quarta-feira, 4 de agosto de 2021

MERCADO APOIA E VÊ COM BONS OLHOS OS AUMENTOS NO PREÇO DOS COMBUSTÍVEIS. POR ISSO CONSUMIDOR, NÃO ESPERE GASOLINA MAIS BARATA. A TENDÊNCIA É AUMENTAR CADA VEZ MAIS.


   Combustíveis: pesadelo das distribuidoras é que falte infraestrutura para dar vazão ao potencial de consumo da população (Ricardo Moraes/Reuters)

Depois de quase três meses sob nova gestão, a Petrobras fez o primeiro aumento nos preços dos combustíveis da gestão Silva e Luna dia 07 de julho, acompanhando a valorização do preço internacional do petróleo. A companhia elevou o preço do litro da gasolina em 6% e do diesel em 3,7% Para o analista da Ativa Investimentos Ilan Arbetman, a decisão de ajustar os valores do diesel, gás de cozinha e gasolina nas refinarias foi uma surpresa positiva para o mercado.

Isso porque a empresa vinha demorando a fazer correções nestes valores. Desde que assumiu a presidência da companhia após a saída de Roberto Castello Branco, Silva e Luna tinha feito duas reduções nos valores, acompanhando reduções pontuais do preço do barril. No entanto, a cotação tem tido tendência de aumento. Em abril, o preço do petróleo estava na faixa de R$ 60. Hoje, está na faixa dos R$ 70.

"Esse zelo com as margens que foi mostrado é fundamental para o mercado. A gente vive um momento político quente e existem pressões vindas dos caminhoneiros, por exemplo. Mesmo assim, a Petrobras preservou as margens, o que a gente viu como bem simbólico e positivo", explica Ilan.

O analista destaca, porém, que ainda há uma defasagem de cerca de 14% nos valores da gasolina. Ou seja, a empresa ainda "deveria" aumentá-la para não perder dinheiro. Para ele, o aumento desta semana foi uma surpresa porque a defasagem estava na faixa de 20% há um tempo, sem sinalizações de ajuste. 

Com a alta, a companhia "tranquilizou" acionistas e o mercado que acompanham as contas da Petrobras de perto.

"A saúde financeira e as margens falaram mais alto. Isso não significa que o executivo não está com a caneta na mão, já que ele é acionista majoritário, mas acho que é bem simbólico", diz.

A precificação dos combustíveis é assunto delicado para acionistas, consumidores e Governo Federal porque a empresa sofreu interferências políticas em governos anteriores para represar aumentos, comprometendo o caixa e aumentando o risco de investidores e acionistas, além da própria dívida.

No entanto, o custo político de se fazer aumentos atrás de aumentos também precisou ser considerado nos últimos meses, tanto que divergências em como eles vinham sendo feitos culminaram na demissão de Roberto Castello Branco no início do ano pelo presidente Jair Bolsonaro.

Em sua despedida da empresa, em videoconferência de resultados do ano 2020, Castello Branco chegou a mandar um alerta ao presidente da República. Ele usou uma camisa com a frase em inglês "Mind The Gap" (cuidado com o vão), em referência à possível distância entre o preço internacional e o que a empresa estava sendo cobrada por praticar.

Desde que assumiu, Silva e Luna reforçou que mantém a estratégia adotada pela gestão anterior, de focar investimentos no pré-sal, e otimizar os resultados financeiros para os acionistas, o que tem sido bem visto pelo mercado financeiro e especialistas do setor de petróleo. Desde 2018, a empresa tem vendido campos de petróleo de águas rasas, negócios secundários e vai abrir mão do monopólio do refino do petróleo no país.

Exame Negócios

PETROBRAS DIVULGA BALANÇO TRIMESTRAL HOJE DIA 04 DE AGOSTO: O QUE ESPERAR DA MAIOR ESTATAL BRASILEIRA?

            

REDUÇÃO DA DÍVIDA;

ALTA NA RECEITA E NO LUCRO;

COMBUSTÍVEIS SUBINDO DE PREÇO;

ALTOS DIVIDENDOS PARA OS ACIONISTAS.

DEVEM COMPOR OS RESULTADOS FINANCEIROS DA PETROBRAS NESTE SEGUNDO TRIMESTRE.

Os primeiros resultados financeiros da Petrobras com o general Silva e Luna realmente à frente da gestão da companhia serão conhecidos nesta quarta-feira, 4.

Quando a empresa divulgou o balanço do primeiro trimestre, em abril, Silva e Luna já era o presidente, mas aqueles dados mostraram ainda todo o fim da gestão de Roberto Castello Branco. Agora, os dados da nova gestão virão à tona.

O balanço do segundo trimestre da petroleira deve trazer bons resultados, influenciados principalmente devido ao preço do petróleo, alta na produção trimestral e à continuidade da política de venda de ativos que a gestão tem mantido desde que assumiu o comando da Petrobras.

No primeiro trimestre, o preço do barril de petróleo era negociado em média em 61 dólares. Agora está em 69.

