domingo, 27 de outubro de 2019

NASCEM DUAS ESTRELAS. ASTRONOMIA.

Astrônomos registram imagem impressionante de nascimento de duas estrelas.

O fenômeno ocorreu a 600 mil anos-luz de distância na Nebulosa do Cachimbo, uma grande nuvem de matéria que funciona como "berço" para estrelas.

Imagem do radiotelescópio ALMA (Foto: ESO/NAOJ/NRAO), Alves et al)
Imagem do radiotelescópio ALMA (Foto: ESO/NAOJ/NRAO), Alves et al)

Astrônomos conseguiram presenciar o estágio inicial de um sistema de duas estrelas. O nascimento dos astros foi um belo acontecimento que ocorreu a 600 mil anos-luz de distância na Nebulosa do Cachimbo, que serve como um “berçário” estelar, localizado na Constelação de Ophiuchus.
As duas estrelas recém-nascidas fazem parte de um sistema binário chamado BHB2007. No Sistema Solar os planetas orbitam em torno de uma única estrela, mas em um sistema desse tipo, há duas ou mais estrelas que têm uma ligação gravitacional entre si.
Animação mostra como as duas estrelas de formam (Foto: ESO/L. Calçada)
Animação mostra como as duas estrelas de formam (Foto: ESO/L. Calçada)
Para registrar a imagem os astrônomos usaram o Atacama Large Millimeter Array (ALMA), um radiotelescópio instalado no Chile e capaz de detectar a radiação residual das origens do universo, liberadas no Big Bang.

Os astrônomos já haviam avistado as bordas que cercavam o sistema BHB2007, mas a descoberta do nascimento das estrelas os permite entender melhor o complexo de gás e poeira que as cerca. Nas imagens recém- captadas, os cientistas flagraram o momento no qual as estrelas são envolvidas por discos de poeira conhecidos como discos circunstelares. Essas acumulações de matéria, quando se espalham nas estrelas, fazem com que os astros cresçam.

“ O tamanho de cada um desses discos é similar ao tamanho do cinturão de asteroides do nosso Sistema Solar”, contou em comunicado o pesquisador Felipe Alves, do Max Planck Institute. “A separação entre eles é de 28 vezes a distância entre o Sol e a Terra”.

Os astrônomos encontraram um terceiro disco ainda maior, com tamanho de 80 vezes a massa de Júpiter, o maior planeta do nosso Sistema Solar. Acredita-se que as estrelas ganhem massa proveniente desse grande disco.

Revista Galileu

GEOPOLÍTICA INTERNACIONAL - EUA RECUAM NO ORIENTE MÉDIO. RÚSSIA E CHINA AVANÇAM!


Enquanto EUA debatem estratégia no Oriente Médio, chineses e russos ocupam espaços.


Jaime Spitzcovsky


Para Trump, muro na fronteira com México é mais importante que conflito na Síria.

