O International Uranium Film Festival do Rio de Janeiro lembra o maior acidente radiológico da América Latina que aconteceu em setembro de 1987.
De 13 a 19 de setembro de 2021, o festival vai exibir 8 filmes sobre este acidente que marca uma triste história do Brasil. Um encontro online com uma das vítimas do césio, Odesson Alves Ferreira e cineastas convidados marcará a abertura desta mostra virtual.
O evento "Para Não Esquecer", totalmente online e gratuito, conta com apoio da Cinemateca do MAM Rio.
OS FILMES ONLINE DE 13 A 19 DE SETEMBRO DE 2021
AMARELINHA
Brasil, 2003, Direção e
Roteiro Ângelo
Lima, Ficção, 4 min.
A primeira vítima do acidente radioativo, em Goiânia, com o césio-137, foi uma criança de 6 anos. Onde ficou os seus sonhos e brincadeiras? Leide das Neves não teve tempo para brincar.
O PESADELO É AZUL
Brasil, 2008, Direção Ângelo
Lima,
Documentário, 30 min.
Em 1987, aconteceu em Goiânia um dos maiores acidentes radiológicos do mundo. As vítimas contam como foi e como estão vivendo. De quem foi a culpa deste acidente? O que o Governo está fazendo para amparar as vítimas que foram atingidas diretamente? Medo e silêncio tomam conta de uma cidade.
Ângelo Lima Pernambucano de Recife, Ângelo Lima chegou em Goiás aos 8 anos, em 1959. Produtor, ator, fotógrafo e diretor, Ângelo Lima entrou oficialmente no mundo do cinema aos 16 anos. São quase 50 anos de carreira, 4 longas, 26 curtas metragens e cerca de 40 prêmios em participações em mais de 280 festivais em todo o mundo. Premiado duas vezes no maior festival de cinema ambiental da América Latina, o FICA de Goiás, e recebeu o título de cidadão goianiense em 2014. Foto de Bob Del Tredici: Ângelo Lima durante apresentação de „Amarelinha“ no Uranium Film Festival 2012, Auditório da Cinemateca do MAM Rio.
CÉSIO 137 – O BRILHO DA MORTE
Brasil, 2003, Direção Luiz
Eduardo Jorge,
Produção Laura Pires,
Documentário, 24 min.
Curta-metragem brasileiro que mostra os efeitos de uma verdadeira tragédia na cidade de Goiânia, Brasil, em 1987, causada pelo elemento radioativo chamado césio 137. O filme aborda as consequências de quem foi exposto direta ou indiretamente pelo acidente radiológico e evidencia a falta de preparo daqueles que deveriam orientar formas de prevenção. Os relatos nos fazem refletir sobre o conhecimento técnico existente nos órgãos de fiscalização e controle para o caso de um acidente com material radioativo.
Luiz Eduardo Jorge Cineasta, escritor e professor. Licenciado em História pela Universidade Católica de Goiás, Mestre em Ciências da Comunicação e Doutor em Artes, ambas pela Universidade de São Paulo, com doutorado sanduíche em Antropologia Visual na École des Hautes Études en Sciences Sociales, Marselha, França (1992/1993). Luiz Eduardo Jorge foi diretor de 18 filmes com temas sociais, históricos e culturais e Professor da Universidade Católica de Goiás. Ele disse sobre si mesmo: "Eu nasci pouco antes da ditadura brasileira. Eu vivi a ditadura militar por vinte anos. A minha proposta para trabalhar com filme vem de um compromisso de militância política. Quero ser verdadeiro, eu trabalho com cinema verdade.“ O cineasta goiano Luiz Eduardo Jorge morreu de câncer, em 2017.
CÉSIO 137. O PESADELO DE GOIÂNIA
Uma cápsula de chumbo foi encontrada por catadores de sucata nos escombros do Instituto Goiano de Radioterapia que estava desativado, na Cidade de Goiânia, em Goiás. A cápsula foi vendida para um ferro velho.
Devair, dono do ferro velho, comprou a cápsula para aproveitar o chumbo e tentou abri-la, e descobriu que o material emitia uma luz azul à noite. A partir daí, passou a mostrar para amigos e familiares. Era o césio-137 e deixou centenas de contaminados e um número desconhecido de mortos.
Apenas quatro mortes foram constatadas oficialmente. „Césio 137. O Pesadelo de Goiânia“ recebeu o prêmio de melhor filme no Festival de Cinema de Natal (1990), seis prêmios no Festival de Brasília (1990) e o Prêmio de Melhor Longa Juri Popular no International Uranium Film Festival Rio de Janeiro (2011).
Roberto Pires Nasceu em 1934, em Salvador, Bahia. Ele foi o primeiro cineasta brasileiro a pensar a temática nuclear, tendo o físico César Lattes como consultor técnico. Quando aconteceu o acidente com o césio 137, em Goiânia, em 1987, Roberto Pires estava morando em Brasília para buscar patrocínio para o seu próximo filme sobre a temática nuclear e partiu imediatamente para Goiânia. Roberto Pires investigou o acidente e entrevistou sobreviventes. Amigos e familiares atribuem a este trabalho em Goiânia como o agravamento, ou o surgimento, de um câncer no pescoço. O amor pelo cinema e a preocupação com a fidelidade aos fatos ofuscaram o perigo que havia no local. Após um longo período de sofrimento, Roberto Pires morreu de câncer, em junho de 2001.
