terça-feira, 14 de setembro de 2021

LAWFARE: UMA NOVA MODALIDADEDE GUERRA. SEM ARMAS DE FOGO: SUAS ARMAS SÃO APENAS COMPUTADOR, IMPRESSORA E PAPEL. AUXILIADOS PELA INTERNET E AS MÍDIAS.

  
Guerra no século XX
              
                                                             Guerra no século XXI

Alguém certamente havia caluniado Josef K, pois uma manhã ele foi detido sem ter feito mal algum”.

(O Processo. Franz Kafka)

O que é Lawfare? 

A etimologia do termo vem da junção das palavras “law” (lei) e “warfare” (guerra), a significar guerra jurídica.

Originalmente:

Lawfare significa o uso da lei como uma arma de guerra. Esta definição foi cunhada pelo Major General Charles Dunlap. Lawfare denota o abuso de leis ocidentais e sistemas judiciais para alcançar fins militares estratégicos ou políticos. Lawfare é inerentemente negativo. Não é uma coisa boa. É o oposto de perseguir a justiça. É arquivar processos ou inutilizar processos legais para intimidar e frustrar oponentes no teatro da guerra. Lawfare é o novo campo de batalha legal.” (2)

Lawfare como locução popularizou-se e alargou-se para abranger outros contextos que não apenas àqueles bélicos. E assim, em hodierna acepção, Lawfare:

“é uma arma destinada a destruir o inimigo, utilizando, mal utilizando, e abusando do sistema legal e da mídia, em vistas de conseguir o clamor público contra o inimigo.” (3)

A lei por conseguinte, torna-se forte instrumento na tentativa de destruir o outro, sobretudo por motivações políticas. O aspecto da legalidade – sistema judicial – dissimula a ilegal intenção e as arbitrariedades, prestando-se para tornar a vítima perseguida mais ainda indefensável, mormente porque isolada e estigmatizada por demais observadores, crentes da imparcialidade e correção do Poder Judiciário/Justiça.

Nesse sentido, uma característica fundamental da Lawfare seria o uso de acusações sem materialidade, incluindo-se também, entre suas manifestações, as seguintes:

– Manipulação do sistema legal, com aparência de legalidade, para fins políticos;

– Instauração de processos judiciais sem qualquer mérito;

– Abuso de direito, com o intuito de prejudicar a reputação de um adversário;

– Promoção de ações judiciais para desacreditar o oponente;

– Tentativa de influenciar opinião pública com utilização da lei para obter publicidade negativa;

– Judicialização da política: a lei como instrumento para conectar meios e fins políticos;

– Promoção de desilusão popular;

– Crítica àqueles que usam o direito internacional e os processos judiciais para fazer reivindicações contra o Estado;

– Utilização do direito como forma de constranger o adversário;

– Bloqueio e retaliação das tentativas dos adversários de fazer uso de procedimentos e normas legais disponíveis para defender seus direitos.

Acosso por meio de investigações policiais e processo penal carentes de tipicidade penal e do mínimo de provas de conduta de autoria ou participação em delitos, humilhação midiática, evidente comportamento antiético em relação à vítima perfaz grave e irreparável afronta ao acossado mas igualmente, à Constituição da República e ao Estado Democrático de Direito.

Não se pode olvidar que o Estado Democrático de Direito é conquista recente banhada em sangue.

O punitivismo como espetáculo depõe contra seus defensores que confundem autoridade e autoritarismo, moralidade e direito, criminologia midiática e liberdade de imprensa/expressão, indignação e imbecilidade, devido processo legal e politização do judiciário, delação premiada e direito ao silêncio, ilação e convicção, 2ª. Instância e trânsito em julgado, presunção de inocência e presunção de culpa, sistema recursal e patologia protelatória, competência e suspeição, inimigo e cidadão.

Assim, caríssimos leitores, em tempos tão sombrios de Lawfare, questionem cada notícia veiculada, cada cobertura midiática; indaguem cada argumento plasmado; critiquem cada justificativa adequada; desconfiem de cada procedimento legal, de cada interpretação jurisprudencial…repensem valores, não tenham certezas, desafiem-se!

Afinal, o Direito somente legitima-se quando solução para proteção de direitos, exercício da liberdade e paz.