O mundo vive um movimento de alta na demanda pelos combustíveis, enquanto a oferta ainda segue “apertada” pelos países membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Eles até decidiram abrir as torneiras dos poços, mas num ritmo lento, de modo a manter os preços da commodity em alta.

Quanto à produção, a Petrobras teve um crescimento de 1,4% neste segundo trimestre em comparação com o primeiro deste ano, com destaque para aumento do pré-sal.

No total, a produção do primeiro semestre de 2021 foi ligeiramente menor do que o mesmo período de 2020. O motivo: a venda de campos maduros em terra sem interesse comercial para a Petrobras.

Os dados da produção trimestral, divulgados mês passado, também mostraram que as exportações de petróleo subiram 45,4% no segundo trimestre contra o trimestre anterior e avançaram 8% na comparação com um ano antes, para 743 mil barris por dia.

Com a combinação de fatores positivos, a companhia deve apresentar uma receita de 98 bilhões de reais, EBITDA de 47 bilhões de reais e lucro líquido de 5,6 bilhões de reais segundo projeções da Ativa Investimentos.

Quanto à produção, a Petrobras teve um crescimento de 1,4% neste segundo trimestre em comparação com o primeiro deste ano, com destaque para aumento do pré-sal.

No total, a produção do primeiro semestre de 2021 foi ligeiramente menor do que o mesmo período de 2020. O motivo: a venda de campos maduros em terra sem interesse comercial para a Petrobras.

 

Os dados da produção trimestral, divulgados mês passado, também mostraram que as exportações de petróleo subiram 45,4% no segundo trimestre contra o trimestre anterior e avançaram 8% na comparação com um ano antes, para 743 mil barris por dia.

Com a combinação de fatores positivos, a companhia deve apresentar uma receita de 98 bilhões de reais, EBITDA de 47 bilhões de reais e lucro líquido de 5,6 bilhões de reais segundo projeções da Ativa Investimentos.

Isso porque após reduzir o endividamento para abaixo deste valor, a empresa aciona uma política de distribuição de dividendos nova, mais generosa aos acionistas.

Desde a gestão de Pedro Parente, no governo de Michel Temer, a empresa tem focado em reduzir o endividamento e a alavancagem, que dispararam nos anos anteriores.

Na gestão de Roberto Castello Branco, foi colocado em prática um plano ambicioso de venda de diversos ativos, como refinarias, poços de petróleo em terra e águas rasas.

A empresa também abriu mão de participar de negócios que não tinham a ver com o foco de explorar e produzir petróleo das águas profundas do pré-sal. Um dos exemplos foi a venda da participação da BR Distribuidora.

Os dados da produção de petróleo do segundo trimestre mostram que o pré-sal já é responsável por 70% do óleo da companhia.

Para analistas, a marca é positiva porque esses poços podem ser mais produtivos e de baixo custo de operação como alguns nos países do Oriente Médio, fonte de boa parte da energia consumida no mundo.

Mesmo com a perspectiva de bons resultados financeiros no trimestre, parte do mercado ainda não se convenceu de que a empresa superou a turbulência do início do ano, quando a Presidência da República trocou o comando da petroleira devido às altas dos combustíveis.

Como a empresa segue a paridade internacional do petróleo para precificar o diesel e a gasolina, se o petróleo sobe, os derivados também sobem para os consumidores internos do país.

Em relatório sobre os 100 dias da gestão de Silva e Luna, o banco BTG Pactual manteve a recomendação de compra de ações como neutra e afirma que ainda existe uma defasagem entre os preços internacionais da gasolina e o cobrado pela Petrobras nas refinarias.

Ou seja, apesar dos protestos de consumidores, os combustíveis saem abaixo do que deveriam para a empresa.

Mas, fora isso, a continuidade na política dos desinvestimentos e o foco no pré-sal dão boas perspectivas para a Petrobras, que deve apresentar nos próximos meses seu novo plano quinquenal, em que devem ser vistos para onde a maior empresa brasileira quer caminhar num mundo em transformação energética.

Exame Negócios

terça-feira, 3 de agosto de 2021

INVESTIMENTO EM EDUCAÇÃO É UM DOS MAIS RENTÁVEIS EM TERMOS ECONÔMICOS, DIZ EX-MINISTRO RENATO JANINE RIBEIRO

                                              Renato Janine Ribeiro (Foto: ABr)

Em entrevista ao programa Boa Noite 247, da TV 247, presidente da SBPC diz que Brasil, com somente 30% da população com condições para desenvolvimento educacional, poderia render muito mais caso ampliasse este panorama: “multiplicaríamos nossa criatividade e nossa produtividade várias vezes”

Ex-ministro da Educação e novo presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SPBC), Renato Janine Ribeiro falou à TV 247 sobre a falsa oposição entre economia e investimento em conhecimento.

