terça-feira, 31 de agosto de 2021

SBPC REALIZA VIRADA DA INDEPENDÊNCIA NO DIAS 06 E 07 DE SETEMBRO DE 2021

         

O evento, que contará com a participação das Sociedades Afiliadas e Secretarias Regionais da SBPC, será realizado de 6 a 7 setembro

Com o intuito de iniciar as discussões e comemorações dos 200 anos da Independência, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) realiza a “Virada da Independência”, da noite do dia 6 de setembro até o final da tarde do dia 7, quando se completará mais um aniversário do grito do Ipiranga. As atividades online estarão disponíveis no portal da SBPC e no canal da entidade no Youtube.

Uma série de atividades deverá compor a programação, que será divulgada nos próximos dias. Para tanto, as mais de 160 Sociedades Afiliadas foram convidadas a gravar um vídeo com pesquisadores que discutam questões como a ciência pode contribuir para a soberania e independência nacional e se o Brasil é um país soberano e independente.

As Secretarias Regionais da SBPC também foram convidadas a debater questões como se deu a independência em seu Estado ou Região – como foi, o que a marcou, o que merece ser salientado?

Para Renato Janine Ribeiro, presidente da SBPC, a Virada da Independência tem como objetivo consagrar a celebração de algo tão importante que é a Independência. Ele também afirma que será uma ótima oportunidade para deixar claro o papel da ciência, da tecnologia, da inovação, da educação, da cultura, da saúde, do meio ambiente e da inclusão social, que a SBPC defende e apoia, são importantes para construção de um Brasil soberano.

Ribeiro afirma ainda que o evento será uma ótima oportunidade para olharmos para o passado, compreendermos o presente e pensarmos o futuro. “Nós queremos debater o assunto para torná-lo mais conhecido porque para muitas pessoas a ‘Independência’ foi simplesmente o ‘Grito do Ipiranga’, a independência de um país que já se chamava Brasil e que deixou apenas de ser colônia, quando não é verdade. Eram duas colônias – Brasil e Grão-Pará -que se uniram somente após essa independência. 

Sem contar que o Acre só foi incorporado ao Brasil quase 100 anos depois. Por isso, queremos mostrar a construção desse Brasil, resultado de várias batalhas nos mais diferentes lugares, como, por exemplo, a Batalha de Jenipapo (um dos confrontos mais sangrentos da Guerra da Independência do Brasil, em 13 de março de 1823 às margens do rio de mesmo nome na vila de Campo Maior, Piauí), as lutas na Bahia e todos os problemas regenciais. Queremos também abrir uma discussão da construção desse país, dos problemas deixados e o que falta para nos tornarmos totalmente soberanos”, afirma Ribeiro.

As informações atualizadas sobre a programação serão divulgadas pela SBPC no JC Noticias e em suas redes sociais – Facebook, Twitter e Instagram.

SBPC

Jornal da Ciência

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

EVACUAÇÃO DE TALLIN: O DUNKERQUE SOVIÉTICO. таллинский переход начался утром 28...

Tallin atual. Foto: Rotas Turísticas

No final do verão de 1941, a Marinha Soviética viveu um dos dias mais sombrios. Em 28 de agosto, praticamente diante dos olhos das tropas alemãs, que tinham tomado Tallin, a Frota Vermelha do Báltico abandonou o porto da capital da Estónia, com milhares de civis e militares soviéticos, rumo a Leningrado. A travessia terminou com a perda de mais de 50 navios, mas salvando, mais que 13.000, civis, soldados, e marinheiros.


Tallin era a base principal da Frota Soviética do Báltico. A cidade estava bem preparada para repelir ataques do mar e do ar. O elo fraco da sua defesa eram as fortificações em terra, pois ninguém poderia imaginar que um inimigo pudesse cruzar a Lituânia e a Letónia e chegar na Estónia muito rapido.
Mas foi exatamente isso que aconteceu. Já no início de julho, as tropas germanas do grupo de exército norte, entraram em território estónio e, em 7 de agosto, atingiram a costa do golfo da Finlândia, isolando assim por terra a cidade das principais forças do exército vermelho. Mas mesmo nessa situação, o comando soviético não deu a ordem para evacuar Tallin, com a intenção de defendê-la até o final. Apesar de as forças de defesa da cidade serem muito pequenas e consistirem em unidades do 10 o Corpo de Fuzileiros, Marinheiros, NKVD e autodefesa local.



