sexta-feira, 25 de março de 2022

25 DE MARÇO DE 1199: BULA DO PAPA INOCÊNCIO III "ANUNCIA" A INQUISIÇÃO

 
                                                                                                                 Inocêncio III

A partir desta bula, não caberia mais aos bispos lutar contra a heresia; a tarefa passava agora aos prelados diretamente subordinados à Santa Sé.

Em 25 de março de 1199, o papa Inocêncio III publicou a bula Vergentis in senium, que instituía um procedimento de combate à heresia. Depois do segundo Concílio de Latrão, ocorrido no mesmo ano, a perseguição aos hereges tornou-se uma preocupação central da igreja católica. Os movimentos maniqueístas dualistas, que acreditavam numa existência separada do bem e do mal, de Deus e do Diabo, prosperavam e passavam a ser considerados um risco para a igreja. A bula do papa Inocêncio anunciava o envio de religiosos para doutrinar os integrantes desses movimentos, entre eles os cátaros, e estabelecia, assim, as bases da Inquisição.

Dez anos depois, em julho de 1209, o exército dos cruzados, encarregado de erradicar os cátaros por determinação do papa, tomou a cidade francesa de Béziers. A heresia cátara provocou a "cruzada albigense", na qual vários considerados "hereges medievais" das cidades e arredores eram agredidos e mortos violentamente. Toda a região de Rennes-le-Château passou a carregar o estigma de uma história amarga e de sangue, que perdura até os dias de hoje.

Sob a direção do legado papal, Arnaldo Amalrico, e da autoridade local, Simão de Monfort, a cidade foi saqueada, e a população, massacrada. Ainda que majoritariamente católica, Béziers não desejava livrar-se dos cátaros. Antes de partir para o ataque, os cruzados perguntaram a Amalrico como reconhecer os hereges e distingui-los dos verdadeiros cristãos. A resposta teria sido: "Matem todos. Deus acabará por reconhecer os seus".

Durante 20 anos, os combates causariam estragos na região. Os albigenses, ou seja, os povos de Albi, comuna francesa da região dos Médios Pirineus, não reconheciam as divindades de Cristo e eram avessos à autoridade eclesiástica da Igreja. Num primeiro momento, eles foram vencidos, mas, depois, conseguiram organizar uma reconquista antes de se chocar com o exército real francês.

Gloriosa para os católicos, a Cruzada dos Albigenses não eliminou completamente o catarismo. 

O papa Inocêncio II excomunga os albigenses (esquerda), Cruzada contra os Albigenses (direita)


Em novembro de 1215, Inocêncio III presidiu a última sessão do Concílio de Latrão, que terminou com a condenação dos cátaros e dos valdenses, habitantes dos vales alpinos. O concílio também proibiu a criação de novas ordens religiosas, manteve a discriminação contra os judeus e fez surgir a expressão “transubstanciação”, termo usado pela Igreja Católica para explicar a conversão do pão e do vinho no corpo e no sangue de Cristo. 

De resto, o papa convocou uma nova cruzada. Mas seria seu sucessor, o papa Honório III, que a organizaria, dois anos depois. Em fevereiro de 1231, ao assinar a bula Excommunicamus, o papa Gregório IX instituiu formalmente a Inquisição, dando um passo adiante na máquina de perseguição criada por Inocêncio III. 

A partir desta bula, não caberia mais aos bispos lutar contra a heresia. A tarefa passava agora aos prelados diretamente subordinados à Santa Sé, que gozavam de poderes extraordinários. A prisão perpétua e a morte na fogueira tornaram-se meios reconhecidos pela igreja para lutar contra a heresia. Em setembro de 1231, os primeiros inquisidores começariam sua temida missão na Europa.

Gregório IX nomeou o primeiro inquisidor, Conrado de Marburgo. Os inquisidores subsequentes seriam recrutados essencialmente entre os dominicanos e os franciscanos.

PODCAST - Opera Mundi - Hoje na História: 1199 - Bula do papa Inocêncio III anuncia a Inquisição

Fonte:

Opera Mundi


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