O
noticiário conservador cultiva tanto os desatinos venezuelanos que se priva –e
a todos nós— de um olhar mais detido na pedagógica experiência política
da paz que acontece ali ao lado, na igualmente extremada Colômbia das Farc, de
Juan Manuel Santos, de Uribe, do tráfico de coca e das milícias paramilitares.
O espaço
cativo da demonização ‘chavista’ vale-se da crise quase insurrecional
enfrentada pelo regime bolivariano para montar uma narrativa maniqueísta, que
não deve ser imitada com sinal trocado pela esquerda.
Não se
trata de bom mocismo.
A lente
binária que explica o mundo como um duelo entre os intrinsecamente bons e os
intrinsecamente maus, entre mercados racionais e projetos progressistas
‘populistas’ tem pouca serventia para se compreender –e agir— diante da difícil
transição de ciclo de desenvolvimento que desafia hoje toda a América Latina, o
Brasil, inclusive.
Erros no
leme da revolução bolivariana -- espessados pela queda nos preços do petróleo e
pelo vazio político aberto com a morte do presidente Chávez— servem como
megafone ensurdecedor de um jornalismo de ocultação.
Esse que se
dispensa de avaliar fatores indissociáveis da exacerbação de interesses na
crise venezuelana
Por exemplo?
Por exemplo o fato decisivo de estar nas
mãos do governo de Caracas as maiores reservas de petróleo do mundo, maiores
que as da Arábia Saudita.
Por
exemplo, esquecer que se os EUA e as petroleiras internacionais fizeram do Oriente
Médio a tocha incandescente que é, embebida em cobiça, sangue e golpes, por que
abdicariam da mesma receita diante de um jorro tão importante quanto, a
apenas 2.200 km de Miami?
Por
exemplo, desdenhar os impactos e limitações impostos à luta pelo
desenvolvimento a partir da desordem global de 2008 que perdura
como uma transição de época, à qual se juntam a emergencia ambiental, o
colapso de instituições multilaterais remanescentes do mundo do pós-guerra e a
deriva da geopolítica herdada do século XX.
Por
exemplo, ainda, desprezar a hipótese de que o ambiente sobressaltado de uma
crise sistêmica como essa –que avança shumpterianamente a partir das
economias ricas, com a quarta revolução industrial, para um novo salto de alta
tecnologia e desmanche laboral—produz o húmus fértil da destruição,
asfixia, sabotagem e conspiração contra governos quenadama contrapelo da
maré, como é o venezuelano; como era o de Dilma.
Tudo isso
já é assumido até publicamente pela CIA, mas não pelo jornalismo conservador.
Mike
Pompeo, diretor da agencia, declarou-se, por exemplo, muito otimista com a
‘transição’ em curso na Venezuela, ao participar de um fórum sobre
segurança global, em Aspen, no Colorado (20/07)
Foi além,
como chamou a atenção por aqui, o sempre atento Antonio Luiz MCCosta, em tweets
sucessivos do dia 24/07.
Na conversa
intimista com jornalistas selecionados para o encontro, Mike revelou esforços
da CIA junto a gente amiga do México e de Bogotá, ‘para ajudá-los a entender as
coisas que poderiam fazer, de modo a obter um resultado melhor nesse rincão
querido do mundo (a Venezuela)’. (http://aspensecurityforum.org/wp-content/uploads/2017/07/The-View-from-Langley.pdf)
Parece que
os amigos de Mike entenderam.
Na quarta
(26/07), em meio à greve convocada pela oposição contra as eleições
constituintes de domingo na Venezuela, e seis dias após a inconfidência do
amigo americano, a Avianca, por exemplo, empresa aérea colombiana, informou a
suspensão de seus voos entre Bogotá e Caracas.
A ação
desabrida da CIA para asfixiar governos latino-americanos não explica sozinha
os dias de fúria e as noites de assombração enfrentados agora no país de
Chávez..
