Num dos mais
apaixonantes julgamentos da história política em todo o mundo, Julius e
Ethel Rosenberg são declarados culpados, em 29 de Março de 1951, de espionagem
por passar segredos relativos à bomba atómica à União Soviética.
O "caso do Casal Rosenberg" acendeu paixões e manifestações foram organizadas em todos os cantos do planeta durante o processo pela sua libertação. Marido e mulher foram mais tarde sentenciados à pena de morte e executados na cadeira eléctrica em Junho de 1953.
A condenação dos Rosenberg foi o clímax de uma série de sucessivos episódios de suposta espionagem iniciados com a prisão do físico britânico Klaus Fuchs na Inglaterra, em Fevereiro de 1950. As autoridades britânicas, com o apoio do FBI, reuniram evidências que Fuchs – actuante no desenvolvimento da bomba atómica tanto na Inglaterra quanto nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial – havia passado informações altamente secretas a funcionários soviéticos. Fuchs quase imediatamente reconheceu a culpa e passou a fazer uma série de acusações.
O físico disse que o norte-americano Harry Gold servia de pombo-correio aos agentes soviéticos aos quais Fuchs passava as informações. As autoridades norte-americanas capturaram Gold, que em acto contínuo apontou o seu dedo em direcção a David Greenglass, um jovem cientista que trabalhava no laboratório onde a bomba atómica havia sido desenvolvida. Gold declarou que Greenglass estava ainda mais envolvido na espionagem do que Fuchs.
Preso, Greenglass prontamente confessou, acusando a sua irmã Ethel e o seu cunhado Julius de serem os espiões que controlavam toda a operação. O país vivia então o auge do macartismo e o clima era de anticomunismo. Sabia-se que tanto Ethel quanto Julius tinham fortes ligações com a esquerda, tendo participado em inúmeras actividades políticas e sociais nos EUA no final dos anos 1930 e na década de 1940.
Julius foi preso em Julho e Ethel em Agosto de 1950. Tinham dois filhos, de cinco e de três anos. Contrariamente a Fuchs, Gold e Greenglass, ele negou qualquer envolvimento em actividades de espionagem. Ethel negou com a mesma obstinação.
Para os padrões actuais, o processo todo correu com uma celeridade espantosa. Começou em 6 de Março de 1951 e em 29 de Março o júri declarou-os culpados de conspiração para cometer espionagem no mais alto grau. Os Rosenberg não foram auxiliados por uma defesa capaz. Muitos à época e desde então classificaram-na como incompetente.
Mais danoso e cruel, porém, foi o testemunho de Greenglass e Gold. Greenglass declarou que Julius Rosenberg preparara um encontro secreto quando Greenglass passaria os planos de construção da bomba atómica a Gold. Harry Gold corroborou com a acusação de Greenglass e admitiu que, em seguida, transferiu os planos a um agente soviético. Esse depoimento selou o destino de Julius.
Embora houvesse pouca evidência que ligasse Ethel directamente à espionagem, os promotores, baseados no depoimento do seu irmão, insistiram que ela era o cérebro por trás de todo o esquema. O júri considerou ambos culpados. Poucos dias depois, os Rosenbergs foram sentenciados à pena capital e executados na cadeira eléctrica da prisão de Sin-Sing, em Nova Iorque, em 19 de Junho de 1953. Ambos disseram até o fim que eram inocentes.
O ‘Caso Rosenberg’ atraiu a atenção mundial. Os seus defensores proclamavam que eles tinham sido transformados em bodes expiatórios da histeria macartista que varria os EUA e do terror alimentado pelos meios de comunicação na Guerra Fria.
O escritor e filósofo francês
Jean-Paul Sartre declarou enfaticamente que a sua execução não passara de um
“linchamento legal”.
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