No dia 25 de agosto, a situação era crítica. As tropas soviéticas tinham sido empurradas para a principal linha defensiva nas proximidades de Tallin, e a artilharia alemã podia atingir toda a cidade e o porto com seus projéteis. Os navios da Frota do Báltico podiam agora também atirar no inimigo. Este apoio artilheiro foi muito útil para as tropas que cobriam a tão esperada evacuação da Frota do Báltico, anunciada pelo seu comandante, o vice-almirante Vladimir Tributs, em 27 de agosto.
Tallin atual. Foto: Rotas Turísticas

A subida a bordo das naves durou o dia todo e a noite, e foi realizada em um ambiente de caos e desorganização. Os navios estavam sobrecarregados, não havia espaço a bordo para muitos soldados, marinheiros e civis. A evacuação do material militar era uma quimera: armas máquinas eram simplesmente jogada no mar. Muitas das unidades do exército vermelho que lutavam com o inimigo nas ruas da cidade não conseguiram embarcar. Os alemães capturaram cerca de 11.000 soldados.
Em 28 de agosto, 225 navios da Frota do Báltico organizados em quatro comboios saíram de Tallin e foram para a base naval de Kronstadt na ilha de Kotlin, perto de Leningrado. De acordo com várias estimativas, estavam a bordo cerca de 37.000 pessoas, incluindo militares, civis e dirigentes da Estónia Soviética.
Os comandantes da Frota do Báltico sabiam muito bem que, desde julho, os alemães e os finlandeses estavam minando o golfo da Finlândia, mas não fizeram nada para contrariar esta situação. No final, foram por esses campos de minas marinhas que tiveram que passar, tornando-se a principal causa da tragédia dos navios.


Os comboios se deslocavam com extrema lentidão, seguindo a esteira dos varredores de minas Muitos navios soviéticos, ao serem atacados pela artilharia costeira do inimigo ou por torpedeiros finlandeses, saíam da estreita faixa que tinha sido limpa de minas, e atingiam um desses dispositivos e afundavam em poucos minutos.
A lenta massa de navios se tornou um excelente alvo para os aviões da Luftwaffe, que disparavam como se aquilo fosse uma prática de tiro. Mesmo que os pilotos alemães não conseguissem afundar um navio sozinho, o navio, ao ser danificado, muitas vezes desviava do seu curso e detonava uma mina.

De Bundesarchiv, Bild 141-0154 / CC-BY-SA 3.0, CC BY-SA 3.0 de, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=5418724
Não havia aviação soviética no céu. A evacuação ocorreu quando todos os aeródromos próximos de Tallin tinham sido destruídos. Os caças soviéticos só conseguiram dar cobertura aos comboios na etapa final da viagem.
No curso dos três dias que durou a jornada desde de Tallin, a Frota do Báltico perdeu de 62 navios, incluindo destoyeres, submarinos, dragaminas, lanchas de patrulha, navios da guarda costeira e torpedeiros. No entanto, a maioria dos navios perdidos (mais de 40) eram navios de transporte e auxiliares. Os alemães perderam 13 aviões.
De Mil.ru, CC BY 4.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=65819119

Apesar das perdas, a Frota do Báltico que sobreviveu, era uma unidade preparada para o combate. Tendo passado por esta terrível experiência, não teve muito tempo para descansar. Apenas uma semana depois, começaram os intensos combates por Leninegrado, nos quais desempenharia um papel importante, na sua defesa.

Fonte:

quinta-feira, 26 de agosto de 2021

RÚSSIA DESENVOLVEU MÍSSIL DE LONGO ALCANCE INDECTÁVEL AOS RADARES E QUE PODE VOAR INIFINITAMENTE E ATACAR ALEATORIAMENTE.

          


Координаты «Скайфолл»: почему британцы так боятся новой российской ракеты?

