segunda-feira, 6 de julho de 2020

A PESTE NEGRA ESTÁ DE VOLTA?? COVID-19, NUVEM DE GAFANHOTO, PESTE BUBÔNICA. 2020 PRECISA SER DESINSTALADO!

Yersinia Pestis, a bactéria da peste bubônica - Getty Images
Yersinia Pestis, a bactéria da peste bubônicaImagem: Getty Images

Em meio à pandemia do coronavírus, que já matou pelo menos 533 mil pessoas segundo os dados oficiais disponibilizados pelos países, reaparece uma das doenças que mais preocuparam a humanidade durante sua história. Trata-se da peste bubônica, popularmente conhecida como peste negra, que devastou a Europa e a Ásia em vários períodos de surtos da doença.

Inicialmente, foram descobertos dois casos da doença na Mongólia. Após alguns dias, a China declarou que alguns casos foram identificados no norte do país, fazendo com que algumas cidades entrassem em isolamento social e dissessem que investigarão casos de mortes repentinas.

O comitê de saúde da cidade de Bayan Nur emitiu o alerta de terceiro nível, o segundo mais baixo de um sistema de quatro níveis.

Casos de peste não são incomuns na China, mas surtos têm se tornado cada vez mais raros. De 2009 a 2018, a China registrou 26 casos e 11 mortes.

Demais países da Ásia, como Rússia, Cazaquistão, Uzbequistão, Quirquistão, Tadjiquistão, Afeganistão, Paquistão, Índia, Nepal e Butão, também já estudam medidas para combater algum surto da doença.



Fontes:
Causa Operária


domingo, 5 de julho de 2020

ESTUDANTE DA CIDADE DE ELDORADO DO SUL-RS, É SELECIONADA PARA CURSO INTENSIVO NA NASA-EUA.

Arquivo pessoal / Arquivo pessoal
Foto: Arquivo pessoal


Com 17 anos, Isadora Stefanhak Costa Arantes acumula títulos em competições na área de exatas.



Com voz tranquila e fala pausada, com a certeza de quem sabe o caminho que pretende trilhar, a estudante Isadora Stefanhak Costa Arantes, 17 anos, conta o feito grandioso que conquistou: a aprovação em um curso promovido pela Nasa, nos EUA. O programa destinado a jovens de até 18 anos se chama Advanced Space Academy e é uma espécie de imersão no treinamento dado a astronautas.  

Durante sete dias, ela aprenderá noções mais profundas de engenharia aeroespacial, ou seja, será instruída a montar os robôs exploratórios que andam na Lua, satélites entre outros.  

— Minha expectativa está super alta, porque vou viver a rotina dos astronautas. Vou acordar super cedo para ter as aulas e almoçar com eles — conta a jovem que terá que arcar com os custos da capacitação.  

Moradora de Eldorado do Sul, na Região Metropolitana da Capital, Isadora estuda no Colégio Cenecista Santa Bárbara, em Arroio dos Ratos. A secundarista é uma curiosa por natureza. Esse interesse pelo mundo das ciências exatas pode ser explorado com maior afinco assim que ela botou os pés no Ensino Médio. 

Logo no 1° ano, pediu para a professora de ciências da natureza, Ester Dal Bem, inscrever o colégio nas Olimpíadas de Ciências, de Astronomia e de Foguetes. Voltando de uma destas competições, em 2018, ela foi incentivada pela mestra a procurar cursos e capacitações na área: 

— Ela sempre soube que tenho interesse em me tornar Astrofísica, Astrobióloga ou estudar Engenharia Espacial. No final do ano passado, achei essa seleção que a Nasa estava fazendo. O processo é rigoroso. Eles pediram três cartas em inglês, além disso, coloquei os projetos científicos que havia feito, os trabalhos voluntários que exerço e enviei dez cartas de recomendação. Chegou um momento em que eles não me deixavam mais anexar meus certificados na plataforma. Meu currículo chegou a 103 páginas.  

Entre os documentos anexados por Isadora estão: as duas medalhas de ouro na Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica, o primeiro lugar nas Olimpíadas de Ciências Exatas e as diversas participações na Jornada e na Mostra Brasileira de Foguetes, bem como nas competições nacionais de Matemática e Biologia.  

