A matéria abaixo foi copiada de um grupo de WhatsApp e posteriormente confirmei na revista Valor Econômico.
As pessoas ainda continuando achando que o presidente é um estúpido, ignorante, fanfarrão. Esqueceram que com todas essas qualidades ganhou a eleição. O que mostra que de onde menos se espera é que sairá algo mesmo!
Ele vem desde sempre dizendo que não irá entregar o poder. Não à toa, vem mobilizando seus seguidores para essa ação em 2022.
Ele ganhou a eleição em 2018. E já deixa claro a todo momento que nem esse resultado ele aceita. Ou seja: ganhou, levou, está governando e não aceita o resultado da sua vitória. Quer melhor demonstração de desejo por um governo autoritário?
A sociedade precisa ir mais nos livros de história e perceber como esses fatos são prelúdio de outros que estão sendo gestados para em 2022, NÃO ACEITAR QUALQUER QUE SEJA O RESULTADO. Inclusive a vitória dele.
Se a sociedade quer pagar para ver, verá! E a visão pode não ser a das melhores!
FICA O ALERTA!
“Rancor de militares terá frutos contra Bolsonaro"
Um dos poucos analistas a afirmar que Jair Bolsonaro (sem partido) não estava acuado na crise militar que levou à demissão dos três comandantes das Forças Armadas, no fim de março, o professor titular de história da UFRJ, Francisco Teixeira, encontra no vocabulário dos economistas que lecionam em MBAs a melhor expressão para definir a nova turbulência, ocorrida na quinta-feira do Corpus Christi. Em sua opinião, a decisão do comandante do Exército, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, de não punir o general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, por ter participado de manifestação política em favor do presidente da República, é um “fato portador de futuro”. Ou seja, é um marco que “terá consequências que irão se multiplicar” na relação entre Bolsonaro e os militares. Desta vez, apesar da aparente vitória, Teixeira vê problemas à frente para o ocupante do Planalto. “Não foi bom para a democracia, mas diria que não é para os bolsonaristas comemorarem”, afirma.
Especialista em militarismo e acostumado a ter generais da ativa e da reserva como interlocutores, Teixeira afirma que livrar Pazuello de punição “abriu uma brecha enorme para o bolsonarismo” fomentar a politização, a indisciplina e a anarquia nos quartéis. O episódio, diz, deixou os integrantes da cúpula do Exército “perplexos”. “Mas também gerou um sentimento de rancor e de humilhação que terá frutos”, pondera. “Há uma forte contrariedade tanto da ativa quanto da reserva, que expressaram seu desagrado porque eles consideravam que essa questão deveria ter sido resolvida no âmbito próprio deles, segundo as regras que proíbem manifestação política pelos militares”, afirma Teixeira, ex-professor na Escola Superior de Guerra (ESG) e na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme), onde foi orientador de dissertações de mestrado e teses de doutorado defendidas por militares.
No Alto Comando do Exército, diz, a preocupação agora é acima de tudo com a possibilidade de que cabos e sargentos passem a querer expressar suas opiniões políticas em redes sociais. Mas se Pazuello não foi punido, por uma questão estratégica, “alguém, em algum momento, vai ser a gota d’água” para servir de exemplo, prevê Teixeira. O objetivo principal do comandante do Exército foi o de “não fazer o jogo do bolsonarismo” e não dar motivo ao presidente para desautorizá-lo ou exonerá-lo, criando uma nova crise como a de dois meses atrás. “Foi uma escolha entre o pior e o muito, muito ruim. Foi uma decisão pragmática para evitar nova demissão e furar o balão dessa conspiração”, resume o professor, ex-presidente do Instituto Brasileiro de Estudos em Defesa Pandiá Calógeras, órgão de assessoramento do Ministério da Defesa.
Teixeira reconhece que o general Paulo Sérgio, o Exército e a democracia não saem bem do episódio, mas é preciso lembrar que o comandante não foi a escolha que Bolsonaro queria para o posto, depois de demitir o antecessor, general Edson Pujol. Nesse sentido, a cúpula do Exército se preservou como um anteparo a novas investidas, mas estaria atenta mesmo que venha a ocorrer nova troca de comandante. “Agora eles sabem perfeitamente com quem eles estão lidando. Os próximos comandantes estão avisados de que poderão ser eles a receber essa punhalada pelas costas do presidente”, diz.
Com o ressentimento gerado pela nova crise, o Alto Comando guardaria energia para responder a Bolsonaro num momento mais adequado. “Isso vai iluminar todo o horizonte daqui em diante e particularmente em dois sentidos: essa coisa que é intolerável para os militares, esses atos, a indisciplina, a atuação, principalmente das polícias militares, e essa insistência do Bolsonaro de que as eleições vão ser fraudadas. Eles estarão muito atentos”, afirma.
Para Teixeira, as Forças Armadas não são os atores mais centrais de um eventual plano de subversão da ordem constitucional a ser deslanchado por Bolsonaro. “Estamos tratando essa crise olhando pelo retrovisor. O modelo de Bolsonaro não é o Brasil de 1964, é a Bolívia de 2019 e a invasão do Capitólio de Washington, em 2021”, afirma, numa referência a tentativas de golpes baseadas na atuação ou na inação das polícias.
Para Teixeira, mais do que uma quartelada ao estilo clássico, com tanques na rua, o presidente trabalha para corroer a unidade dos militares para que eles não o atrapalhem em seu projeto autoritário, de não aceitar o resultado eleitoral em caso de derrota em 2022. Bolsonaro, diz, mira o exemplo do ex-presidente americano Donald Trump, cuja insurreição foi impedida graças, sobretudo, à força dos governadores.
“Esse é o mapa. O Bolsonaro não precisa que as Forças Armadas deem o golpe. Precisa que elas fiquem no quartel. Para criar o tumulto, ele vai utilizar as polícias militares, para que, com sua extrema violência e truculência, derrubem os governadores, massacrem a população, impeçam as manifestações e mandem o cabo e o soldado ao Supremo Tribunal Federal. Por isso digo que os intelectuais estão olhando o futuro com espelho retrovisor. Agora o modelo é o golpe pelas polícias e pelas milícias”, diz, citando ainda o caso boliviano, em que a vitória do então presidente Evo Morales foi contestada por opositores cujos protestos deixaram de ser reprimidos pela polícia.
No Brasil, lembra Teixeira, Bolsonaro cultiva laços com mais de 430 mil policiais militares e cerca de 350 mil guardas de vigilância privada - “a maioria tremendamente bolsonarista”. “São quase 800 mil homens. Esse é o exército miliciano do Bolsonaro. Ele é funcional, conhece cada rua, beco e viela no Brasil. O Exército das Forças Armadas tem mais de 300 mil homens, dos quais apenas 70 mil com capacidade de mobilização imediata”, diz.
O especialista diz que o motim de policiais militares no Ceará, no ano passado, e a repressão da tropa de choque da PM de Pernambuco aos manifestantes que protestavam contra o presidente, no Recife, no dia 29, são prévias do que pode acontecer nas eleições de 2022. “A todo momento estamos vendo-o anunciar o golpe aos quatro campos da nação. Todo mundo está vendo isso. Ele já está dizendo que vai ter fraude e não vai aceitar. O mais grave é que ele está anunciando o golpe e a metodologia do golpe. A cada momento ele faz um ensaio geral”.
Valor Globo