segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

ESTUDANTES DE LIVRAMENTO DE NOSSA SENHORA REPRESENTAM A BAHIA EM EVENTO CIENTÍFICO EM DUBAI


As estudantes da rede estadual de ensino, Tainá Nascimento e Júlya Pires, ambas com 18 anos, que concluíram os estudos em 2021, no Colégio Estadual João Vilas Boas, localizado no município de Livramento de Nossa Senhora, estão representando a Bahia na MILSET Expo-Sciences Asia 2022, iniciada neste domingo (20) e que segue até 25 de fevereiro, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Trata-se de um dos maiores eventos científico do mundo, realizado pelo Movimento Internacional para o Recreio Científico (MILSET), onde se apresentam participantes vindos de mais de 30 países.

As jovens cientistas, que viajaram juntamente com a orientadora Ana Paula da Rocha, estão apresentando o projeto “Lima-da-pérsia como solução alternativa e natural para a desinfecção da água”, desenvolvido por meio do Programa Ciência na Escola, promovido pela Secretaria da Educação do Estado (SEC). Com o projeto, elas conquistaram o 1º lugar na área de Meio Ambiente na 16ª edição da Feira Nordestina de Ciência e Tecnologia (FENECIT), ocorrida em 2020, em Recife, no Estado de Pernambuco. Como premiação, elas receberam credenciais para participar da Milset Expo-Sciences Ásia 2022.


Com o mesmo projeto, também em 2020, as estudantes ganharam três prêmios na 18ª edição da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE), realizada de forma virtual. O projeto também foi apresentado na Feira de Ciências, Empreendedorismo e Inovação da Bahia (FECIBA), em 2019, na qual conquistou o 3º lugar.

A estudante Júlya Pires explicou sobre a pesquisa. “Fizemos o projeto no intuito de procurar um meio natural para desinfecção da água. O método mais usado é o cloro que, quando usado excessivamente, traz prejuízos à nossa saúde. Fizemos pesquisas baseadas em estudos da John Hopkins School e chegamos à conclusão de que 15 ml por litro associado ao método Solar Water Disinfection (SODIS) consegue matar as bactérias, assim como o cloro. Esta é uma forma natural e sustentável, como também de fácil acesso a comunidades carentes”.




Tainá Nascimento falou da experiência de participar do evento internacional. “É uma oportunidade de crescimento, porque a partir do momento que vamos para outro país, ampliamos a nossa network, através do contato com pessoas de outras culturas e que têm ideais parecidos com os nossos. Além disso, conhecemos outros projetos, realidades e perspectivas. Voltamos para casa recheados de informações que poderemos aplicar ao longo de nossas vidas”.

Segundo a orientadora Ana Paula da Rocha, a participação no evento impactará diretamente no aprendizado das jovens cientistas. “Somos do sertão da Bahia e jamais imaginaríamos participar de um evento de extrema importância como este. É uma experiência imensurável no currículo das alunas e que marcará a história do colégio e minha na Educação da Bahia”, comentou.

Fonte: 



sábado, 12 de fevereiro de 2022

MÉDICO QUE DIVULGOU DESINFORMAÇÃO SOBRE VACINA NÃO SERÁ INDENIZADO POR CHECAGEM - MÉDICO PEDIU INDENIZAÇÃO POR SITE DE CHECAGEM DIVULGAR QUE A AFIRMAÇÃO DELE ERA UMA FAKE NEWS.

Vacinação / Crédito: Breno Esaki/Agência Saúde DF

Para juíza, médico assumiu o risco de ser taxado de propagador de fake news. Profissional arcará com R$ 7 mil de honorários.

LIBERDADE DE EXPRESSÃO

Um médico renomado ser taxado como propagador de fake news numa checagem de informação sobre a vacinação da Covid-19 pode afetar a reputação do profissional a ponto de que ele seja indenizado? A resposta, para a juíza Patricia Persicano Pires, da 16ª Vara de Fazenda Pública de São Paulo, é que, muito embora este fato possa trazer certa angústia ao profissional, ao divulgar informações que não encontram respaldo na realidade, o profissional assumiu o risco desse resultado.

Numa gravação divulgada em 12 de junho de 2021 no YouTube e que circulou no WhatsApp, o médico Paulo Porto responde a uma pergunta de uma internauta sobre o intervalo entre uma infecção pelo coronavírus e o posterior recebimento da vacina contra Covid-19: “Quem teve a doença está imunizado pela própria doença”, afirmou o médico, que tem 145 mil seguidores no Instagram e 112 mil inscritos em seu canal principal no YouTube.

