quinta-feira, 7 de novembro de 2019

TEATRO CANDINHA DORIA: MAIS UM ELEFANTE BRANCO?


O Teatro Candinha Dória, já começa a dar sinais de "fadiga financeira de público", sem 01 ano de inauguração. 

O Artista Paulinho Gogó, do elenco do programa A Praça é Nossa do SBT, segundo informações teve um público de aproximadamente 60 pessoas no seu espetáculo do último dia 03. 

A humorista Nany People, em espetáculo no dia 20 de outubro, também teve público decepcionante. 

Se ocorrer pela terceira vez o mesmo fenômeno, poderá se tornar uma tendência.

Um espaço robusto e de manutenção onerosa. Será que Itabuna não comporta tal espaço cultural?

Pode-se  creditar que o preço dos ingressos têm influência nessa falta de público? Custo entre R$ 60,00 e R$ 70,00, ingresso inteira! 

Numa região que chora uma crise econômica faz 30 anos. Que insiste em não se superar, R$ 70,00 pode ser um valor significante.

Teatro continua sendo um equipamento cultural elitizado. Ir ao Teatro ainda soa como algo além do lugar comum.

Quando se pensa que o salário mínimo orça em aproximadamente R$ 1.000,00 e um casal pagaria R$ 140,00 para assistir um espetáculo no teatro, equivalendo a 14% do salário mínimo, sem somar o translado, tendo em vista a localização do teatro, não se pode concluir outra realidade: Teatro não é para pobre! Se for acrescentar uma esticadinha pós espetáculo, melhor FICAR EM CASA!

O tema da Redação do ENEM, trouxe a discussão sobre a Democratização do acesso ao cinema no Brasil. 

E a democratização do Teatro? 

Sendo mais pertinente: VAMOS DEMOCRATIZAR A CULTURA!!!

A cultura não pode e não deve ser apenas lócus onde as camadas populares entrem apenas para a sua construção física. 

DEVEMOS SER CONSTRUTORES, FAZEDORES E DEMOCRATICAMENTE CONSUMIDORES!!!

Se no carnaval não saímos das cordas, se no cinema só nos cabe a bilheteria ou a lanterna e no teatro só nos resta a brita, o cimento e areia, o tema da redação do ENEM, foi muito pertinente em vários aspectos possíveis! 

CIDADÃO

Tá vendo aquele edifício, moço?
Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição
Era quatro condução
Duas pra ir, duas pra voltar
Hoje depois dele pronto
Olho pra cima e fico tonto
Mas me vem um cidadão
E me diz, desconfiado
Tu tá aí admirado
Ou tá querendo roubar?
Meu domingo tá perdido
Vou pra casa entristecido
Dá vontade de beber
E pra aumentar o meu tédio
Eu nem posso olhar pro prédio
Que eu ajudei a fazer
Tá vendo aquele colégio, moço?
Eu também trabalhei lá
Lá eu quase me arrebento
Fiz a massa, pus cimento
Ajudei a rebocar
Minha filha inocente
Vem pra mim toda contente
Pai, vou me matricular
Mas me diz um cidadão
Criança de pé no chão
Aqui não pode estudar
Essa dor doeu mais forte
Por que é que eu deixei o norte?
Eu me pus a me dizer
Lá a seca castigava
Mas o pouco que eu plantava
Tinha direito a comer
Tá vendo aquela igreja, moço?
Onde o padre diz amém
Pus o sino e o badalo
Enchi minha mão de calo
Lá eu trabalhei também
Lá foi que valeu a pena
Tem quermesse, tem novena
E o padre me deixa entrar
Foi lá que Cristo me disse
Rapaz deixe de tolice
Não se deixe amedrontar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio, fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asa
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio, fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

AFINAL, QUEM DERRAMOU O ÓLEO QUE ATINGE O BRASIL? A PRESSA EM APONTAR CULPADOS, PARECE SER ESTRATÉGIA PARA ENCOBRIR VERDADEIROS CULPADOS!


