum tipo de “saída militar” para a crise política nacional?

Todo este contexto de dificuldades coloca o golpismo diante da seguinte disjuntiva: ou aceitam que Lula tem o direito de ser candidato, o que pode levar os golpistas a perder a eleição; ou tiram Lula da disputa, na expectativa de transformar a eleição 2018 numa disputa sobre qual das candidaturas golpistas será eleita.

Mas para que esta expectativa seja alta, não basta para os golpistas tirar Lula da disputa, inabilitando-o. É também necessário prender, para que ele não possa participar da campanha.

Embora haja dúvidas e disputa entre os golpistas, seu núcleo duro está decidido a prender Lula. E se isto efetivamente ocorrer, o eleitorado não vai encontrar o nome de Lula na urna eletrônica.

Frente a esta hipótese, o que fazer?

Alguns setores da esquerda acham que este problema não lhes diz respeito, que devem registrar suas candidaturas independentemente de Lula ser ou não candidato, que uma eventual “ausência” de Lula pode favorecer eleitoralmente as candidaturas presidenciais de seus próprios partidos, que a eleição de 2018 vai ser como outra qualquer, que a esquerda disputará fragmentada e em muitos casos fazendo diferentes alianças com golpistas.

Alianças não apenas eleitorais: vide como se comportaram PSB e PDT na votação sobre a intervenção militar no Rio de Janeiro.
Outros setores da esquerda defendem deixar esta discussão para outro momento. Alguns são totalmente sinceros nesta defesa: pensam que antecipar esta discussão apenas criaria confusão e divisão entre nós. Mas há também os que parecem apenas ganhar tempo para forjar o “plano B” dos seus sonhos.

E há quem já tenha posição definida a respeito. Ou no sentido deliberado pela reunião realizada pelo Diretório nacional do PT no dia 16 de dezembro de 2017, a saber: eleição sem Lula é fraude. Ou, na hipótese de ser consumada mais uma violência contra Lula, caminhar para uma solução feijão-com-arroz, em que Lula poderia continuar sendo nosso “projeto”, mas o “plano” propriamente dito seria lançar e/ou apoiar outra candidatura, que buscaria receber os votos do eleitorado lulista.

Não conheço nenhuma argumentação sólida em favor da tese de que seria possível, para a esquerda, ganhar as eleições de 2018 com outra candidatura que não a de Lula. Mas isto não é um argumento definitivo contra o chamado “plano B”, pois nenhuma candidatura pode dar garantia absoluta de que ganhará uma eleição.

Portanto, os argumentos contra o “plano B” devem ser outros, entre os quais cito os que seguem abaixo.

Argumento um: caso o PT viesse a aceitar a hipótese do “plano B”, seria muito mais fácil para os golpistas praticarem mais uma violência contra Lula. É por isso, aliás, que certos meios de comunicação estão em campanha pelo “plano B”, tendo inclusive suas candidaturas preferidas e estimuladas. Afinal, se as vítimas relativizam a gravidade da violência, os perpetradores podem agredir com mais facilidade. Invertendo o argumento: a defesa do direito de Lula ser candidato, combinada a própria campanha em defesa da candidatura Lula, temperadas pela afirmação definitiva de que eleição sem Lula é golpe, criam um ambiente político que tornará mais difícil e custoso, para os golpistas, negar o registro e prender. Ou seja: se há alguma chance de impedir mais esta violência, esta chance não depende de embargos auriculares, mas sim da massificação da campanha em favor da candidatura Lula, que será mantida em qualquer cenário.

Argumento dois: caso o golpismo cometa mais esta violência, de impedir ou cassar o registro de Lula, nossa atitude de manter a candidatura de Lula, mesmo que o nome dele não esteja na urna eletrônica, estruturará de maneira muito potente nossa linha de campanha aos governos estaduais, ao senado, à câmara dos deputados e às assembleias legislativas.  A esquerda combativa denunciará a fraude, defenderá a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte e novas eleições presidenciais, denunciará e acumulará forças para fazer oposição radical contra o atual e o futuro governo ilegítimo. Invertendo o argumento: participar da campanha eleitoral apresentando outra candidatura equivaleria, em alguma medida, a legitimar o processo fraudulento. Por tabela, equivaleria a legitimar o governo da direita que emergiria das urnas neste cenário. Portanto, seria dar uma dupla vitória para o golpismo. E estimularia a dispersão das campanhas da esquerda, em várias candidaturas presidenciais, em dezenas de campanhas estaduais e milhares de campanhas proporcionais desestruturadas programaticamente e pulverizadas.
O conjunto da esquerda acompanhará o PT nesta tática? Não sabemos dizer. Para começo de conversa, a maioria de nossos aliados, mesmo na esquerda, não está atualmente convencida de que o PT vai mesmo manter Lula até o final, mesmo que neguem seu registro. Por outro lado, muitos de nossos aliados têm dúvidas sobre se o PT vai continuar sendo a força hegemônica no campo da esquerda. Por estes e por outros motivos, vários de nossos aliados de esquerda estão buscando seu próprio caminho. Logo, corremos mesmo o risco de sofrer aquilo que alguns chamam de “certo isolamento institucional”.