Diante da afirmação que não encontra respaldo nas recomendações da Organização Mundial da Saúde e de outras autoridades sanitárias, a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo postou uma checagem com a chamada de “fake news” junto a uma imagem do médico retirada do vídeo. “Não caia em #FakeNews. Vacine-se, independentemente de ter tido COVID-19, e procure sempre os canais oficiais para se informar”, publicou a secretaria.

O profissional de saúde acionou a Justiça para requerer uma indenização de R$ 70 mil por danos morais sob a justificativa de que a checagem o “angustiou profundamente” a repercussão “maculou a imagem e a credibilidade desse renomado cientista”.

A juíza não comprou a tese, e como a ação foi julgada improcedente, o médico foi condenado a pagar 10% do valor da causa em honorários, ou seja, R$ 7 mil.

Quanto ao uso de usa imagem, ela entendeu que, uma vez publicada em redes sociais, ela se torna pública, tendo o próprio médico renunciado à intimidade quando decidiu pela criação de um canal no qual expõe sua pessoa. Já em relação ao fato de ter sido apontado como propagador de uma fake news, Pires citou estudo publicado no “Jornal da USP” e informações de autoridades sanitárias para concluir que: “não é verdadeira a afirmação de que a infecção por Covid-19 garante a imunização natural. E o que não é verdadeiro, é falso”.

Além disso, ela afirma que o Estado agiu no exercício regular de seu direito-dever de informar, o que afasta a ilicitude. Para a magistrada, a Secretaria de Saúde paulista “tinha o dever de informar a população sobre a falsidade da afirmação, uma vez que o autor da falsidade não se trata de pessoa comum, como o próprio autor se qualifica na inicial”.

Para Marco Antonio Sabino, sócio de Mannrich e Vasconcelos e professor da FIA e do Ibmec, há um consenso de que figuras públicas têm menos proteção quantos aos direitos de personalidade que as comuns. A visibilidade à qual estão submetidas se traduz em maior responsabilidade e as sujeitam ao escrutínio público.

Por se tratar de médico renomado, com milhares de seguidores em suas redes, o profissional já estava ciente da repercussão que o caso poderia tomar, opina Mayra Mallofre Ribeiro Carrillo, sócia do Damiani Sociedade de Advogados, que acrescentou: “ainda mais considerando que estamos vivenciando uma das maiores crises pandêmicas da história da humanidade e que os estudos e orientações da Organização Mundial da Saúde são contrários ao posicionamento dele”.

Matéria de:

JOTA

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

SÉRGIO MORO NÃO DECOLA E HÁ DOIS MOTIVOS.


 

Um país faminto não tem tempo pra bravatas eleitorais

Sérgio Moro tem um problema para além de todos os demais problemas que tem. Historicamente, no Brasil, os temas mais relevantes em anos eleitorais giram em torno de Saúde, Segurança, Educação e Renda, conforme mostra o histórico dos institutos de pesquisa. Houve, no entanto, um momento em que uma palavra se intrometeu entre as preocupações correntes da população: no auge da Lava Jato, a Corrupção chegou a ser a segunda mais citada. 
 
Na semana passada eu conversei com Mauro Paulino (Datafolha) e Márcia Cavallari (Ipec, o ex-Ibope). Os mais experientes executivos de institutos de levantamento popular do país disseram o mesmo: a corrupção não deve ser eleitoralmente relevante, este ano, para decidir as eleições. Sabem quantas vezes Moro falou a palavra “corrupção” em uma entrevista dia desses? O canal Galãs Feios contou: 50. É morotemático.

Moro tem outro problema: o antipetismo está voltando a seu curso natural pré-Lava Jato. Sempre houve antipetismo no Brasil. Na eleição de 1989, lembro claramente da circulação de fake news pré-internet dizendo que o PT, caso vencesse as eleições, iria colocar estranhos morando nas nossas casas. Uma amiga, ainda criança, assustada, chegou a separar as bonecas que mais gostava – todas as outras ela teria que dar, compulsoriamente, para crianças que não tinham bonecas. A mando do PT, claro.
 