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Foto: GeoEscola

Em reflexo incontornável das características do século 21, o Oriente Médio abandona o cenário da hegemonia unipolar, desenhado pelo monopólio geopolítico dos EUA na região, e embarca na multipolaridade, com crescente influência de China e Rússia.
Pergunta que surge é se a desidratação do poderio norte-americano ocorrerá em um processo gradual, como sinalizou Barack Obama, ou no modo acelerado, como sugeriu o apetite isolacionista do presidente Donald Trump.
Ao anunciar a retirada de soldados da Síria, no começo do mês, Trump mencionou o desejo de “terminar o envolvimento norte-americano em guerras intermináveis”. Cantou melodia cara aos ouvidos de seu eleitorado mais fiel, fã do “America First”, mantra entoado desde a campanha à Casa Branca.
Para o “trumpismo raiz”, os EUA devem priorizar temas domésticos e recuar de questões globais, numa percepção isolacionista responsável por desdenhar da importância de o país cultivar a condição de potência hegemônica global.
Trump ilustra essa visão ao sustentar que a construção de um muro na fronteira com o México é mais importante do que manter a parceria, na Síria, com os curdos, aliados fundamentais na guerra contra o Estado Islâmico.
Ao aumentar o volume do isolacionismo diplomático, Trump gerou forte reação interna, da oposição democrata a republicanos refratários à ideia de encurtar as asas da hegemonia global.
Mas, de qualquer forma, a prevalência de Washington no Oriente Médio se desbota, à medida em que avançam as incursões de Pequim e de Moscou.
O apogeu do intervencionismo norte-americano na região, nas primeiras décadas pós-Guerra Fria, se verificou na era do republicano George W. Bush. A invasão do Iraque, em 2003, simbolizou essa estratégia.
Com Barack Obama, surgiram mudanças. O radar diplomático, afetado pela crise financeira de 2008-2009, pela ascensão chinesa e pela perda global de importância do petróleo, apontou a necessidade de uma reorientação: diminuir presença no Oriente Médio para aumentar esforços na região China-Índia.
O giro foi batizado de “pivô para a Ásia”.
A redução da presença norte-americana em paragens médio-orientais, portanto, se verifica desde o governo Obama, mas sob ideário distinto da gestão atual.
Enquanto os democratas defendem a globalização e pregam reordenar a presença dos EUA no cenário internacional, Trump, inspirado por sonhos isolacionistas e antiglobalizantes, flerta com uma era desenhada por barreiras e protecionismo econômico.
Enquanto os norte-americanos debatem sua estratégia no Oriente Médio, a multipolaridade se encastela na região. Chineses e russos ocupam espaços crescentes.
A China, desde 2010, intensifica investimentos e comércio com o mundo árabe. Transformou-se num dos maiores compradores de petróleo do golfo Pérsico e constrói ainda sólida parceria com Israel, baseada em tecnologia e infraestrutura.
A Rússia, após a intervenção militar na Síria em 2015, passou a ser o personagem principal no cenário político do país árabe.
Nesta semana, Vladimir Putin recebeu tapete vermelho na visita a tradicionais aliados dos EUA, como Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, de cujo líder, o príncipe Mohammed bin Zayed, ouviu a frase: “Estamos conectados por uma profunda relação estratégica”.
O peso dos EUA no Oriente Médio se altera de forma inexorável. A mudança, no entanto, não se dará na velocidade desejada por Trump.
A intensa rejeição à decisão de retirada das tropas da Síria, capaz de unir setores dos partidos democrata e republicano, demonstrou os obstáculos ao sonho isolacionista.
Jaime Spitzcovsky
Jornalista, foi correspondente da Folha em Moscou e Pequim.


Folha de São Paulo

QUANDO UM DIPLOMA UNIVERSITÁRIO CONFIRMA QUE O BRASIL É UM PAÍS AINDA MUITO DESIGUAL.

No Brasil, ter faculdade faz dobrar o salário. 

Por que isso é um mal sinal?

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Foto: Vetor de ckybe

Com 70% dos jovens fora da faculdade, diploma segue sendo mais importante para o aumento da renda no Brasil do que em países desenvolvidos.

Entrar na faculdade ainda é passaporte para uma boa renda no Brasil, muito mais do que em outros lugares. Em países como Canadá, Estados Unidos, Suécia ou Reino Unido, quem tem graduação ganha quase o mesmo do que os trabalhadores que se formaram apenas no Ensino Médio. A média entre os países da OCDE, grupo que reúne as nações ricas, é de um salário 40% maior para quem tem diploma de graduação. Já um residente brasileiro formado no Ensino Superior ganha, em média, mais que o dobro (140%) de quem só cursou o Ensino Médio; com pós-graduação, pode-se ganhar um salário mais de quatro vezes maior (350%) na comparação com quem só se formou no Ensino Médio, segundo o relatório Education at a Glance, da OCDE.

É uma evolução de renda tentadora no Brasil e que, vista pelo lado positivo, pode ajudar jovens de baixa renda a ascender socialmente por meio da educação, mesmo se vindos de famílias pobres. Mas a possibilidade é restrita a poucos.