PF e Marinha tentam identificar responsáveis por derrame no litoral

Por Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil  Brasília

Mais 4 navios gregos são suspeitos pelo vazamento de óleo em praias do Nordeste


Mais quatro navios de bandeira grega, além do Bouboulina, da empresa Delta Tankers, são alvo da investigação que tenta identificar os responsáveis pelo derrame de óleo cru que afeta o litoral nordestino desde o fim de agosto.

Alex Rodrigues, repórter da Agência Brasil - Mais quatro navios de bandeira grega, além do Bouboulina, da empresa Delta Tankers, são alvo da investigação que a Marinha do Brasil e a Polícia Federal (PF) realizam para tentar identificar os responsáveis pelo derrame de óleo cru que, desde o fim de agosto, atingiu o litoral dos nove estados do Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe).

Oficialmente, a Marinha não revela os nomes das cinco embarcações a respeito das quais pediu informações às autoridades marítimas da Grécia, mas, em nota, a Delta Tankers, responsável pelo Boubolina, revelou tratar-se dos navios-tanques Maran Apollo e Maran Libra (da Maran Tankers), Minerva Alexandra (Minerva Marine) e do Cap Pembroke (Euronav), além do Bouboulina.

Na mesma nota, a Delta Tankers informa que recebeu a notificação da Marinha brasileira somente nesta terça-feira (5). A empresa diz ainda que, no documento entregue pelo Ministério de Assuntos Marítimos da Grécia, os cinco navios gregos são tratados como suspeitos de derramamento do óleo que polui praias, mangues e a foz, ou desembocaduras, de rios na costa do Nordeste.

A Delta Tankers nega ter qualquer relação com o óleo encontrado no litoral nordestino e garante que pode comprovar a regularidade de suas operações. A empresa grega afirma que inspecionou os registros gravados por câmeras e sensores existentes no interior do Boubolina e não encontrou nenhum indício de que parte do produto que estava sendo transportado vazou.

“Este material será compartilhado de bom grado com as autoridades brasileiras, caso entrem em contato com a empresa nesta investigação. Até agora, esse contato não foi feito”, afirmou a empresa no comunicado divulgado ontem.

Trinta Suspeitos

A Marinha informou à Agência Brasil que o pedido para notificação dos cinco navios de bandeira grega foi apresentado às autoridades da Grécia no dia 12 de outubro. Segundo a Marinha, as investigações, feitas em conjunto com a Polícia Federal, com o apoio de instituições nacionais e estrangeiras, identificou 30 navios-tanque de várias nacionalidades que navegaram próximo à costa brasileira, na região de onde o óleo pode ter se espalhado. Segundo o Centro de Hidrografia da Marinha, esse ponto inicial fica cerca de 733 quilômetros a leste do estado da Paraíba.

Dos 30 navios-tanques sob investigação, o Bouboulina é apontado como o principal suspeito pelo provável derramamento de óleo. Os investigadores afirmam que, após carregar petróleo bruto na Venezuela, a embarcação grega contornou a costa nordestina brasileira e seguiu viagem rumo a Cingapura e à Malásia, onde teria transferido parte do material para outro navio.

A Delta Tankers confirma que o Bouboulina partiu da Venezuela em 19 de julho, carregado com petróleo, para Melaka, na Malásia, onde descarregou toda a carga embarcada em território venezuelano, “sem qualquer falta”.

Ainda de acordo com a Marinha, os investigadores também avaliaram a hipótese de o óleo ter vazado de um “navio pirata” ou dark ship (embarcação que navega com sistemas de localização desligados), mas imagens de satélite não revelam qualquer movimentação neste sentido.

Fonte:

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

A LEI QUE REGULAMENTA O FUNDEB VENCE EM DEZEMBRO DE 2020. VAMOS ESPERAR VENCER PARA LUTAR? OU SE ANTECIPAR E GARANTIR SUA CONTINUIDADE?

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Os desafios para a manutenção do Fundeb como política permanente de financiamento da educação básica e o aumento da contribuição da União.