As aulas do curso, que acontecerão no Estado norte-americano do Alabama, tinham o início marcado para meados de julho. Contudo, em função da pandemia do coronavírus, os encontros foram postergados para 2021, mas sem data definida. Apesar da felicidade da conquista, a estudante se mostra um pouco insegura, porque não é possível projetar se, até lá, a entrada de brasileiros em solo estadunidense será permitida. Desde maio, esse trânsito está proibido por que o Brasil se tornou um dos epicentros da pandemia.  

Incentivo de todos os lados 

Otaciano Arantes Filho, 57 anos, é o principal nome envolvido nessa história que aproximou a vida de Isadora da astrofísica. Apesar de ser funcionário público, ele sempre conversou com a filha sobre o assunto e acabou se tornado um grande incentivador para ela se interessar pelo tema e carreira.  

Já aos 13 anos, ela acabou pedindo sugestão de livros que abordassem o assunto em um grupo de Facebook que abordava a temática. Ali ela conheceu o professor Alberto de Mesquita, mestre em Astronomia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), conta a garota: 

— Ele entrou em contato comigo, via inbox, e passou a me oferecer tutoria online e gratuita, já que é muito raro gurias jovens se interessarem por astrofísica. Ele me ajuda muito com listas de exercícios, principalmente de Matemática e com dicas de como montar foguetes.  

Os amigos da escola também são importantes. Juntos, oito colegas criaram um grupo de foguetes, outro espaço onde a secundarista da vazão ao interesse pelos astros, sob a supervisão da professora Ester. 

Não escondendo o orgulho que sente da filha, a funcionária pública Giselda Stefanhak destaca a determinação de Isadora: 

— Eu fico sem palavras, porque ela sempre foi muito determinada. A gente só apoia, somos os facilitadores para as decisões e caminhos que ela deseja tomar. Por isso, demos de presente para ela, há uns quatro anos, o telescópio. Ela nos pediu e falou que era importante para observar os fenômenos no céu. Somos os incentivadores dela e dá orgulho ver que ela abraça todas as oportunidades.  


GAÚCHAZH

BOAVENTURA DE SOUZA SANTOS: A UNIVERSIDADE PÓS-PANDÊMICA.

Poucas instituições estarão tão ameaçadas. Mas nenhuma será tão importante para ajudar as sociedades pensar um mundo regido por novas lógicas. Mais: para transformar, a universidade precisará revolucionar-se. Eis algumas pistas

Boaventura de Sousa Santos

Por Boaventura de Sousa Santos

Para compreendermos o que pode vir a passar-se com a universidade é necessário lembrar os ataques principais de que era alvo a moderna universidade pública (UP) antes da pandemia. Foram dois os ataques globais. Provinham de duas forças que se podem sintetizar em dois conceitos: capitalismo universitário e ultradireita ideológica. O primeiro ataque intensificou-se nos últimos quarenta anos com a consolidação do neoliberalismo como lógica dominante do capitalismo global. A universidade passou a ser concebida como área de investimento potencialmente lucrativo. Iniciou-se então um processo multifacetado que incluiu, entre outras, as seguintes medidas [que variaram de país para país]: permitir e promover a criação de universidades privadas e permitir-lhes acesso a fundos públicos; invocar a crise financeira do Estado para sub-financiar as UPs; degradar os salários dos professores e flexibilizar a sua ligação à UP de modo a poderem dar aulas nas universidades privadas, promovendo assim uma transferência do investimento público na formação dos professores para o setor privado; instituir o pagamento de taxas onde antes o ensino era gratuito e incentivar as UPs a obter receitas próprias; introduzir a lógica mercantil na gestão das UPs, o que foi feito em diferentes fases: as UPs devem ser mais relevantes para a sociedade, sobretudo formando pessoal qualificado para o mercado; o estatuto de professor e de investigador deve ser flexibilizado (quer dizer: precarizado), acompanhando a lógica global do mercado de trabalho; os estudantes devem ser vistos como consumidores de um serviço e os professores devem ser sujeitos a critérios globais de produtividade; as UPs devem ser geridas como uma empresa como qualquer outra; as UPs devem integrar sistemas de ranking global para permitir aferir “objetivamente” o valor mercantil dos serviços universitários. Na Europa, e apesar de toda a retórica em contrário, o principal objetivo do processo de Bolonha foi consolidar a nível europeu o modelo de universidade neoliberal. No caso português, este processo envolveu o fim da eleição democrática dos reitores, talvez a única medida fatalmente errada do saudoso ministro Mariano Gago.