O Censo da Educação Superior divulgado há algumas semanas pelo Inep, instituto de pesquisas educacionais do Ministério da Educação, mostra que o acesso à faculdade vem evoluindo. O número de estudantes cursando o Ensino Superior no Brasil aumentou 44,6% nos últimos dez anos, entre 2008 e 2018. Em 2018, cerca de 8,45 milhões de pessoas estavam cursando a educação superior (a maioria, 75%, em instituições privadas).

Ainda assim, mais de 70% dos jovens entre 18 e 24 anos não se formou no Ensino Superior nem está cursando faculdade atualmente. Mesmo o Ensino Médio é um pequeno privilégio. Um a cada quatro jovens entre 18 e 24 anos (ou 25% deles) não concluiu esta etapa escolar e abandonaram a escola, segundo dados de 2018 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Outros 39% nesta faixa etária até concluíram o Ensino Médio, mas hoje não estão no Ensino Superior.

O Censo do Ensino Superior deste ano mostra ainda que, dos que conseguiram uma graduação, boa parte dos novos alunos estão indo para educação a distância (EaD): no ano passado, 40% dos novos ingressantes foi para EaD. O número de novas matrículas na última década subiu 51% na EaD, ante alta de 11% na educação presencial. A oferta de matrículas na educação presencial inclusive vem caindo desde 2013, acumulando queda de 13% nos últimos cinco anos.

O censo aponta que o total de vagas oferecidas na EaD passou as ofertas em educação presencial pela primeira vez na história em 2018. Por outro lado, nesta modalidade, é maior a possibilidade de que o aluno abandone o curso no meio: só 28% dos mais de 1 milhão de alunos que se formaram na rede privada no ano passado vieram da EaD, ante 72% da educação presencial.

De qualquer forma, mesmo com as novas possibilidades de educação a distância e cursos mais baratos surgindo no Brasil, nossa taxa de graduados ainda é baixa, mesmo na comparação com países de renda parecida. Segundo o Education at a Glance (que usou dados de 2017), só 14% dos brasileiros entre 55 e 64 anos se formou no Ensino Superior. Entre os jovens de 25 a 34 anos, a taxa aumenta para quase 20%, mas ainda abaixo de outros países em desenvolvimento. Na Colômbia, 29% dos jovens entre 25 e 34 anos se formou na faculdade; no México, 23%; no Chile, 34%; na Argentina, 40%; na Rússia, 63% dos jovens se formou. A média da OCDE é de 44% de diplomados no Ensino Superior entre 25 e 34 anos.

Essa desigualdade no acesso explica a enorme diferença de renda que se pode obter com um diploma de graduação no Brasil na comparação com os países desenvolvidos. Quanto menor o número de pessoas com Ensino Superior, mais o diploma pode se tornar um diferencial (nos países ricos, onde diploma de graduação é quase regra, o oposto também gera algumas crises, com pessoas graduadas podendo enfrentar desemprego ou baixos salários em tempos de recessão econômica, como após a crise de 2008).

Um conceito da economia é usado por pesquisadores de educação para explicar o cenário. É o chamado signalling model, ou modelo de sinalização, desenvolvido pelo Nobel de economia canadense Michael Spence na década de 1970. Ao ter um diploma de Ensino Superior — algo que mais de 70% da população brasileira não possui — um jovem sinaliza a seus potenciais empregadores que tem certas habilidades, mesmo antes de uma entrevista de emprego ou dinâmica em que possa detalhar melhor sua qualificação.

O potencial de ganhos é intensificado se a instituição é vista como prestigiada pelo mercado de trabalho, caso das universidades de ponta — que, no geral, têm ou vestibulares super concorridos no caso das públicas, ou vestibulares concorridos e mensalidades altas, no caso das privadas.

Outro desafio é que, apesar do avanço no número de matrículas no Ensino Superior na última década, o acesso à faculdade ainda é maior entre a população de maior renda. A população de renda 25% menor tem, em média, 9,7 anos de estudo formal (somente completar o Ensino Médio exigiria 11 anos de estudo).