O antipetismo que definiu a eleição de Jair Bolsonaro não deve ter a mesma força esse ano. A popularidade do PT voltou a aumentar depois de junho de 2019, quando vocês sabem o que aconteceu. Moro teria muita força eleitoral caso antipetismo e combate à corrupção estivessem entre as prioridades da população. A impactante foto registrada no ano passado pelo jornalista Domingos Peixoto deveria gritar no rosto de Moro: há coisas mais urgente lá fora, e o governo que o senhor ajudou a eleger e do qual participou é responsável por elas.

Fonte:

The Intercept Brasil 

Leandro Demori

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

O TEMPO É O SENHOR DA RAZÃO, MAS NÃO PERMITE MUDAR O CURSO DA HISTÓRIA.

WALDIR MARANHÃO: QUEM NÃO LEMBRA DESSE HOMEM QUE TENTOU SALVAR O BRASIL DO GOLPE? UM BRASILEIRO! UM RESISTENTE!

“O tempo é o senhor da razão”. Desconhece-se a autoria da frase que serve como bálsamo para muitas situações, mas é sabido que acabou conquistando o planeta por obra e graça do escritor francês Marcel Proust.


Na verdade, o tempo é o melhor e mais justo julgador dos homens, não sem antes ser a mais eficaz pena a escrever a história. Isso porque a vida, a depender da situação, dá voltas que a colocam diante dos que envergam a toga de Cromos.

Ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Edson Fachin anulou várias ações penais eivadas pelo vício e que impuseram condenações ao ex-presidente Lula. A Constituição estabelece que todos, sem exceção, têm direito ao contraditório e ao devido processo legal, não cabendo ao julgador condenar com base em indícios.

Ao tomar tal decisão, o ministro Fachin lembrou que a forma como alguns processos da Operação Lava Jato representou um golpe contra a nação e contra a democracia brasileira.

O ministro Luís Roberto Barroso, também do STF, afirmou em artigo para a edição de estreia da revista do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), que “o motivo real” para o processo impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT) foi a falta de apoio político, não as “pedaladas fiscais”. Em outras palavras, golpe!

Barroso já havia manifestado esse entendimento em julho de 2021, durante um simpósio. “Creio que não deve haver dúvida razoável de que ela [Dilma] não foi afastada por crimes de responsabilidade ou corrupção, mas, sim, foi afastada por perda de sustentação política. Até porque afastá-la por corrupção depois do que se seguiu seria uma ironia da história”, disse o magistrado.

Aliás, se “pedaladas fiscais” fossem motivo para a abertura de processo de impeachment contra o presidente da República, o atual chefe do Executivo já teria deixado há muito o Palácio do Planalto. Afinal, aproximadamente 140 pedidos de impeachment contra Jair Bolsonaro estão parados na presidência da Câmara dos Deputados, aguardando a boa vontade de Arthur Lira.

A mim cabe, na condição de ex-presidente da Câmara dos Deputados, ressaltar que esses dois importantes vagões do Estado Democrático de Direito, somente agora posicionados e movimentados nos trilhos da democracia, se negaram a apoiar a locomotiva que propôs manter o trem na linha da verdade dos fatos e da legalidade, evitando, certamente, que hoje estivéssemos a assistir a um Brasil descarrilhado e sem comando.

À época dos fatos, no comando da Câmara dos Deputados, anulei o ato golpista tramado de forma maquiavélica contra a presidente Dilma Rousseff e contra o Brasil.

Cumpri com a minha obrigação não apenas de presidente da Câmara, mas de quem defende a democracia. Paguei com a minha quota de sacrifício, mas não me arrependo de ter defendido a verdade e o povo brasileiro.

Em relação aos que entoaram zombarias na minha direção, até porque só eu sei o que vi e vivi, sugiro um exame de consciência, se é que são capazes de enfrentar tal desafio. Os algozes de então, hoje percebem e captam, entre dores de todos os matizes, que são eles os verdadeiros abandonados, alguns no pântano da decepção, outros nas areias movediças dos preconceitos e das próprias idiossincrasias.

Preconiza um conhecido provérbio latino que “a consciência tranquila é o melhor travesseiro”. Apesar de todos os ataques sórdidos de que fui alvo, continuo tranquilo e sereno em relação à decisão de anular a abertura do processo de impeachment contra Dilma Rousseff.

(*) Waldir Maranhão – Médico veterinário e ex-reitor da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), onde lecionou durante anos, foi deputado federal, 1º vice-presidente e presidente da Câmara dos Deputados.