TEM CÉSIO NO MEU SANGUE
(CESIUM I BLODET)
Suécia / Brasil, 2009,
Direção
Lars Westman, Co-Produção
Zenildo Barreto.
Documentário, 70 min,
Português / Sueco com
legendas em português.
Um documento incomparável da
história sobre o mais grave acidente radioativo da América Latina e sobre o
trabalho de sua limpeza. Em setembro de 1987, 19 gramas de césio-137 radioativo,
proveniente de uma unidade de tratamento de câncer desativada, na cidade de
Goiânia, prejudicaram e contaminaram centenas de pessoas e produziram 6 mil toneladas
de lixo nuclear.
O jornalista, que chegou à
Goiânia logo após o reconhecimento oficial do acidente radioativo, reuniu
imagens impressionantes dos trabalhos de descontaminação e das vítimas. Ele
reencontrou os entrevistados duas vezes após as primeiras gravações, em 1990 e
2000. Um dos entrevistados, Ivo Alves Ferreira, morreu dias depois da última gravação.
O filme ficou pronto em 2009.
Lars Westman Nasceu em 1938, em Östersund, na Suécia. Estudou Arte na Universidade de Estocolmo (1963) e frequentou a escola de produção da televisão sueca (1969). Por quase 50 anos, trabalhou principalmente para a televisão escandinava. Mais de 280 de seus filmes foram transmitidos na Suécia, Finlândia, Noruega, Dinamarca, Alemanha, França e Estados Unidos, ganhando vários prêmios internacionais. Uma de suas temáticas principais: „vida e morte“. Em 1987, foi um dos primeiros jornalistas estrangeiros a cobrir o acidente do césio em Goiânia.
ALGO DO QUE FICA
Brasil, 2017, Direção
Benedito Ferreira.
Ficção, 23 min.
Avó e neta vivem no centro
de Goiânia, ao lado do lote onde aconteceu o acidente com o césio-137. Mas elas
estão de mudança, pois em breve a casa será demolida para a construção de um museu.
Enquanto isso, uma estranha presença orbita pela casa. O filme é uma reflexão pessoal
e sensível sobre o acidente radioativo de Goiânia.
Benedito Ferreira Nasceu em Itapuranga (GO), 1989. Vive e trabalha em Goiânia. Artista visual e pesquisador. Graduado em Audiovisual pela Universidade Estadual de Goiás, Mestre em Arte e Cultura Visual pela Universidade Federal de Goiás e doutorando em Artes na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Suas investigações artísticas estão centradas na imagem como escrita, na poética dos arquivos, suas montagens e apagamentos nos limites entre “documento” e “ficção”. http://beneditoferreira.com/bio/
RUA 57, NÚMERO 60, CENTRO
Brasil, 2011, Direção
Michael Valim. Vídeo-arte / performance musical, 9 min.
Entre os papéis da Arte,
está o de trazer à tona coisas que a memória da cidade tenta esconder. Para
lembrar o acidente com o césio 137, uma performance de dança moderna justamente
no local mais radioativo à época do acidente:
Rua 57, número 60, no centro da cidade de Goiânia. As casas foram demolidas, a camada superior da terra removida e tudo foi descartado como lixo nuclear. No entanto, o solo ainda estava muito radioativo. Para isso foi selado com uma camada de cimento de 50 centímetros de espessura. Até hoje, a Rua 57, número 60 é uma ferida aberta no centro de Goiânia e testemunha do pior acidente radioativo do Brasil.
Michael Valim Michael Valim é Mestre em Direitos Humanos pela Universidade Federal de Goiás, especialista em Filosofia da Arte e bacharel em Comunicação Social. Trabalha na TV da Universidade Federal de Goiás. Michael Valim: “Fui convidado para dirigir o filme pelo grupo de música „Vida Seca“ e pelo grupo de dança „¿Por Quá?“ com a proposta de fazer um ato político sobre a tragédia. Acredito que as autoridades usam muito a imagem da Leide das Neves como um mártir para disfarçar o descaso do poder público em relação à questão no passado e no presente. Por isso o filme é um pouco ruidoso e foi feito com a intenção de incomodar. O que aconteceu em Goiânia foi muito forte, não pode ser amenizado. Um povo sem memória está fadado a repetir os erros de seu passado.”
ODESSON EM BERLIM
Brasil, 2021, Direção Márcia
Gomes de Oliveira e Norbert G. Suchanek, Documentário, 20 min.
Odesson Alves Ferreira
poderia ser qualquer um de nós, quando foi gravemente contaminado pelo césio
137, em Goiânia. A família dele foi uma das mais atingidas. Foi seu irmão, dono
de um ferro-velho, quem comprou a sucata contendo 19 gramas de césio 137.
Odesson sobreviveu à radiação e luta desde o começo da tragédia pelos direitos
das vítimas do Césio-137. 30 anos depois do acidente, ele viajou para Berlim para
receber o Prêmio de Honra ao Mérito do International Uranium Film Festival
2017. Foi seu primeiro vôo fora do Brasil. Numa entrevista, Odesson lembra
cenas inesquecíveis do acidente.
Contato
International Uranium Film Festival
Rua Monte Alegre 356 / 301
Santa Teresa / Rio de Janeiro / RJ
CEP 20240-195 / Brasil
www.uraniumfilmfestival.org
Email: info@uraniumfilmfestival.org;
uraniofestival@gmail.com
WhatsApp: (0055) (21) 97207 6704
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