segunda-feira, 11 de abril de 2022

ITAJUÍPE TEVE CINEMA - DOMINGO 10 DE ABRIL, A ALIANÇA DOS ARTISTAS PROMOVEU A EXIBIÇÃO DO FILME: LIXO EXTRAORDINÁRIO


O documentário Lixo Extraordinário, focado no trabalho do fotógrafo e artista plástico Vik Muniz e que foi pensado como uma jogada comercial focada no exterior do início ao fim, mas graças a equipe cinematográfica por trás do projeto, acabou dando um ar mais humano do que uma simples história com início, meio e fim que poderia facilmente igualar-se a qualquer filme sobre super-heróis.



Vicente José de Oliveira Muniz, ou como prefere ser chamado após anos radicado nos Estados Unidos, Vik Muniz, é um artista plástico brasileiro que em pouco mais de noventa minutos conta a história de toda uma população que leva uma vida ao redor e por causa do lixo no Jardim Gramacho, o maior aterro sanitário da América Latina, localizado no Rio de Janeiro. O projeto tem como único objetivo ser ovacionado pelo público estrangeiro, já que seu formato e narrativa acenam comercialmente para o mercado norte-americano, desde a escolha da cena que abre o documentário (um trecho de uma entrevista com Jô Soares, cujo programa segue o modelo semelhante aos do talk shows dos Estados Unidos), o desenrolar que é narrado em inglês pelo fotógrafo brasileiro (tanto em conversas com seus assessores e parentes, todos brasileiros) e a história de salvador que fica subjetivamente entregue nas entrelinhas.


Logo nos primeiros minutos o público é apresentado a Vik Muniz e como o artista viu sua carreira saltar de um ponto ao outro quando resolveu criar a série Crianças de Açúcar, retratos de crianças de famílias de baixa renda que cortam canas de açúcar em St. Kitts, no Caribe. O trabalho foi reconhecido internacionalmente após Muniz ter a sacada de trabalhar as fotografias utilizando apenas açúcar, elemento que faz parte do cotidiano dos jovens retratados e que trazem referência tanto à inocência da infância quanto ao material que os submete à pobreza.


Em Lixo Extraordinário, Muniz decide ajudar a comunidade carioca que trabalha no Jardim Gramacho, descritos por eles mesmos como "catadores de materiais recicláveis". Aos 30 minutos de produção, o documentário fisga o público a partir do momento em que se torna uma experiência imersiva, e não vista superficialmente como um filme de caridade. Há muito material e história por trás da obra que dará àquele povo melhores condições de vida. Mérito da diretora Lucy Walker humanizar a narrativa e colocar o "dedo na ferida" quando necessário, acompanhando e contando a história de cada uma das pessoas que trabalha diariamente no meio de materiais que o restante da população descarta.


Além do lixo e da rotina com recicláveis, Lixo Extraordinário explora as relações interpessoais entre os trabalhadores do Jardim Gramacho, aprofundando-se em suas vidas, dificuldades e até mesmo vitórias de quem acumula quase três décadas de experiência no aterro. Em depoimentos com os mais diversos personagens, o espectador é apresentado à mais desconfortável e desesperançosa realidade de uma população inteira que sente cada conquista da maneira mais genuína e sincera.



Diante de tantas histórias, a montagem das obras de Vik Muniz que acabariam vindo para leilão no final da produção acaba sendo uma mera coadjuvante. Lixo Extraordinário visa apresentar muito mais ao público do que o processo de criação de quatro gigantes retratos feitos a partir de lixo e materiais recicláveis e que, posteriormente, viriam a ser vendidos por valores milionários. O documentário preocupa-se em transmitir através de depoimentos, narrativas e diversos enquadramentos um dia a dia que está longe de ser a realidade de muitas pessoas no Brasil, mas que facilmente é ignorada por boa parte da população.