Fonte

UCHO.INFO

quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

ESTUDANTES DE IBITIRA CRIAM HERBÁRIO PARA CATALOGAR PLANTAS EM RISCO DE EXTINÇÃO NA REGIÃO

Com o intuito de catalogar algumas espécies de plantas em risco de extinção no distrito de Ibitira, em Rio do Antônio, estudantes do Colégio Estadual Professora Lia Publio de Castro, situado na localidade, desenvolveram um herbário. A iniciativa integra o projeto “Herbário: plantas em extinção no distrito de Ibitira”, que conquistou o 1º lugar na categoria “Cientista Júnior” entre as pesquisas científicas concluídas, na 9ª Feira de Ciências, Empreendedorismo e Inovação da Bahia (FECIBA), realizada de forma on-line, em dezembro de 2021.


A partir de ideias obtidas por análises no distrito de Ibitira, as estudantes Maria Clara Batista, 16, e Maria Virgínia Viana, 15, ambas do 1° ano do Ensino Médio, perceberam que a população tem pouco conhecimento sobre as espécies de árvores que estão em extinção. Partindo deste problema, elas resolveram produzir um herbário para que sirva de exemplo para futuros estudos de plantas em extinção e, também, para informar à população sobre as implicações que poderiam ocorrer caso essas plantas desaparecessem do ecossistema.

Maria Clara Batista falou sobre o impacto do projeto na sociedade. “Plantas em risco de extinção é um entrave grande no que tange a flora da região. No entanto, é mais problemático ainda que a população não saiba as graves consequências que isso gera. Nosso trabalho tem importante papel na conscientização de cada cidadão do distrito de Ibitira, uma vez que os mesmos podem obter informações suficientes sobre a temática em pauta e, por sua vez, parar e repensar seus hábitos, moldando-os para melhor ajudar o meio ambiente. Ademais, o projeto pode servir para futuros estudos de plantas na região”.

Para Maria Virgínia Viana, a iniciativa contribuiu para o seu aprendizado. “O projeto me trouxe uma reflexão sobre como os danos ambientais não estão tão longe assim, pois, mesmo próximos a mim, se nota isso pela quase extinção das plantas, que estão presentes no projeto e não são poucas. Isso conseguiu me conscientizar em certos pontos, trazendo uma preocupação maior e ajudando a levar esse conhecimento às pessoas próximas para evitar, mesmo que minimamente, a perda dessas plantas importantes para a sobrevivência de um ecossistema”, comentou.
 
O orientador Marcos Batista destacou a importância do projeto para o aprendizado e crescimento dos estudantes. “A pesquisa científica é um instrumento transformador, que possibilita a cada estudante experiências que ampliam sua visão de mundo. Ela é capaz de aguçar e alimentar a curiosidade, a criatividade e o protagonismo dos estudantes. Acredito que a educação científica é indispensável dentro do processo de ensino e aprendizagem.

Fonte:

Escolas Educação

segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

FECIBA - FEIRA DE CIÊNCIAS, EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO DA BAHIA: ESTUDANTES BAIANAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA DESENVOLVEM POMADA CICATRIZANTE À BASE DE ANGICO VERMELHO

 


Pesquisa está em fase inicial, mas já revela a alta eficácia da pomada. 
 
O angico vermelho é uma árvore de porte médio a grande que apresenta fácil adaptação. A planta, que está presente no cerrado, na caatinga e na Mata Atlântica, tem um grande potencial medicinal. Após analisar suas caraterísticas, as alunas do Colégio Estadual de Casa Nova, Camila Castro, Emilly Franca e Anne Cardoso, orientadas pela professora Adelange dos Santos, desenvolveram uma pesquisa sobre uma pomada cicatrizante de baixo custo à base de angico vermelho.

A ideia de estudar essa espécie em específico surgiu quando uma das alunas ouviu da sua avó sobre os poderes cicatrizantes do angico. “Ela nos contou que após sofrer um acidente, no qual deixou um grave ferimento na sua perna, seus familiares utilizaram o pó da casca do angico vermelho no local do ferimento, o que fez cicatrizar rapidamente”, explica Camila.

De acordo com as pesquisadoras, o estudo indicou que a espécie tem substâncias adstringentes e hermostáticas, que auxiliam na cicatrização de ferimentos. Camila afirma que a pomada apresenta um valor de produção baixo e alta eficácia. “A pomada cicatrizante é um produto totalmente natural, no qual agradaria o público consumidor pela sua eficiência e baixo custo, pois é produzida com ingredientes próprios do bioma caatinga”.