No mês em que se acabou de comemorar o Dia dos Professores, uma pauta é imprescindível: o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). O motivo está explícito em seu nome. A valorização docente está diretamente ligada à ampliação de recursos federais no fundo. Pelo menos 60% do valor recebido pelo Fundeb devem ser utilizados na remuneração dos profissionais do magistério da educação básica pública, ao passo que o restante é aplicado no desenvolvimento do setor. A questão é que, como já noticiado inclusive pela própria Carta Capital, o Fundeb, que entrou em vigor em 2007, perde sua validade em 2020, tornando, portanto, sua revisão não apenas necessária, como urgente.
A Carta Capital também já noticiou que tanto na Câmara quanto no Senado tramitam propostas de emenda à Constituição para renovar o fundo e torná-lo permanente. Há divergências, contudo, nos caminhos a seguir, sobretudo no que diz respeito à complementação da União. Uma das matérias propõe o aumento dessa complementação de 10% para 40% no período de 11 anos. Outra defende uma ampliação menor — para 30% —, mas também em prazo mais curto — três anos. Já uma terceira prevê um salto inicial para 15% e uma progressão até 30% no prazo de uma década.
O ministro da Educação, Abraham Weintraub e a equipe econômica do governo não querem que o Fundeb continue existindo e muito menos que se torne permanente. Menos ainda que seja ampliada a contribuição da União no Fundo, mesmo que de forma progressiva em dez anos. O baixo investimento, entretanto, não é o único problema de um governo que já demonstrou por diversas vezes (e continua demonstrando sistematicamente) não ter qualquer compromisso com a educação, sobretudo com a educação pública, gratuita e de qualidade socialmente referenciada. É preciso não perder de vista que se trata de uma administração eminentemente privatista. E que, como tal, não se acanhará em dar ouvidos às vozes que, perniciosamente, já defendem que o fundo seja destinado também às escolas privadas.
O argumento falacioso desse grupo é que a concorrência supostamente estimula a eficiência. E de que o Estado deve financiar não a escola, mas o estudante, estabelecendo uma competição entre instituições públicas e privadas por dinheiro público (como no caso da adoção de vouchers no Chile, modelo que chegou a ser defendido pelo governo Bolsonaro para ser implementado no Brasil). Essa interpretação enviesada dos resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) não é só um equívoco, mas uma manipulação de dados para servir aos interesses do setor privado, que está mobilizado e já apresentou emenda às PECs que tramitam tanto no Senado quanto na Câmara.
Não é de hoje que a o setor privado se coloca em disputa com a educação pública e, por isso mesmo, constantemente atua no sentido de não permitir o fortalecimento da escola pública e gratuita e de impedir sua universalização. Já apontamos esse fato aqui mesmo na Carta Capital, no artigo “Os ataques privatistas à educação”, mostrando como essa atuação, que se dá tanto no âmbito político quanto no econômico, coloca-se fortemente contra a regulamentação do ensino privado e contra a fiscalização do Estado, embora, em contrapartida, o setor não hesite em continuar a receber — e a brigar por — subsídios e outros aportes de verbas públicas. Essa situação cresceu bastante no Ensino Superior ao longo destas duas décadas do século XXI e a recente controvérsia entre o ministro da Educação e os empresários do ensino privado acerca do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) evidencia como o setor não está disposto a abrir mão de recursos públicos.
Acontece que a frase de Weintraub aos empresários — “Vocês têm que se virar” — não passa de bravata. Se não for via Fies, será via Future-se, será via autorregulamentação (como defendido pelo ministro), será via sucateamento das universidades federais… E será via educação básica. Não é por acaso que a Vasta Educação, um dos braços da Cogna — a holding em que se transformou a Kroton — vai oferecer serviços de gestão para as escolas e material didático, incluindo eventual participação em licitações públicas. E a proposta do novo Fundeb pode ser a chance de essas empresas abocanharem recursos públicos ainda mais facilmente.
A manutenção do Fundeb é fundamental. Sua transformação em política permanente também. É preciso, porém, que nossa defesa do fundo seja acompanhada de uma defesa intransigente do dinheiro público para a educação pública e gratuita e de um olhar atento, de denúncia, sobre os interesses sub-reptícios dos privatistas.
Este texto não reflete necessariamente a opinião de CartaCapital.

