Embora haja maneiras de mitigar vieses, poucas revistas fazem algo nesse sentido, dizem biólogos da Universidade Estadual de Michigan (MSU), nos Estados Unidos, autores do estudo publicado em março na revista Nature Ecology & Evolution
Pesquisadores do campo das ciências biológicas que trabalham em países de baixa e média renda e não têm o inglês como língua nativa enfrentam mais dificuldades para publicar seus trabalhos em revistas científicas internacionais. Em geral, as chances de eles receberem pareceres favoráveis no processo de revisão por pares são inferiores às de pesquisadores dos principais centros produtores de ciência.
A conclusão consta de um levantamento feito por biólogos da Universidade Estadual de Michigan (MSU), nos Estados Unidos, publicado em março na revista Nature Ecology & Evolution.
O grupo, liderado pela ecóloga Courtney Davis, analisou mais de 312.740 manuscritos na área de ciências biológicas publicados em 640 periódicos, muitos deles de impacto elevado, como Science, Proceedings of the National Academy of Sciences e os da coleção Nature.
O objetivo era verificar se a origem dos autores principais dos artigos teria alguma influência na decisão dos pareceristas em aceitar seus papers para publicação. Observou-se, então, que autores vinculados a instituições da Ásia, de países pobres e que não têm o inglês como língua oficial tendem a receber mais pareceres negativos. “Em comparação com autores com afiliações localizadas na Europa, América do Norte e Oceania, os da Ásia apresentaram as disparidades mais consistentes, mas os da América Latina e da África também tiveram resultados de revisão piores”, informa o artigo.
O gênero presumido dos autores também influencia em avaliações, com desvantagem para as mulheres. Foi rastreada, ainda, a localização dos periódicos e de seus editores-chefes. Descobriu-se que eles se concentravam em poucos lugares – notadamente Estados Unidos, Canadá e países da Europa Ocidental –, justamente os que têm melhores resultados na revisão por pares.
Embora haja maneiras de mitigar esse tipo de viés, poucas revistas fazem algo nesse sentido. Segundo o grupo da MSU, menos de 16% dos periódicos em ecologia e biologia evolutiva usam um modelo de revisão duplo-cego, no qual nem os autores nem os revisores são informados sobre os nomes uns dos outros. Uma recomendação dos autores é ampliar a diversidade dos conselhos editoriais e os grupos de revisores, incluindo mais cientistas de grupos tradicionalmente excluídos.
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