Segundo Janine Ribeiro, o Brasil, como país que oferece somente a 30% da população as condições necessárias para um bom desenvolvimento educacional, já conseguiu feitos muito relevantes, como chegar a ser a sexta economia do mundo, por exemplo. Porém, ele ressalta: o que não poderia ser feito se as condições fossem oferecidas a 100% da população?

“Um país como o Brasil, que tem apenas 30% da população com todas as oportunidades em termos não só de educação, mas de moradia, alimentação, saúde e transporte, e tem 70% abaixo desse piso de oportunidades, um país assim está rendendo muito menos do que poderia. Se nós conseguimos ser a sexta ou sétima economia mundial desse jeito, se conseguimos chegar a ser o 12.º país em produção científica qualificada rendendo com 30% da população, imagine se nós tivermos 100% da população com as oportunidades? É óbvio que nós vamos multiplicar nossa criatividade e nossa produtividade por várias vezes. Vamos ter um potencial realizado muito maior”. Ele ainda afirmou: “investimento em educação é um dos mais rentáveis do ponto de vista econômico. Você cria uma mão de obra qualificada.”

Segundo o ex-ministro, o Brasil só será um país desenvolvido quando conseguir realmente avançar na produção de ciência. O foco somente em industrialização, segundo ele, já é coisa do passado. “O Brasil se industrializou, depois se desindustrializou. Hoje, a diferença não é exatamente agropecuária e extratividade versus indústria. Hoje é inteligência e ciência embutidas nos produtos versus não embutidas. Se você tiver um setor de indústria de alta complexidade ou um setor de serviços de alta qualificação científica, você é um país desenvolvido. Se não tiver, você está no subdesenvolvimento. E o Brasil está nesse subdesenvolvimento. Então ele tem que mexer nisso, os governos futuros e a sociedade brasileira têm que ter muita noção disso.”


Jornal da Ciência

SBPC MANIFESTA PREOCUPAÇÃO COM REDUÇÃO SIGNIFICATIVA DO NÚMERO DE INSCRITOS PARA O ENEM. DE 4,8 MIHÕES DE INSCRITOS PARA 1,7 MILHÕES DE ESTUDANTES.


Em nota, entidade aponta que expressiva queda se deve essencialmente ao corte de isenções de matrículas – de 4,8 milhões para apenas 1,7 milhões de candidatos. MEC recusou conceder o benefício neste ano a alunos que deixaram de comparecer ao exame em 2020 por conta da covid-19. “A SBPC considera essa perda de potenciais alunos do ensino superior um problema social relevante, ainda por cima causado por um critério desumano” 

Leia a nota abaixo:


EM FAVOR DO ENEM

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) manifesta sua preocupação diante da significativa redução do número de alunos inscritos para o Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM) deste ano. Tal redução se deve essencialmente à queda das isenções de matrícula, de 4,8 milhões para apenas 1,7 milhão de candidatos. Essa enorme diminuição decorre de ter o MEC recusado isentar da taxa de inscrição os alunos que, inscritos no exame do ano passado, não compareceram devido à covid-19. Teremos, assim, o ENEM com o menor número de candidatos desde 2005, representando uma queda de 5,6 milhões se o compararmos ao de 2014.

A SBPC considera essa perda de potenciais alunos do ensino superior um problema social relevante, ainda por cima causado por um critério desumano. O medo racional à morte precoce é um dos sentimentos mais compreensíveis em nossa espécie. Quando o Ministério de Educação (MEC) decidiu, em 2015, negar a gratuidade no ano seguinte a quem não comparecesse ao ENEM, foi muito clara a decisão ministerial: abria-se uma exceção para os casos justificados. Ora, não há melhor justificativa do que o medo de morrer de uma doença que já tinha ceifado centenas de milhares de vidas no Brasil.

Por isso mesmo, a SBPC apela às autoridades para que, faltando ainda quase quatro meses para a realização do ENEM, revejam essa decisão desumana e errada e isentem da taxa de inscrição os alunos que, por medo de contágio pela covid-19, deixaram de prestar o exame em 2020. Também exorta o MEC para que adote protocolos sanitários mais rigorosos, para que o ENEM deste ano transcorra sem exposição a riscos evitáveis e desnecessários.

A SBPC considera que o MEC deve ter como meta aumentar o acesso da população vulnerável ao ensino superior de qualidade, ao invés de restringir ainda mais o acesso da população de baixa renda às nossas universidades públicas, já que o acesso ao ensino superior é maior o motor para inclusão social e redução de desigualdades, inclusive para a reparação histórica da escravidão.

São Paulo, 3 de agosto de  2021.

Diretoria da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC


Jornal da Ciência

TRANSIÇÃO ENERGÉTICA REQUER ESFORÇO GLOBAL EM INOVAÇÃO, APONTAM CIENTISTAS

                        

   

Elton Alisson | Agência FAPESP

Para zerar até 2050 as emissões globais de dióxido de carbono (CO2) do setor energético, de modo a limitar o aumento da temperatura média global a 1,5 ºC acima dos níveis pré-industriais, como estabelecido no Acordo de Paris, o mundo precisará fazer, até 2030, um esforço sem precedentes para implantar imediatamente e de forma massiva todas as tecnologias de energia eficiente e limpa já existentes, como a bioenergia.