A pesquisa, que faz parte do Programa Ciência na Escola, da Secretaria de Educação, foi uma das vencedoras da 9ª Feira de Ciências, Empreendedorismo e Inovação da Bahia (FECIBA). Atualmente, o projeto está em fase de estudo e precisa de recursos para compreender todos os benefícios da pomada, como funcionaria o processo de fabricação e a certificação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Estamos em busca de apoiadores na área científica e laboratoriais para que nos auxilie no desenvolvimento de testes para o avanço do produto”, diz Camila.

A orientadora do estudo, Adelange dos Santos, destaca a importância de incentivar e apoiar ideias dos jovens alunos. “É importante fomentar esse tipo de projeto, no sentido de possibilitar aos nossos alunos diversas possibilidades de vivência, considerando os recursos que o nosso estado oferece. Hoje, a nossa sociedade requer estudantes com múltiplas habilidades, especialmente que sejam capazes de inovar e de serem empreendedores”.

Bahia Faz Ciência
 
A Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) estrearam no Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador Científico, 8 de julho de 2019, uma série de reportagens sobre como pesquisadores e cientistas baianos desenvolvem trabalhos em ciência, tecnologia e inovação de forma a contribuir com a melhoria de vida da população em temas importantes como saúde, educação, segurança, dentre outros. As matérias são divulgadas semanalmente, sempre às segundas-feiras, para a mídia baiana, e estão disponíveis no site e redes sociais da Secretaria e da Fundação. Se você conhece algum assunto que poderia virar pauta deste projeto, as recomendações podem ser feitas através do e-mail comunicacao.secti@secti.ba.gov.br.

Fonte:

PESQUISA CIENTÍFICA: O FANTASMA DA AÇÃO ENTRE AMIGOS - EDITORES QUE PUBLICAM EM PERIÓDICOS QUE FAZEM PARTE DO CONSELHO EDITORIAL



Estudo aponta indícios de conluio na avaliação de artigos científicos, com favorecimento a membros de conselhos editoriais de revistas

Pesquisadores da França, do Reino Unido, da Itália e do Canadá publicaram um estudo na revista PLOS Biology que apresenta evidências de um esquema na seleção de artigos científicos capaz de configurar conluio e má conduta: o favorecimento, na hora de escolher trabalhos que serão publicados, a autores ligados ao conselho editorial dos periódicos. O grupo analisou manuscritos de 5.468 revistas da área biomédica, divulgados entre 2015 e 2019. Foram produzidos dois indicadores com base nesses trabalhos. Um deles quantificou a presença nesses títulos de autores altamente prolíficos, aqueles que produzem uma quantidade de artigos bem acima da média de seus pares. O outro indicador mediu o quanto a distribuição de autores de papers era desigual entre as revistas.

O objetivo, ao computar os dois índices, era verificar se havia concentração de trabalhos de alguns pesquisadores em periódicos específicos. Na metade das revistas, o autor mais prolífico havia publicado no máximo 3% do total de artigos. Mas em um grupo fora da curva, com mais de 200 periódicos, um único pesquisador era responsável por entre 11% e 40% de todos os papers publicados. Entre esses títulos, havia alguns com fator de impacto razoável, como o Journal of Enzyme Inhibition and Medicinal Chemistry, da editora Taylor & Francis, Current Problems in Surgery, da Elsevier, e o Journal of the American Dental Association.

O passo seguinte foi estudar detidamente uma amostra de 100 revistas selecionadas aleatoriamente entre as que sobressaíram em um dos indicadores ou em ambos. Observou-se, então, que em 61% dos casos o autor mais prolífico fazia parte do conselho editorial do periódico. Também se analisou a data de submissão e de publicação dos artigos. Em cerca de metade das revistas da amostra, o tempo para análise e aceitação de trabalhos dos autores mais prolíficos era em média de 85 dias – ante 107 dias para artigos de outros pesquisadores. O trabalho da PLOS Biology, assinado por três pesquisadores da Universidade de Rennes, na França, e por colegas das universidades de Ottawa, no Canadá, Pavia, na Itália, e Oxford, no Reino Unido, classifica essas revistas como “periódicos de autopromoção” e levanta a hipótese de terem se tornado “um novo tipo de entidade editorial ilegítima com certas características, como uma proporção alta de artigos publicados pelo mesmo grupo de autores, relações entre os editores e esses autores e publicação de pesquisas de baixa qualidade”.