Um estudo também da OCDE, de 2018, mostra que uma criança da menor classe social no Brasil levaria nove gerações para chegar à classe mais alta, o que levou a organização a descrever a desigualdade social no país como um “elevador quebrado”, em que torna-se quase impossível ascender socialmente.

Vale lembrar, ainda, que um diploma de graduação que possibilite ganhar o dobro da média da população brasileira não representa sequer uma renda grandiosa. Quem ganha 3.000 reais no Brasil, por exemplo, já ganha mais do que 89% da população, segundo a Pnad, do IBGE. A renda média não chega a 1.400 reais.

Assim, a renda maior proporcionada pela escolaridade no Brasil é uma prova de como a sociedade brasileira ainda é desestruturada e desigual.

Fonte:

Revista Exame

domingo, 20 de outubro de 2019

QUAL O INTERESSE DO GOVERNO BRASILEIRO EM NÃO QUERER SABER A ORIGEM DO ÓLEO QUE ESTÁ CHEGANDO ÀS PRAIAS BRASILEIRAS?

Perita em danos ambientais por vazamento de óleo alerta: Estamos sendo feitos de tolos. Como veem manchas chegarem às praias e não acionam imagens dos satélites?

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Foto: Carlos Ezequiel Vannoni/Agência Pixel Press/Estadão Conteúdo


“Estamos sendo feitos de tolos”, alerta a mais experiente perita brasileira em danos ambientais por vazamento de óleo 
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Foto: Agência envolverde