As razões mais profundas do ataque do neoliberalismo às UPs residem em que estas tinham sido tradicionalmente as formuladoras de projetos nacionais, projetos sem dúvida elitistas e por vezes altamente excludentes (racistas, colonialistas, sexistas) mas que procuravam dar consistência à economia capitalista nacional e à sociedade em que ela assentava. Acontece que para o neoliberalismo a ideia de projeto nacional, tal como a ideia de capitalismo nacional, era anátema. O objetivo era a globalização das relações econômicas, em termos de livre circulação de capitais e de bens e serviços (não de trabalhadores). Em consequência de tudo isto, as UPs estavam antes da pandemia muito desfiguradas, sem qualquer visão de missão social, a braços com crises financeiras crônicas. Em geral, os reitores refletiam este panorama, gestores de crises financeiras, incapazes de pôr em prática ideias inovadoras mesmo se as tivessem, o que passou a ser raro, sobretudo onde deixaram de ser eleitos pela comunidade universitária.

O segundo ataque, mais recente, veio da direita ultraliberal ideológica, portadora de uma ideologia extremamente conservadora, quando não reacionária, por vezes formulada em termos religiosos. Esta direita, apoiada socialmente por grupos radicais, de extrema-direita, de tipo neo-nazi ou de proselitismo religioso. Esta ultra-direita chegou ao governo em diferentes países, da Hungria à Turquia, do Brasil à Índia, da Polónia aos EUA. Mas em alguns países, como, por exemplo, nos EUA, vinha há muito influenciando a política universitária, ao nível dos estados da federação e a partir das estruturas de governação das UPs. Este ataque, apesar de altamente ideológico, apresentou-se como anti-ideológico e foi formulado de duas formas principais. A primeira foi a de que todo o pensamento crítico, livre e independente visa subverter as instituições e desestabilizar a ordem social. A UP é o ninho onde se alimentam os esquerdistas e se propaga o “Marxismo cultural”, uma expressão usada pelo Nazismo para demonizar os intelectuais de esquerda, muitos dos quais eram judeus. A segunda tem sido particularmente dominante na Índia e concebe como ideologia tudo o que não coincide com entendimento político conservador do Hinduísmo político. Tanto o iluminismo eurocêntrico como o Islã são considerados perigosamente subversivos. Noutros contextos, é o Islã político que faz o papel de guardião ideológico contra as ideologias.

Os dois ataques, apesar de diferentes na formulação e na base de sustentação, são convergentes no mesmo objetivo: impedir que a UP continue a produzir conhecimento crítico, livre, plural e independente. Muitas das críticas anti-ideológicas usaram a crise financeira das UPs para reduzir o ensino às matérias básicas, supostamente isentas de ideologia e mais úteis para o mercado de trabalho. Muitas das matérias ditas ideológicas eram dadas em cursos optativos, em departamentos de literatura e de filosofia ou em departamentos recém-criados. O ataque consistiu em eliminar as opções e fechar esses departamentos por supostas razões financeiras.

Durante a pandemia, estes ataques atenuaram-se e as UPs centraram as suas prioridades em adaptar-se às mudanças causadas pela pandemia. Muitas viram a sua visibilidade pública aumentar graças ao protagonismo dos cientistas com investigação em áreas relevantes para a covid-19. O período que se vai seguir não será um tempo livre de pandemia e com a UP a regressar rapidamente ao seu normal. Vai ser um período de pandemia intermitente. Para projetar o que está em causa no próximo período há que responder a várias perguntas.

Como se comportou a universidade durante a pandemia? É muito difícil generalizar, mas pode-se dizer que se aprofundou o centralismo e não se alterou um milímetro a lógica burocrática, que domina hoje nas relações intra-universitárias; cuidou-se pouco dos estudantes fora dos breves momentos online ou a braços com as exclusões que suposta cidadania digital provocou; os professores que dedicaram mais tempo aos estudantes fizeram-no por iniciativa própria e espírito de missão; descuidou-se totalmente a situação dos professores, enfrentando alterações na vida familiar, recorrendo a tecnologias de ensino com que a maioria estava pouco familiarizada, com uma carga burocrática imensa, com a vontade de inovar, quase por necessidade ante os desafios da pandemia, mas barrados pelo muro de burocracia. Em suma, a pandemia veio agravar as tendências de degradação da universidade que já se vinham a notar há muito.