Agora, se isto efetivamente ocorrer, não terá sido a primeira vez na história do Partido dos Trabalhadores. Nossa tática eleitoral no período 1982 a 1988 também sofreu muitas críticas da parte de outros setores da esquerda. Nossa posição frente ao Colégio Eleitoral também não foi acompanhada por nenhum outro partido da esquerda. Nossa crítica ao Plano Cruzado foi duramente criticada. Igualmente criticaram nossa decisão de não votar, embora assinando, a versão final da Constituição de 1988.

Até pode ser que estivéssemos errados em algumas destas situações, mas o que elas demonstram quando tomadas de conjunto é que em certas circunstâncias algum isolamento pode ser um preço a pagar.

Não por coincidência, as situações citadas anteriormente ocorreram na década de 1980, na transição entre a ditadura e os governos neoliberais. Pois bem: hoje também estamos vivendo um período de transição. Esta transição pode resultar numa “ditadura neoliberal” – para citar um dos participantes de recente reunião da executiva nacional do PT – ou pode resultar num governo democrático e popular.

Neste contexto de transição, é previsível que parte da esquerda se aferre à estratégia, às táticas e às políticas de alianças adotadas no período histórico que está se encerrando.

Algo parecido ocorreu durante a transição dos anos 1980: naquela época, enquanto o PT se projetava como força independente, outra parte da esquerda se aferrava à condição de aliada (subordinada) dos liberais do PMDB. Em alguns momentos, o PT pareceu (ou estava mesmo) isolado. Mas no final das contas, este “isolamento” virou apenas uma espécie de dano colateral do posicionamento firme que permitiu ao PT se projetar, perante grande parte da classe trabalhadora, como a principal força de esquerda que fazia oposição ao neoliberalismo, sem o que nunca teríamos chegado ao governo federal.

Para citar um exemplo oposto: a capitulação do setor hegemônico da esquerda em 1964 contribuiu para consolidar o golpe militar, mas também contribuiu para a fragmentação da esquerda no período seguinte. Fragmentação que incluiu, anos depois, como uma espécie de reação tardia frente à desmoralização, a opção de parte da esquerda por uma luta armada sem base popular.

Em sentido oposto ao que ocorreu em 1964 e de maneira similar ao que ocorreu nos anos 1980, no atual período de transição o PT precisa radicalizar. Para vencer no curto prazo, elegendo Lula e fazendo um governo de transformação, precisamos radicalizar. E se formos derrotados, radicalizar permitirá que nos mantenhamos como a principal força de oposição, criando assim melhores condições para uma vitória da esquerda, num momento seguinte.

Radicalizar é preciso, ademais, porque uma coisa é certa: na transição que estamos vivendo e no que virá depois, em nenhuma hipótese prevalecerá a “conciliação de classes”.

Se conseguirmos registrar Lula dia 15 de agosto e sua candidatura estiver na urna eletrônica, nosso desafio será o de ganhar as eleições presidenciais, eleger Lula, garantir a posse e governar num cenário muito mais difícil do que em 2003, 2007, 2011 e 2015.

Um cenário para o qual nosso programa deve ser organizado em torno de três eixos: a revogação das medidas golpistas; uma intervenção social de emergência, para gerar empregos e políticas sociais; e a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte.

Por óbvio, também pode ocorrer da direita vencer as eleições, mesmo que Lula seja candidato. A própria direita não acredita muito nesta hipótese – e por isso preferem impedir o registro e prender Lula. Mas devemos considerar também este cenário.

Seja como for, o próximo período não será de “paz e amor”, mas de polarização, combates e disputas. Um cenário em que precisaremos ter cada vez mais clareza acerca do nosso projeto democrático-popular e socialista; acerca dos motivos que nos levam a repudiar a tática eleitoral intitulada de “plano B”; acerca das razões não apenas táticas, mas também estratégicas, pelas quais defendemos, em qualquer cenário, a candidatura Lula presidente.”

