quinta-feira, 14 de maio de 2020

A HIDROXICLOROQUINA SERVIU ATÉ O MOMENTO APENAS PARA DISCURSO POLÍTICO E DESVIO DE ATENÇÃO. APENAS NA PROMESSA! NADA CONCLUSIVO. O DISTANCIAMENTO SOCIAL AINDA É O DE MELHOR EFICÁCIA E COMPROVADA.



A Hidroxicloroquina se transformou numa polêmica nacional quando o presidente do Brasil seguindo o estilo do presidente estadunidense e sem base médico-científico começou a pregar que o medicamento era uma possível solução para a COVID-19. De entrevista com medicamento exposto até desentendimento com o ministro da saúde ocorreu.   

Vários países iniciaram estudos e aplicação da Cloroquina, muitos desistiram após início do tratamento, muitos continuaram e NENHUM DEU O VEREDICTO que a sociedade espera: TRATA OU CURA. Sempre resultados inconclusivos ou precisando de mais estudos aprofundados. 
 
A empresa PREVENT SENIOR, na sexta-feira 17 de abril, publicou na medRxiv, plataforma online que recebe artigos médicos antes de serem revisados e publicados em grandes periódicos científicos, um estudo sobre o uso da Hidroxicloroquina associada a Azitromicina.  Foi manchete em vários meios de comunicações, principalmente daqueles que apoiavam incondicionalmente seu uso nos pacientes com a COVID-19. Antes já era tratada como grande "salvadora", até teorias de conspiração para seu não uso foi jogada nas redes sociais, porém a comunidade científica não havia endossado ainda seu uso, apesar de ser uma medicação antiga no mercado, para tratamento de outras doenças. 

Passado o euforismo estratégico, a realidade começou a se impor sem clemência ou piedade. O Leito de Procusto, não perdoa aqueles que nele não se ajustam. O primeiro ponto que naquele momento lançava dúvidas quanto a eficácia específica do estudo/tratamento, foi admitido no próprio estudo: OS PACIENTES APRESENTAVAM SINTOMAS SIMILARES AO DA COVID-19 OU OUTRA ENFERMIDADE RESPIRATÓRIA, MAS NÃO HAVIAM SIDO TESTADOS ANTES PARA CONFIRMAREM A INFECÇÃO PELO SARS CoV2. E pelo tempo passado, parece, ao menos esse BLOG não teve acesso a informações posteriores, que os pacientes tivessem sido testados posteriormente para identificar se tinham o anticorpo ao SARS CoV2

Na Ciência, os resultados são o fim último da pesquisa, mas é a METODOLOGIA que o valida enquanto estudo/pesquisa. A pesquisa já nasce com um problema metodológico: NÃO SE SABIA QUEM TINHA OU NÃO A COVID-19. Um problema na origem. Está se aplicando um medicamento sem se saber se o paciente é portador da enfermidade a qual se busca estudar. 

“De uma maneira muito responsável, não consideramos que seja um estudo definitivo”. “Cabe numa situação dramática de uma pandemia. Apesar de não ser um estudo definitivo, perfeito metodologicamente, traz uma luz ao tema. Numa situação de normalidade, não faria sentido isso.” Palavras do Dr. Ricardo Esper, responsável pelo estudo.

A infecção pelo novo coronavírus é, por padrão, confirmada a partir de testes RT-PCRmais confiáveis do que os testes rápidos. Este estudo apresenta muitos problemas metodológicos. O estudo não é duplo-cego [quando nem os pacientes nem os pesquisadores sabem se os pacientes estão tomando a droga ou placebo], todo mundo sabe tudo que está acontecendo.