Assim
também como não explicou o Chile de Allende.
Mas a ordem
emitida de Washington então, com agora, era fazer ‘a economia chilena gritar’,
na sabotagem ao governante que buscava transformar uma sociedade
capitalista sem dispor ainda, como soe acontecer, do poder efetivo de
coordena-la rumo a uma verdadeira democracia social.
Tampouco esses
elementos resumem o Brasil do golpe de 2016, que todavia tem na
disputa pelo pré-sal um de seus vetores.
Enfim, nada
abona erros progressistas magnificados nestas esquinas da história em que
muitas vezes as boas intenções subestimam os requisitos organizativos e
ideológicos para se avançar.
Até aí,
perfeito.
Mas é
ostensivamente grosseiro omitir o peso que o braço longo dos interesses
norte-americanos tem exibido na coordenação das contradições em uma das fronteiras
mais desiguais da terra, sempre que um ciclo de desenvolvimento se esgota e
outro precisa ser repactuado entre os seus pobres e as suas elite.
É sobre
esse pano de fundo que o que se passa na Colômbia mereceria um olhar mais
atento do jornalismo brasileiro.
Fazer de
Maduro um paradigma do desastre progressista para, de um lado, alvejar o PT
aqui, e ao mesmo tempo induzir a rendição à agenda conservadora urbi et
orbi, é justamente a fórmula para agravar conflitos paralisantes, dos quais a
Colômbia buscou se livrar quando se sentou à mesa de paz oferecida por
Havana.
Esse talvez
seja o fato político mais relevante em uma América Latina conflagrada pela
espoleta global que reavivou a brasa dormida de seus demônios históricos.
Entre eles,
a miséria, a fome, o desemprego, a incerteza política, as limitações fiscais
asfixiantes, a vulnerabilidade externa, a desesperança, a radicalização das camadas
médias e a ganância mórbida de elites que não hesitam em saciá-la no banquete
que serve os direitos dos desfavorecidos.
A aposta
colombiana na paz em meio a esse campo minado não é obra de serafins e
querubins –o ‘amigo’ Mike Pompeo que o diga.
Quem ensaia
um caminho diferente aqui é, de um lado, nada menos que o ex-ministro da Defesa
do pouco afável governo Álvaro Uribe (2002-2010), o atual presidente Juan
Manuel Santos e, de outro, uma força fardada de esquerda, as Farc, Forças
Armadas Revolucionárias da Colômbia.
Elas acabam
de cumprir o combinado na mesa de negociação de Cuba ao entregar o arsenal de
um exército de sete mil homens a mediadores da ONU.
O inusitado
abre uma fresta de esperança no ambiente político belicista da América Latina
justamente por engajar uma das sociedades mais extremadas da região.
A Colômbia
se equilibra nao delicado degrau da quarta mais perversa repartição de renda do
planeta.
Sua
estrutura fundiária concentra quase a metade das terras nas mãos de cerca
de 4% de corporações e latifúndios.
Nesse
caldeirão inflamável borbulhou o mais longo e sangrento conflito armado de
toda a história latino-americana.
A guerra
das Farc contra interesses arranchados no Estado nacional se arrasta há meio
século.
Fez 250 mil
mortos.
Dividiu a
sociedade na superfície. E transformou seu subsolo em um paliteiro de
minas só superado pelo inferno afegão.
Não só.
A guerra se
entrelaçou à indústria da coca na disputa pelos mesmos espaços na selva.
A Colômbia
é o maior produtor e exportador mundial da droga.
Os EUA, seu
maior consumidor.
Com 1,8% da
população usuária, o mercado norte-americano inala 5% da oferta mundial.
A
intersecção dessas variáveis abriu caminho a intervenção de Washington na luta
de classes colombiana.
Camuflada
em acordos de erradicação de plantações de coca, a ajuda do Norte teve o
endosso entusiasmado dos dois governos de Álvaro Uribe e dos interesses
radicais que eles abrigavam.