Coordenadora da Secretaria-Geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino — Contee e diretora da Faculdade de Educação da PUC-SP

Carta Capital

FUNDEB


  Presidência da República

Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos



Regulamenta o Fundo  de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação - FUNDEB, de que trata o art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; altera a Lei n 10.195, de 14 de fevereiro de 2001; revoga dispositivos das Leis n os 9.424, de 24 de dezembro de 1996, 10.880, de 9 de junho de 2004, e 10.845, de 5 de março de 2004; e dá outras providências.

Art. 48.  Os Fundos terão vigência até 31 de dezembro de 2020.

domingo, 3 de novembro de 2019

SOBRE OS SURTOS NEOFASCISTAS E A COVARDIA




Dilma Rousseff

Ninguém, dos órgãos de imprensa, pode se declarar surpreendido pela manifestação do deputado Eduardo Bolsonaro a favor do AI-5. Na verdade, ninguém pode se surpreender porque já houve seguidas manifestações contra a democracia por parte da família Bolsonaro. Defenderam a ditadura militar e, portanto, o AI-5; reverenciaram regimes totalitários e ditadores; homenagearam o torturador e a tortura; confraternizaram com milicianos. Desde sempre pensaram e agiram a favor do retrocesso. Antes das eleições não havia duvidas a respeito. Durante as eleições e depois dela, muito menos, pois têm se expressado contra a democracia e os princípios civilizatórios em todas as oportunidades que tiveram.

O grave é que nunca receberam da imprensa a oposição enérgica que mereciam. Ao contrário, acredito que a imprensa fez vista grossa ao crescimento do neofascismo bolsonarista, porque este adotara a agenda neoliberal. É que, além das pautas neofascistas, a extrema direita defende a retirada de direitos e de garantias ao trabalho e à aposentadoria; as privatizações desnacionalizantes das empresas públicas e da educação universitária e a suspensão da fiscalização e da proteção ambiental à Amazônia e às populações indígenas. Não é possível alegar surpresa ou se estarrecer diante da defesa do AI-5. Na verdade, em prol da realização da agenda neoliberal, na melhor hipótese se auto iludiram, acreditando que poderiam cooptar ou moderar Bolsonaro.

Mas a defesa do AI-5 e da ditadura sempre esteve lá.

Vamos novamente lembrar, o chamado filho 03, que agora diz que considera o AI-5 necessário, é o mesmo que, há algum tempo, disse que “um soldado e um cabo” bastavam para fechar o STF. Óbvio que sem o poder coercitivo de um AI-5, isto nunca seria possível.

O presidente, então ainda deputado, proferiu no plenário da Câmara um voto em que homenageou um dos mais notórios e sanguinários torturadores do regime militar. Aquele coronel só agiu com tal brutalidade contra os opositores do regime militar porque estava protegido pelo AI-5.

Jair Bolsonaro afirmou em entrevista que a ditadura militar cometeu poucos assassinatos de opositores políticos. E que os militares deviam ter matado “pelo menos uns 30 mil”. Também afirmou, na campanha do ano passado, que, se vencesse a eleição, só restariam dois caminhos aos petistas – o exílio ou a prisão – e de que maneira isto seria possível sem a força brutal de um ato institucional como o AI-5?

É estranho que me perguntem o que eu acho da última declaração sobre o AI-5, pois a minha vida toda lutei, e continuo lutando, contra o AI-5, seus assemelhados e seus defensores. O Estadão, que me faz esta pergunta, também deve e precisa responder, pois sua posição editorial tem sido, diga-se com muita gentileza, no mínimo ambígua diante da ascensão da extrema direita no País.

Quem nunca questionou as ameaças da família Bolsonaro com a firmeza necessária e que, em nome de uma oposição cega, covarde e irracional ao PT, se omitiu diante do crescimento do ódio e da extrema-direita, tornou-se cúmplice da defesa canhestra do autoritarismo neofascista.

