segunda-feira, 19 de julho de 2021

18 DE JULHO DE 0064: GRANDE INCÊNDIO DE ROMA, ATRIBUÍDO A NERO.

                   

O incêndio de Roma, 18 de julho de 64, óleo de Hubert Robert


O imperador Nero Lúcio Domécio Aenobarbo (54-68), filho de Agripina, a Menor, irmã do imperador Calígula e quarta esposa do Imperador Cláudio, que o adotou, tendo-lhe prometido a sucessão, foi proclamado imperador ainda muito jovem.

Dotado de grande inteligência, com qualidades artísticas e literárias bastante grandes, pois tinha como precetores o filósofo Séneca e o prefeito dos pretorianos Burro, durante os primeiros anos do seu governo mostrou-se tolerante para com a população, o exército e a administração que o admiravam, ao contrário do seu antecessor Cláudio.

Porém, para além destas qualidades, Nero era um homem extremamente vaidoso, dado à luxúria, prepotente e sanguinário. Mandou assassinar o irmão, Britânico, a mãe, as suas esposas Octávia e Popeia Sabina e até Séneca, para além de inúmeros patrícios, cavaleiros e senadores que ele próprio matou no Circo, aclamando-se como gladiador ou queimando-os vivos para dar como oferenda aos deuses.

Como se isto não bastasse, aparecia em público a cantar e tocar lira e quem não aplaudisse as suas melodias e encenações ficava sujeito a ser condenado à morte.

É evidente que ao adotar esta conduta, a maior parte dos seus súbditos perdeu o respeito ao imperador. Foi assim que, a 18 de julho do ano de 64, deflagrou um gigantesco incêndio em Roma, destroçando 10 das 14 zonas da urbe, três das quais ficaram completamente destruídas, dando a Nero a possibilidade de se apropriar de uma parte dos terrenos, nos quais mandou edificar, mais tarde, a sua sumptuosa residência, a Domus Aurea, que se opõe à miséria de uma Roma destruída pelo incêndio.

Nero foi apontado como o seu principal causador, já que enquanto a cidade era consumida pelas chamas, e segundo as fontes, Nero deleitava-se a contemplar o cenário, tocando a sua lira. O povo amotinou-se e, para calar as suspeitas, o imperador resolveu perseguir os membros de uma nova seita judaica, os cristãos, iniciando, assim, a primeira grande perseguição a esta religião nascente.

Esta catástrofe inspirou a Nero o projeto de uma nova cidade que se baseou, não na criação de novos bairros, mas na reconstrução racional dos destruídos, segundo os princípios até então não experimentados que se baseavam nos alinhamentos retificados, na altura limitada dos edifícios, nas ruas ladeadas por pórticos, na proibição de paredes-meias, etc. Por outras palavras, pode-se dizer que foi a primeira tentativa de criar um urbanismo racionalizado e disciplinado, que até aí se tinha desenvolvido desordenadamente.

No ano de 65, uma conspiração foi organizada contra Nero que, aterrorizado, ordenou inúmeras execuções. Em 68, várias rebeliões estalaram em vários pontos do Império e Nero não se atreveu a pedir a colaboração dos exércitos fronteiriços leais. Os pretorianos abandonaram-no, sendo proscrito pelo Senado. Vendo-se sozinho, acabou por se suicidar.

Parte do filme QUO VADIS, 1951, que retrata o incêndio de Roma.


Fonte:

Estórias da História


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