domingo, 13 de outubro de 2019

O PRÊMIO NOBEL DE MEDICINA E SUA IMPORTÂNCIA PARA A CIÊNCIA E SOCIEDADE

Entenda a importância do estudo que rendeu o Nobel de Medicina de 2019.

O prêmio, concedido a dois norte-americanos e um britânico, reconheceu o trabalho de pesquisa que estudou como o oxigênio nas células regulam processos fundamentais do organismo.


Prêmio foi dividido entre dois americanos e um britânico, William Kaelin, Sir Peter Ratcliffe e Gregg Semenza (Foto: Reprodução The Nobel Assembly at Karolinska Institutet)


Anunciado na manhã de segunda-feira (07), o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia foi concedido a William Kaelin, Sir Peter Ratcliffe e Gregg Semenza. Os estudos dos pesquisadores focam na regulação celular do oxigênio disponível.
Imagem de um conjunto de células humanas (Foto: Wikimedia Commons)
Imagem de um conjunto de células humanas (Foto: Wikimedia Commons)
"Graças ao trabalho inovador desses ganhadores do Nobel, sabemos muito mais sobre como diferentes níveis de oxigênio regulam processos fisiológicos fundamentais", disseram os porta-vozes da academia responsável por conceder a honraria, em comunicado.
O oxigênio é essencial para a vida como conhecemos, mas, como qualquer outra substância, sua presença no organismo deve ser equilibrada, pois tanto sua falta quanto seu excesso podem ser prejudiciais para os seres vivos. E é justamente isso que as pesquisas dos vencedores do Nobel investigaram. 
As descobertas foram realizadas na década de 1990, mas as honrarias só foram concedidas agora. Essa demora é natural, pois a Assembléia do Nobel geralmente espera os desdobramentos de uma determinada pesquisa para, então, conceder o prêmio. De acordo com Ralf Pettersson, ex-presidente da o comitê de seleção do Nobel, eles esperam para conceder o prêmio no "ano em que todo o impacto da descoberta se torna evidente".

Representação artística dos glóbulos vermelhos  (Foto: Pixabay)
Representação artística dos glóbulos vermelhos  (Foto: Pixabay)

Aplicações


O comitê do Nobel explicou que as pesquisas têm diversas aplicações, sendo a principal no tratamento de anemia. Em ambientes com menos oxigênio atmosférico, o corpo é forçado a produzir mais glóbulos vermelhos, para que sejam transportados em maior quantidade (para quem não sabe, os glóbulos vermelhos são responsáveis por transportarem o oxigênio pelo nosso corpo). É por isso, por exemplo, que um brasileiro que viaje a uma cidade de alta altitude no Peru ou na Bolívia tem mais dificuldades de respirar: como por aqui temos mais oxigênio atmosférico, precisamos de menos glóbulos vermelhos  para regular a presença da substância em nosso organismo.


Entretanto, depois de um tempo, o corpo se adapta aos ambientes com menos oxigênio disponível por meio da produção de mais glóbulos vermelhos. Gregg Semenza, professor da Universidade Johns Hopkins e um dos ganhadores do Nobel contribuiu justamente nesse aspecto científico: descobriu quais proteínas (complexo HIF) induzem os genes a produzirem mais hemácias (como tão são chamados os glóbulos vermelhos). 
"É um mecanismo fisiológico básico que nos permitiu colonizar a Terra em altitudes diferentes, porque os níveis de oxigênio variam em altitudes diversas. É um sistema exigido para que o corpo funcione normalmente", explicou Patrik Ernfors, um dos membros do comitê do Nobel, em comunicado.
Já Sir Peter Ratcliffe, diretor de pesquisa clínica no Instituto Francis Crick, em Londres, estudou a relação entre esses genes e a quantidade de oxigênio existente no ambiente. Ele chegou à mesma conclusão que seu colega Semenza: essas proteínas existiam em todos os tecidos, e não apenas nos rins, onde o hormônio que leva à produção de células vermelhas é produzido.
Foi aí que o professor da Faculdade de Medicina Universidade de Harvard, William Kaelin Jr., entrou na questão. Sua pesquisa relacionava a presença dos genes mutantes que causam a doença de von Hippel-Lindau (VHL) e o aumento da vulnerabilidade a certos tipos de câncer.
Kaelin percebeu que o gene ligado à doença estava, de alguma forma, envolvido na resposta celular à falta de oxigênio, mas ele não entendia como. Foi só quado os estudos dos três se reuniram que eles perceberam como os níveis de oxigênio regulavam a interação entre o VHL e o HIF.
“Graças a essa pesquisa, sabemos muito mais sobre como os diferentes níveis de oxigênio afetam os processos fisiológicos em nossos corpos. Isso tem implicações enormes para tudo, desde a recuperação de lesões e proteção contra doenças, até a melhoria do desempenho em exercícios”, explicou Bridget Lumb, presidente da Sociedade de Fisiologia do Reino Unido, de acordo com o The Guardian.
Fontes:

Revista Galileu

The Guardian

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