Fonte:

ETIÓPIA OU BOTSUANA???? NÃO IMPORTA DE QUAL PARTE VEIO. VEIO DA ÁFRICA! ISSO É O QUE NOS IMPORTA!


A polêmica por trás do estudo que indica Botsuana como berço da humanidade.

Um artigo publicado na revista Nature na última segunda-feira (29) está dando o que falar entre especialistas da comunidade científica. O estudo indica o sul da África como o local exato do surgimento da humanidade — e muitos outros cientistas acreditam que, com as informações que temos hoje, não é possível tirar conclusões tão precisas assim.

Vanessa Hayes, da Universidade de Sidney, na Austrália, liderou uma equipe de especialistas que analisou o código genético 1217 pessoas da África Meridional (a parte sul do continente) e criou uma árvore genealógica. Cruzando esses dados com informações de outros estudos, os cientistas concluíram que os humanos modernos se originaram nas zonas úmidas em Makgadikgadi, no nordeste de Botsuana.

"Já ficou claro há algum tempo que humanos anatomicamente modernos apareceram na África cerca de 200 mil anos atrás. Há muito se debate a localização exata desse surgimento e a subsequente dispersão de nossos ancestrais mais antigos", afirmou a especialista, em comunicado à imprensa.

Os especialistas explicam que analisaram o DNA mitocondrial das células dos voluntários. Essa organela é transmitida diretamente da mãe para o bebê. Isso significa que, seguindo a "linhagem" genética, é possível descobrir as origens de alguém baseando-se apenas nessa informação.

Para fazer isso, os estudiosos mesclaram 198 mitogenomas (DNAs mitocondriais) atuais com informações genéticas da primeira linhagem conhecida de humanos modernos, a L0. "Isso nos permitiu refinar a árvore evolutiva de nossos primeiros ramos ancestrais melhor do que nunca”, explicou Eva Chan, do Garvan Institute of Medical Research, que liderou as análises filogenéticas.

Foi relacionando essas descobertas com as evidências geológicas, arqueológicas e fósseis existentes que os especialistas concluíram que a origem dos humanos modernos se deu em algum lugar próximo do Lago Makgadikgadi. “O lago havia começado a drenar devido a mudanças nas placas tectônicas subjacentes. Isso criaria um vasto pantanal, conhecido por ser um dos ecossistemas mais produtivos para sustentar a vida”, observa o geologista Andy Moore, que também participou do estudo.

Migrações

Segundo o artigo publicado na Nature, o clima da região possibilitou que a humanidade prosperasse ali por cerca de 70 mil anos, quando ondas de migração tiveram início. “Os primeiros migrantes se aventuraram no nordeste, seguidos por uma segunda onda de migrantes que viajaram para o sudoeste. Uma terceira população permaneceu na terra natal [e está lá] até hoje", explicou Hayes.
Enquanto os autores especulam que os habitantes da região permaneceram lá porque conseguiram de adaptar, eles não sabem ao certo por que uma parte dos nossos ancestrais resolveu migrar. Axel Timmermann, da Universidade Nacional de Busan, na Coreia do Sul, acredita que isso ocorreu por conta de mudanças climáticas.

De acordo com Timmermann, que também fez parte da nova pesquisa, a lenta oscilação do eixo da Terra altera a radiação solar no verão no Hemisfério Sul, o que leva a mudanças periódicas nas chuvas no sul da África. Esse fator teria resultado em mudanças climáticas naquela época, criando um "corredor de vegetação", que viabilizou a vida em outras regiões.

Polêmica

Descobrir o "berço" da humanidade é um sonho dos evolucionistas há muito tempo — e justamente por isso o artigo da Nature está dando o que falar entre outros membros da comunidade científica. Para eles, um estudo que observa apenas uma parcela do DNA de pessoas vivas não é o suficiente para conclusões tão incisivas sobre a origem dos seres humanos modernos.
Em entrevista à revista Science, Aylwyn Scally, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, explica que rastrear apenas o DNA mitocondrial pode gerar muitas imprecisões, pois desconsidera a evolução de fatores genéticos herdados dos pais. Para ele, se isso tivesse sido analisado, as respostas do estudo poderiam ser muito diferentes.