Nos EUA, é chamado de "Flying Chernobyl", na UK "míssil infinito" na OTAN "Skyfall". O míssil nuclear russo "Burevestnik", cuja criação se tornou conhecida em 1º de março de 2018. Desde então, o projeto tem sido monitorado de perto pela inteligencias ocidentais.
O Burevestnik é um míssil de cruiser intercontinental. Assemelha ao míssil Kh-101, mas suas dimensões são quase o dobro. E suas asas, em contraste, são colocadas não abaixo, mas no topo da fuselagem. Vem com várias soluções técnicas revolucionárias ao mesmo tempo. Com motor nuclear inovador. Um sistema de navegação baseado em novos princípios físicos. Permitindo que a A.I. do missil faça uma rota aleatória de acordo com as cicunstancias, objetivando atingir o alvo certeiro.
O chefe da inteligência militar da UK, Jim Hockenhall, disse que o míssil de cruzeiro com motor nuclear, pode ficar no espaco por anos, infligindo golpes inesperados e devastador em qualquer canto do globo. O Burevestnik é uma arma formidável, a vantagem de que é garantido alcançar e destruir a infraestrutura militar de Pais em potencial. Observa que um míssil de cruzeiro furtivo e invulnerável a todos os sistemas de defesa antimísseis existentes: "Ele traça sua rota, como ja explicado, que as defesas inimigas não possam detê-lo.
No no final de 2020, o curador de armas estratégicas da Casa Banca, Marshall Billingsley, disse em seu discurso que hoje os EUA estão perdendo para a Rússia não apenas no campo das tecnologias de mísseis hipersônicos, mas gradativamente perdendo terreno em outras áreasestrategicas. Assim, o projeto do míssil de cruzeiro russo com uma usina nuclear "Burevestnik" já está em fase de testes de vôo, enquanto os Estados Unidos ficam para trás na criação de armas desta classe por 10-15 anos.
O míssil de cruzeiro Burevestnik entrará em serviço logo, dizem os especialistas. O trabalho do produto entrou na fase final. O Ministério da Defesa Russa está testando os sistemas individuais; em três locais de teste - em Novaya Zemlya, em Nenoksa e Kapustin Yar.
Esse desenvolvimento é capaz de retornar a superioridade da Rússia na exploração espacial. Em 2020, soube-se que a Roskosmos estuda a construção de um avião-foguete com usina nuclea. O fato é que hoje os EUA estão perdendo para a Rússia não apenas no campo das tecnologias de mísseis hipersônicos, mas tambem perdendo em outras áreas. O projeto do míssil de cruzeiro russo "Burevestnik" já está em fase de testes de vôo, enquanto os EUA???.



Координаты «Скайфолл»: почему британцы так боятся новой российской ракеты?

В США её называют «Летающий Чернобыль» и «системой Судного дня», в Великобритании окрестили «ракетой с бесконечной дальностью», а в НАТО дали кодовое обозначение «Skyfall» («Падение небес»). Речь идёт о новой российской ядерной ракете «Буревестник», о создании которой стало известно 1 марта 2018 года. С тех пор проект находится под пристальным наблюдением западных экспертов и не сходит со страниц зарубежных средств массовой информации.

«Буревестник» – межконтинентальная крылатая ракета наземного базирования. Внешне он напоминает авиационную ракету Х-101, но по габаритам в полтора-два раза больше. И крылья у него, в отличие от «сто первой» ракеты, размещены не внизу, а сверху фюзеляжа. В новинке нашли свое отражение сразу несколько революционных технических решений. Во-первых, это инновационный ядерный двигатель. А во-вторых – навигационная система, которая базируется на новых физических принципах. Это позволяет интеллектуальному блоку ракеты выстраивать маршрут произвольно и легко ориентироваться над океаном, где будет проходить большая часть её полета.

Глава военной разведки Великобритании Джим Хокенхалл рассказал, что Россия «испытывает дозвуковую крылатую ракету с ядерным двигателем, благодаря которому она годами может находиться в атмосфере, нанося неожиданные удары по любому уголку земного шара». Конечно, англичане напуганы, а у страха, как известно, глаза велики. Утверждения про «беспрерывный полёт» – это из области фантастики, «perpetuum mobile» ещё не изобретен. Однако, в панических рассуждениях британского генерала есть рациональное зерно. Действительно, российский «Буревестник» – это грозное оружие, преимущество которого заключается в том, что оно гарантированно достигнет и уничтожит военную инфраструктуру потенциального противника. В Минобороны России отмечают, что малозаметная крылатая ракета является неуязвимой для всех существующих и перспективных систем как ПРО, так и ПВО: «Буревестник» прокладывает свой маршрут таким образом, чтобы неприятельские средства защиты от воздушных и ракетных ударов не могли её остановить.