Referências:

(1) Disponível em: http://justificando.cartacapital.com.br/2016/11/17/lawfare-representa-o-uso-indevido-dos-recursos-juridicos-para-fins-de-perseguicao-politica/ Acesso em: 09 abr. 2018.
(2) Disponível em: https://thelawfareproject.org/lawfare/what-is-lawfare-1/ Acesso em: 09 abr. 2018.
(3) Tiefenbrun, S. Semiotic Denifition of Lawfare. 43 Case W. Res. J. Int’l L. 29, 60 (2010). Tradução livre. Do original: “Lawfare is a weapon designed to destroy the enemy by using, misusing, and abusing the legal system ant the media in order raise public outcry against the enemy.”
(4) Disponível em: http://www.vermelho.org.br/noticia/288145-1 Acesso em: 09 abr. 2018.

Texto de: Ivanira Pancheri

Ivanira Pancheri é Articulista do Estado de Direito, Pós-Doutoranda em Direito Penal pela Universidade de São Paulo (2015). Graduada em Direito pela Universidade de São Paulo (1993). Mestrado em Direito Processual Penal pela Universidade de São Paulo (2000). Pós-Graduação lato sensu em Direito Ambiental pela Faculdades Metropolitanas Unidas (2009). Doutorado em Direito Penal pela Universidade de São Paulo (2013). Atualmente é advogada – Procuradoria Geral do Estado de São Paulo. Esteve à frente do Sindicato dos Procuradores do Estado, das Autarquias, das Fundações e das Universidades Públicas do Estado de São Paulo. Participa em bancas examinadoras da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo como Professora Convidada. Autora de artigos e publicações em revistas especializadas na área do Direito. Tem experiência na área de Direito, com ênfase em Direito Penal, Processual Penal, Ambiental e Biodireito.

Fonte: 

sábado, 11 de setembro de 2021

ENTENDA DE UMA VEZ POR TODAS O QUE SÃO AS COMMODITIES E O PORQUÊ DA NOSSA COMIDA(PARA NÓS) NÃO FICAR MAIS BARATA APESAR DOS RECLAMES NACIONAIS.

É desse tipo de plantação que vem o alimento que se transforma em nossa comida

É desse tipo de plantação que vem o alimento que se transforma em nossa comida


É desse tipo de plantação que vem o alimento que se transforma em nossa comida

As commodities são produtos elaborados em larga escala e que funcionam como matéria-prima, possuem qualidade e  características uniformes. Ou seja, não se diferenciam de local para local, nem de produtor para produtor. São exemplos as agrícolas (trigo, milho, açúcar), óleo e minerais (minério de ferro, petróleo, gás natural, metais (ouro, prata alumínio). Os preços das commodities são determinados pelas leis da oferta e da demanda no mercado internacional.

Apesar de muitas pessoas não saberem o que são commodities, elas estão mais presentes em nosso dia a dia do que você pode imaginar. Você, provavelmente, já ouviu falar sobre esse termo nos noticiários. Afinal, não é raro que uma commodity cause algum efeito na nossa Bolsa de Valores.

O que são commodities?

Commodities são produtos que funcionam como matéria-prima. Eles, geralmente, são produzidos em larga escala e podem ser estocados sem perder a qualidade. Dessa forma, o mercado de commodities tem seus preços definidos pela oferta e procura desses materiais primários.

A palavra commodity significa mercadoria, em tradução livre do inglês. Originalmente, o termo commodities era usado para quaisquer tipos de mercadorias. Ao longo do tempo, essa designação passou por algumas mudanças.

Isso aqui não é comida é commodity. Isso é agronegócio!

Outras características das commodities:

  • Grande importância mundial. 
  • Produtos de origem primária.
  • Alto nível de comercialização.
  • Pouca industrialização.
  • Qualidade e traços uniformes de produção.
  • Não há diferenciação de marca.
Por serem produtos consumidos em larga escala e com uma variação de preços considerável, as commodities também são vistas, muitas vezes, como um investimento. Se você já teve curiosidade de saber sobre a Bolsa de Valores alguma vez, você pode ter se esbarrado nesse termo, mesmo sem saber.

Quais são os principais tipos de commodities?

