A boia foi lançada pela UFBA e FURG. Na foto, membros das duas instituições.
Apaixonados pelo mar, seja na vida pessoal ou profissional, têm agora um importante instrumento para se informar sobre as condições do mar. A primeira boia oceanográfica e meteorológica do Norte e Nordeste foi instalada na Baía de Todos os Santos (BTS), em 03 de agosto, e está sob a responsabilidade do curso de Oceanografia da UFBA. O equipamento é capaz de fornecer informações sobre a velocidade dos ventos, altura das ondas, temperatura da água, salinidade, concentração de clorofila, entre outras variáveis. Autossustentável, a boia é alimentada com energia solar e faz parte do Sistema de Monitoramento da Costa Brasileira (SiMCosta), uma rede integrada de plataformas flutuantes ou fixas – atualmente, nove estão ativas no país -, capaz de coletar diariamente dados oceanográficos e meteorológicos, que ficam disponíveis no site do projeto, administrado pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG): http://www.simcosta.furg.br. Em quatro anos de funcionamento, o projeto já permitiu estudos originais de variabilidade de parâmetros oceanográficos nunca antes estudados no país.
Além do site nacional do SIMCosta, as informações coletadas na Baía de Todos os Santos – que é a terceira maior baía do Brasil, com 1.233 km², atrás apenas das de São Marcos e São José (MA) – também estão disponíveis no endereço do Sistema de Monitoramento e Previsão Oceanográfica da Baía de Todos os Santos, em https://btsoceanografia.ufba.br/. O site inclui dados adicionais, resultado de outros projetos do curso de Oceanografia da UFBA entre 2012 e 2015. Em ambos os sites, as informações estão disponíveis gratuitamente. “O fato de termos condição de continuar um monitoramento que já existiu e foi interrompido irá permitir entender melhor as variações da oceanografia da Baía de Todos os Santos, que têm sofrido os efeitos das mudanças do clima regional. Observa-se, por exemplo, uma forte tendência de aridificação do clima em toda a região nordeste nas últimas décadas (Recôncavo Baiano, inclusive), ou seja, o clima está se tornando mais seco e mais quente. A Baía de Todos os Santos está se tornando mais salgada, e em vários momentos no verão ela se torna um tanque de evaporação”, afirma Guilherme Lessa, professor de Oceanografia da UFBA.
Ele destaca alguns benefícios resultantes do uso das boias na costa brasileira. O leque de informações científicas que se pode prover com os dados alcança as áreas de física, química, geologia e biologia. “Do ponto de vista acadêmico, essas informações são valiosíssimas”, assegura. Lessa explica que não é apenas a Academia que colhe benefícios: a gestão pública se torna mais eficaz a partir das informações geradas pela boia. “A Marinha do Brasil, por meio da Capitania dos Portos, utiliza resultados do modelo matemático desenvolvido pela startup i4sea em colaboração com a UFBA para gerenciar o tráfego de passageiros entre Salvador e a Ilha de Itaparica. A depender das condições de mar previstas, e da leitura das boias em tempo real, a Capitania dos Portos aciona uma bandeira amarela, laranja ou vermelha para o tráfego”, destaca. Essa previsão, conforme explica, permite às pessoas que dependem da travessia possibilidades de se organizar melhor, decidindo entre ir de ferry ou lancha, por exemplo.
O uso da boia pode tornar também mais eficiente o funcionamento do porto. “A praticagem [serviço de auxílio de condução de embarcações em manobras de atracação e desatracação nos portos] precisa ter conhecimento das condições do mar para avaliar as dificuldades que terá para atracar o navio”, diz. Dessa forma, destaca ele, a gerência de tráfego repercute na vida social e econômica do município de uma forma geral. Além da melhoria do planejamento de atividades profissionais, o público interessado em lazer e esporte marítimo passa a ter uma relação mais intimista com o mar a partir da existência de informações em tempo real”, conta Lessa. O Sistema de Monitoramento e Previsão Oceanográfica da Baía de Todos os Santos disponibiliza as previsões sobre ventos, ondas e correntes para até três dias seguintes. Em breve estará fornecendo previsões sobre as condições de mar desde o farol da Barra até a ilha de Itaparica e Mont Serrat. A manutenção da boia é facilitada através da cooperação com o Yatch Clube da Bahia, que disponibiliza embarcação para acesso à boia.
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UFBA / EdgarDigital