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

e-Nova Educação - Depoimentos - ASCOM





Precisamos nos ambientar com mais propriedade nessa ferramenta e nesse mundo digital. Hoje, as tecnologias estão postas, não há como negar essa realidade. O google é a biblioteca de consulta rápida, quer gostemos ou não. Podemos sim, selecionar o que e onde procurar. Devemos sim, orientar como procurar e descartar informações obtidas por essas pesquisas. Mas, não podemos perder de vista que O MUNDO É OUTRO!!!

sábado, 17 de fevereiro de 2018

Secretaria da Educação do Estado divulga edital de processo seletivo para porteiro.


A Secretaria da Educação do Estado da Bahia divulgou, no Diário Oficial (DO), o edital de Nº 001/2018 para a realização do Processo Seletivo Simplificado para o preenchimento de 691 vagas na função de Agente de Portaria (Porteiro), com contratação por tempo determinado, em Regime Especial de Direito Administrativo (REDA). O requisito para a vaga é ter formação de nível médio incompleto. As inscrições serão realizadas gratuitamente, via internet, no período de 23 de fevereiro a 2 de março, através do site www.selecao.ba.gov.br.
 
O Processo Seletivo Simplificado será constituído de uma única etapa, avaliação curricular, de caráter eliminatório e classificatório. A avaliação curricular será realizada pela Comissão no período de 13 a 27 de março, através das informações prestadas por meio da ficha de inscrição, preenchida eletronicamente por meio do site www.selecao.ba.gov.br e dos documentos apresentados conforme edital de convocação a ser publicado no Diário Oficial do Estado da Bahia e disponibilizado no site da Secretaria da Educação do Estado da Bahia.
 
O prazo do Processo Seletivo Simplificado é de até 24 meses, com possibilidade de renovação por igual período. A remuneração total é de R$ 1.283,91, para uma jornada de trabalho de 40 horas semanais. As vagas ofertadas serão distribuídas por Núcleo Territorial de Educação.
 
 Após a homologação do resultado final do Processo Seletivo Simplificado, os candidatos aprovados serão convocados conforme distribuição de vagas por meio de edital de convocação, publicado no Diário Oficial do Estado da Bahia, segundo a opção de função temporária por Núcleo Territorial da Educação e município observando rigorosamente a ordem de classificação final do Processo Seletivo Simplificado (lista de ampla concorrência, lista de candidatos negros e lista de candidatos com deficiência). 

FONTE: 
http://municipios.educacao.ba.gov.br/noticias/secretaria-da-educacao-do-estado-divulga-edital-de-processo-seletivo-para-porteiro


sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAJUÍPE.

Saiu a lista dos classificados para a segunda etapa da Seleção Simplificada - ENTREVISTA!!

ATENTAR PARA O FATO DE UM EQUÍVOCO NO MÊS INDICADO PARA COMPARECIMENTO. 

Das páginas 13 a 20 vem escrito o mês de janeiro, mas deve ser fevereiro. Já que foi publicado hoje dia 16 de fevereiro.

No link abaixo você confere se está classificado e o dia e hirário da entrevista.

http://itajuipe.ba.gov.br/diarioOficial/download/369/1926/0
Obrigado, TUIUTI,  pela lembrança !

Há exatamente meio século atrás, um jovem cantor tentava se explicar para uma platéia apaixonada do por quê sua canção não ficou em primeiro lugar, dizia ele: “A nossa função é fazer canções, a função de julgar, nesse instante é do júri que ali está”.

Seu nome era GERALDO VANDRÉ, estava discursando na Grande Final do Festival Internacional da Canção de 1968.  Logo após dizer: 
“A vida não se resume a festivais”, entoou sua canção e foi acompanhado palavra a palavra por uma juventude que denunciava abertamente a repressão. A música “Pra não dizer que não falei das flores”, não foi campeã, isso é fato, mas quem se lembra da primeira colocada?
E quem não conhece o famoso refrão que abalou as estruturas do Ginásio do Maracanãzinho?

Nada mais parecido com isso que o desfile da PARAÍSO DO TUIUTI,  Inesperadamente, como uma revolta na senzala, o samba enredo, ecoando pelas arquibancadas, resgata ao centro da cena política,  o negro escravizado que não suporta mais o cinismo do poder.

Que fique a Beija Flor com seu troféu de campeã.
Quem vai se lembrar dele e de seu samba enredo à lá lava-jato e Rede Globo???
Precisamos lembrar, parodiando VANDRÉ, que o samba não se resume ao sambódromo !!!