Ao contrário do que muitas pessoas podem pensar, não existe apenas uma categoria de commodity, mas várias delas. Cada um desses tipos tem suas particularidades — por isso, é importante conhecê-las. Veja só:

Agrícolas

Essa categoria é formada por commodities ligadas ao agronegócio. E muitas delas são bastante relevantes para a economia brasileira. Exemplos desse tipo são:

  • Suco de laranja;
  • Milho;
  • Café;
  • Soja;
  • Trigo;
  • Açúcar;
  • Algodão;

Ambientais

Estão relacionadas aos bens produzidos a partir de recursos naturais. São essenciais para a produção agrícola e industrial, assim como:

  • Madeira;
  • Energia (geração);
  • Água;

Minerais

São recursos ligados à energia, minerais e metais diversos. Os exemplos mais comuns do segmento são:

  • Ouro;
  • Petróleo;
  • Etanol;
  • Gás natural;

Financeiras

São títulos emitidos pelo governo e moedas negociadas em vários mercados, como:

  • Euro;
  • Dólar americano;
  • Real;
  • Títulos públicos do governo federal (Tesouro Direto).

Agora que você conhece os tipos de commodities, a seguir vamos apresentar os principais exemplos de produtos brasileiros. No entanto, você já pode começar a pensar no seu futuro, investindo nas principais modalidades do mercado. E, para isso, nada melhor do que aprender com quem realmente entende do assunto. 

Quais são as principais commodities brasileiras?

Como dissemos logo aqui em cima, os produtos do agronegócio estão entre as principais commodities brasileiras. Ainda assim, existem outros bens que influenciam nosso mercado. Entre eles, vale mencionar:

  • Petróleo;
  • Café;
  • Boi Gordo;
  • Suco de Laranja;
  • Minério de Ferro;
  • Soja;
  • Alumínio;

As commodities agrícolas realmente ocupam um lugar de destaque na produção nacional. Isso acontece por conta da abundância de recursos naturais que há no nosso país. Outro ponto que ajuda a explicar esse fator é a extensão do território brasileiro, que nos permite produzir uma boa variedade.

Se somos destaque na exportação dos bens listados acima, entre outros produtos, você já deve imaginar que a nossa economia sofre forte influência do mercado de commodities. Por exemplo: em 2014, havia uma estimativa de que essas essas mercadorias representavam cerca de 65% do valor total das exportações do país. Em 2015, essas exportações corresponderam algo em torno de US$191 bilhões — uma quantia muito expressiva, não acha?

Existe um lado negativo nessas negociações. O Brasil comercializa itens muito consumidos mundialmente — café, milho, etc. —, que em geral se associam a uma alta procura. Porém, ficamos expostos à decisão externa dos preços.


Isso aqui não é comida é commodity. Isso é agronegócio!


Isso aqui não é comida é commodity. Isso é agronegócio!

Apesar de vender as commodities, o país não tem liberdade para precificá-las como bem entender. As vendas, muitas vezes, são feitas por valores menores do que poderiam ter.

Na prática, funciona assim: se a demanda internacional por uma commodity está alta, o preço aumenta e os produtores brasileiros lucram mais. Por outro lado, se ocorre uma crise global, ela se desvaloriza e quem produz acaba se prejudicando.

Isto é, mesmo se estiver bem em sua economia interna, o Brasil pode ser afetado pela crise em outros países. Se a cotação da soja aumentar internacionalmente, é provável que seu preço também suba no mercado interno, por maior que seja a produção brasileira. Nesse cenário, as pessoas que produzem vão preferir exportar em vez de vender para o comércio local.


Fonte de pesquisa: 

No Brasil, são os agricultores familiares e campesinos, indígenas, quilombolas, ribeirinhos, neorruralistas, extrativistas, agrofloresteiros, pescadores e os integrantes dos movimentos sem terra que produzem 70% do que comemos com apenas 25% do orçamento destinado à agricultura no Brasil. E se esse subsídio fosse dividido equitativamente entre a agricultura familiar e o agronegócio? Nenhum especialista sensato pensa que é possível acabar com o agronegócio. Mas é preciso repensar as prioridades do Estado e separar essas duas dinâmicas produtivas tão diferentes.

Diplomatique

A agricultura moderna concentrou-se em aumentar o rendimento, sem, no entanto, conseguir acabar com a fome que, em termos gerais, tem relação com a capacidade de acesso aos alimentos e a promoção de condições de vida dignas.

O sistema agroalimentar moderno produz alguns alimentos mais baratos, mas não são saudáveis. Essa é, na verdade, a grande ironia da união da Monsanto com a Bayer, uma empresa de venenos e outra de medicamentos sintéticos.