На одном из брифингов в конце июля 2020 года куратор Белого дома по стратегическим вооружениям Маршалл Биллингсли заявил в своём выступлении, что новейшие российские крылатые ракеты с ядерной силовой установкой «Буревестник» «вообще не должны существовать». В Вашингтоне также призывали Россию прекратить разработки и внедрение новейших видов ракет. Опасения спецпредставителя президента США вполне объяснимы. Дело в том, что сегодня Соединенные Штаты проигрывают России не только в сфере гиперзвуковых ракетных технологий, но и постепенно теряют позиции в других областях. Так, проект российской крылатой ракеты с ядерной энергоустановкой «Буревестник» уже находится на этапе летных испытаний, в то время как США отстают в создании вооружений такого класса на 10-15 лет.

Помощник госсекретаря США по международной безопасности и нераспространению Кристофер Форд также признал, что Россия в настоящее время разрабатывает новые системы доставки ядерного оружия, аналогами которых США не обладают. В пример он привел ракетный комплекс «Сармат», а также гиперзвуковые вооружения, «Посейдон» и «Буревестник». Заместитель помощника министра обороны США по ядерным вопросам Питер Фэнта добавил, что «Россия занимается разработкой вооружений типа крылатой ракеты «Буревестник», чтобы бросить вызов неядерным силам США». Понятно, почему Вашингтон, привыкший к глобальному доминированию, недоволен новейшим российским оружием.

Крылатая ракета «Буревестник» с ядерной энергетической установкой поступит на вооружение к 2025 году, считают эксперты. Работа над изделием вошла в завершающую стадию. Минобороны РФ проводит испытания отдельных систем, они ведутся параллельно на трех полигонах – на Новой Земле, в Неноксе и Капустином Яру. Окончательная отладка займет два-три года. Источники в разведке США сообщают, что «Буревестник» может поступить на вооружение российской армии раньше, чем планировалось.

Интересно, что потенциал «Буревестника» выходит далеко за военные рамки. В перспективе данная разработка способна вернуть России превосходство в освоении космоса. В 2019 году стало известно о том, что в Роскосмосе рассматривают создание ракетоплана с ядерной энергетической установкой, прообразом которого станет именно маленький радиоактивный «Буревестник».

Ccont.ws

life.ru


terça-feira, 24 de agosto de 2021

AGRONEGÓCIO BRASILEIRO TEM EXPORTAÇÕES DE US$ 11,3 BILHÕES. A CHINA LIDERA AS IMPORTAÇÕES DE NOSSOS PRODUTOS.

 

O superávit comercial do agro no mês passado foi de US$ 10,1 bilhões.

As exportações do agro em julho deste ano foram de US$ 11,3 bilhões, crescimento de 15,8% frente ao mesmo período de 2020. Destaca-se que os preços das commodities mantêm sua tendência de recuperação, tendo a maioria dos produtos superado o nível dos preços pré-pandêmicos.

O superávit comercial do agro no mês passado foi de US$ 10,1 bilhões. No acumulado de janeiro a julho de 2021, as vendas externas do setor chegaram a US$ 72,7 bilhões, 19,9% a mais na comparação com o mesmo período do ano de 2020. A soja em grãos liderou a pauta exportadora do agro brasileiro em julho, com participação de 35,3% no total e receita de US$ 4,0 bilhões (incremento de 15,3% em relação ao mesmo período de 2020). O segundo foi a carne bovina in natura, com crescimento de 30,6% frente a julho do ano passado e faturamento de US$ 902,6 milhões.

A China foi o principal destino das exportações brasileiras em julho, com participação de 35,2% do total e destaque para os embarques de soja em grãos, carne bovina in natura, celulose, açúcar de cana em bruto e carne de frango in natura.

Em seguida veio a União Europeia, com parcela de 15%, seguida
por Estados Unidos (7,4%). Completam a lista dos dez principais mercados para os produtos do agro: Tailândia (2,9%); Japão (2,4%); Vietnã (2,3%); Irã (2,2%); México (1,8%); Indonésia (1,8%); e Coreia do Sul (1,7%).

Os dados são da análise da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) com base nos dados do Ministério da Economia.

