segunda-feira, 28 de março de 2022

GUERRA E CRISES SANITÁRIA E CLIMÁTICA AUMENTAM AS DESIGUALDADES SOCIAIS NO PLANETA

 


No sistema econômico mundial do século 21, empresas multinacionais enriquecem utilizando a infraestrutura pública de um país, seus recursos naturais, trabalhadores formados e cuidados pelo sistema público de educação e saúde, mas contribuem muito pouco com impostos para financiar essas atividades.

E de uma hora para outra, apenas apertando a tecla “enter”, estas empresas – assim como seus donos e acionistas bilionários – podem transferir todos os seus ativos para outra jurisdição, os chamados paraísos fiscais, onde a cobrança de impostos é literalmente zero, sem sofrer qualquer controle ou barreira.

Mas a conta que elas geram – o desemprego, o colapso do sistema de saúde e a devastação ambiental – fica no local de onde saíram para ser bancada por governos com o dinheiro dos poucos pagantes de impostos – principalmente os trabalhadores e a classe média, cada vez mais empobrecidos.

“É um sistema insustentável”, definiu o economista francês Thomas Piketty, especialista no assunto, autor do best-seller “O Capital no Século 21” entre outros livros.

A desigualdade é um problema histórico, principalmente de países em desenvolvimento como o Brasil, piorou com a pandemia do coronavírus e está se agravando com a guerra entre Rússia e Ucrânia.

Fonte:

Jornal da Ciência


sexta-feira, 25 de março de 2022

25 DE MARÇO DE 1199: BULA DO PAPA INOCÊNCIO III "ANUNCIA" A INQUISIÇÃO

 
                                                                                                                 Inocêncio III

A partir desta bula, não caberia mais aos bispos lutar contra a heresia; a tarefa passava agora aos prelados diretamente subordinados à Santa Sé.

Em 25 de março de 1199, o papa Inocêncio III publicou a bula Vergentis in senium, que instituía um procedimento de combate à heresia. Depois do segundo Concílio de Latrão, ocorrido no mesmo ano, a perseguição aos hereges tornou-se uma preocupação central da igreja católica. Os movimentos maniqueístas dualistas, que acreditavam numa existência separada do bem e do mal, de Deus e do Diabo, prosperavam e passavam a ser considerados um risco para a igreja. A bula do papa Inocêncio anunciava o envio de religiosos para doutrinar os integrantes desses movimentos, entre eles os cátaros, e estabelecia, assim, as bases da Inquisição.

Dez anos depois, em julho de 1209, o exército dos cruzados, encarregado de erradicar os cátaros por determinação do papa, tomou a cidade francesa de Béziers. A heresia cátara provocou a "cruzada albigense", na qual vários considerados "hereges medievais" das cidades e arredores eram agredidos e mortos violentamente. Toda a região de Rennes-le-Château passou a carregar o estigma de uma história amarga e de sangue, que perdura até os dias de hoje.

Sob a direção do legado papal, Arnaldo Amalrico, e da autoridade local, Simão de Monfort, a cidade foi saqueada, e a população, massacrada. Ainda que majoritariamente católica, Béziers não desejava livrar-se dos cátaros. Antes de partir para o ataque, os cruzados perguntaram a Amalrico como reconhecer os hereges e distingui-los dos verdadeiros cristãos. A resposta teria sido: "Matem todos. Deus acabará por reconhecer os seus".

Durante 20 anos, os combates causariam estragos na região. Os albigenses, ou seja, os povos de Albi, comuna francesa da região dos Médios Pirineus, não reconheciam as divindades de Cristo e eram avessos à autoridade eclesiástica da Igreja. Num primeiro momento, eles foram vencidos, mas, depois, conseguiram organizar uma reconquista antes de se chocar com o exército real francês.

Gloriosa para os católicos, a Cruzada dos Albigenses não eliminou completamente o catarismo. 

O papa Inocêncio II excomunga os albigenses (esquerda), Cruzada contra os Albigenses (direita)


Em novembro de 1215, Inocêncio III presidiu a última sessão do Concílio de Latrão, que terminou com a condenação dos cátaros e dos valdenses, habitantes dos vales alpinos. O concílio também proibiu a criação de novas ordens religiosas, manteve a discriminação contra os judeus e fez surgir a expressão “transubstanciação”, termo usado pela Igreja Católica para explicar a conversão do pão e do vinho no corpo e no sangue de Cristo. 