Diplomatique série

De toda essa produção agrícola, porém, pouco vai para a mesa dos brasileiros. Em 2017, o Brasil aumentou o volume do produto mais vendido pelo país: soja. Das 115 milhões de toneladas colhidas, 78% foram para a China. A exportação de milho também cresceu. "O milho brasileiro está se consolidando como grande commodity internacional", afirma Geller.

Quando se consideram alimentos consumidos no país, 70% vêm da agricultura familiar, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São pequenos agricultores que plantam para abastecer a família e vendem o que sobra da colheita – como mandioca, feijão, arroz, milho, leite, batata.

Deutsche Welle



sábado, 4 de setembro de 2021

DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA: O CAMINHO DO SABER CIENTÍFICO

Divulgação científica e cultural desempenha um papel de fundamental importância na desmistificação da ciência e na aproximação entre a sociedade e as descobertas científicas”, afirma Antonio José Silva Oliveira, professor titular da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e secretário regional da SBPC-MA em artigo para o Jornal da Ciência.

A divulgação científica e cultural desempenha um papel de fundamental importância na desmistificação da ciência e na aproximação entre a sociedade e as descobertas científicas. No caso do Brasil, muito pouco se conhece sobre a história das atividades de divulgação científica realizadas no país, em épocas mais recuadas. Chega-se mesmo a imaginar que tais atividades não existiram ou que foram insignificantes durante quase todo o período histórico brasileiro, e que, somente no final do século XX, seria possível falar em uma divulgação científica. Podemos conceituar a atividade de divulgação científica como uma atividade complexa em que os conhecimentos científicos e tecnológicos são colocados ao alcance da população na linguagem do grande público para que essa possa utilizá-los nas suas atividades cotidianas e tomadas de decisão que envolvam a família, a comunidade ou a sociedade como um todo.

O Estado do Maranhão possui localização privilegiada, situando-se numa zona de confluência entre as regiões da Amazônia, o cerrado e o semiárido nordestino. Por se tratar de uma região de transição nele podemos encontrar um grande número de biomas tropicais, tais como: floresta tropical úmida, cerrado, manguezal, campos alagados, restinga, floresta tropical seca, campos rupestres, cocais, etc. Essa rica diversidade de biomas faz do Estado do Maranhão um mosaico de ecossistemas influenciando diretamente a cultura local e as atividades produtivas do homem. Não obstante, apesar de possuir uma grande área territorial, localização privilegiada e uma biodiversidade rica e exuberante o Maranhão é um dos estados mais pobre da Federação, possuindo um dos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) mais baixo do Brasil.

Como a maioria de seus municípios estão abaixo da linha da pobreza, assemelhando-se as condições extremas de carência dos países africanos, esse baixo nível de desenvolvimento acaba gerando grandes problemas econômicos, sociais e ambientais, o que acarreta uma baixa escolaridade da população, diminuindo a qualidade de vida dos maranhenses e dificultando o desenvolvimento sustentável do país. Por outro lado, o povo do Maranhão possui uma rica cultura, secular, o que permite enfrentar e ajustar sua sobrevivência aos problemas impostos pelo ambiente e pelo cotidiano. Nesse sentido o desenvolvimento científico e tecnológico, assim como, a inovação é uma das chaves para resolver esses problemas, podendo ser utilizados como fator de inclusão e de transformação social, cabendo às ciências e à divulgação e popularização da ciência a importante missão de criar um cenário alternativo e estruturar novos paradigmas para o seu Desenvolvimento com Ciência e Sustentabilidade. Portanto, é de fundamental importância a oportunidade que se oferece para cada cidadão em adquirir conhecimentos básicos sobre a ciência e seu funcionamento, o qual dará condições de entender o seu entorno, além de ampliar as suas oportunidades no mercado de trabalho e de atuar politicamente como conhecimento de causa, em especial o cidadão e a cidadã do Estado do Maranhão, onde as desigualdades são intensas e os índices de inclusão social estão aquém do que possa sonhar para o mínimo de uma adequada qualidade de vida.

Na busca das atividades que delinearam vasto repertório discursivo sobre a divulgação científica explicitada no texto e a sua relação com a educação não formal, decidimos propor uma iniciativa de publicações no principal jornal de notícias impresso publicado no Jornal o Estado, a coluna Vida Ciência.