Fonte:

AGROLINK

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

LANÇADO O OBSERVATÓRIO PESQUISA, CIÊNCIA E LIBERDADE

 

Observatório Pesquisa, Ciência e Liberdade tem como principal missão registrar, acompanhar, tornar público e encaminhar às autoridades competentes qualquer atentado à liberdade de expressão, à liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento científico entre nós. Buscará, desse modo, promover de modo amplo o direito ao acesso à integridade dos resultados de pesquisas e investigações científicas probas, qualificadas e eticamente orientadas, para que se possa, através da promoção de uma ciência cidadã, contribuir para a manutenção da democracia em nosso país.

Conheça os membros da Comissão

Maria Filomena Gregori, professora livre-docente do Departamento de Antropologia da Unicamp e pesquisadora do Pagu – Núcleo de Estudos de Gênero da mesma universidade (coordenadora da Comissão);

Deborah Duprat, jurista, foi membro do Ministério Público Federal de 1987 a 2020, vice-procuradora-geral da República de 2009 a 2013 e ex-procuradora-geral em 2009;

Otávio Guilherme Cardoso Alves Velho, antropólogo, professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e presidente de honra da SBPC;

Deisy Ventura, professora titular de Ética da Faculdade de Saúde Pública (FSP) e do Programa de Pós-graduação em Relações Internacionais do Instituto de Relações Internacionais (IRI) da USP. Ela também é presidente da Associação Brasileira de Relações Internacionais – ABRI (2019-2021);

Conrado Hubner Mendes, professor-doutor de Direito Constitucional na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador do Centro de Análise da Liberdade e do Autoritarismo (LAUT);

Sérgio Carrara, professor titular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Carlos Benedito Martins, professor titular de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB);

Elizabeth Villela da Costa, do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH);

Maria Hermínia Tavares, da Comissão Arns;

Marcela Lupoli, advogada na Cesnik, Quintino e Salinas Advogados (CQS);

Veja abaixo o vídeo de lançamento:

Lançamento do Observatório

Entidades parceiras ou colaboradoras:

Ciências Sociais Articuladas.

Portal SBPC

sábado, 21 de agosto de 2021

UM AGOSTO AUTORITÁRIO. O QUE ESPERAR EM SETEMBRO?


Agosto trouxe uma escalada do autoritarismo no Brasil. Em menos de 20 dias, Jair Bolsonaro travou uma batalha pela lunática PEC do voto impresso e consolidou a narrativa de "golpe" para sua provável derrota em 2022. Isso nos custou R$ 1 bilhão em emendas para a base bolsonarista na Câmara às vésperas da votação da PEC. E em seguida vimos a ameaça de impeachment de ministros do STF. 


A cereja do bolo veio com uma mensagem enviada por Bolsonaro chamando apoiadores às ruas no 7 de setembro e alardeando a necessidade de um "contragolpe". Em meio a tudo isso, o cômico desfile das Forças Armadas em Brasília, que não deixa de ser uma afronta e um recado. 

A sequência de abusos tem causa clara, mas seus desdobramentos não são tão óbvios.

Bolsonaro derrete em praça pública. Seu governo que sempre se baseou no caos, agora vive de empilhar desastres. Inflação, fome, vexames internacionais, rendição completa ao Centrão. Não deu outra, o presidente alcançou o recorde de rejeição: 54%, segundo a pesquisa XP/Ipespe divulgada nesta terça-feira, consideram seu governo ruim ou péssimo. 

Com a ideia de "contragolpe", Bolsonaro e seus apoiadores (que ainda são muitos) jogam para a torcida na tentativa de fomentar uma "reação" ao "golpe do STF" que juram estar em curso. É o tipo de ideia capaz de fazer sentido para quem acredita que a constituição brasileira é comunista e que há latifúndios de maconha nas universidades federais. Mas não se engane, eles estão tentando virar um jogo que nesse momento é bastante desfavorável para o ex-capitão.

O cenário que se desenha é nebuloso, mas é também nele que um exercício de cidadania se faz crucial em tempos de crise: o apoio e a manutenção de uma imprensa contundente que vai além da informação pura e simples e do serviço de utilidade pública. 

O governo mais caótico, irresponsável e letal que o Brasil já elegeu exige mais do que o feijão-com-arroz do jornalismo: exige investigação profunda, denúncia e um olhar crítico que, por décadas de comercialização da notícia, a maior parte das nossas redações não teve a liberdade de desenvolver.

Fonte: 

sexta-feira, 20 de agosto de 2021

ANÁLISE: O OCIDENTE FECHOU OS OLHOS PARA A REALIDADE NO AFEGANISTÃO. UM OUTRO OLHAR SOBRE A QUESTÃO!