Como vai a UP posicionar-se na disputa da narrativa? Logo que passe a fase aguda da pandemia vai haver um conflito ideológico e político sobre a natureza da crise e os caminhos de futuro. A especificidade da UP é ter que responder a esta pergunta a dois níveis: ao nível da sociedade em geral e ao nível da universidade em especial. Desenham-se três cenários: vai tudo voltar ao normal rapidamente; vai haver mudanças mínimas para que tudo fique na mesma; a pandemia é a oportunidade para pensar numa alternativa ao modelo de sociedade e de civilização em que temos vivido, assente numa exploração sem precedentes dos recursos naturais que, em conjunto com a iminente catástrofe ecológica, vai lançar-nos num inferno de pandemias recorrentes. Como vai a UP expor os cenários e posicionar-se perante eles?

Como vai responder aos ataques que precederam a pandemia? O modo como a UP interpretar a crise e lhe responder vai ser decisivo para ela se posicionar perante os dois ataques precedentes: o neoliberalismo universitário e a ultra-direita ideológica. Tenho para mim que a UP só se defenderá eficazmente deles na medida em que se centrar no terceiro cenário. Não é apenas a instituição que melhor pode equacionar o terceiro cenário e caracterizar o período de transição que ele implica. É a única instituição que o pode fazer. Se ela o não fizer, será devorada pela vertigem neoliberal que agora se vê fortalecida pela orgia tecnológica de zoom, streamyard, webex, webinar, etc. Virão os vendedores do primeiro e do segundo cenários. E, para eles, a UP do futuro é online: imensas poupanças em pessoal docente, técnico, e em instalações; modo expedito de acabar com matérias “ideológicas” e com os protestos universitários (não há estátuas online); eliminação de processos deliberativos presenciais disfuncionais. Finalmente, o fim da crise financeira. Mas também o fim da universidade como a conhecemos.

Como vai a UP lutar pelo seu futuro? Como disse, o futuro da UP está vinculado à credibilização do terceiro cenário. A estratégia pode resumir-se nas seguintes palavras-chaves: democratizar, desmercantilizar, descolonizar, despatriarcalizar.

Democratizar. A democratização da UP tem múltiplas dimensões. A UP tem de democratizar a eleição dos seus reitores e dirigentes. Instituições não democráticas para eleições indiretas estão historicamente condenadas. São, no pior dos casos, antros de compadrio e cooptação e, no melhor, espelhismos de irrelevância. Só a comunidade universitária no seu conjunto tem legitimidade para eleger os reitores e demais dirigentes. A UP tem de democratizar as suas relações com a sociedade. A UP produz conhecimento válido que é tanto mais precioso quanto melhor souber dialogar com os outros saberes que circulam na sociedade. Uma UP encerrada em si é um instrumento fácil dos poderes econômicos e políticos que a querem pôr ao seu serviço. A UP tem de democratizar as suas relações com os estudantes que uma pedagogia retrógrada e rançosa ainda vê como ignorantes vazios onde os professores enfiam o recheio do conhecimento. A verdade é que se aprende-com e se ensina-com. Nada é unilateral, tudo é recíproco.

Desmercantilizar. As UPs têm de passar a avaliar os seus docentes por outros critérios de produtividade que não excluam a responsabilidade social da universidade, sobretudo no domínio da extensão universitária. Não podem privilegiar as ciências e a investigação que geram patentes, mas antes, a ciência que contribui para o bem comum de toda a população e cria cidadania. Neste domínio, as humanidades, as artes e as ciências sociais voltarão a ter o destaque que já tiveram. Os estudantes nacionais e os que vêm [em Portugal] das antigas colônias não devem pagar propinas. Não podem cobiçar estudantes estrangeiros na lógica de caça-mensalidades. Esta é uma estratégia central para a democratização analisada acima e para a descolonização analisada a seguir.