A coluna Vida Ciência é uma iniciativa do Laboratório de Divulgação Científica Ilha da Ciência e da Secretaria Regional da SBPC, e seu primeiro número data de maio de 2017, com edições ininterruptas em seus primeiros anos de existência até a presente data. A página Vida Ciência, além da tiragem mensal impressa de 15.000 exemplares para venda e assinantes, é disponibilizada no portal do Jornal O Estado em sua versão de mídia eletrônica e sempre publicada na última semana de cada mês. Os conteúdos dos artigos apresentavam-se com características de difusores da ciência e da educação não-formal. Os artigos são bastante diversificados e atualizados sendo de linguagem para o grande público e com bastante ilustrações. Utilizamos como imagem do Jornal, fotos tiradas de mostras científicas realizadas pelo Laboratório, de pesquisas, de experimentos concebidos e construídos no Ilha da Ciência e de Astros celestes do nosso sistema solar.

Outra reivindicação da comunidade científica seria a inserção na mídia televisiva a apresentação de um quadro semanal de assuntos voltados para a Ciência. Fomos atendidos em parte com a iniciativa de colocar na programação do telejornal Bom dia Mirante uma ação permanente de Divulgação Científica realizada pelo jornalista Soares Júnior com o quadro “Produzindo Ciência”.

No caminho da consolidação da Divulgação Científica em nosso Estado cito a realização de 17 Semanas Nacional de Ciência e Tecnologia (2004-2021) duas Reuniões Anuais (1997-2012) e quatro Regionais da SBPC, a criação da Academia Maranhense de Ciências, criação da Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapema), criação da Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia, fomento da lei que criou a Semana Estadual de Ciência e Tecnologia no estado e várias municipais sempre no intuito de tornar a Ciência um bem popular.

*O artigo reflete exclusivamente a opinião do autor

Jornal da Ciência

TERCEIRO PRÊMIO CAROLINA BORI CIÊNCIA & MULHER DA SBPC ABRE INSCRIÇÕES QUEM FICAM ABERTAS ATÉ 31 DE OUTUBRO.


Edição premia “Mulheres Cientistas”, categoria dedicada a pesquisadoras de instituições nacionais que tenham prestado relevantes contribuições à ciência e tecnologia nacional. SBPC convida Sociedades Afiliadas a enviarem indicações até 31 de outubro.

A terceira edição do Prêmio “Carolina Bori Ciência & Mulher” da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) está com inscrições abertas até o dia 31 de outubro. Este ano, a premiação homenageará as “Mulheres Cientistas”, categoria dedicada às pesquisadoras de instituições nacionais que tenham prestado relevantes contribuições à ciência e à gestão científica, além de terem realizado ações em prol da ciência e da tecnologia nacional. Ao todo serão três vencedoras em cada uma das três grandes áreas do conhecimento: Humanidades; Biológicas e Saúde; e Engenharias, Exatas e Ciências da Terra.

As indicações para a categoria “Mulheres Cientistas” podem ser feitas via Sociedades Científicas Afiliadas à SBPC até o dia 31 de outubro. As inscrições deverão ser devidamente justificadas, com informações como mini-biografia atualizada da candidata (até 500 caracteres, com espaço); currículo atualizado na Plataforma Lattes (http://lattes.cnpq.br); e carta de recomendação fundamentada em evidências que justifiquem o prêmio (até 2.000 caracteres, com espaço).

A seleção da vencedora de cada área será feita por uma comissão julgadora designada pelo Conselho da SBPC, composta por membros da entidade, de sociedades afiliadas, entidades científicas externas e organizações que apoiam a Ciência no País.

As indicações, com a devida documentação, deverão ser enviadas à SBPC, por meio eletrônico, ao e-mail premiocarolinabori@sbpcnet.org.br

O anúncio das premiadas será feito no dia 20 de janeiro de 2022.

Homenagem às cientistas brasileiras

Criado em 2019, o Prêmio “Carolina Bori Ciência & Mulher” é uma homenagem da SBPC às cientistas brasileiras destacadas e às futuras cientistas brasileiras de notório talento, que leva o nome de sua primeira presidente mulher, Carolina Martuscelli Bori. A SBPC – que já teve três mulheres presidentes e hoje a maioria da diretoria é feminina – criou essa premiação por acreditar que homenagear as cientistas brasileiras e incentivar as meninas a se interessarem por este universo é uma ação marcante de sua trajetória histórica, na qual tantas mulheres foram protagonistas do trabalho e de anos de lutas e sucesso na maior sociedade científica do País e da América do Sul.