A frase resume a revolta de Yara Schaeffer Novelli, doutora e professora sênior da Universidade de São Paulo (USP), em relação ao vazamento de óleo que já é considerado o maior desastre ambiental do Nordeste.
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Marcos Rodrigues/ secom
Ela foi a primeira perita judicial da primeira ação civil pública movida no Brasil por dano ambiental, em 1983, num rompimento de oleoduto da Petrobras na Baixada Santista.
Naquela época, o Brasil tinha recém-publicado e regulamentado a Lei 6938, de 1981, da Política Nacional do Meio Ambiente.
Desde então, leis, normas, protocolos, planos nacionais e experiências foram sendo acumulados.
Marcos legais não faltam, mas eles não estão sendo cumpridos.
O descaso e o silêncio do governo federal são ensurdecedores. A Marco Zero Conteúdo conversou por quase 1h ao telefone com a cientista, considerada umas das maiores conhecedoras do assunto no País e sócia-fundadora da ONG Instituto Bioma Brasil.
“Nós (o Brasil) começamos com o pé errado. Mas, com todo esse tempo – as primeiras manchas de óleo apareceram em 30 de agosto –, para mim foi intencional não se envolver pessoas e grupos que poderiam definitivamente ter colaborado. Teríamos tudo para ter agido de forma organizada, legal e dentro das normas desde o primeiro momento em que se avistou óleo chegando às praias. Não precisa de muito, está tudo aí no Google”, avalia Yara, autora de mais de 100 artigos científicos e escritora ou organizadora de mais de 40 livros.
A Lei 9.966, de 2000, estabelece o que deve ser feito em termos de prevenção, controle e fiscalização de poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional.
São os princípios básicos a serem seguidos por todos os tipos de embarcações, portos, plataformas e instalações, nacionais ou estrangeiros, que estejam em águas brasileiras.
“Está tudo lá, mastigado”, reforça.
A lei mostra desde o que deve ser feito quando se registram as primeiras aparições de óleo, como classificar, controlar, prevenir e transportar as substâncias, incluindo marcos legais de infrações e punições, além de elencar quem são os responsáveis pelo cumprimento.
A legislação, porém, não está sendo cumprida.
Foi necessário que o problema se espalhasse assustadoramente para que, só no último sábado (7) – quase 40 dias depois dos primeiros registros –, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) determinasse que a Polícia Federal e a Marinha investigassem as causas e as responsabilidades do que, com atraso, passou a ser considerado um crime ambiental de grandes proporções.
As ações de mitigação e prevenção estão sendo realizadas num trabalho de formiguinha, que muitas vezes envolve mais o ativismo do que o cumprimento governamental.
Nada deveria ter sigilo, explica Yara: “o próprio Plano Nacional de Contingência diz que imprensa tem que ser comunicada e que é para haver reuniões diárias e divulgações de tudo que está acontecendo. Eu fico pasma, esse é o adjetivo que configura o que estou sentindo no momento”, lamenta.
A professora explica que a Lei 9.966 também atribuiu ao Ministério do Meio Ambiente a responsabilidade na identificação, localização e definição dos limites das áreas ecologicamente sensíveis à poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas.
Em 2008, uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) estabeleceu que esse mapeamento deveria ser representado pelas chamadas Cartas SAO (Cartas de Sensibilidade Ambiental a Derramamentos de Óleo).
A maior parte das bacias nordestinas são mapeadas: Ceará e Potiguar (Rio Grande do Norte), em 2004; Sul da Bahia, em 2013; Sergipe-Alagoas/Pernambuco-Paraíba, em 2013; e Pará-Maranhão/Barreirinhas, em 2017.
Essas cartas se juntam à Lei 9.966. Mas isso também não aconteceu, e agora o vazamento já atingiu mais de 2 mil quilômetros de costa.
“As Cartas SAO identificam a sensibilidade ambiental que deve ser protegida, os recursos biológicos sensíveis ao óleo. Está tudo lá, cheio de figurinhas, mapa, bichos, atividades socioeconômicas que podem vir a ser prejudicadas”, frisa Yara.
Isso significa, portanto, que o governo federal deveria estar protegendo o que já está mapeado e usando imagens de satélite para prevenção, para saber onde colocar as barreiras de contenção e absorção.
“O Porto de Suape, por exemplo, é obrigado a ter essas barreiras. O mesmo vale para a Petrobras no Recôncavo Baiano. E onde elas estão?”, questiona a professora.
“Até palha de coqueiro poderia ter sido colocada na praia”, diz ela para provar mais uma vez o quão absurda é a situação.
A Administração Estadual do Meio Ambiente (Adema) do Governo de Sergipe, que declarou situação de emergência e onde o óleo já atingiu a foz do Rio São Francisco, informou que a Petrobras não tem mais disponíveis as boias absorventes que seriam enviadas para conter as manchas de óleo no Rio Vaza Barris, em Aracaju.
O estado precisará investir R$ 100 mil na compra dos equipamentos.