Já no dia 09 de maio um novo estudo apresenta um resultado onde não se confirma absolutamente nada do já esperado. O estudo observacional (ou seja, analisou informações de 1.376 pacientes que tinham sido tratados no Hospital Presbiteriano de Nova York (que é associado à Universidade Columbia e à Weill Cornell Medicine) entre 7 de março e 8 de abril (com acompanhamento até 25 de abril). O estudo publicado pelo The New England Journal of Medicine, por seu desenho, não coloca ainda um ponto final na questão da eficácia (ou falta de) da hidroxicloroquina.

Em síntese o uso ou não da hidroxicloroquina FICA A CRITÉRIO MÉDICO E DA CONCORDÂNCIA DO PACIENTE OU FAMILIARES. Nada diferente disso pode ser atestado como fato científico até o presente momento.














Folha -UOL 15/05/2020

Exame - Abril 15/05/2020

domingo, 10 de maio de 2020

A COVID-19 SE INTERIORIZA, OS ESPAÇOS OPACOS ENTRAM NO CIRCUITO DA DOENÇA. 44% DOS MUNICÍPIOS ENTRE 20 E 50 MIL HABITANTES JÁ POSSUEM CASOS POSITIVOS.

Médicos em um hospital
Fonte: Icict/Fiocruz

A GEOGRAFIA ALERTAVA, MAS A SAÚDE E A ECONOMIA DESPREZARAM O ALERTA! 
AGORA SÓ RESTA A ESTATÍSTICA!  

Como era de se esperar a COVID-19, se espalhou primeiramente pelas grandes metrópoles dos países desenvolvidos. Depois nas grandes cidades dos países subdesenvolvidos. São os espaços luminosos do planeta, espaços de grandes fluxos de pessoas, recursos e capital financeiro. São os espaços do meio técnico-científico-informacional.

Segundo estudos da Fiocruz, analisando as Regiões de Influências das Cidades (REGIC), municípios com até 20 mil habitantes, apresentaram nas últimas duas semanas estatisticamente um crescimento na ordem de 50% nos casos de contaminação pela COVID-19. 

A interiorização da COVID-19, vai trazer para o sistema de saúde uma sobrecarga já esperada, porém, parece que de pouca ou nenhuma importância serviu essa observação precoce. Os grandes centros urbanos, aqui destacados as cidades de médio e grande portes, possuem uma estrutura hospitalar e de recursos, incapazes em muitos casos de atender a sua demanda interna, acrescentar a essa demanda, as das municipalidades polarizadas, será uma situação que não apresentará bons prognósticos. 

O avanço da COVID-19, para as cidades de pequeno porte, os espaços opacos, onde o fluxo de pessoas, recursos e capital financeiro são reduzidos e carentes de forma geral de infraestrutura física e recursos humanos, pode vir a causar uma grande catástrofe de letalidade. 

De forma geral os municípios abaixo dos 50 mil habitantes, não possuem hospitais com equipamentos para atender a demanda de casos de média e alta complexidade. Todos são deslocados para os centros urbanos que comandam as Regiões de Influências das Cidades (REGIC). Existem municípios que nem maternidade possuem, os nascimentos são feitos nessas cidades polarizantes. Imagine uma UTI!

O modelo de saúde estadunidense (EUA), centrado na atenção médica individual e tendo como eixo o hospital, onde os grandes centros hospitalares de média e alta complexidade são sempre estruturados nos grandes centros urbanos, se mostra numa pandemia, altamente INEFICIENTE. Haja vista a situação dos Estados Unidos hoje na pandemia da COVID-19. O Brasil optou por esse modelo, CURATIVO E CONCENTRADOR!

Analisando o caminho da pandemia percebe-se que de Wuhan-China, ela seguiu o fluxo do meio técnico-científico-informacional. De Wuhan para a Europa-EUA e deles para o resto do planeta. Primeiramente nos espaços luminosos desses territórios e depois para os seus espaços opacos e por fim no resto do planeta seguiu o mesmo modelo.