A cerimônia de premiação ocorre anualmente, alternando duas categorias – “Mulheres Cientistas” e “Meninas na Ciência” -, durante o Simpósio Mulheres e Meninas na Ciência, a ser realizado em 11 de fevereiro, em celebração ao Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, instituído pela Unesco.

Na primeira edição, 25 Sociedades Científicas afiliadas à SBPC indicaram 29 cientistas brasileiras. A escolhida para receber o prêmio na categoria “Mulheres Cientistas” foi Helena Bonciani Nader, professora-titular da Universidade Federal de São Paulo (EPM-Unifesp). Alice Rangel de Paiva Abreu, professora emérita da UFRJ, recebeu a “Menção Honrosa”.

A segunda edição, em 2020, foi dedicada às “Meninas na Ciência”, cujas pesquisas de iniciação científica demonstraram criatividade, boa aplicação do método científico e potencial de contribuição com a ciência no futuro.  A SBPC recebeu indicação de 286 candidatas, oriundas de 18 estados e 70 municípios de todas as regiões do País. Juliana Davoglio Estradioto, formada no curso técnico em Administração do Instituto Federal do Rio Grande (IFRS), foi a vencedora no nível de Ensino Médio. Ela desenvolveu uma membrana biodegradável a partir da casca de noz macadâmia, aproveitamento de resíduos para biossíntese de celulose bacteriana. Já na Graduação, a escolhida foi Raquel Soares Bandeira, graduanda de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), pelo trabalho sobre “Eficácia terapêutica de uma naftoquinona contra a leishmaniose”.

O prêmio ainda concedeu duas menções honrosas para cada nível. Ana Carolina Botelho Lucena, aluna do Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Pará (UFPA), pelo trabalho sobre “A morte como testemunho da vida: família e escravidão nos testamentos do Centro de Memória da Amazônia”, e Nallanda Victoria dos Santos Martins, estudante do Colégio Estadual Doutor Antonio Garcia Filho, Umbaúba (SE), pelo trabalho sobre “Casa de farinha: da mandioca ao bioplástico”, receberão pelo nível Ensino Médio. Em Graduação, as menções honrosas foram para Julia Bondar, estudante de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), pelo trabalho sobre depressão em adolescentes, e Nayara Stefanie Mandarino Silva, graduada em Letras Português e Inglês pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), pelo trabalho sobre “Marquês de Pombal e a Instrução Pública”.

A cerimônia de outorga do prêmio às cientistas contempladas nesta terceira edição será realizada no dia 11 de fevereiro de 2022, durante o evento anual realizado pela SBPC. A princípio, o evento será virtual, se ainda forem necessárias as medidas de distanciamento social para conter a pandemia de coronavírus. Se as condições de segurança sanitária forem restabelecidas, a premiação será presencial, no Salão Nobre do Centro Universitário Maria Antonia da USP, em São Paulo. Independente de ser virtual ou presencial, o evento terá transmissão ao vivo pelo Canal da SBPC no YouTube (@SBPCnet).

Jornal da Ciência


Edital do Concurso

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

O CUSTO DO TABAGISMO: APESAR DA ALTA TAXAÇÃO DE IMPOSTOS NO PRODUTO, O CUSTO DAS SUAS CONSEQUÊNCIAS NA SOCIEDADE É BEM MAIOR QUE O ARRECADADO.

                                               FOTO: ISTOCK... 

Valor arrecadado com impostos pagos pelo setor cobre apenas 10% das perdas sociais e econômicas do país em decorrência do fumo.

Centenas de vidas perdidas diariamente, graves danos econômicos e fortes impactos na saúde pública. Ainda que ao ler tais frases o primeiro pensamento possa remeter à pandemia do novo coronavírus, elas também retratam cirurgicamente o rastro de destruição da indústria do cigarro no Brasil.

Números comprovam que não há exagero em tal afirmação. Segundo o Instituto Nacional do Câncer, 443 pessoas morreram por dia em razão do tabagismo em 2020 no Brasil. As mais de 161 mil mortes evitáveis correspondem a 13% do total de óbitos registrados anualmente.