Não há impedimento para que membros de conselhos editoriais de periódicos publiquem nas revistas que eles próprios coordenam, desde que isso fique claro na declaração de conflito de interesses e se garanta que não haja interferência no processo de revisão por pares. “Consideramos, no entanto, que uma proporção exagerada de artigos publicados por um autor poderia ajudar a identificar periódicos suspeitos de prática editorial duvidosa”, disse ao site de informações médicas Medscape uma das autoras do estudo, a farmacologista francesa Clara Locher, da Universidade de Rennes.

“Se é raro alguém publicar mais de dois a três artigos por ano em um mesmo periódico, imagine um pesquisador ser responsável por mais de 10% da produção de uma revista. Isso é bastante incomum”, complementa Dorothy Bishop, professora de neuropsicologia do desenvolvimento da Universidade de Oxford e coautora do estudo. “Não é possível afirmar de modo categórico que há um mau comportamento em todos os exemplos, porque pode existir alguma explicação para isso, mas há a preocupação com a presença de algum editor desonesto”, explicou Bishop à revista Times Higher Education (THE).

Em 2015, Bishop deparou-se com o problema pela primeira vez ao analisar a produção científica sobre autismo, uma de suas áreas de interesse. Em uma série de postagens em seu blog, ela mostrou que o psicólogo norte-americano Johnny Lee Matson, da Universidade do Estado da Louisiana, nos Estados Unidos, foi o responsável por 10% de todos os artigos publicados na revista Research in Developmental Disabilities (RDD) – e ele era o editor-chefe do periódico. Também constatou que Matson recebia um tratamento camarada em outros dois títulos em que publicara um número alto de artigos científicos: Developmental Neurorehabilitation (DN) e Journal of Developmental and Physical Disabilities (JDPD). No caso do DN, havia informações sobre as datas de submissão e aceitação de artigos – esse intervalo de tempo foi de apenas um dia para os 34 artigos propostos por Matson entre 2010 e 2014, o que sugere ausência de uma revisão por pares cuidadosa.

Bishop foi investigar esses dois periódicos e constatou que seus editores também recebiam tratamento diferenciado nas revistas em que o pesquisador da Universidade de Lousiana era editor: além da RDD, Matson também coordenava a Research in Autism Spectrum Disorders. Em 2014, um levantamento da empresa Thomson Reuters incluiu Matson na lista das “mentes científicas mais influentes do mundo” pela extensão de sua produção. Autor de mais de 800 artigos e 46 livros, seu índice H era de 67 – significa que 67 de seus papers obtiveram, pelo menos, 67 citações cada um.

O exemplo que animou os pesquisadores a produzir o levantamento é mais recente e rumoroso. Trata-se do caso do médico francês Didier Raoult, da Universidade Aix-Marselha, autor de um controverso paper sobre a utilidade da hidroxicloroquina, droga usada contra a malária, e do antibiótico azitromicina no tratamento da infecção por Covid-19, publicado no International Journal of Antimicrobial Agents. A polêmica envolvendo o artigo, que teria sido aceito para publicação em tempo recorde e no qual há suspeita de manipulação de dados, fez com que a produção do francês fosse esquadrinhada. Constatou-se que Raoult, além de ser o editor-chefe da revista New Microbes and New Infections (NMNI), da editora Elsevier, também era o seu autor mais prolífico: seu nome está em 32% de 726 artigos publicados pelo periódico. A epidemiologista Patricia Schlagenhauf, da Universidade de Zurique, na Suíça, que acaba de assumir o cargo de editora-chefe do NMNI, afirmou à THE que “pretende ter uma gama mais ampla de membros do conselho, que terá de ser mais global e diversificado”. Mas saiu em defesa de seu antecessor. “Raoult e seu grupo são muito ativos em pesquisas no âmbito do interesse da revista. Produzem muitos artigos bons e, às vezes, polêmicos. A revista NMNI provavelmente teve muita sorte de ter alguns desses artigos submetidos.”

Para Ludo Waltman, especialista em bibliometria da Universidade de Leiden, nos Países Baixos, os indícios de favorecimento demonstram a necessidade de ampliar a transparência dos processos editoriais de periódicos científicos. A melhor maneira de evitar o problema, disse ele à revista Science, seria tornar públicos os comentários feitos pelos revisores de cada artigo, permitindo que os leitores julguem se o paper foi devidamente avaliado.

Fonte:

Jornal da Ciência