Paralelamente a esse esforço, será preciso um grande impulso global para acelerar a inovação em energia, uma vez que a maior parte da redução nas emissões de CO2 do setor até 2030 será possível por meio de tecnologias disponíveis hoje. Após esse período e até 2050, porém, quase metade da redução das emissões do setor virá de tecnologias que atualmente estão apenas em fase de projeto-piloto ou de protótipo, como baterias avançadas, sistemas de produção de hidrogênio e captura de CO2 do ar.

As conclusões são dos autores do relatório especial “Net Zero by 2050: a roadmap for the global energy sector”, lançado pela Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) no dia 18 de maio e apresentado por representantes do órgão em palestra na abertura da Brazilian Bioenergy Science and Technology Conference (BBEST) 2020-21.

O evento on-line, que termina hoje (26/05), faz parte das atividades do Programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN) e ocorre paralelamente à segunda edição da Biofuture Summit, promovida pela Plataforma para o Biofuturo – consórcio formado por 20 países, incluindo o Brasil, com o objetivo de fomentar soluções de transporte de baixo carbono e a bioeconomia.

“Desbloquear a próxima geração de tecnologias de baixo carbono vai requerer muito esforço em pesquisa e desenvolvimento e investimento da ordem de US$ 90 bilhões para demonstração até 2030”, disse Paolo Frankl, líder da divisão de energias renováveis da IEA.

Segundo o especialista, para atingir a meta da transição energética global, a produção de biocombustíveis deverá triplicar nesta década para atender à demanda crescente, principalmente do setor de transporte. Já a produção de combustíveis líquidos avançados – como o etanol celulósico –, que hoje representa menos de 1% do total da produção de biocombustíveis, deve saltar para quase 45% em 2030 e para 90% em 2050.

Nesse novo cenário, a bioenergia moderna se tornaria, em 2050, a segunda maior fonte energética, sendo responsável por suprir cerca de 20% da energia total consumida globalmente. Quase oito gigatoneladas de CO2 seriam capturados por ano por uma ampla gama de soluções, que combinariam bioenergia com captura e armazenamento de carbono e, eventualmente, hidrogênio, para produzir combustíveis e produtos químicos sintéticos.

“Isso representa uma enorme oportunidade e desafio para o setor de bioenergia inovar por meio de diversas formas de tecnologias que pode oferecer”, avaliou Frankl.

Para atingir essa meta, contudo, será preciso superar desafios, como o de obter maior consenso sobre a disponibilidade de matérias-primas, de forma sustentável, para produção de bioenergia, apontou o especialista.

“Isso é fundamental para aumentar a confiança dos investidores e, em última análise, atrair mais investimentos e promover a implantação de tecnologias em bioenergia”, avaliou Frankl.

Outro desafio, segundo o pesquisador, é fortalecer a cooperação internacional. “Há um ímpeto político sem precedentes e temos pelos menos quatro motivos de otimismo em relação à transição para a energia limpa em todo o mundo”, afirmou o especialista.

Uma das razões de otimismo é que pelo menos 120 países, além de empresas, apresentaram metas de zerar suas emissões líquidas de CO2 até 2050. Há uma lacuna, entretanto, entre as promessas dos países e a realidade.

Após o maior declínio de todos os tempos, em 2020, devido à crise econômica global causada pela pandemia de COVID-19, as emissões globais de CO2 devem aumentar em quase 5% em 2021, se aproximando do pico de 2019. A demanda de carvão, óleo e gás também aumentou com a recuperação da economia.

“Por isso a IEA avaliou a necessidade desse relatório especial para ajudar os países a passar de promessas à promoção de cortes reais nas emissões”, afirmou Frankl.

Outros motivos para otimismo em relação à transição energética global é que hoje há um dos maiores pacotes de estímulo econômico para essa finalidade, e os Estados Unidos e a União Europeia anunciaram novas metas de limites de emissão de CO2 na recente Cúpula de Líderes sobre o Clima, promovida pelo presidente americano Joe Biden.

Os Estados Unidos anunciaram na abertura do evento, em abril, o compromisso de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em pelo menos 50% até 2030 em relação aos níveis de 2005, atingindo 100% de eletricidade limpa até 2035 e emissões líquidas zero de CO2 até 2050.

“A inovação e a implantação de uma ampla gama de tecnologias de energia limpa são absolutamente essenciais para atingir esses objetivos ambiciosos”, disse David Turk, vice-secretário de energia dos Estados Unidos, na abertura do BBEST.

O país acaba de assumir a presidência da Plataforma para o Biofuturo, presidida pelo Brasil desde seu lançamento, em 2016.