No Brasil segue CRUELMENTE esse modelo. Chegando ao espaço luminoso RIO-SÃO PAULO, e primeiramente nos seus espaços luminosos internos (Bairros classe A/B) e posteriormente para seus espaços opacos (Periferias). Daí então, segue seu curso para os outros Estados. Em todas as grandes capitais de Estados do Brasil no foi diferente. Apesar do grande número de casos da COVID-19, no grande espaço luminoso RIO-SÃO PAULO é no espaço opaco MANAUS-BELÉM, que o estrago está sendo visivelmente aterrorizante. 

Na popularmente chamada Região Sul da Bahia, se segue o mesmo modelo. Sendo possível afirmar: NÃO PRESTARAM ATENÇÃO À GEOGRAFIA DO DESLOCAMENTO DA COVID-19. O eixo ILHÉUS-ITABUNA é o espaço luminoso da região. Onde se concentra o meio técnico-científico-informacional proporcional à sua importância e tamanho. As cidades polarizadas seus espaços opacos. Vide as imagens abaixo:

Fonte: IBGE 
 

A imagem acima é da Região de Influência da Cidade de Itabuna no aspecto saúde. De Wenceslau Guimarães até Santa Luzia. Claro que se sabe por convivência e experiência que Itabuna polariza muito mais cidades que a elencada pelo IBGE, o que torna o problema ainda maior!! É comum carros da Secretaria de Saúde de municípios como Mascote, Camacan, Potiraguá dentre outros na cidade de Itabuna. 


Fonte: IBGE

Já a imagem acima é da Região de Influência da Cidade de Ilhéus. De Maraú até Canavieiras. Muitas dessas cidades elencadas para Ilhéus também buscam Itabuna. Este é mais um complicador para a cidade de Itabuna. É muito comum carros das Secretarias de Saúde dos municípios Maraú, Una e Uruçuca dentre outras cidades.

No aspecto da saúde Itabuna é o grande espaço luminoso da região sul baiana. Com o Hospital Regional Costa do Cacau inaugurado dentro do território do município de Ilhéus, na rodovia BR 415, trecho Ilhéus-Itabuna e atendendo média e alta complexidade, esse perfil sofrerá alterações ao longo dos anos.

O avanço da COVID-19, por esses espaços opacos da região sul baiana, começa agora a mostra sua face mais terrível. As mortes antes concentradas nas duas maiores cidades, começam a ocorrer nas cidades menores apesar de estarem em muitos casos isoladas pela suspensão do transporte intermunicipal. Porém, a infecção se propagou. Primeiramente por casos importados do eixo RIO-SÃO PAULO, atualmente a transmissão comunitária já é fato consumado.






quarta-feira, 6 de maio de 2020

SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO ESTADO DA BAHIA DISPONIBILIZA R$ 3,8 MILHÕES PARA SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO E LIMPEZA NAS ESCOLAS

Início


A Secretaria da Educação do Estado da Bahia (SEC) disponibilizou R$ 3,8 milhões, através do  Fundo de Assistência Educacional (FAED), para que as escolas da rede estadual de ensino realizem serviços de manutenção e limpeza durante o período de suspensão das aulas, devido à pandemia do Coronavírus (COVID-19). A determinação é que as escolas façam a limpeza dos ambientes e capinagem das áreas externas como forma de prevenção a outras doenças, como a Dengue, Zika e Chikungunya.  
 
Segundo o superintendente de Planejamento Operacional da Rede Escolar da SEC, Manoel Vicente Calazans, cada unidade escolar recebeu seu valor creditado na primeira semana do mês de abril. "Neste momento, quando os hábitos de limpeza e higiene são tão importantes para o combate à pandemia do novo Coronavírus, reforçamos que é fundamental a limpeza das áreas externas das escolas, porque, além da COVID 19, precisamos de uma grande mobilização nas unidades escolares contra a proliferação de mosquitos, inclusive do Aedes aegypti, que causa a Dengue, a Zica e a Chikungunya", salientou.
 