Descolonizar. As UPs europeias e de inspiração eurocêntrica nasceram ou prosperaram com o colonialismo e continuam hoje a ensinar e legitimar a história dos vencedores da expansão europeia. São cúmplices do epistemicídio que acompanhou o genocídio colonial. As estátuas (e amanhã os edifícios, os museus, os arquivos e coleções coloniais) são os alvos errados de muita justa revolta. O importante é que o poder que elas representam seja deslegitimado e contextualizado na aprendizagem universitária. Por isso têm os curriculos de ser descolonizados. Não se trata de destruir conhecimento, trata-se antes de acrescentar conhecimento para que se torne evidente que o conhecimento dominante é muitas vezes uma ignorância especializada e intencional. As UPs têm de iniciar com urgência políticas de ação afirmativa para uma maior justiça cognitiva e etno-racial, tanto entre estudantes como entre professores.

Despatriarcalizar. Em muitas universidades as mulheres são a maioria, mas os lugares de governo administrativo e científico continuam dominados por homens. Os curriculos continuam a ser misóginos e cheios de preconceitos sexistas. Onde estão as cientistas, as artistas, as escritoras, as lutadoras, as heroínas? E as relações entre o pessoal docente, técnico e discente também não estão livres dos mesmos preconceitos. Estas e muitas outras iniciativas que emergirão dos processos de democracia universitária constituem um caderno de encargos pesado, mas a alternativa é a universidade não ter futuro.

Doutorado em Sociologia do Direito pela Universidade de Yale e Professor Catedrático Jubilado da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e Coordenador Científico do Observatório Permanente da Justiça Portuguesa.

Outras Palavras

RENATO FEDER RECUSA CONVITE PARA O MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. ESSE NEM ENTROU E JÁ SAIU. QUEM VAI NESSA BARCA???


“Fiquei muito honrado com o convite, que coroa o bom trabalho feito por 90 mil profissionais da Educação do Paraná; Agradeço ao presidente Jair Bolsonaro, por quem tenho grande apreço, mas declino do convite recebido. Sigo com o projeto no Paraná, desejo sorte ao presidente e uma boa gestão no Ministério da Educação.”


CÂMARA DE VEREADORES DE ITABUNA INSTITUI DIA DO MAÇOM NO CALENDÁRIO DE ITABUNA

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Ricardo Xavier, autor do projeto, destaca importância do reconhecimento ao papel social desempenhado pelos maçons

A partir deste ano, o dia 20 de agosto entrará no calendário de eventos de Itabuna como Dia Municipal do Maçom, com direito a sessão solene da Câmara de Vereadores. Recentemente aprovado no Legislativo, o projeto que institui a data comemorativa é de autoria do edil Ricardo Xavier (Cidadania), que é presidente da Casa, e contou com relatoria do edil Júnior Brandão (Rede).

Xavier destaca o quão valoroso é o reconhecimento à importância dos integrantes da maçonaria – instituição de indiscutível trabalho social e compromisso de décadas com o bem comum. 

Agora devidamente referendadas por lei, as solenidades e atividades comemorativas à data deverão ser comunicada aos poderes públicos e à sociedade organizada. E a organização do evento ficará a cargo das lojas maçônicas sediadas no município.

A exemplo de tantas filiais da centenária entidade em diversas partes do Brasil e do exterior, as lojas maçônicas itabunenses fazem jus à cultura de valores como honradez, liberdade e honestidade. Não mais legítimo, portanto, os festejos anuais pelo Dia do Maçom.

Câmara Municipal de Itabuna


sábado, 4 de julho de 2020

O NAZISMO E AS RAÍZES DO MAL EM ESTADO PURO (I).

O conservadorismo autoritário alemão e os homens da velha ordem nutriram o desapreço e radicalizaram as suas ações em combate à nova ordem, na qual triunfavam direitos fundamentais e o conjunto de liberdades.

Por Roberto Bueno

O conservadorismo autoritário alemão e os homens da velha ordem nutriram o desapreço e radicalizaram as suas ações em combate à nova ordem, na qual triunfavam direitos fundamentais e o conjunto de liberdades.