“Nos últimos cinco anos, logramos um progresso considerável na consolidação da Plataforma para o Biofuturo como o principal fórum internacional para promoção da bioeconomia sustentável como componente-chave da transição energética”, afirmou o embaixador Sarquis, secretário de Comércio Exterior e Assuntos Econômicos do Itamaraty.

Ponto de encontro da bioenergia

O BBEST reúne virtualmente representantes de governos, órgãos internacionais, setor empresarial e pesquisadores de mais de 30 países. Estão previstas mais de 150 sessões on-line durante os três dias de duração do evento.

“Ao longo dos anos, o BBEST tem sido um ponto de encontro para diferentes áreas da ciência e engenharia se encontrarem, criando sinergias em bioenergia, biomassa, biocombustíveis, uso da terra, produtos biológicos e pesquisa de sustentabilidade. Criamos oportunidades para especialistas da indústria, da academia, do governo e de instituições não governamentais apresentarem suas tecnologias e desafios”, disse Gláucia Mendes Souza professora do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP) e membro da coordenação do Programa BIOEN.

O presidente da FAPESP, Marco Antônio Zago, destacou que o Programa BIOEN, que visa o avanço do conhecimento básico e aplicado em áreas relacionadas à produção de bioenergia, faz parte da missão da Fundação de apoiar pesquisas que contribuam para o desenvolvimento do Estado de São Paulo.

“Vemos na conferência uma oportunidade especial para o diálogo e a cooperação entre países, governos e organizações, além dos setores acadêmico e privado”, afirmou.

A íntegra do evento pode ser acessada em https://whova.com/portal/webapp/bsi1_202105/.

FAPESP

ESTUDO AVALIA EFICIÊNCIA DE FILTRAGEM DE 227 TIPOS DE MÁSCARA VENDIDOS NO BRASIL


Os modelos de uso profissional foram os mais eficazes na retenção de partículas de aerossol com tamanho equivalente ao do novo coronavírus, seguidos pelos feitos de TNT e vendidos em farmácia. A eficácia das máscaras de tecido variou entre 15% e 70%. Bom ajuste no rosto e ausência de costura são fatores que aumentam o grau de proteção (imagem de microscopia digital de diferentes máscaras feitas de material híbrido; Fernando G. Morais Et al./Aerosol Science and Technology)

Karina Toledo | Agência FAPESP 

A transmissão do novo coronavírus se dá principalmente pela inalação de gotículas de saliva e secreções respiratórias suspensas no ar e, por esse motivo, usar máscaras e manter o distanciamento social são as formas mais eficazes de prevenir a COVID-19 enquanto não há vacina para todos. Baratas, reutilizáveis e disponíveis em diversas cores e estampas, as máscaras de tecido estão entre as mais usadas pelos brasileiros. Contudo, sua capacidade de filtrar partículas de aerossol com tamanho equivalente ao do novo coronavírus pode variar entre 15% e 70%, como revela estudo conduzido no Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP).

Coordenado pelo professor Paulo Artaxo e apoiado pela FAPESP, o trabalho integra a iniciativa (respire!, cujo objetivo foi garantir o acesso da comunidade uspiana a máscaras seguras. Os resultados foram divulgados na revista Aerosol Science and Technology.

“Avaliamos a eficiência de filtração de 227 modelos vendidos no Brasil, seja em farmácia ou lojas de comércio popular. Nosso objetivo era saber em que medida a população está realmente protegida com essas diferentes máscaras”, conta Artaxo à Agência FAPESP.

Para fazer o teste, os cientistas utilizaram um equipamento que produz, a partir de uma solução de cloreto de sódio, partículas de aerossol de tamanho controlado – no caso 100 nanômetros (o SARS-CoV-2 tem aproximadamente 120 nanômetros). Após o jato de aerossol ser lançado no ar, a concentração de partículas foi medida antes e depois da máscara.

Os modelos que se mostraram mais eficazes no teste, como esperado, foram as máscaras cirúrgicas e as do tipo PFF2/N95 – ambas de uso profissional e certificadas –, que conseguiram filtrar entre 90% e 98% das partículas de aerossol. Na sequência, estão as de TNT (feitas de polipropileno, um tipo de plástico) vendidas em farmácia, cuja eficiência variou de 80% a 90%. Por último vieram as de tecido – grupo que inclui modelos feitos com algodão e com materiais sintéticos, como lycra e microfibra. Nesse caso, a eficiência de filtração variou entre 15% e 70%, com média de 40%. E alguns fatores se revelaram críticos para aumentar ou diminuir o grau de proteção.

“De modo geral, máscaras com costura no meio protegem menos, pois a máquina faz furos no tecido que aumentam a passagem de ar. Já a presença de um clipe nasal, que ajuda a fixar a máscara no rosto, aumenta consideravelmente a filtração, pelo melhor ajuste no rosto. Algumas máscaras de tecido são feitas com fibras metálicas que inativam o vírus, como níquel ou cobre, e por isso protegem mais. E há ainda modelos de material eletricamente carregado, que aumenta a retenção das partículas. Em todos esses casos, porém, a eficiência diminui com a lavagem, pois há desgaste do material”, comenta Fernando Morais, doutorando no IF-USP e no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), que é o primeiro autor do artigo.