O superintendente também informou que, a partir da descentralização de recursos para as unidades escolares que a SEC viabiliza através da realidade de cada escola, as ações de limpeza e manutenção devem ser desenvolvidas com o foco na organização de todos os espaços e observando as regras de segurança em função da pandemia. "A atenção deve ser redobrada nas unidades maiores e com grandes áreas externas. Outro fator a ser observado é a presença de embalagens plásticas e demais resíduos que possam acumular água nos cantos dos muros, calhas e locais de pouca circulação, pois neste período chuvoso podem se tornar criadouros de mosquitos", completou. 
 
Para além disso, a SEC estimula a realização de diversas ações nas escolas de combate ao mosquito Aedes aegypti, todos amparados na Portaria nº 2.728/2016, que Institui a Promoção da Saúde e Prevenção de Doenças e Agravos no contexto escolar, com ênfase no combate ao mosquito Aedes aegypti, publicada em 7 de abril de 2016, destacando que os dirigentes das unidades escolares deverão adotar as medidas necessárias para o combate ao mosquito, com foco no controle e na eliminação de criadouros. Mais informações podem ser encontradas no Portal da Educação: (http://www.educacao.ba.gov.br/combateaedes).


Fonte:








domingo, 3 de maio de 2020

ATENÇÃO ALUNOS REDE ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DE ITAJUÍPE, ALMADINA, COARACI E ITAPITANGA.





Estudantes da Rede Estadual de Educação do Estado da Bahia dos municípios abaixo relacionados verifiquem os estabelecimentos credenciados pela ALELO para a aquisição de gêneros alimentícios com o cartão VALE ALIMENTAÇÃO que será enviado pela secretaria da Educação e entregue pelas escolas em tempo oportuno.

O cartão VALE ALIMENTAÇÃO só permite a aquisição de gêneros alimentícios. Por ser um RECURSO DA MERENDA ESCOLAR, NÃO PODEM SER COMPRADOS OUTROS PRODUTOS A EXEMPLO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS, HIGIENE PESSOAL, ETC...

Todos os alunos da rede Estadual de Educação têm direito. Quem ainda não atualizou seu cadastro ainda existe tempo. Essa ação irá perdurar enquanto o Decreto de suspensão das aulas estiver em vigor. Maiores informações as escolas prestarão aos seus alunos.


ALELO - DÚVIDAS & CREDENCIAMENTO

4002-5012
Capitais e Regiões Metropolitanas
0800 202 0840
Demais localidades
.
De Segunda a Sábado, das 8h às 22h

Para comerciantes interessados em se credenciar o cadastro é feito no link abaixo:



ITAJUÍPE


BA ITAJUIPE 45630000 ACOUGUE DO MANOEL

BA ITAJUIPE 45630000 ADRIANA DE JESUS DOS SANTOS ME

BA ITAJUIPE 45630000 ALEXSANDRA DE JESUS DOS SANTOS

BA ITAJUIPE 45630000 ANAIRA CALCADOS

BA ITAJUIPE 45630000 ANAIRA VIEIRA COSTA 01769106545

BA ITAJUIPE 45630000 BOM DOCE N B

BA ITAJUIPE 45630000 CAP COMERCIAL

BA ITAJUIPE 45630000 COMERCIAL DE GENEROS ALIMENTICIO

BA ITAJUIPE 45630000 FEIRAO DAS CARNES

BA ITAJUIPE 45630000 FRIG SABOR DA CARNE

BA ITAJUIPE 45630000 FRIGOBOM DO GIL

BA ITAJUIPE 45630000 G CRUZ DE OLIVEIRA ME

BA ITAJUIPE 45630000 GILVAN LUIZ DE AVILA COSTA

BA ITAJUIPE 45630000 HORTIFRUTI TROPICAL

BA ITAJUIPE 45630000 MAICON AVISTAO

BA ITAJUIPE 45630000 MERCADO AVILA

BA ITAJUIPE 45630000 MERCADO LETSMARCK

BA ITAJUIPE 45630000 SUP PAN ITAJUIPE

BA ITAJUIPE 45630000 SUPERMERCADO COPAL

ALMADINA

BA ALMADINA 45640000 A VISTAO DE ALMADINA MINIMERCADO

BA ALMADINA 45640000 CESTA DO POVO

BA ALMADINA 45640000 M S DIAS

BA ALMADINA 45640000 MERCADINHO MINI PRECO

BA ALMADINA 45640000 MERCADO L BARBOSA

BA ALMADINA 45640000 MERCADO OLIVEIRA

BA ALMADINA 45640000 SUPERMERCADO PAGUE MENOS

BA ALMADINA 45640000 SUPERMERCADO POUSO ALEGRE


COARACI

BA COARACI 45638000 A V COMERCIAL DE CARNES LTDA

BA COARACI 45638000 CESTA DO POVO

BA COARACI 45638000 CHAMMAR

BA COARACI 45638000 CHITAO MOREIRAO

BA COARACI 45638000 COMERCIAL POUSO ALEGRE

BA COARACI 45638000 DILSON GOMES SILVA

BA COARACI 45638000 FRIGORIFICO COARACI

BA COARACI 45638000 GIRLEY SILVA SANTOS ME

BA COARACI 45638000 LEO SUPERMERCADO

BA COARACI 45638000 M DA CONCEICAO SOUZA DOS SANTOS

BA COARACI 45638000 MERCADINHO DO MANO

BA COARACI 45638000 MERCADO ASA BRANCA

BA COARACI 45638000 MERCEARIA AMANDA

BA COARACI 45638000 NIVALDO BARBOSA DA SILVA ME

BA COARACI 45638000 PAGUE MENOS

BA COARACI 45638000 QUITANDA BOM PRECO

BA COARACI 45638000 SUPERMERCADO ALMEIDA

BA COARACI 45638000 SUPERMERCADO JOIA DO ALMADA

BA COARACI 45638000 SUPERMERCADO OFERTAN

BA COARACI 45638000 SUPERMERCADO OLHE O PRECO

BA COARACI 45638000 SUPERMERCADO UNIAO

BA COARACI 45638000 VAREJAO 5 DE JULHO

ITAPITANGA

BA ITAPITANGA 45645000 CESTA DO POVO

BA ITAPITANGA 45645000 MERCEARIA BONS AMIGOS

BA ITAPITANGA 45645000 SILVIO ROBERTO DE SANTANA BARBOS

BA ITAPITANGA 45645000 SUPERMERCADO UNIAO



sexta-feira, 1 de maio de 2020

DIVULGAÇÃO CIENTIFICA EM TEMPOS DE COVID-19 - LIVE COM PROFESSOR PAVÃO DO DO ESPAÇO CIÊNCIA




Bacharel em Química (1973), Mestre em Físico-química (1976) e Doutor em Ciências (1978) no Instituto de Química da Universidade de São Paulo. Foi professor do ensino básico em escolas públicas e no Colégio Equipe em SP. 

Professor Titular no DQF - Departamento de Química Fundamental da Universidade Federal de Pernambuco. Trabalha com química quântica computacional, teoria da ressonância, supercondutividade, magnetismo, carcinogênese química, química de quarks e outros temas. Fundador e por duas vezes presidente da ABCMC. 

Por mais de uma vez integrou o CA DC do CNPq, o CTC EB da CAPES e a CT PNLD. Foi Coordenador de Graduação em Química, Chefe do DQF e desde 1995 é Diretor do ESPAÇO CIÊNCIA, o Museu de Ciência de Pernambuco, onde desenvolve uma intensa atividade em educação e divulgação científica, incluindo a coordenação da SNCT em Pernambuco e a realização há mais de duas décadas da CIÊNCIA JOVEM, uma grande e qualificada feira nacional ciências.

