Mansa Muça - Wikimedia Commons |
O Império do Mali (1235-1670) foi o maior que a África já viu. Composto por forças militares e riquezas raras, a entidade política, que fora governada pelo homem mais rico da História, Mansa Muça no século 14, entrou nos livros como uma potência na região do Saara fundada por Sundiara Queira em 1235 e expandiu costumes por todo o Norte da África, chegando a ter como centro Tombuktu, uma das cidades mais importantes.
Seu líder mais famoso foi Muça I, o mansa (espécie de imperador) que colaborou com diversas dominações malinesas para além do território do antecessor Império de Gana, e ficou globalmente famoso por suas viagens, incluindo a Haje (peregrinação a Meca) promissora e a conquista de incontáveis riquezas.
Os feitos do Emir do Mali foram relatados por diversos estudiosos árabes, principalmente porque o mundo muçulmano apontou todos os olhos ao Império, diante das dimensões. Nomes como al-Umari, Ibn Khaldun, Al-Ducali e Ibn Batutta escreveram sobre a história de Mansa Muça e sua linhagem. Afinal, seu tio-avô havia fundado aquele que, em sua época, era a maior referência de poder político do mundo conhecido.
Peregrinação de Mansa Muça / Crédito: Getty Images |
Seu governo ficou conhecido como a Era de Ouro do Mali, quando aprofundou e disseminou costumes islâmicos e tornou o império um expoente da fé em Allah. Além disso, também desenvolveu o comércio e as relações diplomáticas do país. A potência era temida e respeitada por toda a África, o que fazia com que o monarca tivesse muito cuidado. Ele sempre encarregava um porta-voz para proferir as ordens nas instâncias do governo.
Poder
Muça chegou ao poder de forma incomum. O processo se deu através de uma articulação para torná-lo vice-rei, e assim herdeiro, durante uma das viagens do monarca anterior.
Esse mandatário, que não fora retratado nos escritos, teria, inicialmente, realizado a litúrgica peregrinação à cidade sagrada dos muçulmanos, Meca, e, depois, comandaria uma comissão que alcançou — apesar de seu ceticismo — aquele que era o “oceano que circunda a Terra”, segundo al-Umari, ou seja, o Atlântico.
Um dos feitos mais relevantes de Muça, que colocou o Mali no centro da geopolítica muçulmana, foi uma peregrinação em 1324, em que, com uma procissão de 60 mil homens e 12 mil escravos, chegou a Meca oferecendo presentes e alianças com os mais diversos territórios.
A haje de Muça criou uma serie de aliados. Por onde passava, oferecia ouro e auxílio. Sua influência no Egito dominado pelos turcos, onde acampou por três dias, alterou completamente a economia.
Ápice do Império Mali / Crédito: Wikimedia Commons |
O Império de Muça também disseminou uma etiqueta tradicional que implicava numa série de reverências a ele, exigindo grandes demonstrações de submissão. "Ninguém foi autorizado a aparecer em presença do rei com suas sandálias. Ninguém foi autorizado a espirrar na presença do rei, e quando o próprio rei espirrou, os presentes batem em seus peitos com as mãos”, afirma Nehemia Levtzion, em Ancient Ghana and Mali.
Enquanto ocorria a peregrinação, o Império continuou atuando no sentido de retomar dominações e criar novos núcleos de expansão, incluindo a cidade de Gao, tomada pelo general Sagmandia enquanto o rei viajava. Com o retorno do rei, a corte foi recomposta em Niani e os escribas, sacerdotes e arquitetos retomaram as ações em peso.
Por isso, seu governo ficou marcado por grandes obras de infraestrutura e de mesquitas nos grandes centros. Ordenou construções em seu palácio que possibilitaram maior articulação com outros impérios e admiração da comunidade local, incluindo salões impressionantes. Influenciou o desenvolvimento do grande centro africano, Tombuktu, com prédios religiosos, bibliotecas e instâncias administrativas.
Houve um gigantesco avanço do desenvolvimento urbano e da articulação entre as cidades. O Império se tornou mais coeso e articulado. Além disso, o povoamento do país aumentou e, como consequência, a produção, e o Delta do Níger se tornou um dos polos do mundo.
Iluminura de Mansa Muça / Crédito: Wikimedia Commons |
Outro marco importante do Império do Mali sob Mansa Muça foi a globalização de Tombuktu. Diante de seu poder, a mais relevante localidade do Norte da África, se tronou polo comercial, cultural, intelectual, diplomático e, inclusive, religioso.
Os fluxos de comércio das caravanas do Saara passaram a ter o local como entreposto importante e, com isso, as universidades e centros de socialização se tronaram expoentes de disseminação do islamismo. Foi reerguida lá, nessa época, a importante Universidade de Sancoré.
Saiba mais sobre essa História através das obras disponíveis na Amazon:
História geral da África - Volume 4: África do século XII ao XVI (2011) - https://amzn.to/3i5hVCJ
Cultura, história intelectual e patrimônio na África Ocidental (2019) - https://amzn.to/31ljcje
História da África, de José Rivair Macedo (2014) - https://amzn.to/2NugzU5
Mansa Musa and the Empire of Mali, de P. James Oliver - https://amzn.to/3eBaktj
Mansa Musa I: Kankan Moussa: from Niani to Mecca , de Jean-Louis Roy (2019) - https://amzn.to/31jIjmn
Beyond Timbuktu – An Intellectual History of Muslim West Africa, de Ousmane Oumar Kane (2016) - https://amzn.to/3dBhL2v
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pela contribuição e participação