A experiência, por mais que desconfortável e de se assistir em silêncio, é inigualável; parte do mérito é responsabilidade da edição de Pedro Kos e fotografia de Ernesto Herrmann e Dudu Miranda. Lixo Extraordinário foi lançado há uma década e chegou a ser reconhecido com uma indicação ao Oscar do ano seguinte na categoria documental; Estrelado por Vik Muniz e por toda a população trabalhista do Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro.

Fonte da crítica cinematográfica:

quinta-feira, 31 de março de 2022

31 DE MARÇO DE1492: ÉDITO DOS REIS CATÓLICOS DECRETA A EXPULSÃO DOS JUDEUS DE ESPANHA


Fernando de Aragão e Isabel I de Castela assinaram no dia 31 de Março de 1492 o Decreto de Alhambra, que ordenou a expulsão de Espanha dos judeus que não se convertessem.

Em 1492, os reis católicos tomaram Granada, expulsando definitivamente os muçulmanos da península Ibérica. Senhores absolutos da Espanha e contando com o apoio do papa Sisto IV, que reconheceu oficialmente a Inquisição espanhola numa bula de 1478, os soberanos de Castela e Aragão assinaram o Decreto de Alhambra em 31 de Março de 1492, que expulsou os judeus do reino espanhol. De acordo com esse texto, todos os súbditos hebreus deveriam converter-se ao catolicismo ou partir. Apesar da enérgica acção de Isaac Abravanel, funcionário da corte de Isabel de Castela que tentou obter a anulação do decreto, as perseguições intensificaram-se.

                                                                                                   Cópia do Édito de Granada

Alguns vieram para Portugal, de onde foram expulsos em 1497. Outros atravessaram o estreito de Gibraltar para viver livremente a sua fé do outro lado do Mediterrâneo, em Marrocos. Muitos fugiram para o Oriente – para a Itália, para o leste da Europa, para o Egipto ou para a Palestina. Houve os que encontraram refúgio no Império Otomano, onde o sultão Bayazid II lhes ofereceu a sua hospitalidade. Os que ficaram (cerca de 150 mil)  converteram-se, mas um grande número continuou a viver secretamente de acordo com a tradição judaica.

No Decreto, os Reis católicos ordenavam: “Que todos os judeus e judias de qualquer idade que residem em nossos domínios e territórios, que saiam com os seus filhos e filhas, seus servos e parentes, grandes ou pequenos, de qualquer idade, até o fim de Julho deste ano, e que não ousem retornar a nossas terras, nem mesmo dar um passo nelas ou cruza-las de qualquer outra maneira. Qualquer judeu que não cumprir este édito e for achado em nosso reino ou domínios, ou que retornar ao reino de qualquer modo, será punido com a morte e com a confiscação de todos os seus pertences”.

Os judeus não convertidos tinham de sair de Espanha até 31 de Julho de 1492. Posteriormente o prazo foi alargado até 2 de Agosto desse ano. O decreto foi escrito por Juan de Coloma e assinado em Alhambra, Granada, reconquistada aos mouros em 2 de Janeiro daquele ano.

 



Fonte:

quarta-feira, 30 de março de 2022

INOVAÇÃO NA INDÚSTRIA É ESSENCIAL PARA O CRESCIMENTO ECONÔMICO DO BRASIL

Avaliação foi feita por participantes da 9ª Conferência FAPESP 60 anos, que ressaltaram a queda nos recursos públicos destinados a essa finalidade nos últimos anos (foto: Léo Ramos Chaves/Pesquisa FAPESP)

A inovação na indústria brasileira precisa ser urgentemente recuperada para que o Brasil possa se desenvolver, dinamizar sua economia e tornar-se competitivo. Nesse sentido, o Estado deve ampliar e tornar mais estáveis e previsíveis os recursos para pesquisa e desenvolvimento (P&D) nas empresas, além de criar mecanismos para estimular a formação de um ecossistema mais favorável à inovação no país.