Como se não bastassem a Lei 9966 e as Cartas SAO, ainda existe um Plano Nacional de Contingência, de 2012, que prevê as medidas a serem tomadas pelo governo diante de grandes vazamentos de petróleo no mar e que deveria ter sido ativado desde o início para evitar que problemas maiores acontecessem.
Na época em que foi anunciado, período ainda de início da exploração do pré-sal, o plano tinha um orçamento de R$ 1 bilhão, uma espécie de seguro que funciona apenas em caso de grandes acidentes, nos quais os responsáveis não são identificados imediatamente.
“Será possível que não fizeram nada disso? Eu uma idosa de 76 anos fico sabendo disso e o seu ministro do meio ambiente não sabe? Porque ele não perguntou aos técnicos do ministério, Ibama, ICMBio, que são competentes? E isso eu afirmo e assino embaixo”, ironiza Yara.
“Começo a desconfiar que existe uma ordem superior para que não se manifestem. Essa mudez total, esse silêncio, só podem ser orquestrados. O Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) se calou, mas eles têm oceanógrafos físicos e pessoal especializado em estudo de imagens de satélite de primeira qualidade”.
No início de agosto, o diretor Ricardo Galvão foi exonerado do Inpe depois que Bolsonaro contestou os dados sobre o monitoramento do desmatamento da Amazônia.
“Como alguém vê as manchas chegarem às praias e não aciona as imagens dos satélites? Elas dizem onde as manchas estavam ontem, onde estavam antes de ontem… Elas estão aí para isso. Acho impossível não terem feito. Se alguém foi impedido de divulgar, isso é muito sério”, levanta a professora.
“Estou realmente abismada e aborrecida. Estamos passando para os brasileiros que ouvem essas notícias há mais de um mês que a gente pagas aos pesquisadores que não sabem dizer nada. Não posso ver uma coisa dessas e não reagir. Temos obrigação legal e cidadã de tentar contribuir e colaborar. Fomos financiados a vida inteira pra fazer uma devolutiva para sociedade”, comenta a cientista da USP.
Durante a conversa, Yara também comentou que a ação da Marinha de notificar 30 navios de 10 países após a triagem das manchas de óleo é “uma tremenda confusão”.
O navio pode ser de um país e ter bandeira registrada em outro.
Existem os chamados “países de conveniência”, como por exemplo, a Libéria, pouco exigentes em relação às condições das embarcações.
Tanto que algumas delas não têm permissão para entrar em portos europeus, mas entram em portos da América Latina.
Isto significa que a embarcação não necessariamente tem a bandeira do país do armador.
Na avaliação de Yara, sem nenhuma imagem para dizer como esse óleo está se deslocando, fica complicado chegar a alguma conclusão.
“Não vimos a análise do óleo para dizer de onde ele é. Todo óleo tem uma assinatura. Ninguém mostrou nada”.
“É tragicômico” um presidente do Brasil, que tem nomes internacionais de cientistas, “falar em quase certezas”.
“Você já viu alguém estar quase grávido?”, ironiza Yara.
“Já vi áreas costeiras em São Paulo impactadas por óleo, é bem diferente dessa quantidade que está chegando ao Nordeste. E imaginar que esse óleo sofreu intemperismo e já mudou muito… Essa mancha quando foi exposta pela primeira vez na superfície do mar, era enorme. Ela vai secando, se dissolvendo na coluna d’água, perdendo componentes, grudando mais e diminuindo o tamanho da mancha”, ensina.
Se esse óleo realmente tiver sido despejado em alto-mar, a recomendação era que se tivesse usado tensoativos, como se fossem detergentes que dissolvem o material.
Mas agora que o material está na costa, essa ação não é recomendada, porque podem fazer mal aos seres humanos, à fauna e à flora.
A curto prazo, os danos já estão sendo conhecidos: tartarugas mortas, filhotes que não estão podendo ser chegar ao mar nos locais de desova, redes de pesca e corais sujos de óleo.
Os tratores que estão sendo usados para a limpeza das praias estão levando uma camada considerável de areia da superfície onde há muita vida, isso sem contar com a compressão da areia.
“Isso é uma perda muito grande. Há animais, crustáceos pequenos, larvas e outros organismos vivos importantes para o início da cadeia alimentar”, mostra Yara.
Eles são inclusive alimentos para as aves que se deslocam do hemisfério norte para cá para se alimentar na época de inverno.
As algas sujas de óleo tendem a ir para o fundo do mar e lá se decomporem.
“Muita coisa é irreversível, um efeito crônico de longo prazo”.
Universidades diferentes, hipóteses diferentes
Se o professor de Oceanografia da UFPE Marcus Silva informou ter descoberto que o óleo teria sido derramado por um navio a 50 quilômetros da costa, entre os litorais de Pernambuco e Paraíba, cientistas do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP) sugerem que o óleo que atinge nove estados do Nordeste pode ter sido lançado ao mar em águas internacionais, a até mil quilômetros do litoral brasileiro.
Em Salvador, a equipe da Universidade Federal da Bahia (UFBA) confirmou que o petróleo encontrado nas praias nordestinas teria origem venezuelana.
O óleo analisado usado no estudo foi coletado nas costas sergipana e baiana em parceria com a Universidade Federal de Sergipe (UFS) e a Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs).