Inspira e expira

Segundo Artaxo, as máscaras de algodão de duas camadas filtraram consideravelmente mais as partículas de aerossol que as feitas com apenas uma. Mas, a partir da terceira camada, a eficiência aumentou pouco, enquanto a respirabilidade diminuiu consideravelmente.

“Uma das novidades do estudo foi avaliar a respirabilidade das máscaras, ou seja, a resistência do material à passagem de ar. As de TNT e de algodão foram as melhores nesse quesito. Já as do tipo PFF2/N95 não se mostraram tão confortáveis. Mas a pior foi uma feita com papel. Esse é um aspecto importante, pois se a pessoa não aguenta ficar nem cinco minutos com a máscara, não adianta nada”, afirma Artaxo.

Como destacam os autores no artigo, embora com eficiência variável, todas as máscaras ajudam a reduzir a propagação do novo coronavírus e seu uso – associado ao distanciamento social – é fundamental no controle da pandemia. Eles afirmam ainda que o ideal seria a produção em massa de máscaras do tipo PFF2/N95 para distribuir gratuitamente à população – algo que “deveria ser considerado em futuras pandemias”, na avaliação de Vanderley John, coordenador da iniciativa (respire!, organizada pela Agência de Inovação da USP, e coautor do estudo.

“Hoje já está comprovado que a principal forma de contaminação é pelo ar e usar máscaras o tempo inteiro é uma das melhores estratégias de prevenção, assim manter janelas e portas abertas para ventilar os ambientes o máximo possível”, recomenda Artaxo.

Fonte:

O artigo Filtration efficiency of a large set of COVID-19 face masks commonly used in Brazil pode ser lido em www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/02786826.2021.1915466.

Tandonline

FAPESP

 


segunda-feira, 2 de agosto de 2021

INTERNATIONAL URANIUM FILM FESTIVAL: O FESTIVAL DE CINEMA DA ERA ATÔMICA. 34 ANOS DO ACIDENTE COM O CÉSIO 137 EM GOIÂNIA!

                

O International Uranium Film Festival do Rio de Janeiro lembra o maior acidente radiológico da América Latina que aconteceu em setembro de 1987.  


De 13 a 19 de setembro de 2021, o festival vai exibir 8 filmes sobre este acidente que marca uma triste história do Brasil. Um encontro online com uma das vítimas do césio, Odesson Alves Ferreira e cineastas convidados marcará a abertura desta mostra virtual.  


O evento "Para Não Esquecer", totalmente online e gratuito, conta com apoio da Cinemateca do MAM Rio. 


Em setembro de 1987, centenas de pessoas foram contaminadas com césio 137, proveniente de um aparelho de medicina nuclear, abandonado numa clínica de tratamento de câncer desativada. Apenas 19 gramas do césio 137 não só causaram sofrimento infinito às vítimas, mas também produziram mais de 6 mil toneladas de lixo radioativo, que ainda é perigoso por mais de 200 anos e deve ser armazenado cuidadosamente. 
 
O césio 137 é um nuclídeo altamente radioativo e não natural. Ele é um produto da fissão do urânio-235 e criado quando as bombas atômicas explodem ou como lixo radioativo das usinas nucleares. O césio 137 foi usado por décadas na medicina nuclear para irradiar células de câncer. A meia-vida do césio 137 é de 30 anos. Por exemplo: de 20 gramas de césio 137, após 30 anos, sobrou metade da quantidade radioativa, ou seja,10 gramas. No total, levará 210 anos para chegar a 0,15 gramas de césio radioativo.

PROGRAMAÇÃO:


ENCONTRO ONLINE "PARA NÃO ESQUECER".

A abertura da Mostra dos 34 anos do acidente radiológico em Goiânia será marcada com um encontro online com uma das vítimas do césio, Odesson Alves Ferreira (foto destaque) e com os cineastas Ângelo Lima, Benedito Ferreira e Michael Valim de Goiânia e a produtora baiana Laura Pires. 

Odesson é um dos fundadores da Associação Vítimas do Césio 137 em Goiânia (AVCésio). A sua família foi uma das mais afetadas pelo acidente. Laura Pires é produtora dos filmes Césio 137. 

O Pesadelo de Goiânia (1989) de seu marido Roberto Pires (falecido em 2001) e do filme Césio 137 - O Brilho da Morte“ (2003) de Luiz Eduardo Jorge, falecido em 2017.
Moderação: Márcia Gomes de Oliveira,
diretora do Uranium Film Festival.

OS FILMES ONLINE DE 13 A 19 DE SETEMBRO DE 2021

AMARELINHA



Brasil, 2003, Direção e Roteiro Ângelo

Lima, Ficção, 4 min.

