sexta-feira, 3 de julho de 2020

COM DESAFIO DA CHINA, EUA RETOMAM MODELO DE REGIMES MILITARES NA AMÉRICA LATINA

                               

OS EUA E A IMPOSIÇÃO DE REGIMES MILITARES NA AMÉRICA LATINA

Por Roberto Bueno*

Tenho insistido em sucessivos espaços que devemos observar a realidade tal como ela se põe aos nossos olhos como pré-requisito para que possamos intervir nela de forma eficaz, e nesta quadra da história estamos perante um dos maiores desafios que é o de enfrentar o regime militar que ascendeu pela via democrática mas cujo procedimento no poder é fugidio às regras que até ali o elevaram, com sobradas mostras de sua insubordinação às regras constitucionais a que qualquer governo eleito deve submeter-se.

O regime vem sucessivamente apresentando sensibilidade ao perfeito enquadramento ao regime constitucional, como se as barreiras dos direitos e garantias individuais e coletivas resultassem uma grande moléstia para o exercício do poder segundo a forma como o regime o concebe, ao que parece, liberto de travas de qualquer sorte.

O presente controle militar do Brasil não é uma novidade histórica, senão que representa a retomada de modelo de domínio norte-americano na América do Sul que remonta à doutrina de segurança nacional largamente aplicada no continente, por exemplo, na década de 1970.

Foi após a Guerra do Vietnã que ocorreu a elaboração da doutrina Nixon-Kissinger, cujos termos haviam sido inspirados pela percepção de quão imperioso era evitar os severos danos políticos impostos à política interna norte-americana, tal como ocorrera nos EUA em face das sucessivas perdas de vida naquele embate bélico, que ao final contaram-se às dezenas de milhares.

Sob esta premissa foi desenvolvida a doutrina Nixon-Kissinger cujo teor era o de evitar intervenções militares diretas nas suas áreas de interesse geopolítico mundo afora.

A síntese da doutrina é que os EUA passariam a instrumentalizar as forças armadas de seus países-satélite, realizando assim a defesa de seus interesses através destas forças armadas locais na qualidade de prepostos.

Para fins de legitimação seriam mobilizados recursos midiáticos e neles veiculados valores justificadores tais como a defesa da democracia, dos valores da sociedade ocidental, do cristianismo mas, de nenhum modo secundariamente, contra a anunciada grave ameaça do comunismo, identificado como grande inimigo universal ao qual dar combate sem tréguas em todas as latitudes, mas muito especialmente na zona de proteção máxima do império, a América Latina, cujas riquezas potencialmente sustentam o estilo de vida norte-americano.

Para a implementação da doutrina Nixon-Kissinger foram concebidas diversas estratégias como a implementação de convênios militares com os países-satélite, levando oficiais para treinamento em escolas militares do império, e também acordos comerciais para a venda de armamento com determinadas contrapartidas de interesse político do império, assim como acordos econômicos que carregavam fortemente os países contratantes da dívida, e que redundava tão somente em instrumento de imposição de dependência econômica que logo permitiria poder de barganha aos EUA para impor decisões geopolíticas e também em matéria de política interna de sua conveniência.

Sob este contexto de estratégias de domínio o Brasil era considerado naquela quadra da década de 1970 como um país estratégico na América do Sul para que a geopolítica na região e os interesses do império pudessem ser mais facilmente assegurados, percepção que bem é possível perceber que o Departamento de Estado reitera nos dias que correm.

Em suas profundezas a administração dos EUA está composta de longa data pelos interesses das grandes corporações transnacionais, que ali tem seus operadores e influencia fortemente no processo de tomadas de decisões de Estado.

A orientação da política externa dos EUA sempre esteve concatenada com os interesses destas grandes corporações transnacionais e a sua forma de efetivar-se na América do Sul ocorreu através da mobilização das Forças Armadas, cooptadas e adestradas como forma de torná-las operativas e eficientes o suficiente para o cumprimento da finalidade de realizar atividades repressivas.

Objetivamente foram tomados como alvos diretos os inimigos do Estado, assim classificados todos os indivíduos que adotassem posições contrárias aos interesses do império, vale dizer, o das grandes corporações transnacionais.