Fonte:

VIOMUNDO

QUEM DORME MAL ENGORDA MAIS! REVELA ESTUDO.


Por que você quer comer alimentos gordurosos após uma noite ruim de sono?

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Segundo estudo, o sistema olfativo é afetado pela privação de sono e mudam nossas escolhas sobre o que comer.

Um novo estudo da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, descobriu por que as pessoas sentem vontade de comer alimentos mais calóricos depois de uma noite dormindo pouco. É tudo culpa do sistema olfativo. 
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O olfato é afetado de duas maneiras pela privação do sono. Primeiro, ele entra em um modo de operação mais intenso para diferenciar melhor odores alimentares dos não alimentares. Só que, simultaneamente, ocorre uma falha na comunicação com outras áreas do cérebro ligadas à alimentação, e as decisões sobre o que comer mudam.
"Quando você não dorme bem, essas áreas do cérebro podem não estar recebendo informações suficientes, e você está compensa escolhendo alimentos mais calóricos", disse o autor sênior do estudo, Thorsten Kahnt, professor-assistente de neurologia da Northwestern University Feinberg School of Medicine.
Os pesquisadores fizeram um experimento com 29 homens e mulheres, com idades entre 18 e 40 anos. Eles foram divididos em dois grupos: um dormiu uma quantidade de horas considerada suficiente durante quatro semanas; depois, passaram o mesmo período descansando apenas quatro horas ao longo da noite. A experiência foi ao contrário para o segundo grupo. 
Após cada noite, os cientistas serviam aos participantes um menu controlado para café da manhã, almoço e jantar, mas também lhes ofereciam um buffet de lanches. Assim, analisavam o que eles comiam e em qual quantidade. 
Eles perceberam que as pessoas mudavam suas escolhas alimentares quando dormiam menos e optavam por comidas mais calóricas, como donuts, biscoitos de chocolate e batatas fritas. Os pesquisadores também mediram os níveis sanguíneos de compostos endocanabinóides envolvidos na regulação do apetite, no sistema imunológico e no controle da dor. As análises mostraram que um dos compostos aumentava após uma noite de privação do sono, o que explicaria as (más) escolhas à mesa. 
Os participantes também passaram por uma ressonância magnética enquanto sentiam cheiros de alimentos e outros odores. Os pesquisadores queriam saber se existia alguma alteração no córtex piriforme, a primeira região do cérebro que recebe informações do nariz. Eles descobriram que a atividade no córtex piriforme percebia mais a diferença entre odores alimentares e não alimentares quando os indivíduos tinham dormido pouco.
Isso porque o córtex piriforme normalmente envia informações para outra área do cérebro, o córtex insular — a ínsula recebe sinais importantes para a ingestão de alimentos, como cheiro, sabor e quanta comida há no estômago. Mas a ínsula de um indivíduo privado de sono mostrou conectividade reduzida com o córtex piriforme – o que também tem a ver com a alimentação no dia seguinte. 
Segundo Kahnt, quando o córtex do piriforme não se comunica adequadamente com o córtex insular, certos odores são percebidos de forma mais intensa – e a tendência é comermos mais. A solução para evitar isso não é apenas garantir boas noites de sono: quando dormir pouco, evite passar na frente da sua hamburgueria favorita. Assim, nem você, nem seu nariz , passa por qualquer tipo de tentação.  
Fonte:

Revista Galileu

domingo, 13 de outubro de 2019

O QUE É A ORDEM ROSACRUZ?