A primeira vítima do acidente radioativo, em Goiânia, com o césio-137, foi uma criança de 6 anos. Onde ficou os seus sonhos e brincadeiras? Leide das Neves não teve tempo para brincar.

O PESADELO É AZUL

Brasil, 2008, Direção Ângelo Lima,

Documentário, 30 min.

Em 1987, aconteceu em Goiânia um dos maiores acidentes radiológicos do mundo. As vítimas contam como foi e como estão vivendo. De quem foi a culpa deste acidente? O que o Governo está fazendo para amparar as vítimas que foram atingidas diretamente? Medo e silêncio tomam conta de uma cidade.

Ângelo Lima Pernambucano de Recife, Ângelo Lima chegou em Goiás aos 8 anos, em 1959. Produtor, ator, fotógrafo e diretor, Ângelo Lima entrou oficialmente no mundo do cinema aos 16 anos. São quase 50 anos de carreira, 4 longas, 26 curtas metragens e cerca de 40 prêmios em participações em mais de 280 festivais em todo o mundo. Premiado duas vezes no maior festival de cinema ambiental da América Latina, o FICA de Goiás, e recebeu o título de cidadão goianiense em 2014. Foto de Bob Del Tredici: Ângelo Lima durante apresentação de „Amarelinha“ no Uranium Film Festival 2012, Auditório da Cinemateca do MAM Rio.

CÉSIO 137 – O BRILHO DA MORTE

Brasil, 2003, Direção Luiz Eduardo Jorge,

Produção Laura Pires, Documentário, 24 min.

Curta-metragem brasileiro que mostra os efeitos de uma verdadeira tragédia na cidade de Goiânia, Brasil, em 1987, causada pelo elemento radioativo chamado césio 137. O filme aborda as consequências de quem foi exposto direta ou indiretamente pelo acidente radiológico e evidencia a falta de preparo daqueles que deveriam orientar formas de prevenção. Os relatos nos fazem refletir sobre o conhecimento técnico existente nos órgãos de fiscalização e controle para o caso de um acidente com material radioativo.

Luiz Eduardo Jorge Cineasta, escritor e professor. Licenciado em História pela Universidade Católica de Goiás, Mestre em Ciências da Comunicação e Doutor em Artes, ambas pela Universidade de São Paulo, com doutorado sanduíche em Antropologia Visual na École des Hautes Études en Sciences Sociales, Marselha, França (1992/1993). Luiz Eduardo Jorge foi diretor de 18 filmes com temas sociais, históricos e culturais e Professor da Universidade Católica de Goiás. Ele disse sobre si mesmo: "Eu nasci pouco antes da ditadura brasileira. Eu vivi a ditadura militar por vinte anos. A minha proposta para trabalhar com filme vem de um compromisso de militância política. Quero ser verdadeiro, eu trabalho com cinema verdade.“ O cineasta goiano Luiz Eduardo Jorge morreu de câncer, em 2017. 

CÉSIO 137. O PESADELO DE GOIÂNIA


Brasil, 1989, Direção Roberto Pires, Produção Executiva Laura Pires, Elenco Nelson Xavier, Joana Fomm, Paulo Betti, Denise Milfond e Stepan Nercessian, Ficção, 95 min. 

Uma cápsula de chumbo foi encontrada por catadores de sucata nos escombros do Instituto Goiano de Radioterapia que estava desativado, na Cidade de Goiânia, em Goiás. A cápsula foi vendida para um ferro velho. 

Devair, dono do ferro velho, comprou a cápsula para aproveitar o chumbo e tentou abri-la, e descobriu que o material emitia uma luz azul à noite. A partir daí, passou a mostrar para amigos e familiares. Era o césio-137 e deixou centenas de contaminados e um número desconhecido de mortos. 

Apenas quatro mortes foram constatadas oficialmente. „Césio 137. O Pesadelo de Goiânia“ recebeu o prêmio de melhor filme no Festival de Cinema de Natal (1990), seis prêmios no Festival de Brasília (1990) e o Prêmio de Melhor Longa Juri Popular no International Uranium Film Festival Rio de Janeiro (2011).

Roberto Pires Nasceu em 1934, em Salvador, Bahia. Ele foi o primeiro cineasta brasileiro a pensar a temática nuclear, tendo o físico César Lattes como consultor técnico. Quando aconteceu o acidente com o césio 137, em Goiânia, em 1987, Roberto Pires estava morando em Brasília para buscar patrocínio para o seu próximo filme sobre a temática nuclear e partiu imediatamente para Goiânia. Roberto Pires investigou o acidente e entrevistou sobreviventes. Amigos e familiares atribuem a este trabalho em Goiânia como o agravamento, ou o surgimento, de um câncer no pescoço. O amor pelo cinema e a preocupação com a fidelidade aos fatos ofuscaram o perigo que havia no local. Após um longo período de sofrimento, Roberto Pires morreu de câncer, em junho de 2001. 

TEM CÉSIO NO MEU SANGUE (CESIUM I BLODET)


Suécia / Brasil, 2009, Direção

Lars Westman, Co-Produção

Zenildo Barreto.