A oposição aos interesses do império poderia ser expressa através da adoção de diversas ações como foi observável no Brasil, na Argentina, no Uruguai, no Chile e tantos outros países latino-americanos onde as Forças Armadas agiram com brutal intuito repressivo e ultrapassando com sobras o mural da dignidade adentraram celeremente o território da criminalidade vitimadora da população civil, cujo único e grande ilícito sempre foi o de apresentar qualquer tipo de resistência, até mesmo quando exclusivamente o fizesse no plano intelectual, contra a alienação da soberania dos Estados latino-americanos.

Também como inimigos seriam considerados todos aqueles que nutrissem ideologia comunista, ou que professassem o desenvolvimentismo em matéria econômica, assim como se dedicassem a enfatizar a cultura autóctone, constitutiva de importante foco de unificação e resistência aos processos de colonização cultural, logo extensível ao domínio político com maior facilidade para obter a legitimação popular e aglutinação em torno a elementos comunitários e nacionais.

As Forças Armadas adestradas nas escolas militares do império foram sendo cooptadas ao longo do tempo por diversas formas, inclusive pela concessão de honrarias, com o objetivo de obter a sua adesão a ideologia e prestar os melhores serviços à política externa norte-americana, absoluta e exclusivamente voltada a proteção dos interesses de suas grandes corporações transnacionais, fenômeno claramente observado no Chile na década de 1970 com o golpe de Pinochet quanto o tinha sido em 1964 no golpe contra João Goulart no Brasil assim como também entre nós mais recentemente em 2016.

Os esforços para manter coesas estas forças equipadas com armas ademais de bem dispostas para as ações de repressão de sua própria gente podem reclamar sucessivas recompensas metálicas, especialmente em favor dos mais altos comandos.

É notável, contudo, que podemos divisar em horizonte impreciso e momento incerto, o esgotamento e cizânia interna, assim como conflito externo, quando aos olhos do público resulte de todo perceptível o tamanho descomunal dos privilégios atribuídos às Forças Armadas comparativamente a miséria a que seja relegada a população.

O mesmo raciocínio quanto a dissonância é possível aplicar a outra ordem de altos servidores do Estado, que foram também tomados como alvo de cooptação pelo poder imperial para realizar os seus propósitos. Estes atores não utilizam a farda mas mantém igual disciplina interna, e sob o uniforme preto compõem pretensamente a elite intelectual de servidores do Estado detendo alto poder de intervir nos rumos das políticas públicas.

Estes indivíduos formam eixo alimentado por atividades de inteligência sob o qual assenta a nova estrutura de apoio para os golpes de Estado bem como a posterior garantia de sua operatividade política e das alterações impostas à nova organização plutocrática do sistema econômico ainda sob a vigência de uma ordem constitucional que reclama alteração jurisprudencial para que não seja necessário substituí-la, portanto, realizando uma substituição de regime sem alterar as normas fundadoras do próprio regime.

O processo de captura do Estado e do objetivo final de expropriação de riquezas implica estratégias de entorpecimento de percepção da realidade.

Assim aos povos vão sendo suprimidas as circunstâncias de contato e fortalecimento de suas respectivas culturas, restando eles eventualmente mais próximos e mais facilmente acessando a cultura de Miami do que a de seus antepassados imediatos.

Este processo de colonização atingiu fortemente ao longo do tempo também as mais altas instâncias das Forças Armadas e aos poderes togados, restando prejudicadas as suas atividades em prol da defesa de políticas nacionalistas, quando não mesmo animados o suficiente para impedir a sua consecução, ainda quando tal seja a opção política inequivocamente expressa pelas urnas.

Aqui emerge a situação para a qual os principais atores das instituições foram oportunamente adestrados a reconhecer.

Apresentados a escolha de projetos políticos alheios a lógica pró-imperialista, percebem tratar-se da senha identificadora da presença do inimigo, e que a contradição política aos interesses econômicos das grandes corporações do império justificará plenamente a tomada de quaisquer medidas para a eliminação deste inimigo.

Estes altos postos do Estado foram sendo treinados para aspirar a implementação de modelo político alienígena em seus países de origem, desprezando as peculiaridades de sua gente, de suas experiências, de sua cultura e da íntegra dos valores que lhes caracteriza como povo.

