ORDEM DOS POBRES CAVALEIROS DE CRISTO E DO TEMPLO DE SALOMÃO
"A queda dos
Templários"
Madrugada de sexta-feira, 13
de Outubro de 1307:
Cumprindo as ordens do rei
Filipe IV, o Belo, também conhecido como Rei de Mármore ou Rei de Ferro,
Guillaume de Nogaret ministro do Rei, acompanhado do Inquisidor-mór e do
tesoureiro real, apresentou-se na fortaleza do Templo e deu voz de prisão a
todos os Templários que aí se encontravam, incluindo o seu Grão-Mestre, Jacques
de Molay, que ainda estava deitado. Os próprios calabouços do Templo serviram
para aí se encerrarem alguns dos cavaleiros, mas o Grão-Mestre e os seus
principais foram encerrados na prisão do Louvre.
À mesma hora, por todo o Reino
de França, os senescais, presidentes das câmaras e os prebostes reais,
acompanhados pelos seus soldados, prenderam em massa todos os Templários que
encontraram nas Casas da Ordem. Praticamente não houve resistência, mas nalgumas,
como em Arras, os soldados degolaram metade das pessoas que lá se encontravam.
Davam assim cumprimento às
instruções reais contidas numa carta que todas as autoridades foram recebendo
desde Setembro desse ano, com a condição expressa de só ser aberta no dia 12 de
Outubro e à mesma hora, em todos os locais do reino, guardando-se o mais
rigoroso sigilo da mesma.
Não se sabe com precisão
quantos cavaleiros foram presos, mas estima-se que fossem cerca de mil, embora
também se fale em 4.000. Grande parte dos cavaleiros fugiu para países que os
acolheram ou fixaram-se noutros lugares onde a Igreja os não pudesse alcançar.
Gerard de Villiers, perceptor de França, foi um dos cavaleiros franceses que
conseguiu escapar.
Todos os imensos bens da Ordem
em França foram imediatamente confiscados!
Acusados de heresia (práticas
demoníacas, adoração de ídolos e vícios contra a natureza), os interrogatórios
começaram logo no dia seguinte, 14 de Outubro, dando-se início a um dos
processos mais vergonhosos e sinistros da História, o chamado “Processo dos
Templários”, que acabará com a supressão da Ordem, pela bula papal Vox in
Excelso, de 22 de Março de 1312 e com a morte de alguns dos seus membros,
incluindo o Grão-Mestre, condenado à fogueira a 18 de Março de 1314.
Torturados, alimentados a pão
e água, instalados em condições sub-humanas e ainda sujeitos ao pagamento da
sua prisão, foram-lhes recusados os sacramentos e o sepultamento em terra da
Igreja. Não se sabe ao certo quantos terão morrido na fogueira, ou durante os
interrogatórios, ou dos ferimentos recebidos, ou dos que ficaram estropiados
para o resto da vida física e moralmente.
Quanto a Filipe IV, assim que
soube que as prisões tinham sido feitas, dirigiu-se à Torre do Templo e
instalou-se lá, levando consigo o seu “tesouro”, que juntou ao que encontrou no
local.
Foram também expedidas cartas
aos soberanos europeus para que procedessem de igual modo nos seus reinos,
contra a Ordem.
Na Europa a Ordem foi extinta,
mas com uma ou outra excepção os cavaleiros não foram molestados, sendo
integrados em novas Ordens menos expressivas, como foi o caso da “Ordem de
Cristo”, fundada em Portugal pelo rei D. Dinis, com os bens e os efectivos
templários residentes no país ou que por cá se refugiaram.
Jacques de Molay esteve sete
anos na prisão, antes de morrer aos setenta anos de idade. No dia 12 de
Outubro, véspera da sua prisão, tinha-se encontrado com o rei, de quem era
compadre (Molay era padrinho do filho mais novo de Felipe IV), no funeral da
cunhada do monarca, Catarina de Courtenay, esposa de Carlos de Valois,
tendo-lhe sido dada a honra de carregar o féretro, o que torna a perfídia do
rei ainda mais ignóbil…
Mas como é que uma Ordem tão
poderosa como a dos Templários, carregada de glória e riqueza, com uma tradição
de dois séculos de existência e que apenas dependia do Papa, pôde ser
aniquilada de um dia para o outro?
Na sua juventude o “Rei de
Ferro” tinha pedido para ser admitido a título honorário na Ordem, o que lhe
foi recusado, acontecendo-lhe o mesmo quando poucos meses antes do
aniquilamento dos Cavaleiros Templários, tinha pedido o ingresso na Ordem para
o seu filho mais novo. A sua ideia seria tornar hereditário o cargo de
Grão-Mestre, reformar a Ordem e mantê-la na dependência directa dos reis
franceses. Também em 1306, durante uma sublevação em Paris, o rei tivera de
pedir asilo ao Templo onde ficara alguns dias à espera que o motim
acalmasse…Demasiadas humilhações para alguém como ele!
Além de que, do seu palácio, o
rei todos os dias avistava a Torre, uma lembrança permanente de um Estado
dentro de outro Estado, com as suas liberdades, privilégios, a sua alta, baixa
e média justiça e o seu direito de asilo, que nem o Rei se atrevia a quebrar.
Portanto, as razões para a queda foram muitas e diversas, mas situam-se
principalmente na luta feroz que se desenvolveu entre a França e o Papado,
entre Filipe IV e Bonifácio VIII, sem esquecer a aura de imensa riqueza que a
Ordem possuía, o chamado “Tesouro dos Templários”, que para um rei sempre
esfomeado de dinheiro como o monarca francês, e que tinha uma enorme dívida
para com o Templo, se tornava numa tentação irresistível que o não faria recuar
perante nada…
Com esta medida, Filipe IV
consegue equilibrar as finanças reais, e ao destruir o exército da Igreja, com
a ajuda do Papa Clemente V que ele próprio tinha elevado ao trono pontifício, e
que se estabelece em 1309 em solo francês na cidade de Avinhão, abandonando
Roma (o que dará início ao Cisma de Avinhão, também conhecido como o Cativeiro
de Babilónia), o rei consegue tornar-se no senhor absoluto do reino de França.
É a partir deste
acontecimento, que tanto o dia 13 como a sexta-feira entraram para a
superstição popular como azarentos.
“NON NOBIS DOMINE, NON NOBIS
SED NOMINI TUO DA GLORIAM”
“Não a nós Senhor, não a nós
mas toda gloria a Teu nome”.
PAX LUX
Edição, Adaptação e Ilustração
- Filhos do Arquiteto Brasil
Ir Daniel Martina M.´.M.´. -
CIM285520