Combustíveis: pesadelo das distribuidoras é que falte infraestrutura para dar vazão ao potencial de consumo da população (Ricardo Moraes/Reuters)
Depois de quase três meses sob
nova gestão, a Petrobras fez o primeiro aumento nos preços dos combustíveis da
gestão Silva e Luna dia 07 de julho, acompanhando a valorização do preço
internacional do petróleo. A companhia elevou o preço do litro da gasolina em
6% e do diesel em 3,7% Para o analista da Ativa Investimentos Ilan Arbetman, a
decisão de ajustar os valores do diesel, gás de cozinha e gasolina nas
refinarias foi uma surpresa positiva para o mercado.
Isso porque a empresa vinha
demorando a fazer correções nestes valores. Desde que assumiu a presidência da
companhia após a saída de Roberto Castello Branco, Silva e Luna tinha feito
duas reduções nos valores, acompanhando reduções pontuais do preço do barril.
No entanto, a cotação tem tido tendência de aumento. Em abril, o preço do
petróleo estava na faixa de R$ 60. Hoje, está na faixa dos R$ 70.
"Esse zelo com as margens
que foi mostrado é fundamental para o mercado. A gente vive um momento político
quente e existem pressões vindas dos caminhoneiros, por exemplo. Mesmo assim, a
Petrobras preservou as margens, o que a gente viu como bem simbólico e
positivo", explica Ilan.
O analista destaca, porém, que ainda há uma defasagem de cerca de 14% nos valores da gasolina. Ou seja, a empresa ainda "deveria" aumentá-la para não perder dinheiro. Para ele, o aumento desta semana foi uma surpresa porque a defasagem estava na faixa de 20% há um tempo, sem sinalizações de ajuste.
Com a alta, a companhia "tranquilizou"
acionistas e o mercado que acompanham as contas da Petrobras de perto.
"A saúde financeira e as
margens falaram mais alto. Isso não significa que o executivo não está com a
caneta na mão, já que ele é acionista majoritário, mas acho que é bem
simbólico", diz.
A precificação dos combustíveis é
assunto delicado para acionistas, consumidores e Governo Federal porque a
empresa sofreu interferências políticas em governos anteriores para represar
aumentos, comprometendo o caixa e aumentando o risco de investidores e
acionistas, além da própria dívida.
No entanto, o custo político de
se fazer aumentos atrás de aumentos também precisou ser considerado nos últimos
meses, tanto que divergências em como eles vinham sendo feitos culminaram na
demissão de Roberto Castello Branco no início do ano pelo presidente Jair
Bolsonaro.
Em sua despedida da empresa, em
videoconferência de resultados do ano 2020, Castello Branco chegou a mandar um
alerta ao presidente da República. Ele usou uma camisa com a frase em inglês
"Mind The Gap" (cuidado com o vão), em referência à possível distância
entre o preço internacional e o que a empresa estava sendo cobrada por
praticar.
Desde que assumiu, Silva e Luna
reforçou que mantém a estratégia adotada pela gestão anterior, de focar
investimentos no pré-sal, e otimizar os resultados financeiros para os acionistas,
o que tem sido bem visto pelo mercado financeiro e especialistas do setor de
petróleo. Desde 2018, a empresa tem vendido campos de petróleo de águas rasas,
negócios secundários e vai abrir mão do monopólio do refino do petróleo no país.
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