A desarticulação substancial dos canais de conexão do povo com o poder no âmago de modelo político que deseja preservar as formas democráticas utiliza a estratégia da criminalização da esfera da política e de seus atores políticos.

Ao fazê-lo o sistema interdita aos legítimos representantes da vontade soberana da população, tomados como objetivos a desconectar dos meios de acesso ao poder decisório para assim distanciar a população do exercício da soberania.

O desprezo pela população facilita a tomada de decisões por parte de elite que aspira substituir qualquer representação popular por elite composta por burocratas treinados segundo parâmetros técnicos estrangeiros para implementar projeto político e econômico de matriz imperial em seus países, alegando refletir o superior estado da arte em todas as matérias quando nada mais representam do que douradas bombas de sucção.

O que resta evidente por trás destes movimentos é a intervenção de quadros nacionais no processo devido a interesses econômicos particulares que buscam a sua maximização aliando-se à elite internacional, prestando-se a orientar a política econômica interna dos países de que são nacionais para a mera extração de recursos em detrimento da implementação de processos desenvolvimentistas e criadores de melhores condições de vida para as suas populações.

No momento de aplicação deste modelo de política que engendra o real estrangulamento das populações nacionais, ipso facto, torna-se indispensável ter realizado a adequada preparação, treinamento e equipamento dos quadros repressivos do Estado para intervir e garantir a ordem pública sob o peso da machete, sombra das armas e apoio em gente capacitada para aplicar toda a sorte de violências, tortura incluída, tal como ocorreu tantas e repetidas vezes na história da América Latina também contando com o beneplácito dos tribunais e seu simbólico poder legitimador.

Todas estas e outras tantas alternativas de uso da força repressiva são concebidas no plano da factibilidade pela elite nacional e seus sócios internacionais, pois sob nenhum pretexto será admitida a retirada sequer de parcas fatias do bolo que os atores pretendem consumir a sós no pérfido conúbio de assaltantes vis.

Nada será percebido como estranho ou indesejável no que concerne a elevação do nível de violência pelo Estado quando esteja em causa a manutenção ou elevação dos benefícios derivados da expropriação de riquezas, sobretudo em tempos de guerra tais como o império praticamente nunca deixa de experimentar, embora aqueles em que enfrenta tão grave desafio como o atual que o contrapõe à China seja inusual.

Por este motivo toda sorte de políticos que apresentem como opção políticas nacionalistas e desenvolvimentistas ou que incluam o povo no orçamento devem sofrer severa persecução pelo aparato repressivo.

Neste sentido as forças do império devem manter mobilizadas as suas forças cooptadas em seus países-satélite governados por títeres para que não hesitem em dar curso ao massacre de sua gente de todas as formas possíveis para garantir o envio do máximo de riquezas para o império.

*Professor Associado da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Doutor em Filosofia do Direito (UFPR). Mestre em Filosofia (Universidade Federal do Ceará / UFC). Mestre em Filosofia do Direito (UNIVEM). Especialista em Direito Constitucional e Ciência Política (Centro de Estudios Políticos y Constitucionales / Madrid). Professor Colaborador do Programa de Pós-Graduação em Direito (UnB) (2016-2019). Pós-Doutor em Filosofia do Direito e Teoria do Estado (UNIVEM).

Viomundo

quinta-feira, 2 de julho de 2020

"MORRA QUEM MORRER", A VELHA POLÍTICA ITABUNENSE EM SUA FORMA MAIS PURA.

*Por: João Nascimento

“Se queremos progredir, não devemos repetir a história, mas fazer uma história nova”. Esta frase de Mahatma Gandhi nunca fez tanto sentindo nos tempos atuais como está fazendo para os itabunenses durante essa pandemia.

Em um vídeo que circula nas redes sociais, o prefeito com mais mandatos da história de Itabuna, 05 no total, Fernando Gomes, propõem o seguinte raciocínio:

“Primeiro, lutar pela vida, a vida é uma só. [Depois que] morrer, acabou [a vida]. Não tem fortuna, não tem pobreza, não tem falência, não tem nada. Mas não posso abrir uma coisa que não tenho cobertura. Com a dúvida, com os nossos morrendo por causa de um leito em Itabuna, vou transferir essa abertura. No dia 8, mandei fazer o decreto, que no dia 9, abre, morra quem morrer”.