"Estou convencido de que o sul da África é uma área importante para a evolução humana", disse o geneticista, que não fez parte da pesquisa. "[Mas] seria surpreendente se toda a nossa ascendência genética neste momento tivesse surgido de uma pequena região."

Quando questionada sobre isso, Hayes explicou que a equipe escolheu avaliar apenas o DNA mitocondrial porque ele não é alterado durante o desenvolvimento fetal, diferentemente de outros fatores genéticos. "Funciona como uma cápsula do tempo para nossas mães ancestrais. A maioria dos dados sobre os cromossomos Y [masculinos] dos moradores da região desapareceu quando os homens se misturaram com outros grupos", apontou a especialista.

Ainda assim, especialistas como a arqueóloga Eleanor Scerri, do Instituto Max Planck, acredita que o artigo ignora um fator crucial: os registros fósseis e os artefatos arqueológicos encontrados em outras partes do mundo que têm a mesma idade da população que teria surgido em Botsuana. "Esse estudo ignora uma série de evidências que sustentam uma origem mais antiga de nossa espécie", disse a pesquisadora ao The Atlantic.

Carina Schlebusch, geneticista da Universidade de Uppsala, na Suécia, concorda com Scerri. Ela descreveu as alegações da equipe como "exageradas" e disse que os resultados publicados na Nature dizem muito pouco sobre as origens da humanidade como um todo. "A pesquisa só nos fala sobre a origem de uma parte muito pequena do genoma humano e nada mais”, afirmou ao The Atlantic.

Resto do mundo

Os protestos dos especialistas que não fizeram parte do estudo fazem sentido, principalmente considerando descobertas arqueológicas recentes. Em 2017, por exemplo, ossos de 315 mil anos foram encontrados no Marrocos.
Pouco tempo depois, um maxilar de 180 mil anos foi encontrado na caverna Misliya, em Israel. Para os pesquisadores que participaram da descoberta, isso indica que os seres humanos saíram da África muito antes do que imaginávamos.

Uma descoberta de 2019 corrobora a hipótese: restos mortais de um Homo Sapiens de 210 mil anos foram encontrados na Grécia, sugerindo que a espécie de espalhou muito antes do que no período proposto pela equipe de Hayes.

Para Eleanor Scerri, é impossível basear toda a história da humanidade em respostas genéticas, pois elas "representam uma pequena fração da ancestralidade humana", disse em entrevista. "Reconstruir nossa ancestralidade profunda com DNA mitocondrial é como tentar reconstruir um idioma inteiro a partir de algumas palavras."

Passado conturbado

Essa não é a primeira vez que um estudo de Vanessa Hayes é questionado. Em 2010, ela publicou o genoma completo de quatro anciões da Namíbia, em uma tentativa de aumentar a representação do sul da África na pesquisa genética. Entretanto, uma ONG chamada Grupo de Trabalho de Minorias Indígenas na África Austral (WIMSA, na sigla em inglês) acusou sua equipe de "arrogância absoluta, ignorância e miopia cultural".
Enquanto a equipe de Hayes se defendeu dizendo que os homens haviam consentido o uso de seu DNA, os ativistas questionaram a eficácia desse consentimento e acusaram a equipe de usar termos pejorativos em seu estudo.


sexta-feira, 1 de novembro de 2019

JOSÉ MUJICA PREVÊ SEGUNDO TURNO DURO PARA A ESQUERDA NO URUGUAI


Ex-presidente admite dificuldade a brasileiros. Frente Ampla encara fadiga de 15 anos no poder e união de direita e extrema-direita