Documentário, 70 min,

Português / Sueco com

legendas em português.

Um documento incomparável da história sobre o mais grave acidente radioativo da América Latina e sobre o trabalho de sua limpeza. Em setembro de 1987, 19 gramas de césio-137 radioativo, proveniente de uma unidade de tratamento de câncer desativada, na cidade de Goiânia, prejudicaram e contaminaram centenas de pessoas e produziram 6 mil toneladas de lixo nuclear.

O jornalista, que chegou à Goiânia logo após o reconhecimento oficial do acidente radioativo, reuniu imagens impressionantes dos trabalhos de descontaminação e das vítimas. Ele reencontrou os entrevistados duas vezes após as primeiras gravações, em 1990 e 2000. Um dos entrevistados, Ivo Alves Ferreira, morreu dias depois da última gravação. O filme ficou pronto em 2009.

Lars Westman Nasceu em 1938, em Östersund, na Suécia. Estudou Arte na Universidade de Estocolmo (1963) e frequentou a escola de produção da televisão sueca (1969). Por quase 50 anos, trabalhou principalmente para a televisão escandinava. Mais de 280 de seus filmes foram transmitidos na Suécia, Finlândia, Noruega, Dinamarca, Alemanha, França e Estados Unidos, ganhando vários prêmios internacionais. Uma de suas temáticas principais: „vida e morte“. Em 1987, foi um dos primeiros jornalistas estrangeiros a cobrir o acidente do césio em Goiânia. 

ALGO DO QUE FICA



Brasil, 2017, Direção Benedito Ferreira.

Ficção, 23 min.

Avó e neta vivem no centro de Goiânia, ao lado do lote onde aconteceu o acidente com o césio-137. Mas elas estão de mudança, pois em breve a casa será demolida para a construção de um museu. Enquanto isso, uma estranha presença orbita pela casa. O filme é uma reflexão pessoal e sensível sobre o acidente radioativo de Goiânia.

Benedito Ferreira Nasceu em Itapuranga (GO), 1989. Vive e trabalha em Goiânia. Artista visual e pesquisador. Graduado em Audiovisual pela Universidade Estadual de Goiás, Mestre em Arte e Cultura Visual pela Universidade Federal de Goiás e doutorando em Artes na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Suas investigações artísticas estão centradas na imagem como escrita, na poética dos arquivos, suas montagens e apagamentos nos limites entre “documento” e “ficção”. http://beneditoferreira.com/bio/

RUA 57, NÚMERO 60, CENTRO


Brasil, 2011, Direção Michael Valim. Vídeo-arte / performance musical, 9 min.

Entre os papéis da Arte, está o de trazer à tona coisas que a memória da cidade tenta esconder. Para lembrar o acidente com o césio 137, uma performance de dança moderna justamente no local mais radioativo à época do acidente:

Rua 57, número 60, no centro da cidade de Goiânia. As casas foram demolidas, a camada superior da terra removida e tudo foi descartado como lixo nuclear. No entanto, o solo ainda estava muito radioativo. Para isso foi selado com uma camada de cimento de 50 centímetros de espessura. Até hoje, a Rua 57, número 60 é uma ferida aberta no centro de Goiânia e testemunha do pior acidente radioativo do Brasil.

Michael Valim Michael Valim é Mestre em Direitos Humanos pela Universidade Federal de Goiás, especialista em Filosofia da Arte e bacharel em Comunicação Social. Trabalha na TV da Universidade Federal de Goiás. Michael Valim: “Fui convidado para dirigir o filme pelo grupo de música „Vida Seca“ e pelo grupo de dança „¿Por Quá?“ com a proposta de fazer um ato político sobre a tragédia. Acredito que as autoridades usam muito a imagem da Leide das Neves como um mártir para disfarçar o descaso do poder público em relação à questão no passado e no presente. Por isso o filme é um pouco ruidoso e foi feito com a intenção de incomodar. O que aconteceu em Goiânia foi muito forte, não pode ser amenizado. Um povo sem memória está fadado a repetir os erros de seu passado.”

ODESSON EM BERLIM


Brasil, 2021, Direção Márcia Gomes de Oliveira e Norbert G. Suchanek, Documentário, 20 min.

Odesson Alves Ferreira poderia ser qualquer um de nós, quando foi gravemente contaminado pelo césio 137, em Goiânia. A família dele foi uma das mais atingidas. Foi seu irmão, dono de um ferro-velho, quem comprou a sucata contendo 19 gramas de césio 137. Odesson sobreviveu à radiação e luta desde o começo da tragédia pelos direitos das vítimas do Césio-137. 30 anos depois do acidente, ele viajou para Berlim para receber o Prêmio de Honra ao Mérito do International Uranium Film Festival 2017. Foi seu primeiro vôo fora do Brasil. Numa entrevista, Odesson lembra cenas inesquecíveis do acidente.


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Fonte:

Uranium Filmes