Alvo de muitas críticas após essas declarações, a assessoria de impressa de Fernando Gomes disse que a fala foi "má interpretada" pela população em geral e que não passou de um mal entendido. Mas, quem vive e convive com a realidade diária de Itabuna sabe que isso não é a verdade.

Todos os dias na cidade de Itabuna - durante a pandemia ou não - é nítido o descaso da atual gestão com a população. Bairros que faltam o mínimo de saneamento básico, ruas e avenidas esburacadas, hospital de base tratado como se fosse uma instituição qualquer, além de atrasos contínuos no pagamento dos servidores públicos são marcas carimbadas desse governo.

Infelizmente, foi a população que "foi chamar" Fernando e o elegeu com mais de 30 mil votos.

Itabuna não merece mais isso! No noticiário nacional, Itabuna só aparece levando notícias ruins.

É preciso mudar e esquecer essa velha política que "compra" a população com festas e só mostra serviço próximo a eleição! Precisamos crescer politicamente para o cenário estadual e nacional de forma positiva. E para que isso aconteça é preciso deixar de lado a velha política, juntamente aos velhos políticos.

*Texto de João Victor Santos do Nascimento, graduando em História pela UESC, membro e past - MC da Ordem DeMolay, capítulo 28 de julho.


OXE! COLÉ DE MERMO? VOCÊ FILA AULA E EU TENHO QUE CONTAR TUDO DE NOVO? MAS É NIUMA... A INDEPENDÊNCIA DA BAHIA EM BAIANÊS POR LOUTI BAHIA. SEM A VITÓRIA DA BAHIA, O BRASIL NÃO TERIA INDEPENDÊNCIA!



Oxe! Colé de mermo? Você fila aula e eu tenho que contar tudo de novo? Mas é niuma. 

Monumento ao 2 de julho. Imagem da Cabocla.

Se ligue que você não sabe da terça-metade. Tá ligado que a Família Real partiu a mil de Portugal pra cá em 1808? Vazou com medo de Napoleão e quando chegou, deu uma de porreta e chamou a gente de Reino Unido. Ficou todo mundo de boa e a gente comeu essa pilha. 

Tempo vai, tempo vem, rolou a crocodilagem: D. João VI e a Família Real partiram a mil de volta pra Portugal e ainda queriam que o Brasil voltasse a ser colônia. Aoooooooonde! 

Quem anda pra trás é caranguejo, mô pai. O povo se retô, pegô ar e o pau comeu. Aí, D. Pedro I, deu o zig na família e disse assim pra Portugal: “Quem vai é o coelho. Diga ao povo que fico!” Pô, véio, D. Pedro brocô. 

Mas aí, o bicho pegô. Portugal ficou virado no estopô e a gente recebeu a galinha pulano: as tropas de Madeira de Melo armaram uma bocada nas ruas de Salvador e foi aquela muvuca. Nosso povo lutou, mas ximbou e se lenhou: o exército português tomou a cidade na tora. 

O povo ficou injuriado e fugiu picado para o Recôncavo junto com nossos soldados. Lá, eles usaram o tutano pra organizar a reação: tiveram uma ideia massa e criaram o Exército Libertador. Tinha poucos soldados e muita gente do povo: pobres, negros libertos, negros escravizados, índios, agricultores, etc. Só tinha uma mulher que se alistou na cocó dizendo que era homem: Maria Quitéria de Jesus Medeiros. Já tinha pra mais de 10 mil pessoas, mas era tudo feito a migué: tinha poucas armas, ninguém sabia lutar, um mangue da porra. 




E eu falo mesmo que eu não sou baú: o exército de Portugal virado no diabo e a gente ia lutar de badogue e barandão? Aí é barril dobrado. Mas o povo tava na pilha e o couro comeu. Um barco português chegou em Cachoeira atirando e os baianos renderam eles a bordo de canoas. Ô povo retado! Ô povo virado no estopô. 

Enquanto isso, em Salvador, o exército português tava bagunçando, mandando e desmandando: uma esculhambação da porra. Foi então que eles invadiram o Convento da Lapa e mataram a Sóror Joana Angélica. Aí fedeu. Aí escancarou tudo. Eles foram fuleiro. A notícia deixou o povo agoniado e o Exército Libertador decidiu que ia arrodear Salvador. 