Além da alta letalidade, os custos dos danos produzidos pelo cigarro na saúde e na economia também são gigantes: 92,73 bilhões de reais, o equivalente a 1,8% de todo PIB brasileiro...

...A instituição brasileira já havia estimado que os impactos do tabagismo custavam 57 bilhões de reais aos cofres públicos em 2015. Ou seja, houve um crescimento de aproximadamente 62% em 5 anos...

Lobby acima de tudo, lucro acima de todos

...Apesar do atual cenário, a política de aumento de preços e impostos sobre produtos do tabaco trouxe ótimos resultados ao Brasil nas últimas décadas, junto com a proibição para fumar em ambientes coletivos, advertências sanitárias e investimento em campanhas e programas para cessação do tabagismo...

...De acordo com a iniciativa liderada pela American Cancer Society, o tabaco responde por 20% do total de mortes globais por câncer, ou seja, um em cada cinco óbitos de pacientes oncológicos é em decorrência do cigarro...

Leia a matéria completa em:

Carta Capital

terça-feira, 31 de agosto de 2021

SBPC REALIZA VIRADA DA INDEPENDÊNCIA NO DIAS 06 E 07 DE SETEMBRO DE 2021

         

O evento, que contará com a participação das Sociedades Afiliadas e Secretarias Regionais da SBPC, será realizado de 6 a 7 setembro

Com o intuito de iniciar as discussões e comemorações dos 200 anos da Independência, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) realiza a “Virada da Independência”, da noite do dia 6 de setembro até o final da tarde do dia 7, quando se completará mais um aniversário do grito do Ipiranga. As atividades online estarão disponíveis no portal da SBPC e no canal da entidade no Youtube.

Uma série de atividades deverá compor a programação, que será divulgada nos próximos dias. Para tanto, as mais de 160 Sociedades Afiliadas foram convidadas a gravar um vídeo com pesquisadores que discutam questões como a ciência pode contribuir para a soberania e independência nacional e se o Brasil é um país soberano e independente.

As Secretarias Regionais da SBPC também foram convidadas a debater questões como se deu a independência em seu Estado ou Região – como foi, o que a marcou, o que merece ser salientado?

Para Renato Janine Ribeiro, presidente da SBPC, a Virada da Independência tem como objetivo consagrar a celebração de algo tão importante que é a Independência. Ele também afirma que será uma ótima oportunidade para deixar claro o papel da ciência, da tecnologia, da inovação, da educação, da cultura, da saúde, do meio ambiente e da inclusão social, que a SBPC defende e apoia, são importantes para construção de um Brasil soberano.

Ribeiro afirma ainda que o evento será uma ótima oportunidade para olharmos para o passado, compreendermos o presente e pensarmos o futuro. “Nós queremos debater o assunto para torná-lo mais conhecido porque para muitas pessoas a ‘Independência’ foi simplesmente o ‘Grito do Ipiranga’, a independência de um país que já se chamava Brasil e que deixou apenas de ser colônia, quando não é verdade. Eram duas colônias – Brasil e Grão-Pará -que se uniram somente após essa independência. 

Sem contar que o Acre só foi incorporado ao Brasil quase 100 anos depois. Por isso, queremos mostrar a construção desse Brasil, resultado de várias batalhas nos mais diferentes lugares, como, por exemplo, a Batalha de Jenipapo (um dos confrontos mais sangrentos da Guerra da Independência do Brasil, em 13 de março de 1823 às margens do rio de mesmo nome na vila de Campo Maior, Piauí), as lutas na Bahia e todos os problemas regenciais. Queremos também abrir uma discussão da construção desse país, dos problemas deixados e o que falta para nos tornarmos totalmente soberanos”, afirma Ribeiro.

As informações atualizadas sobre a programação serão divulgadas pela SBPC no JC Noticias e em suas redes sociais – Facebook, Twitter e Instagram.

SBPC

Jornal da Ciência

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

EVACUAÇÃO DE TALLIN: O DUNKERQUE SOVIÉTICO. таллинский переход начался утром 28...

Tallin atual. Foto: Rotas Turísticas

No final do verão de 1941, a Marinha Soviética viveu um dos dias mais sombrios. Em 28 de agosto, praticamente diante dos olhos das tropas alemãs, que tinham tomado Tallin, a Frota Vermelha do Báltico abandonou o porto da capital da Estónia, com milhares de civis e militares soviéticos, rumo a Leningrado. A travessia terminou com a perda de mais de 50 navios, mas salvando, mais que 13.000, civis, soldados, e marinheiros.