O fastígio
conservador desse período deu ao ultradireitista ex-presidente uma popularidade
que ainda o credencia como peça-chave das eleições de maio próximo na Colômbia.
Uribe
costurou uma aliança da centro-direita com a extrema direita para apresentar um
candidato único ao comando do país.
Estamos
falando do político que franqueou as selvas colombianas ao Estado de exceção
durante seu mandato.
Aquilo que
o Exército regular e os instrutores norte-americanos não podiam fazer, milícias
paramilitares e mercenários se desincumbiam com ferocidade imaginável.
Sequestros,
tortura e assassinatos compunham seu método.
Mais de 4,5
milhões de camponeses deixaram seus lugares, comprimidos entre o interesse do
tráfico, a violência dos paramilitares que desejavam suas terras e os combates
das Farc.
Uribe e os
EUA aproveitaram o clima de terror para carimbar na guerrilha o epíteto de
‘exército narco’, abraçado aqui pela mídia isenta.
A narrativa
conservadora baseava-se no capcioso ardil da meia-verdade.
A
convivência entre a guerrilha e os primos pobres do circuito da cocaína é um
fato: em território guerrilheiro, paramilitares pensavam duas vezes antes de
invadir, trucidar, expulsar e tomar as terras de pequenos plantadores de coca,
seduzidos por uma renda impossível nas lavouras de subsistência.
A origem e
a persistência do conflito colombiano, porém, não se explica pela engrenagem
cocaleira, antecedendo-a na luta pela terra ao longo da história.
Se fosse
preciso definir um ponto de partida da violência política colombiana,
interrompida pelos acordos de paz de Havana, em 2016, esse divisor seria o
assassinato do líder liberal-progressista (isso existia no século XX), Jorge
Eliecer Gaitán, candidato à presidência e defensor histórico da reforma agrária
no país.
Os três
tiros que tiraram sua vida, em abril de 1948, dispararam uma espiral de revolta
em toda a sociedade.
Tudo muito
semelhante, de início, à irrupção que tomou ruas brasileiras em 1954, quando
multidões enfurecidas vingaram a morte de Vargas queimando símbolos do cerco
golpista que o levara ao suicídio --entre os quais, carros do jornal O globo.
A rotina de
assassinatos contra seguidores de Gaitán, caçados por grupos direitistas e
latifundiários em toda parte, desdobraria o processo colombiano em formas mais
radiccais de conflitos, entre os quais ciclos sucessivos de resistência
guerrilheira.
Um deles, o
de 1964, deu origem às Farc, que só agora saíram do campo militar para três
anos de negociação bem sucedida da paz.
A ruptura
que isso representa na vida de uma das nações mais polarizadas e mais
excludentes da América Latina tem algo a dizer ao resto da região e,
particularmente, ao impasse político brasileiro?
Talvez sim.
Mas
sobretudo sim, se for considerado o núcleo estruturador da paz assinada no
final do ano passado.
Os
minuciosos 87 itens do acordo mediado incansavelmente por Cuba vão muito além
da mera desmobilização das armas.
Como
sublinhou em recente artigo no Valor Econômico (24/07), o diretor geral da FAO,
o brasileiro e criador do Fome Zero, José Graziano da Silva, seu cerne é ‘a
repactuação do desenvolvimento’.
Trata-se da
agenda da urgência latino-americana.
Sua
pulsação lateja subjacente ao atormentado cenário de quase todas as nações da
região, ao final de um ciclo de expansão global que as desafia a reordenar o
futuro e nomear novos motores para alcança-lo.
O
jornalismo maniqueísta que enxerga na Venezuela, como no Brasil, apenas a luta
do Bem (as reformas das elites financeiras) contra o Mal (o 'populismo dos
corruptos da esquerda') ofusca e interdita a centralidade desse debate
A paz
colombiana desafia o mar encapelado desse lusco fusco.