Joana Angélica - Wikiwand

Lá em Itaparica, o povo também deu testa ao exército português e não deixou invadir a ilha. Maria Felipa, uma negra retada, se juntou com mais 40 marisqueiras: elas ficaram de butuca e, na calada da noite, foram chavecar os vigias dos barcos. Levaram os donzelos pro mato e quando eles acharam que iam fazer ozadia, receberam foi uma surra de cansanção. Arde coma porra! É pior que tomar zunhada. Enquanto os vigias tavam nuzinhos, se coçando e se bulino, as mulheres colocaram fogo em mais de 40 barcos dos portugas. Receba, sinha miséra! 


Já nas águas da Baía de Todos os Santos e no Rio Paraguaçu, foi João das Botas que lutou contra mais de 40 barcos portugueses com sua “Flotilha Itaparicana” que só tinha barco de pescador. É brincadeira um esparro desse? Mas ele tirou onda e segurou os portugueses. 

Até então, a briga era essa: o povo baiano contra Portugal. Mas aí, D. Pedro entrou na dança e mandou reforço. Pra terra, ele contratou o general francês “Labativs” (se falar Labatut, use o “lá ele” porque Labatut tem rima). Ele chegou com mais soldados do resto do Brasil e deu um trato no nosso Exército Libertador. Um tapinha aqui, outro ali, mas tudo continuou meio nas coxas, feito a facão. Mas como a guerra já era daqui pra li, e como baiano é baiano: se não guenta vara, peça cacetinho. Só tem tu, vai tu mesmo: imagine a paletada de Cachoeira até Salvador. 

Já para o mar, D. Pedro contratou o Lord Cochrane (mas pode chamar de “Croquete” que é niuma). O cara era escocês e já tinha fama de mau lá nas Europa. Isso já assustou a marinha portuguesa: ponto pra D. Pedro. 

O Exército Libertador tinha muita garra mas pouca experiência. Chegou e cercou a cidade mas levou um baculejo daqueles do exército português. Foi na Batalha de Pirajá: os caras bagunharam a gente. Foi barril de mil. Nem dava pra brincar de esconde-esconde ou gritar “um, dois, três, salve todos”. Já era, pai! 

Só que o nosso Corneteiro Lopes recebeu uma ordem pra tocar “borimbora” (Tradução: recuar), deu revertério e tocou “se joga” (Tradução: Cavalaria avançar e degolar). Oxe! Aí, esculhambou tudo. O nosso exército sacudiu a poeira e pra se amostrar, deu-lhe uma carreira e passou a porra nos portuga que não entenderam nada. Os portuga vazaram quando ouviram o toque de “se pique” e a galera do mau correndo pra dentro. 

Foi o maior migué da história da Bahia, do Brasil e do mundo porque a gente não tinha nem um cavalo pra contar história, que dirá uma cavalaria inteira. Só mesmo baiano pra ganhar uma guerra no grito. Isso né culhuda não, véio: foi assim mermo. O Corneteiro Lopes se armou porque deu certo, mas se desse merda, uzoto ia dizer que foi ideia de jerico. 

Com isso, isolamos os portugueses dentro de Salvador e aí deixamos eles sem água e sem comida: não entrava nem geladinho, nem bolinho-de-estudante, nem um real de big big. 

Aí, quando a esquadra de Lord “Croquete” (Lord Cockrane) chegou e se juntou à flotinha de João das Botas, o sacrista do Madeira de Melo viu que já tava com a moral de jegue, chamou o rebanho de soldado dele na surdina e se picou de madrugada. Saiu no lixo mas João das Botas foi na cola deles até alto-mar e uns e oto “me disseram” que ele a largou o doce assim, ó: Se plante, viu, seu Madeira! Não se abra não, que eu não sou cupim. E nem volte aqui paroano! 

Na moral, véio, o nosso povo tirou onda: Salvador fiou livre e o Brasil consolidou sua independência. E quem não lutou com armas, lutou cuidando dos feridos, conseguindo comida para os soldados, doando dinheiro para as batalhas. 

Eita povo guerreiro! Eita povo boca de zero nove. E aí, painho, foi um arerê nas ruas de Salvador: o Exército Libertador entrou triunfante: todo mundo solto na buraqueira indo cumê água. A rua chega ficou apertada e assim nasceu o desfile do 2 de Julho. Né não é? 