O ex-presidente uruguaio José Mujica (Rubens Fraulini/Itaipu Binacional)
O EX-PRESIDENTE URUGUAIO JOSÉ MUJICA (RUBENS FRAULINI/ITAIPU BINACIONAL)
José Mujica, ex-presidente do Uruguai, recebeu dois brasileiros em casa em 4 de agosto, Carlos Siqueira, presidente do PSB, e Alessandro Molon, chefe da área internacional do partido. O líder de 84 anos estava preocupado. Se a sua Frente Ampla, coalizão de esquerda no poder desde 2005, não vencesse no primeiro turno a eleição de 27 de outubro, ganhar no segundo seria muito difícil.
O candidato da Frente, Daniel Martínez, de 62 anos, ficou na dianteira, com 39% dos votos, mas não levou, pois lá é igual aqui: triunfo em primeiro turno exige metade mais um dos eleitores. E agora irá encarar um turno final, em 24 de novembro, duro como previa Mujica.
Além do desgaste de 15 anos no poder, a Frente terá de enfrentar a união da direita em torno do adversário de Martínez, Luis Lacalle Pou, de 46 anos, do Partido Nacional (blanco). Juntos, os três nomes principais da direita tiveram 50% dos votos: 28% de Pou, 12% de Ernesto Talvi, do Partido Colorado, da direita tradicional, e 10% de Guido Manini Rios, general de extrema-direita.
Pou é filho de um ex-presidente, Luis Alberto Lacalle, que comandou o Uruguai de 1990 a 1995 (lá os mandatos são de cinco anos, sem possibilidade de reeleição). Alberto Lacalle foi um dos cabeças do que um ex-deputado da República Dominicana, Manolo Pichardo, chama de “plano Atlanta”. Uma articulação de líderes direitistas na América Latina para sabotar líderes progressistas.
CartaCapital contou em janeiro de 2018 a história desse “plano”. Em 2012, houve uma reunião em um hotel na cidade americana de Atlanta, da qual participaram Alberto Lacalle e Pichardo, entre outros. Ali, o uruguaio disse, segundo Pichardo, que “como não podemos ganhar desses comunistas pela via eleitoral, compartilho o que segue”. E o que se seguiu foi o roteiro a seguir.
Para derrotar a esquerda na América Latina, era preciso desmoralizar seus líderes com acusações de corrupção, inclusive a familiares, e ataques ao comportamento privado deles. A mídia seria aliada, nomes de meios de comunicação foram citados. Depois, era converter os escândalos em processos judiciais que acabassem com a carreira dos rivais.
Lula, Cristina Kirchnner (Argentina) e Rafael Correa (Equador) parecem terem sido alvos de tal “plano”.
Hipótese à parte, a presença da extrema-direita como ator eleitoral é uma novidade no Uruguai desde o fim da ditadura militar que vigorou de 1973 a 1985. Desde então, a direita tradicional (blancos e colorados) sempre se alternou no poder, até o triunfo da Frente Ampla, em 2005.
O extremista Rios, de 60 anos, foi chefe do Exército no atual governo. Foi demitido pelo presidente Tabaré Vázquez, da Frente, em março de 2019, devido a uma série de declarações contrárias ao governo. Seis meses antes, em setembro de 2018, havia sido punido com 30 dias de cadeia por falar publicamente contra a reforma da Previdência dos militares defendida por Vázquez.
A presença do general deu peso ao tema “segurança pública” na eleição. Além de votarem para presidente e parlamentares, os uruguaios decidiram ainda um plebiscito sobre mudar a Constituição para criar uma guarda nacional, formada por militares, que patrulhasse as ruas. A proposta, chamada “viver sem medo”, teve 46% dos votos. Precisava de 50% para ser aprovada.
A derrota da proposta no plebiscito é tida pela Frente Ampla como uma vitória em meio às dificuldades gerais. Dos 2,6 milhões de eleitores, 90% votaram em 27 de outubro, participação elevada a sinalizar desejo de mudança no governo por parte da população. Outro sinal ruim: a Frente perdeu a maioria na Câmara dos Deputados. Elegeu 42 de um total de 99 vagas.
E não é que a vida dos uruguaios tenha piorado durante a hegemonia da Frente Ampla. Durante esse governo de esquerda, o PIB per capita triplicou. Era de 5,2 mil dólares anuais em 2005 (cerca de 1,7 mil reais por mês em valores de hoje) e em 2018 estava em cerca de 16 mil dólares anuais (cerca de 5,3 mil reais por mês).
Segundo analistas uruguaios, para ganhar mais uma vez, a Frente Ampla terá de convencer parte do eleitorado que as conquistas obtidas nos últimos 15 anos não terão sua continuidade garantida, em caso de vitória da direita. “Temos um mês para trabalhar em cima da rejeição a Lacalle Pou e a seus aliados da extrema-direita”, diz uma fonte da Frente Ampla.
Fonte:

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

EQUADOR - CRISE E PETRÓLEO. ENTENDER AS CRISES É O MELHOR REMÉDIO PARA SE PREVENIR DELAS!



Um país rico em petróleo, mas muito endividado, o Equador acaba de lançar reformas que provocaram uma alta dos preços do combustível e deflagraram os maiores protestos do país em décadas.
Veja abaixo algumas das características deste país de 17,3 milhões de habitantes, de maioria católica:
- Instabilidade -
Outrora parte do império inca, o Equador foi governado pela Espanha até 1822, quando integrou a Grande Colômbia liderada pelo herói da independência sul-americana, Simón Bolívar.
Após se tornar uma república independente em 1830, o país ficou nas mãos de uma ditadura militar entre 1972 e 1979, quando voltou à democracia.
O Estado sofreu um período de instabilidade entre 1997 e 2005, durante o qual três presidentes foram destituídos após enormes protestos.
- Esquerda no poder -
A eleição em 2006 do economista de esquerda Rafael Correa trouxe uma década de calma. O mandatário foi reeleito uma primeira vez em 2009, após a aprovação de uma Constituição que reforçou o controle estatal sobre a economia, e novamente em 2013.
Em 2012, concedeu asilo ao australiano Julian Assange, responsável pelo WikiLeaks, acolhendo-o na embaixada do país em Londres.
O sucessor de Correa em 2017 foi seu ex-vice Lenín Moreno (2007-2013).
Correa e ele se confrontaram pouco depois de sua posse e, em 2018, Moreno convocou um referendo que impôs um limite de mandatos presidenciais, impedindo assim o retorno de seu antecessor à Presidência.
Investigado em vários processos em seu país, um deles por sequestro, Correa vive na Bélgica desde 2017.
Em abril de 2019, Moreno retirou o asilo de Assange.
- Queda dos lucros com petróleo -
O Equador é o maior exportador mundial de bananas e um dos principais produtores de café e cacau.
Também tem reservas de 4 bilhões de barris de petróleo. Em agosto de 2019, sua produção foi de mais de 500 mil barris por dia.
Em 1º de outubro, anunciou sua saída da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) no começo de 2020, devido a problemas financeiros.
O país já tinha deixado a Opep em 1992. À época, alegou que o cartel prejudicava sua economia, ao se negar a ampliar sua cota de produção. Voltou a integrar a organização em 2007.
A exploração do petróleo estimulou o crescimento equatoriano, reduzindo a pobreza e a desigualdade.
A queda dos preços do petróleo, a alta do dólar - a economia do país é dolarizada desde 2000 - e a desvalorização das moedas de países vizinhos reduziram, porém, a receita do Equador.
Em março, o país recorreu ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para obter um empréstimo de 4,2 bilhões de dólares em troca de reformas econômicas em um período de três anos.
Como parte do acordo, o governo anunciou o fim de um subsídio para combustíveis, o que levou a uma alta dos preços de 123% e foi o detonador de protestos que levaram Moreno a declarar estado de emergência em 3 de outubro.
- Vulcões, florestas -
Situado à margem do oceano Pacífico, o Equador inclui as ilhas Galápagos, declaradas patrimônio da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
O país se encontra em uma zona de alta atividade sísmica, com cerca de 100 vulcões distribuídos ao longo da Cordilheira dos Andes. Em 2016, um terremoto de 7,8 graus de magnitude matou 673 pessoas.
A floresta amazônica cobre parte do Equador e é lar de povos indígenas - entre eles, os waorani - ameaçados pela exploração dos recursos petroleiros na região.
Fonte:

YAHOO NOTÍCIAS