A avaliação foi feita pelos participantes da 9ª Conferência FAPESP 60 anos: Indústria e Inovação, que aconteceu ontem (23/03).

O evento integra o ciclo de conferências comemorativas dos 60 anos da criação da FAPESP e reuniu especialistas para discutir a relevância da inovação tecnológica e sua centralidade nas agendas de muitas instituições e da própria FAPESP.

“Todos reconhecem que a origem da inovação está na ciência. O mais recente relatório da OCDE [Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico], sobre as perspectivas da ciência, tecnologia e indústria, ressalta que, à medida que os setores dependentes do conhecimento continuam a se expandir e a pressão competitiva aumenta, o financiamento da pesquisa básica por parte dos governos torna-se um elemento mais central para apoiar a pesquisa e o desenvolvimento empresarial”, disse Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP.

Na contramão de outros países, os recursos públicos para essa finalidade no Brasil nos últimos anos, contudo, vêm caindo acentuadamente, apontou Pedro Wongtschowski, presidente do Conselho de Administração do grupo Ultra, líder da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI) e membro do Conselho Superior da FAPESP.

“O investimento público em P&D no Brasil é decrescente. Há uma série de países que têm aumentado o volume de seus investimentos para essa finalidade nos últimos dez anos em relação ao tamanho de suas economias e ao seu Produto Interno Bruto [PIB]. A exceção é o Brasil”, comparou.

O Brasil investe atualmente entre 1% e 1,2% de seu PIB em P&D, somando os dispêndios públicos e privados em inovação, apontou Wongtschowski.

“Isso é muito pouco para o tamanho e a relevância do Brasil e para as ambições que devemos ter em relação à ciência e tecnologia no país”, avaliou.

A intensidade dos gastos no setor industrial brasileiro também vem caindo nos últimos anos. Os dados da última Pesquisa de Inovação (Pintec), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostraram que os dispêndios das indústrias no Brasil em P&D em termos de percentagem do faturamento caíram de 2,37% em 2011 para 1,65% em 2017.

A indústria de transformação, que representa 12% do PIB do Brasil, é responsável por metade das exportações brasileiras e responde por dois terços do investimento empresarial em P&D no país, apontou o executivo.

“A indústria é importante para a economia do país e só sobreviverá a longo prazo se inovar, ou seja, se for modernizada e atender às demandas de sustentabilidade impostas pelo mercado hoje”, sublinhou Wongtschowski.

O setor industrial também dá sustentação a outros dois importantes setores da economia brasileira: o agronegócio e o setor de serviços, destacou o executivo.

O gronegócio brasileiro não conseguiria ser competitivo sem ativos industriais como tratores, colheitadeiras, sistemas de irrigação, sensores para agricultura de precisão e fertilizantes. Já no setor de serviços, as novas soluções desenvolvidas no sistema financeiro hoje, por exemplo, dependem de computadores e redes de transmissão de dados desenvolvidos por indústrias, apontou Wongtschowski.

“O dinamismo do agronegócio e do setor de serviços brasileiros está diretamente vinculado à existência de uma indústria competitiva. E a indústria só será competitiva por meio da inovação”, avaliou.

Falta de Estado empreendedor

De acordo com Carlos Américo Pacheco, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da FAPESP, a inovação, tema relativamente recente na agenda pública e privada do Brasil, hoje é central para os ministérios de Ciência e Tecnologia, Economia e para as agências de fomento à pesquisa em todo o mundo, como a FAPESP.

“A inovação tornou-se agenda permanente no Brasil, mas é preciso reconhecer que o país não tem se saído bem nesse aspecto”, avaliou.

“Por mais que tenhamos feito um esforço significativo nos últimos 20 anos, o desempenho do Brasil nesse quesito não tem sido satisfatório”, avaliou Pacheco.

Uma das razões para isso pode ser a falta de um Estado empreendedor, apontou Jorge Guimarães, diretor-presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii).