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ILUSTRA Alberto Rocha

É um grupo místico e filosófico espalhado por todo o planeta que tem como objetivo ensinar os membros sobre os mistérios do mundo e sobre si próprios. Assim como a Igreja Católica tem paróquias com diversos nomes e estilos, existem várias ordens e fraternidades Rosacruzes, que podem diferir entre si na forma e essência de ensinar. Mas todas têm o mesmo propósito: continuar o trabalho de Christian Rosenkreuz, monge alemão que teria vivido no século 14 e fundado a primeira Ordem na Europa para divulgar o que aprendeu com mestres muçulmanos das artes ocultas. A Antiga e Mística Ordem Rosacruz (Amorc), uma das maiores do mundo, afirma que as práticas oferecem benefícios desde o nível físico, com técnicas específicas para reduzir o estresse e ampliar processos de cura, até os níveis mentais e espirituais, com técnicas que despertam a consciência objetiva, o subconsciente e a relação de cada ser com o “Todo”.
1. A Rosacruz teria origem nas escolas egípcias de mistérios, há 3.600 anos. No século 14, após estudar com mestres das artes ocultas em Damasco, Egito e Marrocos, o monge alemão Christian Rosenkreuz teria fundado a “Casa Sancti Spiritus” para passar adiante o que aprendeu. Tudo longe dos olhos da Igreja Católica, que, nessa época, queimava quem se interessava por outras filosofias. Vale dizer: alguns estudiosos questionam a existência de Rosenkreuz. Para muitos, ele é apenas uma fábula
2. Após a morte de Rosenkreuz, o movimento teria perdido força e sumido. No século 17, sua tumba teria sido encontrada pelo pastor luterano Johann Andreae. Interessadíssimo na história, ele publicou três manifestos contando como Rosenkreuz havia adquirido sua sabedoria secreta – que só seria revelada aos iniciados
3. Os três manifestos escritos por Andreae são chamados Fama Fraternitatis Rosae Crucis, Confessio Fraternitatis Rosae Crucis e As Núpcias Químicas de Christianus Rosencreutz. Além de contarem as peripécias de Christian pelo Oriente, os documentos apresentavam a ideia da Rosacruz para o mundo, cujas práticas pretendiam livrar os irmãos humanos “do erro e da morte”. Os textos ganharam muita popularidade na Europa
4. Hoje em dia, várias organizações se declaram herdeiras da confraria inicial e contam com seu próprio método de repasse dos ensinamentos de Rosenkreuz. A Amorc (Antiga e Mística Ordem Rosacruz), por exemplo, foi fundada nos EUA em 1915 e é provavelmente a maior das Ordens, com Organismos Afiliados (como são chamadas as sedes da instituição) no mundo todo
5. Hoje em dia, o cargo mais alto pertence ao francês Christian Bernard. Sob o título de Imperator, ele dirige a organização a partir da sede mundial, nos EUA. No Brasil, o comando está a cargo da Grande Loja de Língua Portuguesa (GLP). Liderada pelo Grande Mestre Hélio Marques e sediada em Curitiba, ela também atende Portugal, Angola e Moçambique
6. Existem mais de 300 mil cadastrados nos cerca de 300 Organismos brasileiros da Rosacruz. Qualquer pessoa a partir dos 16 anos pode tentar se afiliar. A inscrição é feita pela internet e é cobrada uma taxa trimestral. Quem tem entre 6 e 15 anos pode frequentar a organização jovem, chamada de Ordem Guias do Graal (OGG)
7. A Amorc envia periodicamente apostilas chamadas de Monografias Oficiais com os assuntos propostos para aprofundamento. O fráter ou a soror (como são chamados homens e mulheres da ordem) deve estudar em um local na casa preparado especialmente para isso, chamado Sanctum (mas não tem conotação religiosa). Quem quiser pode complementar o aprendizado nas reuniões de algum Organismo Afiliado

8. Nos Organismos Afiliados acontecem também cerimônias místicas e meditações coletivas. De acordo com a instituição, os egípcios antigos aprenderam que a encenação dramática de vários princípios facilita o ensino e deixa as lições mais fáceis de guardar. Logo, os rituais praticados no templo seriam como “peças de teatro”, que teriam apenas função pedagógica e psicológica, sem caráter religioso
9. O estudo da Amorc é dividido em 12 graus. A contagem só começa depois de um ano pesquisando e participando da Ordem. Em média, leva-se cerca de nove anos para concluir os estudos e chegar à “Seção de Iluminados”, o grau mais alto, que tem reuniões exclusivas
FONTES 


Site Antiga e Mística Ordem Rosacruz e livro Sociedades Secretas, de Sylvia Browne
Publicado: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-e-a-ordem-rosacruz/