GUSTAVO CABRAL, BIÓLOGO: “VACINA NO BRASIL COMEÇA A SER TESTADA EM ANIMAIS NAS PRÓXIMAS SEMANAS”

Gustavo Cabral, imunologista e pesquisador do Incor ARQUIVO PESSOAL


Imunologista que coordena a pesquisa de uma vacina para covid-19 no Incor fala com o EL PAÍS sobre a pandemia de covid-19 e a importância de investimentos em ciência



O imunologista Gustavo Cabral cresceu vendendo frutas na feira de Tucano, interior do sertão baiano. Natural de Creguenhem, povoado na zona rural da cidade, ele só concluiu o ensino fundamental aos 21 anos. Hoje, aos 38, é responsável por chefiar a pesquisa para desenvolver uma vacina contra o novo coronavírus no Instituto do Coração (Incor) da Faculdade de Medicina da USP. Depois de juntar dinheiro por três anos, Cabral conseguiu se mudar para a cidade de Senhor do Bonfim (BA) para graduar-se em ciências biológicas pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb), que abriu as portas para um mestrado em imunologia na Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Salvador, um doutorado na USP e um pós-doutorado em Oxford, na Inglaterra, e em Berna, na Suíça, onde estudou imunologia aplicada à vacina.

Foi de lá que ele voltou há quatro meses, a convite de Jorge Kalil, referência em pesquisas de vacinas, para desenvolver sua pesquisa no Incor. Quando viu as primeiras notícias sobre o novo coronavírus, Cabral não imaginava que precisaria adaptar sua metodologia de trabalho —focada em chikungunya e estreptococos— para desenvolver uma vacina para a covid-19. “À princípio, imaginei que o vírus se concentraria na China, já que existe um sistema de vigilância global. Foi o que aconteceu com o ebola, por exemplo, que não se espalhou. Quando, em fevereiro, às vésperas do Carnaval, o vírus continuava se expandido, pensei ‘agora, ferrou”, diz ele, em bom baianês.

Agora, Cabral e sua equipe trabalham incessantemente enquanto a sociedade espera uma bala de prata contra a pandemia. Ao mesmo tempo, ele reflete —e critica— as políticas de investimento em educação, ciência e tecnologia. “Sabe quando há interesse em investir em ciência e tecnologia para criar balas mágicas? Quando afeta países e classes abastados. O zika vírus, por exemplo, é conhecido desde a década de 1950, mas nunca tinha sido muito estudado. Despertou interesse público quando afetou grandes países [entre 2014 e 2015]. E é que ciência é uma coisa muito cara, quem diz que se faz ciência apenas com boa gestão não sabe do que está falando”, afirma em entrevista ao EL PAÍS.

Ainda durante a graduação, o imunologista montou um projeto de pesquisa para trabalhar com comunidades quilombolas e doenças parasitárias, investigando como os fatores socioambientais impactavam a evolução desses problemas. A milhares de quilômetros do sertão, é ainda nas pessoas mais vulneráveis que ele pensa enquanto desenvolve seu trabalho. “Se o coronavírus causou tanto estrago em países de primeiro mundo, com melhores estruturas sociais e econômicas, o que vai fazer quando adentrar fortemente as comunidades mais vulneráveis do Brasil, os interiores, as favelas? Quando vejo pessoas na rua, penso nesses mais vulneráveis e me pergunto se elas não têm empatia”, diz.

Pergunta. Como funcionam as vacinas contra um vírus?

