terça-feira, 22 de setembro de 2020

UFBA E FIOCRUZ BAHIA DESENVOLVEM PROJETO PARA USO DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NO COMBATE À COVID-19.

 


O projeto já atraiu financiamento da Google e está inserido no contexto da Rede CoVida, iniciativa de colaboração científica e multidisciplinar para o enfrentamento da crise sanitária global.

Um projeto da UFBA em parceria com a Fiocruz Bahia utilizará inteligência artificial (IA) para combater o novo coronavírus. Denominado “AI as Service for tackling the Covid-19 in Brazil” [IA como serviço para enfrentar a Covid-19 no Brasil, em tradução livre], o trabalho será desenvolvido sob a liderança dos professores da UFBA Marcos Ennes Barreto (AtyImoLab/Departamento de Ciência da Computação) e Mauricio Lima Barreto (Cidacs/Fiocruz Bahia).

“O principal objetivo desse projeto é desenvolver uma plataforma de Inteligência Artificial para auxiliar na pesquisa e tomada de decisões referentes à pandemia de Covid-19 no Brasil”, afirma o professor Marcos Barreto. Ele explica que o termo “inteligência artificial (IA) se refere ao desenvolvimento de programas computacionais capazes de aprender e a tomar decisões a partir dos dados que eles processam, de forma similar ao que nós humanos fazemos. Uma das diferenças é que modelos de IA são desenvolvidos para resolver um problema específico com base num conjunto de dados, enquanto humanos têm uma inteligência mais ampla e generalista, capaz de ser aplicada a diferentes tipos de  problemas”.

Promissor, o projeto já atraiu financiamento da Google e está inserido no contexto da Rede CoVida, iniciativa de colaboração científica e multidisciplinar para o enfrentamento da crise sanitária global. A rede surgiu em março deste ano, com a união entre o Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para a Saúde (Cidacs) e a Universidade, e conta hoje com aproximadamente 180 pesquisadores de todo o Brasil, de diversos campos de saberes, que atuam para apoiar a tomada de decisões de gestores no combate a Covid-19 com informações científicas confiáveis, a partir do monitoramento dos casos e evolução da doença no Brasil, desenvolvimento de modelos matemáticos e computacionais para predição e análise de dados, síntese e disseminação de evidências científicas com base na crescente literatura sobre o tema.

Segundo antecipa Barreto, será utilizado um conjunto de ferramentas de Inteligência Artificial para desenvolver uma plataforma que permita manipular uma grande quantidade de bancos de dados relativos à Covid-19 e prover respostas para questões de pesquisa e de saúde pública. Os dados do Cidacs, que integra cerca de 50 bancos de dados públicos, nos âmbitos federal, estadual e municipal, e desenvolve projetos arrojados – como, por exemplo, a coorte com 100 milhões de brasileiros para estudo das determinantes sociais e dos efeitos de políticas e programas sociais sobre os diferentes aspectos da saúde na população – serão fonte de relevantes informações para o desenvolvimento de algoritmos que deverão embasar os modelos de IA.

As informações, que deverão ser sistematizadas e disponibilizadas em uma plataforma de acesso aberto, podem ajudar a responder perguntas importantes, analisando efeitos de médio e longo prazo da pandemia, inclusive prevendo cenários futuros. “Também   queremos  agregar   informações   sobre   a   extensa   literatura sobre  Covid-19  e  fornecer  mecanismos  que permitam às pessoas  consultar estas informações de forma fácil”, planeja o professor sobre a plataforma, que contará com recursos de bibliometria para permitir a síntese e disseminação da produção científica que vem se acumulando sobre o tema, a exemplo das pesquisas mais atuais sobre potenciais vacinas.

Financiamento e desenvolvimento

O projeto foi selecionado em uma chamada internacional da Google, dentro do programa Covid-19 AI for Social Good, que vai destinar recursos financeiros para ações de IA e análise de dados desenvolvidas por organizações sem fins lucrativos e universidades. O programa irá financiar 31 projetos em todo o mundo. No Brasil, foram contemplados somente dois projetos: o da UFBA-Fiocruz e um outro, do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo. Serão destinados 76,6 mil dólares para a realização do projeto na Bahia, além de créditos na plataforma Google Cloud, totalizando o valor de 189,2 mil dólares.

A plataforma, que será desenvolvida nos próximos 12 meses, vai permitir a integração de uma grande quantidade de dados de saúde, socioeconômicos e de outros domínios diretamente relacionados ao cenário da pandemia. Processados por meio de IA, esses dados poderão ajudar a identificar padrões de ocorrência de eventos; relações entre fatores que facilitam ou potencializam a transmissão da doença e a quantidade de casos observados; monitorar novos casos para identificação de possíveis cenários de novas transmissões; ajudar na análise de diferentes cenários de distanciamento social, abertura e fechamento de locais públicos, bem como de diferentes políticas e ações empregadas para o enfrentamento da doença, entre várias outras questões de pesquisa e saúde pública.

De acordo com o pesquisador da UFBA, a inteligência artificial consegue processar um volume muito grande de dados em tempo relativamente baixo e é capaz de identificar padrões dentro desses dados e analisar cenários complexos. Informações como, por exemplo, os padrões de deslocamento das pessoas e os dados sobre o crescimento da Covid-19 em determinado bairro, cidade ou região, podem ajudar a revelar tendências, antecipar ações e evitar novas infecções. Podem também ajudar a responder perguntas como ‘qual é o efeito da abertura das escolas?’ ou ‘quando deve ser aberto o comércio?’, explica Barreto. “A plataforma tem como objetivo organizar os bancos de dados e disponibilizar modelos de inteligência artificial com algoritmos para responder perguntas importantes”, resume.

Conforme planejado, um grupo de epidemiologistas deverá definir as perguntas a serem respondidas pela plataforma. O projeto conta ainda com uma equipe de profissionais na área da ciência de dados, saúde coletiva, nutrição, entre outras. “Espera-se que muito do aprendizado sobre a Covid-19 possa servir, no futuro, para o enfrentamento de outras doenças e eventuais epidemias”, prevê Marcos Barreto.


Fonte: UFBA / Edgardigital

Academia de Ciências da Bahia

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