Mas o silêncio idiota dos comentaristas do pensamento hegemônico durante a passagem da Escola de São Cristóvão, a repercussão internacional, o aplauso entusiasmado de toda a população descontente será vosso legado. 
Quem não se lembrará da ala dos “manifestoches”, da crítica contundente à Reforma Trabalhista e do “vampiro temeroso”? 
PARAÍSO DO TUIUTI, conquistou mais do que um título, conquistou a posição de escola do coração de todos os resistentes e lutadores.

50 anos depois do Festival Internacional da Canção. Dois anos depois de um GOLPE judiciário-parlamentar-midiático, que  por sua vez ocorreu pouco mais de 50 anos depois do golpe empresarial-militar que deu início à ditadura militar e contra o qual protestava Vandre! Pouquinho depois dos 50 anos da própria Rede Globo que apoiou e atuou nos dois golpes e que nunca aceitou a vitória moral de GERALDO VANDRÉ.

Obrigado, PARAÍSO DO TUIUTI,  por nos fazer lembrar de maneira tão alegre e criativa que “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.

*Não sei o autor. Já que andam colocando os nomes das pessoas em tudo e depois a pessoa nega autoria.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

REFORMA DA PREVIDÊNCIA!
O QUE PRECISAMOS SABER.

O relator da proposta da reforma da previdência, o deputado pela Bahia Arthur Maia(PPS) apresentou uma nova versão da proposta que irá para votação. 

Essa é a proposta que irá para votação até no máximo dia 28 de fevereiro. O relator afirmou que só modificará a proposta na garantir mais votos e em dois pontos específicos: "acúmulo maior de benefícios e criaria uma regra de transição para servidores."

LEIA TEXTO DO RELATOR:

Como era, como ficou

Veja, ponto a ponto, como são as regras hoje, como era a proposta original do governo, o que propôs a comissão especial da reforma da Previdência e como ficou a nova versão do texto que irá ao plenário:
IDADE MÍNIMA
  • Como é hoje: É possível se aposentar sem idade mínima, com 35 (homem) ou 30 (mulher) anos de contribuição; ou com idade mínima de 65 anos (homem) e 60 anos (mulher), com tempo mínimo de 15 anos de contribuição.
  • Como era a proposta original do governo: 65 anos para homens e mulheres, com 25 anos de contribuição.
  • Como ficou na comissão: 62 anos para mulheres e 65 anos para homens, com 25 anos de contribuição.
  • Como ficou No texto que vai a plenário: 62 anos para mulheres e 65 anos para homens, com 15 anos de contribuição.
BENEFÍCIO INTEGRAL
  • Como é hoje: A soma da idade e do tempo de contribuição deve totalizar 85 (mulher) e 95 (homem), respeitado o tempo mínimo de contribuição de 30 anos (mulher) e 35 anos (homem).
  • Como era a proposta original do governo: 49 anos de contribuição para atingir 100%, com valor estabelecido por 51% das médias dos salários, mais 1% por ano de contribuição.
  • Como ficou na comissão: 40 anos de contribuição para atingir 100%. O valor da aposentadoria corresponderá 70% do valor dos salários do trabalhador, acrescidos de 1,5% para cada ano que superar 25 anos de contribuição, 2% para o que passar de 30 anos e 2,5% para o que superar 35 anos.
  • Como ficou o texto que vai a plenário: 40 anos de contribuição para atingir 100%. O valor da aposentadoria corresponderá 60% do valor dos salários do trabalhador, acrescidos de 1% para cada ano que superar 15 anos de contribuição, de 1,5% para cada ano que superar 25 anos de contribuição, 2% para o que passar de 30 anos e 2,5% para o que superar 35 anos.
  • REGRA DE TRANSIÇÃO
    • Como era a proposta original do governo: a partir de 45 anos para mulheres e de 50 anos para homens, com 50% de pedágio sobre o que faltar para cumprir 35 anos de contribuição para os homens e 30 anos para as mulheres.
    • Como ficou na comissão: idade mínima começará em 53 anos para mulheres e 55 anos para homens, sendo elevada em um ano a cada dois anos. Haverá um pedágio de 30% sobre o tempo de contribuição que faltar para atingir 35 anos (homens) e 30 anos (mulheres).
    • Como ficou o texto que vai a plenário: igual ao aprovado na comissão.
    APOSENTADORIA RURAL
    • Como é hoje: o trabalhador rural se aposenta com 55 anos (mulheres) e 60 (homens) e precisa comprovar 15 anos de trabalho no campo. O produtor contribui com um percentual sobre a receita bruta da produção.
    • Como era a proposta original do governo: 65 anos de idade mínima, com 25 anos de contribuição.
    • Como ficou na comissão: idade mínima de 57 anos para mulheres e de 60 anos para homens, com mínimo de 15 anos de contribuição
    • Como ficou o texto que vai a plenário: projeto não muda regra atual
    BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA (BPC)
    • Como é hoje: vinculado ao salário mínimo, com idade mínima de 65 anos para idosos de baixa renda.
    • Como era a proposta original do governo: desvinculação do salário mínimo e idade mínima de 70 anos.
    • Como ficou na comissão: mantida vinculação do salário mínimo, com idade mínima começando em 65 anos, subindo gradativamente até atingir 68 anos em 2020
    • Como ficou o texto que vai a plenário: projeto não muda regra atual
    PENSÕES
    • Como é hoje: É permitido o acúmulo de pensão com aposentadoria.
    • Como era a proposta original do governo: desvinculação do salário mínimo e impossibilidade de acumulação de aposentadoria e pensão deixada por cônjuge.
    • Como ficou na comissão: mantida vinculação ao salário mínimo, com possibilidade de acumular aposentadoria e pensão deixada por cônjuge, com o limite de até dois salários mínimos.
    • Como ficou o texto que vai a plenário: igual ao aprovado na comissão, com a exceção dos cônjuges de policiais mortos em serviço, que terão direito a pensão em valor integral.
    • SERVIDORES PÚBLICOS
      • Como é hoje: há um regime próprio e separado da Previdência dos trabalhadores privados. Parte das aposentadorias vem da contribuição dos próprios servidores e outra parte, do governo.
      • Como era a proposta original do governo: idade mínima de 65 anos e 25 anos de contribuição.
      • Como ficou na comissão: idade mínima de 62 anos para mulheres e de 65 anos para homens. Atingida a idade mínima, fica garantido o direito de receber de aposentadoria o valor integral do salário no último cargo, além de ter reajuste equivalente ao dos servidores ativos.
      • Como ficou o texto que vai a plenário: igual ao aprovado na comissão
      PROFESSORES
      • Como é hoje: para professores públicos, os requisitos são 55 anos de idade, com 30 anos de contribuição para o homem e 50 anos de idade, com 25 anos de contribuição para a mulher. Para o regime geral, exige-se apenas tempo de contribuição (30 anos homem e 25 anos mulher), independente de idade mínima.
      • Como era a proposta original do governo: idade mínima de 65 anos, com 25 anos de contribuição
      • Como ficou na comissão: idade mínima fixada em 60 anos, com 25 anos de contribuição
      • Como ficou o texto que vai a plenário: na iniciativa privada, idade mínima fixada em 60 anos, com 15 anos de contribuição. No serviço público, idade mínima de 60 anos, com 25 anos de contribuição.
      POLICIAIS FEDERAIS E POLICIAIS LEGISLATIVOS FEDERAIS
      • Como é hoje: Aposentadoria voluntária com proventos integrais, independentemente da idade, após 30 anos de contribuição, com pelo menos, 20 anos de exercício policial, se homem; após 25 anos de contribuição, com pelo menos 15 anos de exercício policial, se mulher. Os policiais legislativos são considerados servidores públicos.
      • Como era a proposta original do governo: idade mínima de 65 anos, com 25 anos de contribuição.
      • Como ficou na comissão: idade mínima de 55 anos. Para homens, exigência de 30 anos de contribuição, sendo 25 em atividade policial. Para mulheres, exigência de 25 anos de contribuição, sendo 20 em atividade policial.
      • Como ficou o texto que vai a plenário: igual ao aprovado na comissão

  • PARLAMENTARES
    • Como é hoje: Desde 1997, obedecem às regras dos servidores públicos, com idade mínima de 60 anos e 35 anos de contribuição, sendo proibida acumulação com outra aposentadoria do setor público. Valor dos proventos calculado igual ao de servidor público.
    • Como era a proposta original do governo: passariam a ser vinculados ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS), cabendo à União, estados e municípios definirem regras de transição.
    • Como ficou na comissão: passam a ser vinculados ao RGPS, mas com transição diferente para o parlamentar federal. Nesses casos a aposentadoria será, inicialmente, aos 60 anos, subindo a partir de 2020 até o limite de 65 anos para homens e 62 anos para mulheres, com 35 anos de contribuição. Caberá a estados e municípios definirem regras de transição de seus respectivos parlamentares.
    • Como ficou o texto que vai a plenário: igual ao aprovado na comissão.
    Fonte: 
  • https://g1.globo.com/politica