Resposta. O objetivo da vacina é fazer com o que o vírus seja incapaz de induzir a doença na pessoa. É o que acontece, por exemplo, nas vacinas contra a gripe. Podemos utilizar o vírus inteiro, apenas um pedaço dele, um pedaço do DNA ou um pedaço da proteína desse vírus para colocá-lo no corpo e fazer com que esse corpo reconheça como algo estranho e desencadeie uma resposta imunológica. Quando nosso organismo ataca um corpo estranho, ele gera uma memória imunológica, que faz com que criemos anticorpos contra esses vírus. É o que fazemos com as vacinas. Para um vírus infectar uma célula, ele precisa de algumas proteínas para acoplar-se a ela. Na vacina, podemos usar uma parte dessa proteína e induzir o sistema imunológico a responder só a esse pedaço, mas ele já não vai conseguir entrar na célula.

P. Qual a diferença entre o projeto do Incor e as pesquisas feitas em outros países?

R. Antes de responder, é preciso dizer que cada país ou empresa tem seus próprios interesses. Por exemplo, se uma empresa tem a patente de uma metodologia, não importa que haja outra melhor, ela vai investir totalmente naquela que vai gerar lucro. Aqui no Brasil já temos uma certa folga em relação a isso. No Incor, trabalhamos sem essa pressão. Quando fui chamado para liderar o projeto, a primeira coisa que expliquei foi que nossa prioridade seria garantir uma vacina segura, já que não sabemos quase nada desse novo coronavírus. Vamos privilegiar a segurança e a eficiência da vacina em vez da rapidez. Decidimos não utilizar o material genético do vírus, porque não temos ainda informações suficientes sobre ele. Utilizamos as metodologias que aprendi nos últimos cinco anos na Inglaterra e na Suíça: em vez de usar o material genético do coronavírus, trabalhamos com partículas dele que são responsáveis por entrar nas células humanas. São as coroazinhas do vírus, chamadas de “proteína de spike”. Juntamos esses fragmentos com partículas sintéticas, parecidas com vírus, mas sem material genético, ou seja, ocos, para impedir multiplicação. São os VLPs [da sigla em inglês Virus Like Particles], um emaranhado de proteínas. Como os VLPs imitam um vírus, o sistema imunológico estranha e reage tanto a essas partículas quanto ao pedaço do coronavírus colocado nelas.

P. Em que fase de desenvolvimento vocês estão?

R. Podemos considerar que estamos começando, por causa da urgência da pandemia. Mas estamos muito adiantados no quesito da produção intelectual, com a produção dos VLTs e das proteínas, a formulação da vacina já está bem adiantada. Os trabalhos in vitro também estão adiantados e já estamos partindo para os testes pré-clínicos em modelos animais nas próximas semanas. Com a corrida para ver quem cria a vacina primeiro, alguns países querem pular da experimentação in vitro direto para seres humanos, mas isso é uma loucura. Mesmo com todo o arcabouço teórico, o corpo humano é muito complexo, sempre vai nos mostrar alguma surpresa. É imprescindível testar antes em animais.

P. Se a pesquisa avançou tanto em pouco tempo, porque se fala em até dois anos para que a vacina chegue ao mercado?

R. Quando se desenvolve uma vacina, é possível adiantar a parte teórica com vários virologistas, infectologistas e imunologistas. Essa parte técnica é rápida. Mas, quando partimos para a experimentação em seres vivos, a coisa muda. Preciso pelo menos de 15 dias para avaliar como o corpo do animal vai reagir. Analisamos essa reação e vamos ajustando, de certa forma, a vacina até que ela seja totalmente eficiente. Nisso vão um mês ou dois. Com os resultados, vamos experimentando em outros modelos animais até que eles neutralizem o vírus a um ponto em que seja seguro testar em seres humanos. Depois disso, vêm os estudos sobre a toxicidade da vacina. Teremos que desenvolver uma enorme bateria de informações para justificar o encaminhamento da vacina para os órgãos de análise específicos. Aí entra a questão burocrática, que, devido à urgência, pode até correr rápido. Mas a biologia, infelizmente, nós não podemos apressar. Para saber se o que deu certo no animal vai funcionar em seres humanos, fazemos os estudos clínicos, em que pegamos uma pequena quantidade da vacina para testar se há uma resposta imunológica. Em caso positivo, testamos uma quantidade maior até que o vírus seja neutralizado.