É estranho a comunidade internacional agora demonstrar espanto pela rápida tomada do Afeganistão. Os fatos não só eram visíveis como ocorreram com apoio da Otan e seus aliados. Emran Feroz analisa 20 anos de um fracasso.

"Possivelmente vai ser como da última vez, quando os talibãs tomaram Cabul da noite para o dia", comentava Ahmad J. no último sábado (14/08). Apesar de ser apenas um menino quando o grupo fundamentalista islâmico ocupou a capital do Afeganistão, 25 anos atrás, ele ainda se lembra bem daquela manhã.

De repente, os militantes estavam lá, enquanto fugiam os representantes do governo mujahidin, que durante anos haviam se combatido mutuamente. Agora, quase duas décadas após o começo da ocupação do país pela Otan, esse quadro podia se repetir. "Os últimos dias deixaram claro que eles logo vão estar aqui", disse Ahmad.

No dia seguinte, sua previsão se confirmaria: depois de haverem conquistado todas as capitais provinciais importantes, os talibãs marcharam sobre Cabul. Em muitos casos, o exército e a polícia abandonaram seus postos antes mesmo de os rebeldes entrarem na cidade.

Repercussões da "guerra ao terror"

Ao mesmo tempo, o presidente Ashraf Ghani abandonava o país às pressas, junto com sua comitiva, agindo como um governador neocolonial. E era assim que ele era tachado nos últimos anos, não só pelo Talibã como por muitos afegãos que não ganharam nada com seu aparato estatal corrupto.

Segundo alguns relatos, os homens de Ghani teriam levado bolsas cheias de dinheiro vivo. Anos atrás, aliás, o presidente deposto havia comentado que não tinha simpatia pelos refugiados afegãos, que no Ocidente acabariam mesmo como lavadores de pratos.

Após a fuga, os islamistas ocuparam o palácio presidencial, posando diante da escrivaninha de Ghani. Na subsequente entrevista improvisada à emissora Al Jazeera, um dos comandantes presentes mencionou que durante oito anos estivera preso e fora torturado pelos americanos na prisão de Guantánamo.

Mero acaso? Dificilmente. Foi antes mais uma prova de como a "war on terror" dos Estados Unidos radicalizou muitos no Afeganistão, e de que muitos deles até hoje não esqueceram essa "guerra".

Os vencedores estão em Cabul

Os acontecimentos continuaram se precipitando: uma multidão acorreu ao aeroporto de Cabul, onde tropas americanas realizavam a evacuação de seus concidadãos. O caos perdurou até o dia seguinte: algumas pessoas se agarraram a um dos aviões que decolavam e morreram na desesperada tentativa.

Enquanto isso, os soldados dos EUA disparavam contra a multidão de afegãos. "Um parente meu foi morto: ele era médico", contaria mais tarde o jornalista e autor de podcasts afegão-holandês Sangar Paykhar. A escritora e ativista Nadia Hashemi relata que o acesso às aeronaves foi em parte vedado a afegão-americanos como ela, supostamente por não serem americanos brancos.

As cenas mais recentes de Cabul deixaram mais óbvio do que nunca que a missão ocidental no Afeganistão foi um fracasso. Em seu discurso de quarta-feira, o presidente americano, Joe Biden, não mencionou sequer uma vez aqueles afegãos mortos nas últimas duas décadas na guerra americana contra o terrorismo.

Em vez disso, suas palavras foram, mais uma vez, marcadas por negação da realidade e ignorância. Pois os verdadeiros vencedores dessa guerra não estão em Washington, mas em Cabul.

Em vez de 90 dias, 24 horas

Os talibãs nunca estiveram tão fortes. Só nas últimas semanas, pilharam equipamento de guerra americano de alta tecnologia. Com exceção da província de Panjshir, ao norte de Cabul, notória por sua resistência permanente contra o Talibã, agora os extremistas controlam novamente quase todo o país. Acrescente-se a isso a força política no palco internacional, pela qual o grupo tanto se empenhou nos últimos anos.

Numerosas análises e prognósticos quanto a uma tomada de poder pelo Talibã tiveram que ser repetidamente corrigidos nos últimos dias. Ainda no sábado, o serviço secreto americano CIA estimava que a capital seria tomada nos próximos 30 a 90 dias – no fim das contas, não foram nem 24 horas.