Tá rebocado que você não sabia dessa história. Agora, tá ligado porque a tocha vem do Recôncavo, passa por Pirajá e chega na Lapinha, né? Tá ligado porque a festa é do povo, né? E tá ligado porque tem o Caboclo e a Cabocla, né? Ó paí! Não tá ligado não, seu leso. Me faça uma garapa! É porque eles representam a mistura popular que nos deu força pra lutar pela independência. 

Tá vendo aí? Fiz um texto grande pra apertar sua mente, mas a história é de lenhar, né não? 

Texto recebido em grupo de WhatsApp!

(Texto de Louti Bahia autor da página @amoahistoriadesalvador, pesquisador de cidades, especialista em Desenvolvimento Urbano, em Desenvolvimento Regional e em Planejamento Ambiental)

AGENDE AÍ: 

Quinta-feira, 2 de julho 2020, às 17h, vai ter live sobre a Independência da Bahia, com Louti Bahia, no Instagram @amoahistoriadesalvador.

Foto A TARDE
















quarta-feira, 1 de julho de 2020

IMPÉRIO DO MALI NA ÁFRICA: O PODEROSO IMPÉRIO DE MANSA MUÇA, O HOMEM MAIS RICO QUE JÁ EXISTIU.

Mansa Muça
Mansa Muça - Wikimedia Commons

Responsável por domínios diversos na África e pela disseminação do islamismo, esse império foi um dos mais importantes da História.

O Império do Mali (1235-1670) foi o maior que a África já viu. Composto por forças militares e riquezas raras, a entidade política, que fora governada pelo homem mais rico da História, Mansa Muça no século 14, entrou nos livros como uma potência na região do Saara fundada por Sundiara Queira em 1235 e expandiu costumes por todo o Norte da África, chegando a ter como centro Tombuktu, uma das cidades mais importantes.

Seu líder mais famoso foi Muça I, o mansa (espécie de imperador) que colaborou com diversas dominações malinesas para além do território do antecessor Império de Gana, e ficou globalmente famoso por suas viagens, incluindo a Haje (peregrinação a Meca) promissora e a conquista de incontáveis riquezas.

Os feitos do Emir do Mali foram relatados por diversos estudiosos árabes, principalmente porque o mundo muçulmano apontou todos os olhos ao Império, diante das dimensões. Nomes como al-Umari, Ibn Khaldun, Al-Ducali e Ibn Batutta escreveram sobre a história de Mansa Muça e sua linhagem. Afinal, seu tio-avô havia fundado aquele que, em sua época, era a maior referência de poder político do mundo conhecido.

Peregrinação de Mansa Muça / Crédito: Getty Images

Seu governo ficou conhecido como a Era de Ouro do Mali, quando aprofundou e disseminou costumes islâmicos e tornou o império um expoente da fé em Allah. Além  disso, também desenvolveu o comércio e as relações diplomáticas do país. A potência era temida e respeitada por toda a África, o que fazia com que o monarca tivesse muito cuidado. Ele sempre encarregava um porta-voz para proferir as ordens nas instâncias do governo.

Poder

Muça chegou ao poder de forma incomum. O processo se deu através de uma articulação para torná-lo vice-rei, e assim herdeiro, durante uma das viagens do monarca anterior.

Esse mandatário, que não fora retratado nos escritos, teria, inicialmente, realizado a litúrgica peregrinação à cidade sagrada dos muçulmanos, Meca, e, depois, comandaria uma comissão que alcançou — apesar de seu ceticismo — aquele que era o “oceano que circunda a Terra”, segundo al-Umari, ou seja, o Atlântico.

Um dos feitos mais relevantes de Muça, que colocou o Mali no centro da geopolítica muçulmana, foi uma peregrinação em 1324, em que, com uma procissão de 60 mil homens e 12 mil escravos, chegou a Meca oferecendo presentes e alianças com os mais diversos territórios.

A haje de Muça criou uma serie de aliados. Por onde passava, oferecia ouro e auxílio. Sua influência no Egito dominado pelos turcos, onde acampou por três dias, alterou completamente a economia.