Nas primeiras linhas do rico e multifacetado O homem sem qualidades, encarnado em Ulrich, Robert Musil destacava o valor da pergunta “onde estou?”, proveniente de tempos remotos, não abandonando os homens sequer quando a pior tempestade do deserto cobre com densa poeira não apenas o longínquo horizonte como também milímetros logo a frente dos olhos interditando a percepção da realidade. A inquietante pergunta musiliana “onde estou?” permanece como via para superar a interdição ao real, mas para potencializá-la, acrescer o “onde estamos”. Cortemos aqui por um momento e retornemos no tempo quase um século, especificamente ao ano de 1933, primeiros dias da escalada do horror.

O nazismo formalizou a ascensão ao poder com a nomeação de Hitler para a Chancelaria em 30.01.1933 pelas mãos de Hindenburg. O nazismo prometeu revolução sistêmica para revivescer a derrotada Alemanha na campanha bélica de 1914-1918, todavia sob impacto das sombras da Revolução Russa de 1917 que se espraiavam sobre a Europa ameaçando o conservadorismo de direita, também pressionado pela emersão da República de Weimar traduzida no plano legal pela Constituição de 1919 sustentada por liberais e social-democratas.

O conservadorismo autoritário alemão e os homens da velha ordem nutriram o desapreço e radicalizaram as suas ações em combate à nova ordem, na qual triunfavam direitos fundamentais e o conjunto de liberdades. A eclosão deste universo em processo de densificação de forças ao longo da década de 1920 expandiu-se na prática e foi traduzida pela gramática da literatura de Musil (2014, p. 84-85), eis que “tudo isso foi abolido de um só golpe, sem que as mesmas pessoas tivessem movido um dedo sequer! Juraram. que sacrificariam suas vidas pelos seus princípios, e mal mexeram um dedo!” A debacle dos direitos e dos dispositivos constitucionais weimarianos logo seria acompanhado pela Ermächtigungsgesetz (Lei de Plenos Poderes) de 23.03.1933, comprovando a concentração de poderes da nova ordem nazista contando com apoio de massa de indivíduos enquanto outros, omissos, assistiam o terror instalar-se segundo a gramática de Musil, ou seja, sem mover um dedo sequer!

O conservadorismo autoritário alemão e os homens da velha ordem nutriram o desapreço e radicalizaram as suas ações em combate à nova ordem, na qual triunfavam direitos fundamentais e o conjunto de liberdades. A eclosão deste universo em processo de densificação de forças ao longo da década de 1920 expandiu-se na prática e foi traduzida pela gramática da literatura de Musil (2014, p. 84-85), eis que “tudo isso foi abolido de um só golpe, sem que as mesmas pessoas tivessem movido um dedo sequer! Juraram. que sacrificariam suas vidas pelos seus princípios, e mal mexeram um dedo!” A debacle dos direitos e dos dispositivos constitucionais weimarianos logo seria acompanhado pela Ermächtigungsgesetz (Lei de Plenos Poderes) de 23.03.1933, comprovando a concentração de poderes da nova ordem nazista contando com apoio de massa de indivíduos enquanto outros, omissos, assistiam o terror instalar-se segundo a gramática de Musil, ou seja, sem mover um dedo sequer!

O nazismo requer o desarme ou neutralização da inteligência dado o reconhecimento do fator cultural como linha de força articuladora de duríssima resistência aos propósitos de domínio e controle absoluto. Exitosa a iniciativa nazista, Musil (2014, p. 83) projetava dias difíceis em 1933, pois “Com uma prontidão sem par para o sacrifício, a Alemanha renunciou, em poucas semanas, a pesquisadores e eruditos entre os quais não há poucos que sejam insubstituíveis – [pelo menos] quando se leva em consideração os critérios que orientaram a vida espiritual durante séculos; e nenhum debate dessas condições de vida pode permanecer indiferente ao que aconteceu”. O nazismo liquidou a intelligentsia alemã e seus melhores frutos acumulados, como categorias filosóficas arraigadas na cultura e na vida ordinária, a exemplo dos imperativos éticos embebidos no pietismo, que não conviveriam com as práticas nazistas. Estas destruíam o núcleo duro do humano, enquanto a ética perpassada pela dimensão de religiosidade apoia a constituição de sentido e objetivos à vida, dimensão que Levi (1988, p. 71) admite estar “enraizada em cada fibra do homem; [que] é uma característica da substância humana”, contraditória com o propósito de dessubstancialização e final extermínio do homem.

As manipulações da propaganda nazista repercutiram profundamente na sociedade alemã, percebida em sua influência por Rosenfield (2015 p. 79) dado provocar “inúmeras mudanças imperceptíveis que se conjugavam numa reviravolta drástica das opiniões, da sensibilidade e dos gestos da vida cotidiana, refletindo os destinos de inúmeras relações sociais, amigáveis ou matrimoniais […]”. Não estava em causa a utilização da propaganda para apresentar ideias e ideais, mas para persuadir e incutir, de lança mão de instrumentos para falsificar fatos e ideologias e ganhar a adesão massiva para a implementação do projeto de poder totalitário.

O nazismo contou com a adesão explícita de muitos entusiastas e a obediência amedrontada dos restantes, espécie de “submissão diabólica à marcha indiferente do mundo” (MUSIL, v. II, p. 160), mas não sem a percepção de intelectuais como Klemperer (1999, p. 12) que anotou na entrada de seu diário em 14.01.1933 – uma quinzena antes da ascensão de Hitler ao poder em 30.01.1933 – que “É uma vergonha que a cada dia se torna pior. E todos se calam e baixam a cabeça, principalmente os judeus e sua imprensa democrática”. A submissão percebida por Musil preparou o terreno sobre o qual transitaria a missa fúnebre do povo alemão, fenômeno antecipado por Klemperer (1999, p. 14) ao decorrer dois meses do novo regime anotando em seu diário que “Ninguém ousa dizer nada, todos estão com medo”. Uma vez mais, a paralisia imposta aos indivíduos pela infusão do medo foi o dínamo que moveu a roda da máquina da morte sob o olhar contemplativo das forças que poderiam tê-la detido.

*Professor Associado da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Doutor em Filosofia do Direito (UFPR). Mestre em Filosofia (Universidade Federal do Ceará / UFC). Mestre em Filosofia do Direito (UNIVEM). Especialista em Direito Constitucional e Ciência Política (Centro de Estudios Políticos y Constitucionales / Madrid). Professor Colaborador do Programa de Pós-Graduação em Direito (UnB) (2016-2019). Pós-Doutor em Filosofia do Direito e Teoria do Estado (UNIVEM).

BIBLIOGRAFIA

KLEMPERER, Viktor. Os diários de Viktor Klemperer. Testemunho de um judeu clandestino na Alemanha nazista. São Paulo: Objetiva, 1999.

LEVI, Primo. É isto um homem? Rio de Janeiro: Rocco, 1988.

Jornal GGN


RENATO FEDER: MAIS UM QUE VAI CAIR EM BREVE?

Renato Feder
Foto: Divulgação/Secretaria de Educação do Paraná

Empresa de Feder, cotado para o MEC, tem contratos com o governo federal.


Documentos obtidos pela CNN mostram que Renato Feder, cotado para assumir o Ministério da Educação, atuou como conselheiro administrativo de uma de suas empresas enquanto exercia o cargo de secretário estadual de Educação no Paraná. Os documentos também mostram que, desde a posse do presidente Jair Bolsonaro, a Multilaser fechou dois contratos com o governo federal -- e ambos estão em vigor.

O primeiro, no valor de R$ 14,2 milhões, foi firmado em dezembro de 2019 e tinha como objetivo o fornecimento de mais de 28 mil tablets ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para a realização do Censo 2020, que foi adiado por conta da pandemia da Covid-19.

Contrato da Multilaser com o governo federal

Contrato da Multilaser com o governo federal

Foto: Reprodução/Portal da Transparência


O último contrato da Multilaser com o governo federal, firmado com dispensa de licitação, foi assinado no dia 15 de maio deste ano e tinha como objetivo o fornecimento de mais de 100 mil máscaras cirúrgicas. O valor do contrato foi de R$ 313 mil e a pasta responsável pela compra foi o Ministério da Educação, a mesma que Renato Feder está cotado para comandar. 

Contrato da Multilaser com o governo federal

Contrato da Multilaser com o governo federal

Foto: Reprodução/Portal da Transparência

Maiores informações no site da CNN: