terça-feira, 15 de novembro de 2016

DA TRAIÇÃO NASCEU NOSSA REPÚBLICA. PODERIA DAR CERTO?


PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
(Segundo um velho amigo de minha mãe, Sr. Lelinho, “o que começa errado não pode terminar certo”)

Não havia para mim nenhum motivo para escrever sobre a Proclamação da República brasileira, até entrar no facebook, e deparar-me com a mensagem do Senado Federal tratando da questão.

Já me chamou a atenção, está apenas o nome Deodoro da Fonseca. Quando a história o conhece por MARECHAL Deodoro da Fonseca. E o povo dele dizia: (Deodoro da Fonseca, perna mole e bunda seca), repeti muito isso no antigo ginásio. Seu primeiro nome poucos ouviram falar, (Manuel). Já começa escondendo de fato, o fato mais importante: um golpe militar.

A mensagem fala de primeiro presidente do Brasil. Mas, não fala como chegou lá. Eleito? Não. Um golpe militar, por ele liderado e por ele assumido na presidência da República.

No final vem a explicação do significado da palavra República.

Mas é ai que para mim começa a problemática. Saímos da Monarquia Constitucional, para a Res publicae – coisa pública – imposta.

De fato, nós brasileiros nos sentimos numa res publicae? Percebemos que de fato o Estado brasileiro é uma “coisa do povo”? Uma “coisa pública”. Nos sentimos republican?

Nossa república começou com um golpe militar e não uma revolta popular.
Os setores sociais que queriam o fim da monarquia, nunca em nenhum momento quiseram a melhoria do país, queria mais poder e mais privilégios. Para isso usava o discurso social para as camadas populares.

Tanto assim que, das desculpas aplicadas para darem o golpe no imperador, nenhuma delas até hoje, 127 anos depois, estão resolvidas DE FATO: “Os setores progressistas do Brasil eram contrários a uma série de situações mantidas pelo regime monárquico, tais como: *voto censitário, falta de justiça social, miséria, ensino público para poucos, elevado índice de analfabetismo.

Algo mudou?

Temos 127 anos de República e nem 01 dia de sentimento da Res Publicae.
O império concedeu a libertação dos escravos, saíram dos canaviais, cafezais e das senzalas. Mas, foram empurrados para as favelas, morros e mendicância.

O analfabetismo tradicional diminuiu, mas além de não ter sido extinto, criou-se o analfabeto funcional. Uma evolução negativa da escolarização universal sem qualidade.

Qual justiça social pode-se elencar como conquista nesses 127 anos de república, se até um hospital, único da cidade, não possui médicos para atendimento ao público?

Qual justiça social pode-se elencar como conquista nesses 127 anos de república, se um “ladrão de galinha” é preso, julgado e condenado com rapidez de um raio e quem rouba BILHÕES, fica no conforto do seu lar (construído muitos com o próprio roubo) se dizendo em prisão domiciliar?

 Qual justiça social pode-se elencar como conquista nesses 127 anos de república, se um governo congela o salário da população e aos deles e de quem poderia lhe causar problemas (judiciário), são reajustados antes para evitar o prejuízo?

Qual justiça social pode-se elencar como conquista nesses 127 anos de república, se um banco toma seu dinheiro emprestado a 0,5% ao mês (poupança) e quando você precisa de um alívio no cheque especial, lhe cobra 18% ao mês?

Qual justiça social pode-se elencar como conquista nesses 127 anos de república, se quando a educação pública de fato começa a ser pública no nível superior um golpe vem e lança uma PEC que vai dificultar senão proibir esse acesso?

Qual justiça social pode-se elencar como conquista nesses 127 anos de república, se quando você que tem um plano ou seguro de saúde (por ineficiência do público) adoece, esse plano/seguro faz de tudo para não cobrir suas despesas e ainda alegam pré-existência da doença?

Qual justiça social pode-se elencar como conquista nesses 127 anos de república, se aquele que você elege para lhe representar no parlamento, legisla contra você?

Vamos parar por aqui, o espaço e tempo são curtos demais.

A Res Publica foi proclamada, só não foi entregue ao publican.

O golpe que a Monarquia sofreu nos deixou como legado um sistema que efetivamente não funciona com Res Publica.

Dos traidores consagrados na história do Brasil, como Domingos Fernandes Calabar ou Joaquim Silvério dos Reis. Manuel Deodoro da Fonseca, é o maior dos Judas da nossa história. Os dois primeiros tinham seus motivos pessoais para tal atitude “traidora”, Marechal Deodoro da Fonseca, não. Traiu a quem mais lhe apoiou e confiou, o imperador D. Pedro II.

D. Pedro II, ao receber o comunicado da proclamação da república, pergunta ao emissário: “E Manuel já sabe disso?”, quando o emissário lhe responde; “ele é o líder”. Quer pior?

Por isso, a Res publicae, foi proclamada e a monarquia caiu sem uma gota de sangue derramado. Nascia da maior traição histórica, resistir como? Se seu melhor amigo, homem que lhe foi dada a maior confiança, era o líder da traição?

Comemorar o quê? Um ato de traição?


E o resultado? Não demorou muito.

"Majestade, perdoe-me. Eu não sabia que a república seria assim"

Fala de Ruy Barbosa ao visitar D. Pedro II, no seu exílio em Paris. Tinha sido Ministro do golpista Marechal Deodoro da Fonseca.

Não preciso dizer mais nada.



Um comentário:

  1. Preste a completar 4 anos do seu texto e nada mudou... ainda tem gente que acredita que vai melhorar... iremos completar o 131º aniversário do nosso atraso e as pessoas fingem que estamos caminhando para o lugar certo.
    Perdoe-nos, Majestade.

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