Mesmo analistas renomados de Washington ficaram sem palavras diante das ocorrências mais recentes. Bill Roggio, do think tank conservador de direita Foundation for the Defense of Democracies, classificou como "um dos maiores fiascos do serviço secreto nas últimas décadas" a campanha militar vitoriosa dos talibãs, cuja estratégia de guerra teria sido "brilhante". Os extremistas se concentraram inicialmente no norte, antes de tomar outras cidades por todo o país.

Afeganistão já estava nas mãos do Talibã

São muitos os fatores que levaram a tudo isso. Diversas causas do fracasso do Ocidente foram recalcadas e ignoradas durante anos – não só para evitar humilhação, mas por que, mesmo depois de todo esse tempo, não se conhecia o Afeganistão.

Praticamente todos os distritos das capitais provinciais que caíram antes de Cabul já eram controlados pelo Talibã há anos: lá ele se estabelecera, agindo e governando na sombra. Nessas regiões rurais, os extremistas conseguiram logo fincar pé, também devido à corrupção disseminada da capital e às numerosas operações militares da Otan e seus aliados afegãos.

Pois os ataques com drones e as batidas noturnas brutais regularmente fizeram vítimas civis nas aldeias afegãs. Muitos familiares dos mortos se associaram ao Talibã, de uma forma ou de outra. Isso ocorria também logo às portas de Cabul: bem antes dos últimos desdobramentos, bastavam 20 a 30 minutos de carro para entrar em território talibã.

Corrupção favorecida pelos EUA

Mas isso é algo que os responsáveis nos governos do Ocidente não querem enxergar. Em vez disso, tiveram lugar felicitações mútuas: falou-se dos "convincentes valores próprios", concentrando-se nas supostas conquistas ocorridas no Afeganistão desde 2001. Falou-se de democracia, embora nos últimos 20 anos não tenha acontecido uma única transferência de poder democrática no país asiático.

Esse fato seguramente nada tem a ver com aqueles afegãos que, sob risco de vida, de fato foram às urnas eleitorais, mas, acima de tudo, com as elites corruptas que os EUA colocaram no poder em Cabul: homens como Hamid Karzai ou o foragido Ashraf Ghani usaram o novo sistema para seus próprios fins, recorrendo sempre a fraudes eleitorais para se manterem no poder.

Outros protagonistas locais agiram da mesma forma, inclusive muitos senhores de guerra e barões do narcotráfico que se tornaram os aliados mais estreitos do Ocidente na região do Hindu Kush. Eles enriqueceram pessoalmente graças às generosas verbas assistenciais do exterior e transferiram bilhões de dólares para o estrangeiro.

Ao mesmo tempo, igualmente contavam entre os principais beneficiados pela guerra, por exemplo, através de firmas de segurança privadas criadas por eles mesmos para simular atentados às tropas da Otan. Posteriormente assinaram contratos lucrativos com base no suposto perigo de terrorismo.

Ocidente: não é nossa culpa

Pelo menos desde o fim de 2019 sabe-se que em Washington e outras capitais todas essas aberrações eram conhecidas. Foi quando o jornal The Washington Post publicou os Afghanistan Papers, em que cerca de 400 oficiais americanos de alto escalão mais ou menos admitiam seu próprio fracasso no Afeganistão. Os detalhes a respeito foram mantidos a sete chaves durante anos.

Hoje, porém, ninguém quer falar do assunto. Em vez disso, afirma-se que o Talibã atropelou o Afeganistão e o Ocidente, vindo do nada: os protagonistas estrangeiros tentaram alcançar o melhor para o país, mas infelizmente não deu certo.

A verdade é que – após 20 anos de uma intervenção falha, que custou a vida de centenas de milhares de afegãos, além de transformar milhões deles em refugiados e precipitá-los na miséria – o Ocidente não apenas perdeu o interesse no Afeganistão: ele não se sente corresponsável pela desgraça resultante. "Eles são assim, não é nossa culpa", reza o jargão cultural-relativista, que ressoa especialmente alto por estes dias.

Emran Feroz é austríaco de raízes afegãs e há anos escreve sobre a situação no Hindu Kush para veículos de idioma alemão, como Die ZeitTAZ e WOZ, mas também internacionais, como The New York Times e a emissora CNN.


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