sábado, 21 de agosto de 2021

UM AGOSTO AUTORITÁRIO. O QUE ESPERAR EM SETEMBRO?


Agosto trouxe uma escalada do autoritarismo no Brasil. Em menos de 20 dias, Jair Bolsonaro travou uma batalha pela lunática PEC do voto impresso e consolidou a narrativa de "golpe" para sua provável derrota em 2022. Isso nos custou R$ 1 bilhão em emendas para a base bolsonarista na Câmara às vésperas da votação da PEC. E em seguida vimos a ameaça de impeachment de ministros do STF. 


A cereja do bolo veio com uma mensagem enviada por Bolsonaro chamando apoiadores às ruas no 7 de setembro e alardeando a necessidade de um "contragolpe". Em meio a tudo isso, o cômico desfile das Forças Armadas em Brasília, que não deixa de ser uma afronta e um recado. 

A sequência de abusos tem causa clara, mas seus desdobramentos não são tão óbvios.

Bolsonaro derrete em praça pública. Seu governo que sempre se baseou no caos, agora vive de empilhar desastres. Inflação, fome, vexames internacionais, rendição completa ao Centrão. Não deu outra, o presidente alcançou o recorde de rejeição: 54%, segundo a pesquisa XP/Ipespe divulgada nesta terça-feira, consideram seu governo ruim ou péssimo. 

Com a ideia de "contragolpe", Bolsonaro e seus apoiadores (que ainda são muitos) jogam para a torcida na tentativa de fomentar uma "reação" ao "golpe do STF" que juram estar em curso. É o tipo de ideia capaz de fazer sentido para quem acredita que a constituição brasileira é comunista e que há latifúndios de maconha nas universidades federais. Mas não se engane, eles estão tentando virar um jogo que nesse momento é bastante desfavorável para o ex-capitão.

O cenário que se desenha é nebuloso, mas é também nele que um exercício de cidadania se faz crucial em tempos de crise: o apoio e a manutenção de uma imprensa contundente que vai além da informação pura e simples e do serviço de utilidade pública. 

O governo mais caótico, irresponsável e letal que o Brasil já elegeu exige mais do que o feijão-com-arroz do jornalismo: exige investigação profunda, denúncia e um olhar crítico que, por décadas de comercialização da notícia, a maior parte das nossas redações não teve a liberdade de desenvolver.

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