Ápice do Império Mali / Crédito: Wikimedia Commons


O Império de Muça também disseminou uma etiqueta tradicional que implicava numa série de reverências a ele, exigindo grandes demonstrações de submissão. "Ninguém foi autorizado a aparecer em presença do rei com suas sandálias. Ninguém foi autorizado a espirrar na presença do rei, e quando o próprio rei espirrou, os presentes batem em seus peitos com as mãos”, afirma Nehemia Levtzion, em Ancient Ghana and Mali.

Enquanto ocorria a peregrinação, o Império continuou atuando no sentido de retomar dominações e criar novos núcleos de expansão, incluindo a cidade de Gao, tomada pelo general Sagmandia enquanto o rei viajava. Com o retorno do rei, a corte foi recomposta em Niani e os escribas, sacerdotes e arquitetos retomaram as ações em peso.

Por isso, seu governo ficou marcado por grandes obras de infraestrutura e de mesquitas nos grandes centros. Ordenou construções em seu palácio que possibilitaram maior articulação com outros impérios e admiração da comunidade local, incluindo salões impressionantes. Influenciou o desenvolvimento do grande centro africano, Tombuktu, com prédios religiosos, bibliotecas e instâncias administrativas.

Houve um gigantesco avanço do desenvolvimento urbano e da articulação entre as cidades. O Império se tornou mais coeso e articulado. Além disso, o povoamento do país aumentou e, como consequência, a produção, e o Delta do Níger se tornou um dos polos do mundo.

Iluminura de Mansa Muça / Crédito: Wikimedia Commons


Outro marco importante do Império do Mali sob Mansa Muça foi a globalização de Tombuktu. Diante de seu poder, a mais relevante localidade do Norte da África, se tronou polo comercial, cultural, intelectual, diplomático e, inclusive, religioso.

Os fluxos de comércio das caravanas do Saara passaram a ter o local como entreposto importante e, com isso, as universidades e centros de socialização se tronaram expoentes de disseminação do islamismo. Foi reerguida lá, nessa época, a importante Universidade de Sancoré.

Aventuras na História


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MAÇONARIA SOLIDÁRIA: FILANTROPIA E CARIDADE NA SOCIEDADE GRAPIÚNA. A EMPATIA PROTAGONIZANDO AÇÃO DE CIDADANIA!



CAMPANHA MAÇONARIA SOLIDÁRIA PROMOVE DRIVE THRU PARA ARRECADAÇÃO DE COBERTORES E ALIMENTOS.

No dia 04 de Julho, a Loja Maçônica Antônio da Silva Costa, Itabuna – Bahia, promove a campanha “Maçonaria Solidária” que por meio de um Drive Thru estará arrecadando cobertores, agasalhos, gêneros alimentícios e de higiene pessoal para as pessoas menos favorecidas de nossa comunidade. 

A iniciativa, idealizada e organizada pela Comissão de Beneficência da Loja Maçônica Antônio da Silva Costa, acontece em pleno inverno e em meio a Pandemia do Novo Coronavírus, tempo em que os menos favorecidos estão mais fragilizados. 

A campanha “Maçonaria Solidária está propondo uma ação conjunta entre a Loja Maçônica Antônio da Silva Costa e a comunidade grapiúna. "O intuito é que ambas se aliem por um propósito em que não haja barreiras físicas ou institucionais, uma vez que busca o bem do seu próximo", ressalta o Venerável Mestre Wanderlei de Souza Machado Júnior. 

As doações de cobertores, agasalhos, gêneros alimentícios e de higiene pessoal poderão ser feitas:

DATA: 04 de Julho de 2020;
HORÁRIO: das 8:30min às 16 horas; 
LOCAL: estacionamento da Câmara de Vereadores. 

No estacionamento será montado um Drive Thru para que as pessoas façam suas doações de carro, moto ou bicicleta, sem aglomerações e respeitando todas medidas sanitárias de prevenção ao Novo Coronavírus. 

Os cobertores e agasalhos arrecadados na campanha serão distribuídos às pessoas em condição de rua, já os gêneros alimentícios e de higiene pessoal serão distribuídos em comunidades carentes de Itabuna.  


terça-feira, 30 de junho de 2020

PENALTY INVESTE R$ 43,7 MILHÕES NA AMPLIAÇÃO DE UNIDADES NA BAHIA E GERA 235 NOVOS EMPREGOS.