A bordo,
carrega uma certeza: ‘a reforma rural integral’ –assim denominada nos acordos
entre o governo Juan Manuel Santos e as Farc-- terá que ser a bússola da
travessia.
Seus pontos
cardeais incluem a interiorização do crescimento, a prioridade para eliminar a
pobreza e a fome, universalizar direitos sociais, democratizar o acesso à
terra, ao crédito, à produtividade, às tecnologias sustentáveis e ao poder de
decisão dos que nunca tiveram voz, nem vez, no desenvolvimento do país.
Vai custar
US$ 42 bilhões.
Quem pagará?
Os
contribuintes colombianos, convocados a participar da paz pela solidariedade
fiscal que ela requer.
Nada
justifica a distração editorial que passa ao largo do contraste entre essa
lógica e o arrocho redentor adotado no Brasil, com as consequências sabidas de
supressão de direitos e volta da fome no país pioneiro em elimina-la na região.
Os acordos
sedimentados ao longo de anos de reuniões em Havana não terceirizam o êxito da
nova lógica ao velho aparato institucional que a reprimiu secularmente.
E aqui
também há uma lição a aprender nessas latitudes.
A
participação direta dos interessados está prevista, por exemplo, em novos
mecanismos de poder, como o detalhado cronograma de milhares de assembleias
comunitárias deliberativas no interior do país.
O que se
promete é que elas decidirão as prioridades orçamentárias dos planos regionais
de desenvolvimento.
Não só.
Uma bancada
de representantes das Farc será integrada automaticamente ao Congresso Nacional.
Outra, será
formada por vozes camponesas.
Milhares de
presos políticos foram anistiados, com direitos assegurados de reinserção
produtiva e política.
Esse é o
espírito generoso da aposta na repactuação do desenvolvimento que devolveu a
esperança de paz à Colômbia.
Sem
ilusões, claro.
Não é um
consenso, não está livre de riscos e obstáculos.
O
ex-presidente Álvaro Uribe vocaliza uma aliança de interesses determinada a
revisar o que foi acordado em Havana e sonegado há séculos à pobreza colombiana.
O
retrocesso pode vencer as eleições presidenciais de maio próximo.
Mas não
será fácil engajar de novo a sociedade na guerra social fratricida, tantas são
as evidências do que se tem a ganhar com a paz.
Por
exemplo, vidas humanas.
Mais de
1.500 baixas foram evitadas, calcula o governo, desde a assinatura dos acordos
no final do ano passado.
Dezenas de
múltiplos disso serão poupadas se vencer a agenda da erradicação da pobreza, da
fome, da subsistência agonizante, do ocaso e do exílio social de milhões que
secularmente vegetam do lado de fora da cidadania.
O ultimato
histórico da escolha entre a paz ou a guerra social devastadora ressurgiu na
ordem do dia latino-americana pelo canal da desordem global do neoliberalismo e
dela não sairá tão cedo.
Diante da
sua urgência e gravidade não resta enquadrar em outra categoria, que não a da
rudimentar manipulação, a caricatura midiática das dificuldades vividas pela
Venezuela para operar essa travessia.
O
espantalho tão a gosto dos colunistas de banco consiste em acenar o tormento
venezuelano como o preço a pagar pela resistência aos ajustes, renúncias,
interdições e reformas inerentes à adesão ‘à responsabilidade fiscal’.
No Brasil,
como em quase toda a América Latina, a verdadeira disjuntiva não está entre a
anomia caricata ou a purga na fogueira dos mercados autorreguláveis.
A chance de
se construir aqui uma base de estabilidade, crescimento e democracia social
vincula-se a emergência de projetos críveis, que ergam linhas de passagem para
um futuro de bens comuns e direitos essenciais para todos.
O caminho
pressupõe redesenhar a organização política da sociedade, como se ensaia na
Colômbia, mas não inclui a ilusão em consensos absolutos num ambiente de
interesses agudizados pela crise global.