“Embora o Brasil tenha reunido, desde o final da Segunda Guerra Mundial, pilares fundamentais [para estimular a inovação], como a disponibilidade de talentos, instituições acadêmicas fortes e empresas transnacionais, que já existiam desde os anos 1950 no país, não tivemos e ainda não temos um Estado empreendedor”, afirmou Guimarães.

“Continuamos escapando da necessidade de o Estado participar pesadamente na subvenção e no recurso reembolsável para inovação que exige risco. E a empresa não vai pegar dinheiro emprestado e correr o risco de criar a inovação”, avaliou.

As principais agências de fomento à pesquisa do país, como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e a FAPESP, foram criadas no período pós-guerra, quando países como os Estados Unidos estabeleceram a meta de aumentar os investimentos em P&D, ressaltou Guimarães.

“Essas agências de fomento à pesquisa básica e à formação de recursos humanos enfrentaram esses desafios com muita eficiência e hoje estabeleceu-se um grupo forte de entidades no país com muita capacidade de enfrentar esse desafio”, disse.

Na avaliação de Fernando Galembeck, coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Materiais Complexos Funcionais (Inomat) – um dos INCTs financiados pela FAPESP e pelo CNPq no Estado de São Paulo –, é preciso que todo o ecossistema brasileiro de inovação seja forte.

“O elemento mais importante nesse ecossistema é o talento, ou seja, pessoas capazes de trabalhar em equipes diversificadas. Para ter inovação precisamos reunir muitas competências”, afirmou.

O evento pode ser assistido na íntegra em: fapesp.br/15350/9a-conferencia-fapesp-60-anos-industria-e-inovacao.

Elton Alisson | Agência FAPESP 

Fonte:

Agência FAPESP



30 DE MARÇO DE 1867: ESTADOS UNIDOS COMPRAM O ALASCA À RÚSSIA POR 7,2 MILHÕES DE DÓLARES - O MAIOR ERRO GEOPOLÍTICO DA RÚSSIA



No dia 30 de Março de 1867, o então presidente dos Estados Unidos, Andrew Johnson, apresentou ao Senado uma proposta de compra de 1,5 milhão de quilómetros quadrados do Alasca, então pertencente à Rússia.

Não foram poupadas críticas à compra do que alguns chamavam o "jardim dos ursos do presidente". O negócio foi aprovado pelo Senado por apenas um voto.


Para entender o contexto histórico da transacção, é preciso retroceder no tempo até 1853. Naquela época, a Rússia e a Turquia estavam em guerra. O Reino Unido e a França apoiavam os turcos no pequeno conflito que ameaçava tornar-se uma grande guerra. O distante território da Rússia além do Estreito de Bering, então chamado América Russa, estava indefeso a um ataque da Marinha britânica.


O grande território gelado possuía apenas alguns centros de revenda de peles e alguns fortes militares. Uma companhia russo-americana que controlava o comércio na região foi encarregada oficialmente, em 1854, de fazer a proposta de venda aos Estados Unidos. Na realidade, a Rússia precisava de dinheiro.

                                     General Map of Alaska, United States.

Quando Washington acenou com a disposição de negociar, o Reino Unido  comprometeu-se a respeitar na guerra o território em questão e o esboço do contrato de venda desapareceu misteriosamente. Mas a miséria russa continuou e as poucas vantagens económicas do território fizeram a ideia da venda voltar à tona em 1857.

O grão-duque Constantino, irmão do czar Alexandre II, queria que a Rússia se concentrasse na sua política interna e achou que a América Russa era um luxo descabido na situação que o país vivia . Quando as negociações foram reiniciadas com Washington, começou a Guerra Civil Americana. Nos quatro anos seguintes, os planos foram novamente esquecidos.

Em 1866, as acções da companhia de comércio russo-americana caíram rapidamente e a empresa estava à beira da falência. A venda do território do hoje Alasca voltou a ser assunto, na Rússia e nos Estados Unidos. O enviado do czar à América, Eduard von Stoeckl, encaminhou a transacção e estava confiante. Afinal, escreveu, os Estados Unidos compraram a Louisiana à França, a Flórida à Espanha e o Texas e a Califórnia ao México.

A decisão da venda foi tomada em São Petersburgo em 16 de Dezembro de 1866. O então secretário de Estado William Seward era um expansionista convicto e viu na compra do Alasca a possibilidade de restabelecimento da ordem no continente. As negociações duraram quatro dias. O preço final ficou em 7,2 milhões de dólares, ou seja,  4,74 dólares por metro quadrado.

Desde 3 de Janeiro de 1959, o Alasca é oficialmente o 49º Estado norte-americano.

Fonte:




terça-feira, 29 de março de 2022

HELENA NADER SERÁ A PRIMEIRA MULHER A PRESIDIR A ACADEMIA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS

 


Atual vice-presidente, a biomédica da Unifesp e presidente de honra da SBPC foi eleita após Assembleia Geral realizada em 29 de março

A Academia Brasileira de Ciências  (ABC) elegeu, pela primeira vez em seus 105 anos, uma mulher para a presidência. A eleição de Helena Nader, biomédica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), foi definida na Assembleia-Geral desta terça-feira (29). Helena encabeçou a chapa única que concorreu ao pleito.  Ela será empossada durante a Reunião Magna da ABC, entre 3 e 5 de maio de 2022, no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, e assume o cargo para o triênio 2022-2025. O voto na ABC não é obrigatório. Dos 568 membros habilitados pra votar, 420 votaram

Vice-presidente da ABC desde 2016, a pesquisadora vai assumir a cadeira do físico Luiz Davidovich. O químico Jailson Bittencourt de Andrade, professor aposentado da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e atuante no Centro Universitário Senai-Cimatec, ocupará a vice-presidência na nova Diretoria. Os outros membros da nova gestão podem ser conferidos no site da ABC.

Helena se considera “uma pessoa privilegiada por ter tido tantas oportunidades na vida e por estar agora presidindo, como mulher, uma instituição centenária, ao lado de uma diretoria da mais alta qualidade. Espero que possamos motivar ainda mais a ciência brasileira”.

Ao longo de sua carreira, Helena aliou as atividades de pesquisa ao exercício de cargos administrativos em destacadas instituições científicas. Foi presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC, 2011-2017), onde atualmente é presidente de honra, presidente da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular (SBBq, 2009-2010) e é co-presidente da Rede Interamericana de Academias de Ciências (Ianas).

Bacharel em ciências biomédicas pela Unifesp e licenciada em biologia pela Universidade de São Paulo (USP), Helena tem como objeto de pesquisa a heparina, um composto que evita a coagulação do sangue e impede a formação de trombos. A pesquisadora é bolsista de produtividade nível 1A do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), publicou mais de 380 artigos em qualificadas revistas científicas internacionais e já formou 46 mestres e 51 doutores.

Helena nasceu na cidade de São Paulo, em 1947, e passou a infância com os pais e a irmã na capital paulista e em Curitiba (PR), para onde seu pai foi transferido. Ainda na adolescência, teve sua primeira experiência acadêmica no exterior, ao cursar o último ano do ensino médio nos Estados Unidos. Depois da graduação, ingressou direto no doutorado em ciências biológicas na Unifesp, sob a orientação do Acadêmico Carl Peter Von Dietrich (1936-2005), que viria a ser seu companheiro por 22 anos e pai de sua filha Julia. Em 1977, fez um pós-doutorado na mesma área pela Universidade do Sul da Califórnia (Estados Unidos).

Sua brilhante atuação como cientista foi reconhecida por importantes distinções acadêmicas, como o Prêmio Almirante Álvaro Alberto de Ciência e Tecnologia 2020, concedido pelo CNPq, Fundação Conrado Wessel (FCW) e Marinha do Brasil; o Prêmio Carolina Bori Ciência & Mulher (2020);  o Prêmio Scopus 2007, concedido pela Elsevier e pela Capes; o  título de professora Honoris Causa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em 2005; o título de Doutora Honoris Causa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 2022; e a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico, em 2008, outorgada pelo governo do Brasil.

Além de membro titular da ABC, Helena também é membro da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp) e da Academia Mundial de Ciências (TWAS, sigla em inglês). A professora também se destacou, desde o início da carreira, pelo posicionamento ativo em defesa da ciência, tecnologia, inovação e educação brasileira, expresso em artigos publicados recentemente no Estadão, na revista Piauí e na Folha de S.Paulo. Promover a igualdade de gênero e pluralidade na ciência também são pautas prioritárias para Helena.

Resultado reforça movimento ativo da ABC por maior representatividade

O resultado da eleição reforça um movimento ativo da ABC por maior representatividade de gênero em seus quadros. Recentemente, a Academia também elegeu, em um resultado inédito, mais mulheres do que homens como membros titulares para o ano de 2022. Foram escolhidos 13 nomes para a categoria, dos quais oito são mulheres.

Embora o cenário esteja avançando, historicamente, foram poucas as mulheres em cargos de liderança em academias e instituições pelo mundo. Nélida Piñon e Ana Maria Machado são as duas únicas presidentes mulheres da Academia Brasileira de Letras (ABL) desde sua fundação, em 1897. Na Academia Nacional de Medicina (ANM), fundada em 1829, ainda não constam regentes do gênero feminino.

Em nível internacional, dentre os 303 presidentes da tradicional Academia Francesa de Ciências (ASF, sigla em francês), cuja fundação data de 1699, há apenas uma mulher: a bioquímica Marianne Grunberg-Manago (1995-96). A Royal Society, fundada em 1660, nunca foi presidida por uma mulher e a primeira presidente mulher da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos (NAS, sigla em inglês), fundada em 1863, é a atual, eleita em 2016, Marcia Mc Nutt. Alemanha, Inglaterra e Itália não tiveram presidentes do gênero feminino em sua história secular. Assim, a eleição de Helena Nader como presidente da Academia Brasileira de Ciências é um marco internacional na história das academias científicas.

Fonte:

Jornal da Ciência



29 DE MARÇO DE 1951: O CASAL ROSENBERG É DECLARADO CULPADO DE ESPIONAGEM

                                                                            Ethel e Julius Rosenberg após serem condenados

Num dos mais  apaixonantes julgamentos da história política em todo o mundo, Julius e Ethel Rosenberg são declarados culpados, em 29 de Março de 1951, de espionagem por passar segredos relativos à bomba atómica à União Soviética. 

O "caso do Casal Rosenberg" acendeu paixões e manifestações foram organizadas em todos os cantos do planeta durante o processo pela sua libertação. Marido e mulher foram mais tarde sentenciados à pena de morte e executados na cadeira eléctrica em Junho de 1953. 

A condenação dos Rosenberg foi o clímax de uma série de sucessivos episódios de suposta espionagem iniciados com a prisão do físico britânico Klaus Fuchs na Inglaterra, em Fevereiro de 1950. As autoridades britânicas, com o apoio do FBI, reuniram evidências que Fuchs – actuante no desenvolvimento da bomba atómica tanto na Inglaterra quanto nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial – havia passado informações altamente secretas a funcionários soviéticos. Fuchs quase imediatamente reconheceu a culpa e passou a fazer uma série de acusações. 

O físico disse que o norte-americano Harry Gold servia de pombo-correio aos agentes soviéticos aos quais Fuchs passava as informações. As autoridades norte-americanas capturaram Gold, que em acto contínuo apontou o seu dedo em direcção a David Greenglass, um jovem cientista que trabalhava no laboratório onde a bomba atómica havia sido desenvolvida. Gold declarou que Greenglass estava ainda mais envolvido na espionagem do que Fuchs. 

Preso, Greenglass prontamente confessou, acusando a sua irmã Ethel e o seu cunhado Julius de serem os espiões que controlavam toda a operação. O país vivia então o auge do macartismo e o clima era de anticomunismo. Sabia-se que tanto Ethel quanto Julius tinham fortes ligações com a esquerda, tendo participado em inúmeras actividades políticas e sociais nos EUA no final dos anos 1930 e na década de 1940. 

Julius foi preso em Julho e Ethel em Agosto de 1950. Tinham dois filhos, de cinco e de três anos. Contrariamente a Fuchs, Gold e Greenglass, ele negou qualquer envolvimento em actividades de espionagem. Ethel negou com a mesma obstinação. 

Para os padrões actuais, o processo todo correu com uma celeridade espantosa. Começou em 6 de Março de 1951 e  em 29 de Março o júri declarou-os culpados de conspiração para cometer espionagem no mais alto grau. Os Rosenberg não foram auxiliados por uma defesa capaz. Muitos à época e desde então classificaram-na como incompetente. 

Mais danoso e cruel, porém, foi o testemunho de Greenglass e Gold. Greenglass declarou que Julius Rosenberg preparara um encontro secreto quando Greenglass passaria os planos de construção da bomba atómica a Gold. Harry Gold corroborou com a acusação de Greenglass e admitiu que, em seguida, transferiu os planos a um agente soviético. Esse depoimento selou o destino de Julius. 

Embora houvesse pouca evidência que ligasse Ethel directamente à espionagem, os promotores, baseados no depoimento do seu irmão, insistiram que ela era o cérebro por trás de todo o esquema. O júri considerou ambos culpados. Poucos dias depois, os Rosenbergs foram sentenciados à pena capital e executados na cadeira eléctrica da prisão de Sin-Sing, em Nova Iorque, em 19 de Junho de 1953. Ambos disseram até o fim que eram inocentes. 

O ‘Caso Rosenberg’ atraiu a atenção mundial. Os seus defensores proclamavam que eles tinham sido transformados em bodes expiatórios da histeria macartista que varria os EUA e do terror alimentado pelos meios de comunicação na Guerra Fria. 

O escritor e filósofo francês Jean-Paul Sartre declarou enfaticamente que a sua execução não passara de um “linchamento legal”.

Fonte:

Estórias da História

segunda-feira, 28 de março de 2022

GUERRA E CRISES SANITÁRIA E CLIMÁTICA AUMENTAM AS DESIGUALDADES SOCIAIS NO PLANETA

 


No sistema econômico mundial do século 21, empresas multinacionais enriquecem utilizando a infraestrutura pública de um país, seus recursos naturais, trabalhadores formados e cuidados pelo sistema público de educação e saúde, mas contribuem muito pouco com impostos para financiar essas atividades.

E de uma hora para outra, apenas apertando a tecla “enter”, estas empresas – assim como seus donos e acionistas bilionários – podem transferir todos os seus ativos para outra jurisdição, os chamados paraísos fiscais, onde a cobrança de impostos é literalmente zero, sem sofrer qualquer controle ou barreira.

Mas a conta que elas geram – o desemprego, o colapso do sistema de saúde e a devastação ambiental – fica no local de onde saíram para ser bancada por governos com o dinheiro dos poucos pagantes de impostos – principalmente os trabalhadores e a classe média, cada vez mais empobrecidos.

“É um sistema insustentável”, definiu o economista francês Thomas Piketty, especialista no assunto, autor do best-seller “O Capital no Século 21” entre outros livros.

A desigualdade é um problema histórico, principalmente de países em desenvolvimento como o Brasil, piorou com a pandemia do coronavírus e está se agravando com a guerra entre Rússia e Ucrânia.

Fonte:

Jornal da Ciência