Fábrica da Penalty(Divulgação)

A Bahia vai receber investimentos de R$ 45,7 milhões vindos de três fábricas que serão ampliadas. A Cambuci, gestora da marca de material esportivo Penalty, será responsável pela maior fatia desse montante. O valor de R$ 43,7 milhões será aplicado nas unidades instaladas no Sul do Estado, localizadas em Itabuna e Itajuípe. Já as Indústrias Reunidas Santos Carvalho vão investir R$ 2 milhões para ampliar indústria em Feira de Santana. Os protocolos de intenções foram assinados na segunda-feira (29), na Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado (SDE). 

“Se uma empresa amplia seus investimentos, é sinal de que os negócios vão bem e sinaliza uma retomada de crescimento econômico no Estado pós-pandemia. Hoje anunciamos três empreendimentos que serão ampliados no interior do Estado. O trabalho de atração de investimentos do Governo do Estado, por meio da SDE, não para por aqui. Além de atrair novas empresas, mantemos o ambiente de negócios saudável para que outros investimentos possam ser ampliados, gerando oportunidade de emprego para o povo baiano”, afirma o vice-governador João Leão, titular da pasta.

A unidade da Penalty em Itabuna, destinada à fabricação de bolas, receberá investimentos de R$ 31 milhões e produzirá 725,6 mil produtos a mais por ano. Além de manter os 352 empregos diretos, vai gerar 127 novas vagas. Em Itajuípe, onde são produzidos confecções, meias e equipamentos, serão investidos R$ 12,7 milhões. Com a ampliação e modernização, a capacidade de produção terá um aumento de 5,5 milhões de peças ao ano e a geração de 108 novos empregos diretos, além de manter os 202 existentes.

“Devemos aumentar significativamente nossa produção nas unidades da Bahia. Aumentaremos a contratação de pessoal e iremos incrementar as exportações com a valorização do dólar, principalmente para nossa unidade na Argentina, que é própria para América Latina e países da Europa. A retomada será moderada em função da pandemia, mas com incremento na produção”, afirma Roberto Estefano, diretor de Relações com o Mercado da Cambuci.

Feira de Santana

Em Feira de Santana, as Indústrias Reunidas Santos Carvalho vão investir R$ 2 milhões na sua ampliação, com incremento da capacidade de produção de 195,3 mil fardos/ano, 206 mil litros/ano e 21,8 mil caixas/ano. A unidade industrial é responsável pela fabricação de removedor, querosene, lubrificante KO e óleo de jacarandá, vaselina KO, naftalina, água sanitária, pedra sanitária, prendedor de roupas, hastes flexíveis, palito de churrasco, palito de dente, álcool e cloro em gel. Serão criados 20 empregos e mantidos 16 já existentes.

Anota Bahia

Bahia Sem Fronteiras

segunda-feira, 29 de junho de 2020

MEDICAMENTO PARA TRATAMENTO DA COVID-19 CUSTARÁ US$ (3.000) OU APROXIMADAMENTE R$ 15.000 (REAIS)

(Gilead Sciences Inc/Handout/Reuters)

A Gilead Sciences, farmacêutica que fabrica o remdesivir, disse que o remédio vai custar mais de 3.200 dólares (ou 17.000 reais) nos Estados Unidos, para um tratamento padrão de paciente com plano de saúde. Em países em desenvolvimento, fica abaixo desse valor, pouco mais de 2.000 dólares o tratamento de cinco dias (ou cerca de 11.000 reais). O remédio vem sendo testado com sucesso contra o coronavírus, e resultados mostram que tem sido capaz de reduzir o tempo de internação.

Os preços foram divulgados pela empresa nesta segunda-feira, 29. O remédio passará a ser cobrado em julho nos EUA, mas ainda será o governo americano quem decidirá os hospitais para os quais entregá-lo. Até lá, o governo americano vem usando doações feitas pela Gilead. O remdesivir foi autorizado para uso emergencial em maio.

A Gilead afirmou que vai oferecer um preço menor para pacientes de programas governamentais nos Estados Unidos e para outros países em desenvolvimento. O preço para estes compradores será de 390 dólares por dose — ou cerca de 2.340 dólares por paciente em um tratamento comum, de cinco dias, que usa seis doses do remédio.

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