Não é essa,
tampouco, a tônica da aposta colombiana.
Ao
contrário.
Os acordos
negociados em Cuba floresceram quando se admitiu que nenhum dos lados dispunha
de força e consentimento para impor a sua hegemonia às pendências de uma
sociedade cindida.
Apesar do
alarido massacrante da mídia por 'soluções finais', é disso também que se trata
aqui e na Venezuela, para citar apenas dois casos.
Ou seja, de
criar a mesa de paz para definir metas, salvaguardas e pactos politicamente
negociados em grandes câmaras setoriais, com lideranças, partidos, sindicatos e
movimentos; que preservem direitos, hierarquizem ajustamentos e conquistas; que
fixem compromissos para preços e salários; para o emprego e o investimento;
para o juro e o equilíbrio fiscal; para a produtividade e o PIB; que
estabeleçam parâmetros de curto, médio e longo prazo para a retomado do
investimento, do crédito e da infraestrutura, socializando macrodecisões, de
modo a assegurar um fôlego persistente à demanda agregada que alimenta o
crescimento.
Eleições
verdadeiramente democráticas –não as filtradas pelo califado de Curitiba, que
só farão trincar ainda mais a sociedade-- são um pedaço decisivo do
credenciamento dos atores à mesa de negociação.
Estamos
falando em retirar a sociedade brasileira da areia movediça em que se encontra
e para a qual não há alternativa na ‘ciência' dos químicos do mercado, nem dos
savonarolas, autonomeados salvadores da pátria.
A sociedade
e a economia brasileira não tem problemas insolúveis que justifiquem o atual
eclipse da esperança no futuro.
Ao
contrário.
O país
dispõe de alavancas potenciais –mercado interno, pré-sal, agronegócio e fronteira
de infraestrutura —para assegurar uma reordenação bem sucedida do seu
crescimento, em sintonia com a Quarta Revolução Industrial em curso no mundo.
Mas nada
disso ocorrerá espontaneamente ou pelo livre curso dos mercados.
O vácuo que
permitiu a emergência do pantanoso reino dos golpistas e justiceiros de toga
deve-se, de um lado, ao oportunismo histórico de elites dissociadas da sorte do
país, mas também, e muito, da negligência progressista com um fator fundamental.
Qual seja,
a organização e o engajamento ideológico dos novos protagonistas sociais que
emergiram no ciclo de expansão de 2003 a 2014 e agora deveriam liderar a sua
reciclagem.
Esse
requisito de continuidade foi preterido pela ilusão de que as gôndolas dos
supermercados irradiariam mudanças automáticas na correlação de forças de uma
sociedade dopada pelo monopólio midiático igualmente poupado.
O erro
bruto abriu caminho à encruzilhada de um país que hoje se assemelha a uma rolha
espetada por dois garfos contrapostos, equilibrando-se precariamente à beira de
uma longa deriva histórica
A
disjuntiva que a mídia se esmera em ocultar, portanto, é clara e carregada da
emergência inadiável.
Avançar a
partir do ponto em que a Colômbia chegou após 53 anos de guerra fratricida, e
admitir a necessidade de uma repactuação democrática do desenvolvimento com as
concessões e mudanças implícitas; ou aceitar
a chantagem conservadora do espantalho venezuelano.
Se for essa a escolha definitiva das
elites brasileiras, equivalerá a embarcar o país em uma viagem regressiva até os
três tiros que mataram o liberal Eliezer, para daí refazer a trilha de mais de
meio século no túnel escuro onde espreita o vale tudo da barbárie social.
A ver
FONTE:
http://www.cartamaior.com.br/?/Editorial/O-espantalho-conservador-e-a-paz-de-Havana/38549&utm_source=emailmanager&utm_medium=email&utm_campaign=Boletim_Carta_Maior_01082017