Tallin era a base principal da Frota Soviética do Báltico. A cidade estava bem preparada para repelir ataques do mar e do ar. O elo fraco da sua defesa eram as fortificações em terra, pois ninguém poderia imaginar que um inimigo pudesse cruzar a Lituânia e a Letónia e chegar na Estónia muito rapido.
Mas foi exatamente isso que aconteceu. Já no início de julho, as tropas germanas do grupo de exército norte, entraram em território estónio e, em 7 de agosto, atingiram a costa do golfo da Finlândia, isolando assim por terra a cidade das principais forças do exército vermelho. Mas mesmo nessa situação, o comando soviético não deu a ordem para evacuar Tallin, com a intenção de defendê-la até o final. Apesar de as forças de defesa da cidade serem muito pequenas e consistirem em unidades do 10 o Corpo de Fuzileiros, Marinheiros, NKVD e autodefesa local.



No dia 25 de agosto, a situação era crítica. As tropas soviéticas tinham sido empurradas para a principal linha defensiva nas proximidades de Tallin, e a artilharia alemã podia atingir toda a cidade e o porto com seus projéteis. Os navios da Frota do Báltico podiam agora também atirar no inimigo. Este apoio artilheiro foi muito útil para as tropas que cobriam a tão esperada evacuação da Frota do Báltico, anunciada pelo seu comandante, o vice-almirante Vladimir Tributs, em 27 de agosto.
Tallin atual. Foto: Rotas Turísticas

A subida a bordo das naves durou o dia todo e a noite, e foi realizada em um ambiente de caos e desorganização. Os navios estavam sobrecarregados, não havia espaço a bordo para muitos soldados, marinheiros e civis. A evacuação do material militar era uma quimera: armas máquinas eram simplesmente jogada no mar. Muitas das unidades do exército vermelho que lutavam com o inimigo nas ruas da cidade não conseguiram embarcar. Os alemães capturaram cerca de 11.000 soldados.
Em 28 de agosto, 225 navios da Frota do Báltico organizados em quatro comboios saíram de Tallin e foram para a base naval de Kronstadt na ilha de Kotlin, perto de Leningrado. De acordo com várias estimativas, estavam a bordo cerca de 37.000 pessoas, incluindo militares, civis e dirigentes da Estónia Soviética.
Os comandantes da Frota do Báltico sabiam muito bem que, desde julho, os alemães e os finlandeses estavam minando o golfo da Finlândia, mas não fizeram nada para contrariar esta situação. No final, foram por esses campos de minas marinhas que tiveram que passar, tornando-se a principal causa da tragédia dos navios.


Os comboios se deslocavam com extrema lentidão, seguindo a esteira dos varredores de minas Muitos navios soviéticos, ao serem atacados pela artilharia costeira do inimigo ou por torpedeiros finlandeses, saíam da estreita faixa que tinha sido limpa de minas, e atingiam um desses dispositivos e afundavam em poucos minutos.
A lenta massa de navios se tornou um excelente alvo para os aviões da Luftwaffe, que disparavam como se aquilo fosse uma prática de tiro. Mesmo que os pilotos alemães não conseguissem afundar um navio sozinho, o navio, ao ser danificado, muitas vezes desviava do seu curso e detonava uma mina.

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Não havia aviação soviética no céu. A evacuação ocorreu quando todos os aeródromos próximos de Tallin tinham sido destruídos. Os caças soviéticos só conseguiram dar cobertura aos comboios na etapa final da viagem.
No curso dos três dias que durou a jornada desde de Tallin, a Frota do Báltico perdeu de 62 navios, incluindo destoyeres, submarinos, dragaminas, lanchas de patrulha, navios da guarda costeira e torpedeiros. No entanto, a maioria dos navios perdidos (mais de 40) eram navios de transporte e auxiliares. Os alemães perderam 13 aviões.
De Mil.ru, CC BY 4.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=65819119

Apesar das perdas, a Frota do Báltico que sobreviveu, era uma unidade preparada para o combate. Tendo passado por esta terrível experiência, não teve muito tempo para descansar. Apenas uma semana depois, começaram os intensos combates por Leninegrado, nos quais desempenharia um papel importante, na sua defesa.

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