De resto, o papa convocou uma nova cruzada. Mas seria seu sucessor, o papa Honório III, que a organizaria, dois anos depois. Em fevereiro de 1231, ao assinar a bula Excommunicamus, o papa Gregório IX instituiu formalmente a Inquisição, dando um passo adiante na máquina de perseguição criada por Inocêncio III. 

A partir desta bula, não caberia mais aos bispos lutar contra a heresia. A tarefa passava agora aos prelados diretamente subordinados à Santa Sé, que gozavam de poderes extraordinários. A prisão perpétua e a morte na fogueira tornaram-se meios reconhecidos pela igreja para lutar contra a heresia. Em setembro de 1231, os primeiros inquisidores começariam sua temida missão na Europa.

Gregório IX nomeou o primeiro inquisidor, Conrado de Marburgo. Os inquisidores subsequentes seriam recrutados essencialmente entre os dominicanos e os franciscanos.

PODCAST - Opera Mundi - Hoje na História: 1199 - Bula do papa Inocêncio III anuncia a Inquisição

Fonte:

Opera Mundi


quinta-feira, 24 de março de 2022

XADREZ DO GOLPE QUE SERÁ DADO NAS PRÓXIMAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS, POR LUIS NASSIF.


Peça 1 – o desmonte da velha ordem


O mundo que conhecemos acabou. E o que vem pela frente é uma incógnita total. É o que está na raiz de todos os fenômenos políticos atuais, golpes de Estado, guerras, avanço da ultradireita, intolerância. Todos têm uma fonte comum: a crise da velha ordem do pós-guerra, que garantia um mínimo de regras para administração de conflitos. Com exceção dos golpes de Estado em algumas regiões do planeta – como na América do Sul – a democracia ocidental garantiu um período de estabilidade, que começa a entrar em crise já nos anos 70, com o avanço da financeirização e da desregulação da economia.

Seguiu-se um período de aprofundamento da miséria, de destruição de estados nacionais, somado à desorganização do mercado de informações, com o avanço das redes sociais. Comprometeu-se irreversivelmente o multilateralismo do pós-Segunda Guerra e o modelo de democracia ocidental. As regras em vigor não garantem mais a estabilidade política. Em todos os níveis, há um descolamento da opinião pública dos movimentos da política.

Criam-se vácuos, que abrem espaço para vírus desestabilizadores infiltrando-se em todos os poros da política, não apenas nos bolsões da ultradireita. E qualquer pedaço de pau é utilizado de bóia, até guerras de ocupação.

 

Peça 2 – os vácuos políticos e a guerra da Ucrânia

 

O que se observa hoje, na guerra da Ucrânia, é a marcha da insensatez em todos os níveis. Mas é um capítulo importante para analisar o efeito-boia.

Vladimir Putin planejou a invasão da Ucrânia baseado em um quadro internacional sem o elemento guerra.

1. Nos Estados Unidos, a liderança débil de Joe Biden.

2. Na Europa, o enfraquecimento irreversível da União Europeia, depois do Brexit e da aposentadoria de Angela Merkel.

3. Na Ucrânia, um sistema político tão esgarçado que abriu espaço para a eleição de um humorista de TV.

4. No multilateralismo, uma organização (a OTAN) atrás de um função.

Em cima desse cenário, avaliou as consequências maiores da guerra, das represálias e definiu estratégias de resistência. Consumada a invasão da Ucrânia, quando o elemento guerra entrou, todo o quadro anterior se desfez:

1. Biden viu na guerra contra a Rússia a oportunidade de recuperar a popularidade e a liderança sobre um país dividido. E radicalizou..

2. A Alemanha viu na guerra a grande oportunidade para o fortalecimento da União Europeia. E radicalizou.

3. O apoio externo fortaleceu o presidente da Ucrânia e a resistência aos russos.

Ou seja, a guerra tornou-se boia de salvação para todos os atores iniciais, mudando radicalmente o cenário anterior.

Seguiram-se represálias inimagináveis em um mundo minimamente racional, com retaliações econômicas inéditas contra a Rússia que afetam a economia mundial como um todo; gritos de guerra partindo  dos porta-vozes da diplomacia europeia; e a opinião pública internacional sendo manobrada por informações unilaterais com o discurso em uníssono pela guerra.

Se alguém tenta incutir um mínimo de racionalidade na discussão, é submetido ao imbecil coletivo da mídia – a multidão de analistas que pretende refletir a voz das ruas, condenando qualquer forma de negociação, mesmo sabendo que o alvo é um país com o maior arsenal atômico do planeta.

 

Peça 3 – a teoria do choque e o caso brasileiro


Em setembro de 2016, no auge do golpe do impeachment, publiquei o artigo “Xadrez da Teoria do Choque e do Capitalismo de desastre”, tentando juntar as peças para entender o comportamento político nacional.

“Há um conjunto de peças soltas no golpe que, quando devidamente organizadas, permitem entender de modo muito mais claro um dos aspectos mais relevantes: a influência externa.

São elas:

1.     A campanha sistemática da mídia de destruição da autoestima nacional.

2.     Recém instalado o golpe, a corrida do ouro entre Eduardo Cunha e José Serra, para ver quem se antecipava na aprovação da nova legislação do petróleo.

3.     A ida repentina do senador Aloysio Nunes aos Estados Unidos, para conversar com membros do Senado.

4.     Antes dele, a ida do Procurador Geral da República aos Estados Unidos, para reuniões com o Departamento de Justiça e outros setores sensíveis.

5.     A bandeira mágica que acompanha o golpe, de colocar a salvação do Brasil no trinômio reforma da Previdência-livre fluxo de capital-desregulação/privatização.

Para juntar as peças acima, vale a pena um mergulho no livro “A Doutrina do Choque” da norte-americana Naomi Klein”.

O livro analisa situações políticas de choque – desastres naturais, golpes de Estado, que produzem uma desorganização institucional no país, permitindo grandes negócios com bens públicos até que se retome a normalidade institucional.

O caso mais emblemático é o da União Soviética. A crise política produzida pela Glasnost permitiu um pacto entre a elite política do Partido Comunista e da KGB que resultou na apropriação  do poderoso aparato industrial soviético pelos antigos chefes políticos. O poder na Rússia acabou nas mãos de um autocrata apoiado por oligarcas beneficiados pelo desmonte do país.

No Brasil, à medida em que o impeachment se desenhava, houve uma revoada de lobistas para Brasília, prevendo a abertura de mais um grande período de negócios. O desmonte notório do estado brasileiro esconde negócios nos mais variados campos, desde a venda de subsidiárias da Petrobras, negócios com remédios, até o desmonte da produção de uréia pela Petrobras, para beneficiar indústrias nas áreas de potássio, fósforo e nitrogênio.

 

Peça 4 – o novo poder militar


O fato novo na história não são os 8 mil militares que passaram a ocupar cargos civis, mas a montagem de um complexo militar-miliciano debaixo do guarda-chuva do bolsonarismo.

Em “Xadrez da Tarcísio, o super-ministro de Bolsonaro, e os negócios do poder militar”, mostramos a entrada de empresas ligadas a militares na área de transporte, a partir da nomeação de militares para o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre), ainda no governo Dilma Rousseff.

Em “Xadrez de como Braga Netto tentou a operação Davati quando interventor no Rio”, mostramos os negócios articulados por ele, quando interventor no Rio de Janeiro, com empresas ligadas a mercenários, com os quais teve contato no Haiti.

Em “Xadrez do Partido Militar e dos militares bolsonaristas”, mostramos a blindagem das Forças Armadas a malfeitos praticados por empresas ligados a militares da reserva.

Em “Xadrez do alto comando sem espinha dorsal”, relacionamos uma lista de escândalos ligados a militares, sem apuração por parte do Alto Comando.

Em “Xadrez para entender a história do cabo das vacinas”, mostramos a razão de um cabo da PM ter encontrado portas abertas no Ministério da Saúde e os vínculos com reverendos e militares da reserva, que foram um ecossistema global.

Aqui, um levantamento das matérias sobre o reverendo Amilton Gomes, com ligações com a família Bolsonaro, e suas vinculações internacionais.

Essas aventuras empresariais mostram que grupos militares já aprenderam o caminho dos negócios do Estado, inicialmente em operações menores e malcheirosas. Mas, certamente, caminham para se tornar participantes ativos de um jogo cujo maior beneficiário, até agora, é o capital financeiro.

É mais um ponto a se considerar em relação às eleições de 2022.

 

Peça 5 – as eleições e o golpe


A Peça 4 reforça a ideia de que os atuais vitoriosos não abrirão mão passivamente dos pedaços de poder proporcionados pelo bolsonarismo.

A senha já está dada:

Em caso de vitória de Lula, por margem apertada, retornarão as denúncias sobre manipulação das urnas eleitorais.

Paralelamente, haverá a convocação de manifestações nos principais centros do país, especialmente na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.

Se tentará reeditar o golpe de 7 de setembro. E qual será o comportamento das Forças Armadas?

No fundo, essa é a questão crucial. Do lado de fora,, o crescente prestígio e atrevimento dos consultores militares; do lado de dentro dos quartéis, o discurso diuturno de um anticomunismo obsoleto.

Leve-se em conta que se trata de um país sem o menor apego às normas democráticas. A maneira como Ministros do Supremo Tribunal Federal endossaram os ataques à democracia é mais que revelador.

No já clássico “Como as democracias morrem”, os autores descrevem um dos processos mais insidiosos de destruição da democracia, o chamado “jogo duro institucional”, no qual jogam-se segundo as regras, mas levando-as aos seus limites. “Trata-se de uma forma de combate institucional cujo objetivo é derrotar permanentemente os rivais partidários – e não se preocupar em saber se o jogo democrático vai continuar”. É a descrição perfeita do arco político montado na Lava Jato, Sérgio Moro –> TRF 4 –> Felix Fischer (STJ) –> Luis Roberto Barroso/Luis Edson Fachin (STF), que já entrou para a história como o responsável maior pela desagregação democrática do país.

Pergunto: repetindo as mesmas circunstâncias, fariam de forma diferente, com as informações hoje disponíveis? A mídia, que aparentemente acordou com a Vaza Jato, estaria disposta a uma autocrítica, de não mais repetir processos desestabilizadores da democracia?

Esse é o drama nacional: um país cujas principais instituições não consolidaram princípios democráticos. E, por trás de tudo, as ondas que vêm dos centros políticos internacionais, de que todo arbítrio será tolerado, e nenhuma negociação será aceita.

Matéria transcrita do:


Mais informações sobre a questão da invasão da Ucrânia

quarta-feira, 23 de março de 2022

PREPAREM O BOLSO: BREVE PÃO E MACARRÃO PODERÃO SE TORNAR ARTIGOS DE LUXO!

 

 (Crédito: Pixabay)

A guerra na Ucrânia elevou o preço do trigo ao maior nível dos últimos 14 anos. Em Chicago, os preços fecharam a semana nos maiores níveis da história. Desde a madrugada de 24 de fevereiro, quando começou a invasão russa, o trigo já subiu mais de 30%. No dia 04 de março, o preço na bolsa de Chicago chegava a US$ 415 por tonelada – no começo do ano, o valor girava em torno de US$ 250. O consumidor brasileiro deve começar a sentir os efeitos na alimentação no final deste mês, quando as indústrias tiverem que comprar as novas safras.

“O trigo a este preço ainda não começou a ser comprado no Brasil. Com o aumento, as empresas precisam examinar se repassam ao consumidor”, afirma Barbosa.

A Rússia é o maior exportador de trigo do mundo e tem sido boicotada economicamente pela invasão na Ucrânia – juntos, os dois países respondem por 29% das exportações mundiais de trigo. A queda na oferta de trigo, fator da alta dos preços, não vem apenas das sanções ou de uma eventual retaliação russa: o desabastecimento tem a ver com dificuldades logísticas – a guerra fechou portos, interrompeu o transporte – e com a queda da produção ucraniana da commodity.

O Brasil está vulnerável nesse cenário. O país importa entre 50% e 60% do trigo consumido pelo mercado interno: dos 12 milhões de toneladas consumidos anualmente, a produção brasileira do produto varia entre 5 a 6 milhões de toneladas. Os maiores produtores nacionais são Rio Grande do Sul e Paraná, que, juntos, produzem 85% do trigo nacional.

Segundo Álvaro Augusto Dessa, analista da Embrapa e doutor em administração, o estado do Rio Grande do Sul também exportou mais de 2 milhões de toneladas de trigo em 2021 porque é mais barato importar do que transportar o trigo do sul do País às regiões Norte e Nordeste.

“Como o mês de março é a época em que eles plantam o trigo porque começou o degelo da neve, a próxima safra será prejudicada. Os ucranianos devem levar 2 anos para retomar sua produção. A Rússia, com as sanções, não consegue receber o dinheiro, o que afeta a compra de produtos russos. Não há, neste momento, perspectiva de quando o problema será resolvido. Há aumento no preço do trigo no mundo inteiro”, avalia Dessa.

O Brasil importa trigo dos Estados Unidos e de países do Mercosul, como Argentina, Paraguai e Uruguai – o País não compra a mercadoria da Rússia há 2 anos. Para Barbosa, o problema não será o desabastecimento de trigo, mas seu custo no mercado internacional.

Trigo e a alimentação brasileira

O trigo é a matéria-prima à produção de diversos alimentos, sendo o mais consumido o pão. O aumento no preço do pão de trigo afeta diretamente as camadas mais vulneráveis economicamente da população brasileira, que já sofrem com a inflação dos alimentos desde o início de 2021.

“O trigo é fundamental à alimentação do brasileiro mais pobre e representa até 30% da caloria diária ingerida”, argumenta Dessa, que também evita projeções futuras por considerar a guerra na Ucrânia “imprevisível”.

Ele diz ainda que a Embrapa tem previsão de produzir 22 milhões de toneladas de trigo no cerrado brasileiro, na região de Goiás. O projeto de tropicalização do trigo deve ser implementado entre 5 a 10 anos.

22 DE MARÇO DE 1933: ENTRA EM FUNCIONAMENTO O CAMPO DE CONCENTRAÇÃO DE DACHAU. A II GUERRA COMEÇOU EM 1939, MAS O NAZISMO JÁ SE PREPARAVA PARA ELA.

Campo de Concentração em 1945


O campo de concentração de Dachau foi o primeiro criado pelo governo nazi. Heinrich Himmler, chefe da polícia de Munique, descreveu-o oficialmente como “o primeiro campo de concentração para prisioneiros políticos”. Foi construído nas dependências de uma fábrica de munições abandonada, a cerca de 15 quilómetros a noroeste de Munique, no sul da Alemanha.


Dachau serviu como protótipo e modelo para os outros campos. Tinha uma organização básica, com prédios desenhados pelo comandante Theodor Eicke. Dispunha de um campo distinto, perto do centro de comando, com salas de estar, administração e instalações para os soldados. Eicke tornou-se ainda o inspector-chefe para todos os campos de concentração.
Wikimedia Commons
Entrada do campo de concentração de Dachau
Wikimedia Commons
Entrada do campo de concentração de Dachau


Cerca de 200 mil prisioneiros de mais de 30 países foram "hospedados" em Dachau, dos quais aproximadamente um terço era judeu. Acredita-se que mais de 35.600 prisioneiros foram mortos no campo, principalmente por doenças, má nutrição e suicídio. No começo de 1945, houve uma epidemia de tifo no local, seguida de uma evacuação em massa, dizimando boa parte dos prisioneiros.

A par de Auschwitz-Birkenau, Dachau tornou-se um símbolo de campo de concentração nazi. KZ Dachau tem um significado bastante forte na memória pública porque foi o segundo campo a ser libertado pelas forças aliadas anglo-americanas. O primeiro havia sido Auschwitz, libertado pelo Exército Vermelho. Ambos expuseram aos olhos do mundo a realidade da brutalidade nazi.

Dachau foi dividido em duas secções: a área do campo e o crematório. A área do campo consistia em 32 barracas, incluindo uma para o clero aprisionado e os opositores do regime nazi e outra reservada para as experiências médicas. O pátio entre a prisão e a cozinha central foi usado para a execução sumária de prisioneiros. Uma cerca eléctrica de arame farpado, uma vala e um muro com torres de observação rodeavam o campo.

No início de 1937, as SS, usando a mão-de-obra dos prisioneiros, iniciaram a construção de uma grande rede de prédios nos fundos do campo original. Os prisioneiros eram forçados, sob terríveis condições, ao trabalho, começando com a destruição das velhas fábricas de munição. A construção  deu-se por concluída em meados de Agosto de 1938.

Dachau foi o campo mais activo durante o Terceiro Reich. A área incluía ainda outras fábricas da SS, uma escola de economia e serviço civil e a escola médica dos SS. O campo, chamado de "campo de custódia", ocupava menos da metade de toda a área.
Dachau também serviu como campo central para prisioneiros católicos. De acordo com a Igreja Católica Romana, pelo menos 3.000 religiosos, diáconos, padres e bispos foram lá confinados. Em Agosto de 1944, abriu-se um campo feminino dentro de Dachau. A primeira "carga" de mulheres veio de Auschwitz-Birkenau.

Nos últimos meses da guerra, as condições de Dachau pioraram. Quando as forças aliadas avançaram sobre a Alemanha, os nazis começaram a remover os prisioneiros dos campos perto da frente de batalha. Depois de vários dias de viagem, com pouca ou nenhuma comida e água, os prisioneiros chegavam extenuados. Muitos morriam pelo caminho. A epidemia de tifo tornou-se um sério problema devido ao excesso de prisioneiros, condições sanitárias precárias, provisões insuficientes e o estado de fraqueza dos prisioneiros. Até ao dia da libertação, 15 mil pessoas morreram e 500 prisioneiros russos foram executados.

Em 27 de Abril de 1945, Victor Maurer, delegado do Comité Internacional da Cruz Vermelha, foi autorizado a entrar nos campos e distribuir comida. Na noite do mesmo dia, um transporte de prisioneiros chegou de Buchenwald. Somente 800 sobreviventes foram resgatados, dos aproximadamente 4.500. Mais de 2.300 cadáveres foram deixados dentro do comboio. O último comandante do campo, Obersturmbannführer (Tenente-Coronel) Eduard Weiter, fugiu em 26 de Abril.

Em 28 de Abril de 1945, o dia anterior à rendição, Martin Weiss, que comandara o campo de Setembro de 1942 até Novembro de 1943, deixou Dachau juntamente com a maioria dos guardas e administradores do campo.

Maurer tentou persuadir o  tenente Johannes Otto, ajudante do comandante Weiss, a não abandonar o campo, mantendo guardas para controlar os prisioneiros até que os norte-americanos chegassem. Ele temia que os prisioneiros pudessem fugir em massa e espalhar a epidemia de tifo.

Um dia depois, foi hasteada uma bandeira branca na torre do campo.

Fonte:

quinta-feira, 17 de março de 2022

VENCEDORAS DO 1º PRÊMIO MULHERES PESQUISADORAS DA UNESP SÃO ANUNCIADAS

 


Cerimônia foi realizada nessa terça-feira (15). As agraciadas foram Vanderlan Bolzani, na categoria Sênior; Vivian Vanessa França, na categoria “Jovem Talento” e Helena Mannochio Russo, na modalidade “Alunas de Pós-Graduação”

Duas professoras e uma doutoranda do Instituto de Química (IQ) da Unesp, em Araraquara, venceram o 1º Prêmio dedicado às docentes e pesquisadoras da Universidade. Promovida pelas Pró-Reitorias de Pesquisa e de Pós-Graduação da Unesp, a iniciativa reconhece a excelência científica e acadêmica das profissionais, valorizando o talento, a competência e a criatividade na geração do conhecimento, formação de recursos humanos e busca de soluções para saúde, educação, desenvolvimento socioeconômico e o futuro do planeta.

O anúncio das vencedoras foi realizado nesta terça-feira (15), em cerimônia online transmitida ao vivo pelo canal da Unesp no Youtube. Para assistir a íntegra do evento, basta clicar no seguinte link. Na categoria “Sênior” da Premiação, na área de Ciências Exatas e da Terra, o primeiro lugar ficou com a professora Vanderlan Bolzani do IQ. Na mesma área, mas na categoria “Jovem Talento”, a vencedora foi a docente Vivian Vanessa França. Por fim, na modalidade “Alunas de Pós-Graduação”, dentro da área de Ciências Exatas e da Terra, a doutoranda Helena Mannochio Russo, orientanda de Vanderlan, foi a primeira colocada.

Sobre as premiadas – Atual presidente da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp) e membro do Conselho da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Vanderlan se dedica há mais de 40 anos ao desenvolvimento de pesquisas em química de produtos naturais. Formada em Ciências Farmacêuticas pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e doutora em química orgânica pelo Instituto de Química da USP, a cientista tem extensa experiência com parcerias científicas internacionais. Ao longo da carreira, recebeu diversos prêmios, o último deles, o Reconhecimento Especial na categoria liderança no 1º Concurso de Mulheres em Química da América Latina, promovido no final de 2020 pela American Chemical Society (ACS) y la Federación Latinoamericana de Asociaciones Químicas (FLAQ).

Docente do IQ desde 2013, Vivian Vanessa França é física teórica, com mestrado em física pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e doutorado em ciências pelo Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, com período sanduíche na Universidade de York, da Inglaterra. Ela atua em pesquisa fundamental (mecânica quântica, informação quântica e teoria do funcional da densidade) e aplicada (nanoestruturas, átomos frios e sistemas fortemente correlacionados). Credenciada como orientadora no Programa de Pós-Graduação em Química do IQ e no Programa de Mestrado Profissional em Química em Rede Nacional (PROFQUI), Vivian já orientou 44 trabalhos, de 34 alunos. A docente também é membro do Corpo Editorial da Revista Scientific Reports, do grupo Nature, e da Frontiers in Physics.

Helena Mannochio Russo possui bacharelado em Química pela UNICAMP e Mestrado em Química Orgânica pelo IQ. Realizou doutorado-sanduíche em Skaggs School of Pharmacy and Pharmaceutical Sciences, na Universidade da Califórnia, dos EUA. Atualmente, tem se destacado pelos estudos de plantas brasileiras na busca por alternativas naturais para o combate ao mosquito Aedes aegypti. Helena também é membro da Sociedade Brasileira de Química (SBQ) e da Metabolomics Society, além de fazer parte do Comitê de Jovens Pesquisadores da SBQ desde 2018.

Fonte:

JORNAL DA CIÊNCIA

UNESP

domingo, 13 de março de 2022

EUA E ALIADOS PODEM ATRAPALHAR A CONSTRUÇÃO DO SUBMARINO NUCLEAR DA MARINHA BRASILEIRA

 

© Foto / Divulgação / Marinha do Brasil

O Submarino Convencional de Propulsão Nuclear (SCPN) Álvaro Alberto é a joia da coroa do Prosub, um programa multibilionário lançado em 2008. Para a Marinha, o SCPN é o mais importante projeto tecnológico do Brasil na atualidade.
Neste domingo (13), o jornal O Globo publicou que a "construção do submarino nuclear da Marinha brasileira corre risco de naufragar". Entre as razões apresentadas para a inércia do projeto, a publicação cita uma dependência "de interesses estratégicos", em especial dos Estados Unidos e seus aliados militares.
Embora obstáculos já existissem antes, após a operação militar especial da Rússia na Ucrânia, eles ficaram maiores. Para o jornal, as potências reacenderão o debate acerca da tecnologia nuclear, e o Brasil pode ser impactado.
Vale lembrar que, nesta semana, a Sputnik Brasil fez uma reportagem especial sobre o assunto.

Para a Marinha, o SCPN é o mais importante projeto tecnológico do Brasil. Quando pronto, significará prestígio internacional, pois apenas os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, China, Rússia, França e Reino Unido), além da Índia, detêm a tecnologia. Essas seis nações também já fizeram suas bombas atômicas.
O Brasil pode ser o primeiro país a submeter à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) um modelo de salvaguardas tecnológicas (o mecanismo de proteção e de vistoria componentes sensíveis) voltado a um submarino movido com combustível nuclear e armas convencionais, como torpedos de alta precisão, minas e mísseis SM 39 Exocet.
Segundo a publicação, "para entender a raiz dos problemas do SCPN", antes é preciso compreender como "esses seis países veem os planos da Marinha brasileira".
O submarino brasileiro Riachuelo. © Sputnik / Thales Schmidt

Na avaliação de almirantes da ativa citados pela reportagem, "o Brasil terá enormes dificuldades para seguir em frente no que depender dos interesses estratégicos dessas nações. E o SCPN depende dessa cooperação, em especial com os Estados Unidos e seus aliados militares".
O financiamento de todo o Prosub, embora volumoso (já recebeu mais de R$ 27 bilhões), sofre com a imprevisibilidade. Entre 2015 e 2021, os recursos para o programa ficaram aquém do planejado. Neste ano, as chapas de aço prensado do casco foram contratadas e devem ser entregues apenas em dezembro.
O submarino nuclear do Brasil também sofre com a instabilidade de recursos, pois o país não tem fornecedores que atendam aos requisitos nucleares.

"A minha maior preocupação diz respeito ao acesso a tecnologias sensíveis. E os Estados Unidos interferem não só com relação àquelas encomendas a empresas norte-americanas, mas a de outros países", afirmou o almirante de esquadra Marcos Sampaio Olsen.

SPUTNIK - RÚSSIA