P. Apesar das diferentes abordagens em cada país, a comunidade científica tem trocado informações sobre essas pesquisas?

R. Para mim, tanto faz se serei eu ou outro cientista que vai criar primeiro a vacina, eu quero mais é que ela seja desenvolvida. Mas, como pesquisador, e falando de forma realista, jamais trocarei informações com uma empresa que não invista financeiramente no projeto. Entre cientistas, sim, conversamos muito. Nossa equipe, por exemplo, trabalha muito com a Fiocruz de Minas Gerais. É verdade que nós, pesquisadores, temos o ego grande, mas, neste caso, estamos falando de salvar vidas humanas, então trocamos muitas informações.

P. Uma vacina desenvolvida por um centro público de pesquisa, como o Incor, vai de encontro aos interesses farmacêuticos?

R. Eu, pessoalmente, não estou nem aí se a pesquisa vai de encontro a qualquer empresa. O que queremos é desenvolver uma vacina extremamente eficaz e segura, que seja publicada e produzida.

P. O que uma pesquisa como essa, durante uma pandemia global, evidencia sobre a necessidade de investimento público em educação e pesquisa?

R. A gente teve um pico de investimento em ciência e tecnologia em 2004. Em 2014, o dinheiro público aplicado no setor foi para níveis menores que 2004. E perder investimento em ciência e tecnologia é perder também capacidade de vigilância em saúde. Tivemos um recente exemplo disso, com a crise do zika vírus. Se tivéssemos aprendido a lição naquele momento, estaríamos muito mais preparados para enfrentar o coronavírus agora. Cortar investimento é algo tão obtuso, que as pessoas falam da importância econômica de economizar verba pública sem lembrar que investimento em ciência, tecnologia e inovação significa economia permanente. Se você produz conhecimento, a gente para de importar insumos, produz internamente e ainda vamos importar. É o que acontece, por exemplo, com o soro antiofídico, que o Brasil exporta para toda a América Latina. Então, investir em ciência e tecnologia, sobretudo neste momento, é estratégia econômica e de saúde pública.

Outra coisa é que eu, por exemplo, se não tivesse bolsa de estudo, não teria condições de parar de trabalhar e estudar e fazer pesquisa. Ou seja, se a gente para de investir, perdemos o que temos de mais precioso, o talento humano.

P. Além da importância desse investimento, que outras lições o Brasil poderia ter aprendido com a crise do zika vírus?

R. Países têm capacidade de se recuperar economicamente até de uma guerra, mas não há recuperação de vida. Os brasileiros que foram afetados, direta e indiretamente com a epidemia de zika viverão para sempre com essas sequelas. Uma coisa que aquela crise evidenciou foi a importância também da responsabilidade social, que, naquele momento, tinha a ver com o combate ao Aedes aegypti. Hoje, tem a ver com a quarentena: não é responsabilidade exclusiva das autoridades determinar que as pessoas fiquem em casa, essa é uma obrigação de todos.
Há uma responsabilidade também de pressão social. Depois que passou o pico do zika vírus, todo o investimento na produção de uma vacina contra ele foi cortado. A sociedade precisa entrar nesse jogo, porque daqui a menos de um ano a pandemia de coronavírus não estará tão forte como agora, a vacina estará prestes a ser testada em humanos e, se não houver pressão popular e política, o mesmo vai acontecer, perderemos o investimento.

P. E quais aprendizados vão ficar depois da pandemia?

R. O melhor aprendizado é que ciência e sociedade têm que andar juntas. Sem isso, continuaremos dependendo só de opiniões políticas para decidir se tomar cloroquina contra um vírus ou não, por exemplo. Isso não se faz com base em opiniões, diz respeito a uma questão médica-científica. Se ficarmos no jogo político, todos vamos perder.

Fonte: