Marcelo Camargo/Agência Brasil
Publicado em 15/11/2019 - 12:34
Por Vinícius Lisboa - Repórter da Agência Brasil Rio de Janeiro
Dez afirmações falsas
recorrentes sobre vacinas foram apresentadas a mais de 2 mil entrevistados nas
cinco regiões do Brasil, e o resultado preocupa a Sociedade Brasileira de
Imunizações: mais de dois terços (67%) disseram que ao menos uma das
informações era verdadeira.
A pesquisa foi feita pela
sociedade médica em parceria com a organização não governamental Avaaz. Os
questionários foram aplicados pelo Ibope entre 19 e 22 de setembro deste ano.
Entre os entrevistados, apenas
22% conseguiram identificar que as dez afirmações eram falsas. Mais 11% não
souberam ou não responderam.
Para 24% dos entrevistados,
"há boa possibilidade de as vacinas causarem efeitos colaterais
graves", quando, na verdade, os efeitos adversos graves são raríssimos. A
segunda afirmação falsa mais recorrente foi "há boa possibilidade de as
vacinas causarem a doença que dizem prevenir", com 20% de concordância -
uma em cada cinco entrevistas.
Crianças são imunizadas na
tenda de vacinação instalada na Quinta da Boa Vista para a campanha contra a
poliomielite e o sarampo, prorrogada até o dia 22/09 no estado do Rio de
Janeiro.
Crianças são imunizadas no
estado do Rio de Janeiro. - Fernando Frazão/Arquivo Agência Brasil.
Crianças são imunizadas no estado do Rio de Janeiro. - Fernando Frazão/Arquivo Agência Brasil.
Apesar de as gestantes terem
um calendário específico de vacinação formulado pelo Ministério da Saúde, 19%
dos entrevistados concordaram com a afirmação falsa de que "mulheres grávidas
não podem se vacinar".
O presidente da Sociedade
Brasileira de Imunizações, Juarez Cunha, chama a atenção que mesmo afirmações
absurdas tiveram concordância de parcelas consideráveis dos entrevistados. Para
14%, é correto afirmar que "O governo usa vacinas como método de
esterilização forçada da população pobre", e 12% disseram que
"contrair a doença é, na verdade, uma proteção mais eficaz do que se
vacinar contra ela".
Entre os entrevistados, 13%
assumiram que deixaram de se vacinar ou deixaram de vacinar uma criança sob
seus cuidados. Os motivos para essa ausência incluem falta de planejamento
(38%) e difícil acesso aos postos de vacinação (20%), mas também foram citados
o medo de ter um efeito colateral.
grave (24%), o medo de
contrair a doença através da vacina (18%) e alertas e notícias vistos na
internet (9%). Cada entrevistado citou até três motivos.
"Fica constatado que as
pessoas estão recebendo muita informação inadequada, e que essa informação
inadequada tem circulado com cada vez maior frequência. Com certeza, é mais um
dos motivos que tem impactado as nossas coberturas vacinais", afirma
Cunha.