Pode ser na cavidade oral —
nos lábios, na língua, na parte interna das bochechas, no palato — ou nos seios
da face, na nasofaringe, na laringe e nas glândulas salivares, por exemplo.
Juntos, os tumores de cabeça e pescoço são o oitavo tipo de câncer mais
frequente em todo o mundo. No Brasil, de janeiro até o final deste ano, o INCA
(Instituto Nacional do Câncer) estima que serão 22 mil novos casos.
O tratamento de toda essa
gente, infelizmente, passa por algum grau de mutilação, quando o cirurgião
extirpa a lesão maligna com uma margem generosa de tecido sadio junto para
evitar que ela volte.
Essa volta, porém, tem um
enorme risco de acontecer quando a doença já se disseminou por gânglios
linfáticos espalhados pelas redondezas do pescoço. Eles seriam a primeira
escala da longa viagem da metástase. Aí, infelizmente, a sobrevida do paciente
cai pela metade.
Às vezes, só de apalpar a
região, dá para o médico perceber os nódulos e, se é assim, ele não tem dúvida:
o câncer já iniciou esse percurso. Mas, em muitos casos, não dá para ele sentir
nada, mesmo com a doença já progredindo em outros territórios do corpo. Por
isso, por segurança, como se não bastasse cortar um bom pedaço da região onde
estava o tumor, o cirurgião precisa arrancar os vários gânglios do pescoço.
A operação, então, se torna
maior ainda. As sequelas, possivelmente também. E muitas vezes sem necessidade.
Mas como arriscar, não é mesmo? Melhor entregar todos os gânglios ao
patologista para ele escrutiná-los e dizer se há metástase ou não.
Uma enorme dificuldade é que
até hoje, ao contrário do que já acontece com muitos outros cânceres, não
existem biomarcadores para tumores de cabeça e pescoço. Isto é, moléculas
capazes de dar ao oncologista uma pista: se aquela lesão que ele está avaliando
tem um melhor ou um pior prognóstico, se provavelmente já avançou até aqueles
gânglios ou se está quieta, na dela.
Biomarcadores poderiam
orientar o médico na decisão sobre a conduta, quem sabe até deixando aqueles
gânglios em paz. E mais: em tese, poderiam se tornar até mesmo alvo de
tratamentos mais eficazes amanhã ou depois.
Daí a importância de uma
pesquisa brasileira que saiu no periódico científico Nature Communications,
merecendo destaque de seus editores. Pois não é que pesquisadores do CNPEM — o
Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais, em Campinas, no interior
paulista, que é supervisionado pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e
Inovação — foram atrás dos tais biomarcadores para o câncer de cabeça e
pescoço? e quem procura acha. ainda mais quando resolve bisbilhotar a conversa
entre as células.
O
FUXICO CELULAR
Um tumor costuma dar no que
falar. É grupinhos de células fofocassem a seu respeito. Ele seria o assunto da
vez.
"A gente se comunica e
nossas células também", explica Adriana Paes Leme. "A gente pega na
mão do outro ou acena. As células podem encostar uma na outra ou podem
interagir secretando determinadas moléculas." Interpretar o seu burburinho
é que são elas! Exige equipamentos de altíssima tecnologia e ciência parruda.
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