Hitler segurando sua cachorra Blondi ao lado de Eva Braun, foto de junho de 1942.
Em 30 de abril de 1945, entre 15h e 16h, Adolf Hitler (56 anos) cometeu suicídio em seu bunker, em Berlim, por arma de fogo e também envenenamento por cianureto. Sua noiva Eva Braun (33 anos), com quem havia se casado pouco antes do suicídio, o acompanhou na morte ingerindo cianureto.
Seus
corpos foram levados até a saída de emergência do bunker, colocados no jardim
atrás da Chancelaria do Reich onde foram
encharcados de gasolina e queimados. Todo esse procedimento era para
evitar que os corpos caíssem nas mãos dos soviéticos.
Os últimos dias de Hitler
Desde
16 de janeiro de 1945, Hitler se mudara para o Führerbunker onde passou a
residir e a se reunir com seus altos oficiais. Ali ele acompanhou a rápida
desintegração do Terceiro Reich frente os avanços dos Aliados nas duas frentes,
leste e oeste. Sua doença também evoluiu rapidamente deixando-o enfraquecido e
cada vez mais desleixado em seus trajes, sofrendo perdas de memória e incapaz
de se concentrar.
Havia
anos que ele sofria do mal de Parkinson, além de distúrbios gástricos e insônia
crônica. Com paranoia crescente, Hitler perdeu o sentido de realidade dando
ordens impossíveis de serem obedecidas como, por exemplo, deslocar tropas que
não existiam mais (FEST: 2006).
Sua
última aparição pública foi em 20 de abril, dia de seu aniversário, quando
condecorou alguns membros da Juventude Hitlerista. Em um pronunciamento na
rádio, Joseph Goebbels esforçou-se por manter o otimismo das tropas e da
população alemã anunciando:
“A
Alemanha é e continua sendo o país da lealdade. […] A história nunca pode dizer
que nesse momento crucial um povo abandonou seu líder, nem que um líder
abandonou seu povo. Esta é a vitória!”
Dois
dias depois, diante das notícias de derrota iminente, Hitler teve uma explosão
de raiva sem precedentes. Nesse momento, teria afirmado a sua vontade de
cometer suicídio (ROPER: 1992).
No
final de abril, as forças soviéticas tinham entrado em Berlim e começaram a
avançar em direção ao centro da cidade onde estava a Chancelaria.
A
notícia da execução de Benito Mussolini, seu aliado, na Itália, perturbou ainda
mais Hitler confirmando sua vontade de cometer suicídio para não ter um destino
semelhante. Pediu aos seus oficiais que destruíssem seu corpo para evitar
qualquer exposição e humilhação pública.
A
ocultação dos restos mortais
A
cremação foi assistida por um grupo de oficiais, entre os quais estava Joseph
Goebbels, ministro de Propaganda da Alemanha nazista. Parados junto à porta do
bunker, eles ergueram os braços em saudação ao Füher. Goebbels e sua esposa
Magda seguiram o mesmo caminho: suicidaram-se depois de terem matado, por
envenenamento, seus seis filhos, entre 5 e 13 anos de idade.
Os
corpos de Hitler e Eva, contudo, não ficaram complemente queimados e uma
segunda queima foi necessária. Mas ela precisou ser interrompida com o intenso
bombardeio que a artilharia soviética despejou sobre Berlim no final daquela
tarde de 30 de abril e durante a noite. A Chancelaria ficou totalmente
destruída.
As
tropas soviéticas chegaram ao jardim da Chancelaria aproximadamente às 23h,
cerca de 7 horas ou 8 horas após a morte de Hitler. Os soviéticos vasculharam
toda a área à procura dos restos queimados.
Entre
os dias 2 e 5 de maio, foram encontrados os restos carbonizados de Hitler, Eva,
Goebbels e sua família, além dos cadáveres de dois cachorros que poderiam ser
de Blondi e seu filhote Wulf, cães de estimação de Hitler.
Os
restos mortais foram levados pelos soviéticos que lhes deram enterros
sucessivos, sempre mantendo sigilo. Por razões políticas, a União Soviética,
por décadas, não reconheceu que estava com os restos mortais e chegou a
apresentar diferentes versões do destino de Hitler. Afirmou, inclusive, que ele
não estava morto, mas havia fugido sob proteção dos Estados Unidos e até do
papa! A figura de Hitler acabou servindo, no contexto da Guerra Fria, para a
propaganda anticapitalista da União Soviética.
Enfim,
os restos mortais são revelados
Em
abril de 1970, por decisão de Yuri Andropov, diretor da KGB, os restos mortais
de Hitler foram novamente exumados (estavam na Alemanha Oriental), cremados e
as cinzas lançadas no rio Elba, em Magdeburg (BEEVOR: 2004), com exceção do
crânio e mandíbulas – decisão motivada pelo “medo de que o local de
sepultamento de Hitler se tornasse centro de peregrinação pela nostalgia do
nazismo”.
Em
maio de 2000, o crânio e uma fotografia da mandíbula de Hitler foram
apresentados ao público em uma exposição organizada pelos arquivos estatais
russos, em Moscou.
Em
setembro de 2009, o semanário britânico The Observer afirmou que o fragmento de
crânio era de uma mulher de 20 a 40 anos. A notícia era falsa, mas reanimou as
teorias da conspiração em torno da morte de Hitler.
Recentemente,
em março de 2017, o patologista forense Philippe Charlier, teve acesso aos
restos atribuídos a Hitler – um fragmento de crânio e mandíbulas – mantidos,
respectivamente, no Arquivo da Federação Russa e na sede do serviço secreto
(FSB, ex-KGB). Charlie confirmou que a mandíbula era autêntica assim como os
dentes foram identificados como sendo de Hitler. Confirmou-se, também, que
Hitler não se matou com um tiro na boca.
Fonte:
FEST,
Joachim. No Bunker de Hitler. São Paulo: Objetiva, 2006.
BEEVOR,
Antony. Berlim 1945 – a queda. Rio de Janeiro: Record, 2004.
KERSHAW,
Ian. Hitler: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
KERSHAW,
Ian. O fim do Terceiro Reich. A destruição da Alemanha de Hitler, 1944-1945.
São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
ROPER,
Hugh Trevor. The last days of Hitler. Chicago University, 1992.
MARCHAND,
Leila. La maladie de Parkinson a pu influencer les décisions d’Hitler. Slate
Fr. 1º julho 2015
O
que dizem os cientistas que analisaram restos de Hitler sobre a morte do
ditador nazista. BBC News Brasil. 24 maio 2018.
POPOVIC,
Hélène Despic. Le crâne et les crimes d’Hitler. Une exposition moscovite
rassemble des restes du Führer et des documents. Libération Fr, 2 mai 2000.
Abertura
Primeira página do jornal das Forças Armadas dos EUA, Stars and Stripes,
anunciando a morte de Hitler, 2 de maio de 1945.
Fonte:
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